domingo, 6 de março de 2022

Monogatari Series — Volume 01 — Capítulo 15

Capítulo 15: Mayoi Snail 007


Era uma vez, há muito, muito tempo atrás — levaria você muito longe no passado, isso foi há cerca de dez anos. Era uma vez um casal cujo relacionamento chegou ao fim. Um marido e uma esposa. Juntos, eles eram um casal. Um casal que era a inveja de todos ao seu redor, um casal que todos tinham certeza que seria feliz, mas no final, sua relação matrimonial foi uma coisa efêmera, durando menos de dez anos.

Não acho que seja uma questão de certo ou errado.

Também era normal.

Era até normal que aquele casal tivesse uma filha única — e depois de umas idas e vindas sombrias, foi decidido que o pai da menina seria o único a cuidar dela.


O casamento foi um atoleiro em seus últimos dias. Não acabou tanto quanto desmoronou, a ponto de você ter medo de que pudesse ter se tornado sangrento se o casal morasse sob o mesmo teto por mais um ano — e o pai fez a mãe jurar nunca mais ver sua única filha novamente.

O acordo não tinha nada a ver com a lei.

Ela foi meio forçada a fazer o voto.

Contudo sua única filha se perguntou.

Sua mãe foi de fato forçada?

A filha, cujo pai a fez jurar o mesmo juramento de sua mãe, se perguntou: será que sua mãe, que tanto amava seu pai, mas que agora o odiava tanto, a odiava também? Como sua mãe poderia fazer tal voto de outra forma — se foi meio forçada, e a outra metade? Porém a filha poderia dizer o mesmo de si mesma.

A filha havia feito uma jura semelhante de nunca mais ver sua mãe.

Certo.

Só porque era sua mãe.

Só porque era sua única filha.

A eternidade não era uma qualidade de qualquer relacionamento.

Forçado ou não, um voto não pode ser retirado uma vez feito. Só os desavergonhados falavam dos frutos de suas próprias decisões na voz passiva e não ativa — a filha havia sido criada dessa maneira por ninguém menos que sua mãe.

Seu pai assumiu sua custódia.

Ela foi obrigada a abandonar o sobrenome de sua mãe.

No entanto — até mesmo esses pensamentos desvaneceram.

Com o tempo, até mesmo essas tristezas desvaneceram.

Porque o tempo é uma coisa que é gentil com todos nós.

Tão gentil que pode ser cruel.

O tempo passou e a filha única de nove anos tinha onze.

Ela ficou atordoada.

Não conseguia se lembrar do rosto de sua mãe — não, não seria correto dizer isso. A menina podia imaginá-lo vividamente. Contudo — não tinha mais certeza se o rosto que lembrava era o de sua mãe.

Foi o mesmo, mesmo com as fotografias.

As fotos de sua mãe que seu pai guardava em segredo com ele — a menina não sabia mais dizer se a mulher nas fotos era sua mãe.

Tempo.

Todos os pensamentos desaparecem.

Todos os pensamentos se deterioram.

Por isso—

A filha decidiu ir encontrar a mãe.

No segundo domingo daquele maio.

No Dia das Mães.

Não havia forma de contar ao pai, claro que não, nem podia contar à mãe com antecedência. A filha não tinha ideia de como sua mãe estava passando — e também.

E se a odiava?

Se a visse como um incômodo?

Ou — se tiver a esquecido?

Seria um choque.

Para que pudesse dar meia volta e voltar para casa a qualquer momento, para que a opção de abortar seu plano estivesse disponível até o fim, a filha manteve a viagem em segredo de todos, até mesmo de seus amigos mais próximos, para ser sincera — e visitou a mãe.

Tentou visitar a mãe.

Ela mesma arrumou o cabelo e encheu sua mochila favorita de lembranças antigas, que certamente encantariam sua mãe. Para evitar se perder, na mão da filha estava um bilhete com o endereço da mãe escrito.

Contudo.

A única filha nunca chegou lá.

Nunca chegou à casa da mãe.

Mas por quê?

Mas por quê?

Mas realmente, por quê?

Estava segura de que a luz estava verde—

“—E essa única filha era eu.”

Assim reconheceu — Mayoi Hachikuji.

Não, talvez fosse mais como uma confissão.

Foi difícil para eu ver isso como qualquer outra coisa quando vi seu rosto arrependido, oscilando à beira das lágrimas.

Olhei para Senjougahara.

Sua expressão não mudou.

Ela realmente — nunca mostrou como se sentia.

Contudo, nesta situação, não poderia não estar tendo pensamentos próprios.

“E então...” perguntei. “Você está perdida desde então?”

Hachikuji não respondeu.

Nem tentou olhar na minha direção.

Senjougahara falou. “Aquilo que não conseguiu chegar ao seu destino impedindo que outros voltassem para casa — Senhor Oshino não confirmaria, porém para nosso entendimento amador, pode ser como uma assombração residual. O caminho até lá e o caminho de casa — a viagem e o retorno. O caminho de um peregrino de um ponto a outro. Em outras palavras, Hachikuji, os oitenta e nove templos — foi o que ele disse.”

A Vaca Perdida.

É por isso que se perdeu — e não a vaca enganadora.

A razão pela qual tinha que ser assim.

Certo, a aberração em si mesma — se perdeu.

“Mas — um caracol?”

“Vamos.” Senjougahara repreendeu. Friamente. “A metamorfose em caracol — deve ser póstuma. O senhor Oshino não chamou isso de assombração residual, mas usou a palavra ‘fantasma’.”

“Porém — isso...”

“É por esse exato motivo — não é como um fantasma comum. Não segue o padrão dos fantasmas como imaginamos e concebemos no geral. Deve ser diferente do caranguejo também...”

“Iss...”

Isso era verdade, no entanto... Assim como não precisava ser uma vaca apesar de ter esse nome, não necessariamente tomava a forma de um caracol apenas porque era chamado de caracol. Eu tinha entendido errado — a essência do que é uma aberração.

Os nomes dão forma à natureza.

O corpo da mesma.

Ver não deve necessariamente ser crer — e por outro lado, não ver não é necessariamente contrafactual, Araragi—

​​Mayoi Hachikuji.

Hachikuji perdida.

Mayoi — uma palavra que em sua origem foi usada para descrever o desgaste e o emaranhado da urdidura e da trama. É por tal que, além de significar ‘perdido’, se refere a apegos que impedem os espíritos mortos de descansarem em paz. Além do mais, enquanto o caractere ‘yoi’ por si só significa a hora do crepúsculo, ou seja, a hora em que s encontra o sobrenatural, o caractere ‘ma’, que geralmente significa ‘verdadeiro’, atua como um prefixo negativo neste caso, de modo que o termo arcaico ‘mayoi’ significa o meio da noite, duas da manhã para ser mais preciso — sim, a chamada calada da noite. Às vezes uma vaca, às vezes um caracol, às vezes humanoide — mas, vamos lá, de verdade, assim como Oshino disse—

Isso seria muito óbvio — não seria.

“Hmm... Está falando sério mesmo quando diz que não pode ver Hachikuji? Olha, ela está bem aqui─”

Passei um braço em volta dos ombros de Hachikuji enquanto a garota baixava a cabeça e, quase como se a levantando, a apontava para Senjougahara. Mayoi Hachikuji. Estava bem ali — eu a estava tocando. Podia sentir seu calor, sua suavidade.

Podia até ver sua sombra no chão. Doeu quando ela me mordeu, e — foi divertido quando nós conversamos.

“Não posso vê-la.” insistiu Senjougahara. “Também não posso ouvi-la.”

“Contudo você estava agindo como se—”

Espere — não.

Eu estava errado.

Senjougahara me contou desde o início.

─ Eu nem consigo vê-la.

“Tudo o que vi foi você murmurando para si mesmo na frente daquela placa antes de imitar uma luta louca — não tinha ideia do que estava fazendo. Mas segundo você—”

Segundo eu.

Era isso. Transmiti tudo isso para Senjougahara — em todos os casos. Ah, claro— é verdade, é esse o motivo que Senjougahara — nunca pegou o bilhete com o endereço escrito.

Esqueça de tomá-lo, ela não viu nada.

Não havia nada.

“Porém—” objetei. “Se tivesse me dito a verdade para começar—”

“Como disse, como poderia? Não posso. Quando algo assim acontece — se não consigo ver o que você vê, é normal supor que sou a única estranho por não vê-lo.”

“...”

Por mais de dois anos.

Hitagi Senjougahara teve que viver com uma aberração.

─Eu sou a estranha, a anormal.

A mentalidade foi martelada nela com uma ferocidade de quebrar escamas. Depois de se deparar com uma aberração, mesmo que uma vez, carregará esse fardo junto pelo resto da vida. Em maior ou menor grau — se eu tivesse que dizer qual, então maior. Uma vez que toma ciência que essas coisas existem no mundo, não importa quão impotente, não pode fingir ignorância.

Foi por esse motivo.

Contudo, Senjougahara, que por fim foi libertada de seu problema, não queria pensar que algo havia dado errado com ela novamente, e não querendo pensar que algo estava errado com ela, nem querendo que eu pensasse assim — agiu como se pudesse ver Hachikuji quando não podia.

Seguiu a corrente.

Ah ha...

Era por esse motivo que Senjougahara parecia estar fechando os olhos para Hachikuji... As palavras “olho cego” eram quase estupidamente apropriadas. E Hachikuji deve estar agindo assim... Se escondendo atrás das minhas pernas como se estivesse tentando evitar Senjougahara — pelo mesmo motivo.

Elas não tinham trocado uma palavra entre si.

Senjougahara e Hachikuji.

“Senjougahara... É por essa razão que disse que iria ver Oshino—”

“Queria perguntá-lo. Queria perguntar o que estava acontecendo. Contudo ele me repreendeu quando o fiz — ou na verdade, ficou chocado. Não, pode até ter rido de mim.”

Posso ver o porquê. Que situação boba. Tal qual uma piada.

Tão ridícula que não tinha graça.

“Então, quem encontrou o caracol — fui eu.”

Primeiro um demônio — e depois um caracol.

Oshino também — ele me disse desde o início.

“Aberrações infantis.” Senjougahara continuou. “Meninas, em particular — são aparentemente bastante comuns. Já sabia disso até certo ponto, é claro. Estão até mesmo em nossos livros didáticos de japonês. Um fantasma em um quimono que faz os viajantes se perderem nas montanhas, uma garota que se esgueira entre as crianças que estão brincando e arrebata uma delas perto do fim — embora eu não fosse versada o suficiente para ter ouvido falar da Vaca Perdida. Sabe, Araragi, isso é o que o senhor Oshino me disse. Para encontrar um — você tem que desejar não ir para casa. Bem, é um pouco passivo ser chamado de “desejo”, mas todos nós já pensamos assim antes. Todos nós temos problemas familiares.”

“... Ah!”

Tsubasa Hanekawa.

Foi o mesmo para ela.

Sua casa era problemática e deformada — então Hanekawa saía para passear aos domingos.

Como no meu caso, ou talvez até mais.

E assim Hanekawa — poderia ver Hachikuji também.

A viu, a tocou — e falou com ela.

“Uma aberração...” murmurei. “Que concede um desejo.”

“Soa bem quando coloca dessa maneira, porém também pode dizer que está se aproveitando da fraqueza de uma pessoa. Não é como se você realmente não quisesse voltar para casa, Araragi. Então talvez não devêssemos dizer um desejo passivo, mas uma certa razão.”

“...”

“Contudo Araragi, é por esse exato motivo que é tão fácil lidar com uma Vaca Perdida. Lembra o que eu disse no começo? Não a siga. Distancie-se. Isso é tudo que precisa fazer.”

Desejando — perder o seu caminho.

É verdade — faz sentido. Seguir um caracol cujo destino o iludiu por toda a eternidade era uma maneira segura de nunca voltar para casa.

Colocado em palavras — é muito simples.

Hanekawa conseguiu sair do parque.

Da mesma forma, ir para casa era o suficiente para voltar para casa.

Você não poderia se seguisse uma coisa que continuou e não cessava.

No entanto.

Não querendo voltar para casa? No final, é o único lugar para o qual um ser humano pode retornar.

“Não é uma aberração particularmente maliciosa, nem particularmente poderosa. No geral, não é tão prejudicial. Foi o que Oshino me disse. A Vaca Perdida é uma travessura — um pequeno mistério, nada mais. Então—”

“Então?” a interrompi.

Não aguentava mais ouvir — não mais.

“E daí, Senjougahara?”

“...”

“Não é isso, e você sabe que não é. Não é nada disso, Senjougahara — entendo o que está dizendo, e claro, esta é uma pequena explicação para todas aquelas coisas que estavam me incomodando o tempo todo — mas você sabe que não era isso que eu queria perguntar a Oshino. Obrigado pela erudição etimológica, porém não foi por essa lição que pedi que fosse até ele.”

“... Então para que foi?”

“Vamos!”

Aperto.

Minha mão apertou com mais força o ombro de Hachikuji.

“O que queria perguntá-lo era — como trazê-la, Hachikuji, até sua mãe — lembra? Isso foi tudo, desde o início. A quem devo impressionar com todas essas minúcias? Curiosidades inúteis — nada mais são do que um desperdício de espaço no cérebro. Não é o que importa aqui — e você sabe.”

Não era sobre Koyomi Araragi.

Era sobre Mayoi Hachikuji, e ninguém mais.

Apenas tenho que me distanciar dela? Não.

Isso é o que eu não devo fazer.

“... Você não entende, Araragi? Essa garota — não está realmente aí. Não está lá, nem em nenhum outro lugar. Hachikuji... Mayoi Hachikuji, não é? A garota... Já está morta. Não está destinada a ser — ela não foi possuída por uma aberração, ela, ela mesma, é a aberração—”

“E daí?” gritei.

Gritei — com Senjougahara.

“Não está destinada a ser? Então quem está?”

“...”

Não eu, não você — e tampouco Tsubasa Hanekawa.

Nada — dura para sempre.

Mesmo assim.

“S-Senhor Araragi? Isso machuca.”

Hachikuji se contorceu impotente debaixo do meu braço. Não tinha me dado conta que estava segurando-a com muita força, e Hachikuji parecia estar com dor pelas minhas unhas cravadas em seu ombro.

Parecia estar com dor.

Continuou.

“H-Hmm, senhor Araragi. A senhorita, senhorita Senjougahara, está certa. E-Eu sou—”

“Cale-se!”

Não importa o que Hachikuji dissesse — suas palavras não alcançaram Senjougahara.

Elas só alcançaram a mim.

Porém naquela voz que só eu podia ouvir, Hachikuji anunciou honestamente desde o início — que ela era um caracol perdido.

Fazendo o seu melhor para anunciá-lo.

Também disse—

A primeira coisa que Hachikuji disse.

“Você não pode ouvi-la, Senjougahara — então vou repetir para que ouça. Você não acreditaria na primeira coisa que ela disse — para mim e para Hanekawa, como se não fosse nada—”

Por favor, não fale comigo.

Eu não gosto de você.

“Entendeu, Senjougahara? Ter que dizer essa frase para cada pessoa que conhece porque não quer que ninguém a siga — entende como deve se sentir? Alguém que tem que morder qualquer mão que acaricia sua cabeça? Porque eu não posso.”

Você deve pedir ajuda às pessoas — palavras cruéis.

Hachikuji era o problema.

Ela era a estranha.

Como se atrevia a dizer isso?

“Mas mesmo que não entendamos, sentindo que você tem que dizer essas coisas, ainda que tenha se perdido, ainda que esteja sozinho — nós dois não passamos por algo assim de uma forma diferente? Podemos não ter sentido o mesmo, porém sentimos a mesma dor. Obtive um corpo imortal — e o seu peso foi levado por uma aberração também. Não é assim? Não é essa a verdade? Então seja o que for, uma vaca perdida ou um caracol — se é o que ela mesma é, isso muda tudo. Sei que não pode vê-la, ouvi-la ou mesmo cheirá-la — mas é exatamente por esse motivo que o trabalho de levá-la para o lado de sua mãe — recai sobre mim.”

“... Pensei que poderia dizer algo assim.”

Comecei a me acalmar depois da minha explosão totalmente mal direcionada, e é claro que sabia que o que estava propondo era ridículo — porém Senjougahara respondeu sem que seu semblante mudasse um tom ou uma única contração de sobrancelha.

“Por fim — estou te entendendo, Araragi.”

“... O que?”

“Parece que eu estava enganada a seu respeito. Não, não enganada. Tive uma sensação assustadora, ou talvez persistente a respeito — acho que poderia dizer que não tenho mais ilusões. Araragi, ei Araragi. Na segunda-feira passada, graças a um pequeno erro de minha parte, o tive descobrindo sobre o problema com o qual eu convivia... E naquele dia, naquele mesmo dia, você me procurou, certo?”

Talvez eu seja capaz de ajudá-la.

Estendi a mão em sua direção, dizendo isso.

“Honestamente.” disse Senjougahara. “Tive problemas para descobrir o que sua ação significava — por que o faria? Não é como se tivesse nada a ganhar. Não havia nada a ganhar me salvando, então por quê? Será que você me salvou porque era eu?”

“...”

“Contudo, não foi o caso. Parece não ser. Em vez disso, é só que... Você salvaria qualquer um, Araragi.”

“Salvar? Eu não iria tão longe. Está exagerando, qualquer um faria o que fiz naquela situação — e você mesma disse, só tive um problema semelhante, só aconteceu de conhecer Oshino—”

“Ainda se não tivesse um problema semelhante ou conhecesse o senhor Oshino, teria feito o que fez — não é verdade? Parece assim pelo que ele me disse.”

O que aquele bastardo disse a Senjougahara?

Um monte de mentiras salpicadas de meias verdades, com certeza.

“No mínimo—” continuou Senjougahara. “Não pensaria em falar com uma aluna do fundamental que nunca conheci só porque a vi parada na frente de um mapa residencial duas vezes.”

“...”

“Quando você fica sozinho por tempo suficiente, começa a pensar que talvez seja especial. Afinal, quando está sozinho, não é apenas ‘um deles’, mas é porque você não pode ser, isso é tudo. Que piada. Na verdade, muitas pessoas notaram meu problema nos mais de dois anos depois que me deparei com a aberração, no entanto qualquer que seja o resultado final, o único que era parecido com você, Araragi, era você.”

“... Bem, claro, sou a única pessoa que sou eu.”

“Sim. Exato.”

Senjougahara sorriu.

Então, embora deva ter sido um golpe de sorte que o ângulo estava certo — Hitagi Senjougahara olhou diretamente para Mayoi Hachikuji.

“Araragi, tenho uma última mensagem para você do senhor Oshino. Ele disse: ‘Aposto que Araragi vai falar bobagens com olhos brilhando como estrelas, então, sendo a pessoa gentil e amável que sou, estou te passando um pequeno truque que deve funcionar desta vez.’.”

“Um pequeno... Truque?”

“Sério — é como se ele visse através de tudo. Não tenho a menor ideia do que esse homem pensa que está fazendo da vida.”

Ok, vamos, disse Senjougahara, montando minha bicicleta com facilidade. Com facilidade praticada, como se a máquina já fosse sua propriedade.

“Ir? Ir aonde?”

“Para a casa da senhorita Tsunade, é claro. Sendo bons samaritanos, estamos levando Hachikuji para lá. Vou liderar o caminho, então me siga. Além disso, Araragi?”

“E o que é agora?”

“I love you.” disse ela em inglês.

“...”

Apontando para mim, no mesmo tom de sempre.

... Pensei por mais alguns segundos, antes de perceber que parecia ter me tornado o primeiro homem no Japão cuja colega de classe confessou seu amor por ele em inglês.

“Parabéns.” disse Hachikuji. A palavra estava fora de lugar e fora do tom em todos os sentidos possíveis.

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