Capítulo 45: O garoto ruivo parecia um tanto tenso
O garoto ruivo parecia um tanto tenso quando colocou a mão no cabo em sua cintura. Embora houvesse um céu azul claro acima, uma horda de monstros rugiu do outro lado da planície gramada abaixo.
O menino foi acompanhado por aventureiros de todas as idades, cada um com suas armas de confiança na mão. Porém eles eram principalmente os jovens — é claro, já que a maioria dos aventureiros aqui não era superior ao Rank C.
Esta foi uma missão conjunta de subjugação: um surto em massa de monstros humanoides começou a sair de uma masmorra. Como não eram monstros de alto escalão, a guilda recrutou aventureiros e grupos até o Rank C, na esperança de dar-lhes alguma experiência.
“Hey, não fique apenas assistindo desta vez!” um aventureiro competente ao lado latiu.
O garoto ruivo abaixou a cabeça. “Certo...” murmurou.
Não fazia nem um mês desde que o garoto se juntou a estre grupo. Eles eram novatos como ele, e os encontrou aceitando candidatos na guilda. O garoto ruivo já havia participado de vários grupos antes; seu braço de espada era, na melhor das hipóteses, intermediário, contudo suas habilidades de observação, preparação e vigilância — todas decorrentes de sua cautela natural — eram altas em um nível anormal.
Isso teria sido uma bênção se fosse um arqueiro ou um mago na linha de trás, mas o jovem era um espadachim — seu papel era ser útil na vanguarda. Essa incompatibilidade lhe rendeu classificações duvidosas de todos os grupos com as quais trabalhou, nenhuma das quais durou muito.
Seu grupo atual era o mesmo. Esses recrutas novatos e de sangue quente nunca paravam um segundo para observar a situação — e não viam nada de errado nisso. Na verdade, os pedidos de baixo escalão muitas vezes podem ser realizados por meio de força bruta, sem perder tempo no desenvolvimento de uma estratégia. O garoto que sempre começava um encontro esperando para ver como seu oponente o abordava havia sido tachado de covarde e já estava sendo maltratado por seus novos companheiros.
Os aventureiros de alto escalão da guilda ordenaram que a força de subjugação avançasse. Os monstros responderam da mesma forma, gritando enquanto avançavam. Os aventureiros levantaram suas armas com entusiasmo, explodindo com o desejo de alcançar mais do que ninguém.
“Aqui vamos nós!”
O grupo do menino estava entre esses grupos, empurrando e avançando para se juntar à linha de frente. Embora corresse atrás deles, ele era um pouco lento. As linhas de frente de ambas as forças fizeram contato e imediatamente se transformaram em um vale-tudo. Armas se chocaram, flechas voaram e magia brilhou enquanto o ar se enchia de gritos e bramidos de guerra.
Mantendo-se na maior parte para si mesmo, o garoto ruivo se concentrou em derrotar os monstros que apareciam nos pontos cegos dos outros aventureiros enquanto tentava entender a situação.
Cada aventureiro estava em frenesi, focado em nada mais do que matar o inimigo diante de seus olhos. O fato de seus inimigos não serem um grande desafio apenas estimulou seu ataque selvagem. Derrotar monstros suficientes significaria um aumento de rank e reputação. Eram diferentes de um exército unificado, entretanto, desde que alcançassem resultados, poderiam fazer o que quisessem.
Talvez fosse por esse motivo que ninguém além do menino parecia notar.
“Não… Nada bom!”
O garoto ruivo correu para o flanco direito, onde uma grande multidão de monstros havia feito um grande desvio e estava indo direto em suas direções. O jovem procurou pelo comandante do grupo enquanto corria, contudo o homem estava ocupado guiando os aventureiros que estavam todos furiosos separadamente. O menino percebeu que sua voz não chegaria, mas isso não o impediu de tentar.
“Por este caminho!” gritou com a espada em punho. “Estão vindo!”
Alguns aventureiros próximos o notaram e viram a emboscada vindo em sua direção, se preparando e interceptando os monstros que vinham atacá-los. O inimigo teve a iniciativa, contudo não conseguiu realizar o ataque surpresa.
Quanto tempo se passou? O garoto não sabia dizer. A batalha foi uma vitória para a força de subjugação. Não foi sem incidentes, é claro; os mortos e feridos não faltavam. Alguns gemiam por causa dos ferimentos, no entanto a maioria comemorava, embriagada pela vitória.
O garoto ruivo se apoiou em sua espada como uma bengala e respirou fundo.
No final das contas, só conseguiu afastar os monstros flanqueadores logo no início. Os outros aventureiros assumiram a partir daí. Havia muita gente melhor do que ele com a espada. Isso deixou um problema com seus números. O comandante estava pensando em como reduzir o caos, e ninguém sabia ou se importava com as realizações do menino.
O líder do grupo se aproximou do garoto. “Você fugiu de novo.”
“Não, eu...”
“Cale-se! Não precisamos de membros inúteis! Suma daqui!” sem perder um segundo para ouvir desculpas, o líder saiu furioso.
O menino deu de ombros. Sabia que não ficaria no grupo por muito tempo de qualquer maneira. Mas como vou ganhar a vida assim? Ele meditou, sorrindo ironicamente.
“Hey.” alguém gritou quando estava prestes a sair.
Ele se virou para ver um menino de sua idade com cabelo cor de palha olhando em sua direção. Com sua juba levemente encaracolada e nariz fino e pontudo, dava uma impressão de força de vontade.
Os olhos do garoto ruivo vagaram, confusos. Não parecia haver mais ninguém por perto. “Você está falando comigo?”
“Sim. Você é realmente incrível.”
“Sou? O que quer dizer?"
“O que? Bem... Aquele ataque furtivo. Estou surpreso que tenha notado.”
Assim que percebeu que estava recebendo um elogio sincero, tornou-se tímido demais para pronunciar qualquer palavra. O garoto de cabelos louros deu um sorriso animado e deu um tapinha no ombro do garoto ruivo.
“Gostei de você! Que tal se juntar ao meu grupo?”
○
O poderoso golpe do machado de Belgrieve partiu a madeira em duas. Ele recuperou as peças de onde caíram e as jogou na pilha.
Depois do almoço, Belgrieve dedicou silenciosamente seu tempo a rachar lenha. Uma vez que estivessem todos presos dentro de casa durante o inverno, manter-se aquecido seria uma necessidade insubstituível. A madeira havia sido cortada em toras no ano anterior e secadas. Cada família que não tivesse força de trabalho para obter sua própria lenha seria fornecida o suficiente para passar o inverno, porém não havia mal em ter extra. Mais madeira significava mais calor, e esse excedente era algo que cada família tinha que preparar para si.
Colocando seu machado contra o toco que servia como bloco de corte, Belgrieve esticou as costas enquanto Mit e Graham carregavam de pouco em pouco a madeira da pilha para a prateleira. Graham podia carregar várias peças ao mesmo tempo, contudo Mit tinha que levar uma de cada vez.
Ao pegar uma, Mit olhou para o velho elfo.
“Vovô... Isso vai queimar?”
“Vão.”
“Estará quente quando queimarem?”
“Espero que sim...”
“Vovô, você gosta de queimar?”
“Não é... Algo que eu goste particularmente.”
“Então odeia?”
“Não. Esse não é o problema.”
“Problema...?”
“Vamos para o próximo, Mit.” Graham disse, puxando a cabeça do menino para trás pouco antes de começar a mastigar o pedaço de madeira que estava segurando inconscientemente. Belgrieve riu com a visão.
Há algum tempo já, Mit estava aprendendo a ajudar no local, e mais ainda imitando tudo o que via. Foi emocionante e um pouco indutor de ansiedade, na medida em que significava que os adultos tinham que ficar de olho nele. Mit era ainda mais jovem do que parecia e, ou porque estava desnutrido ou porque não era de fato humano, pesava bem pouco — o que apenas encorajava sua superproteção.
Claro, foi Graham quem assumiu esse papel em maior parte. O elfo taciturno ficava perto do igualmente calado Mit, às vezes trocando palavras inconsequentes.
Demorou um dia para a chuva forte passar e, embora a lama que deixou para trás fosse bastante problemática, o trabalho de outono foi retomado mais uma vez. O trigo seria colhido depois de alguns dias ao sol, e as leguminosas seriam colhidas. O trigo seria então reduzido a grãos e seco de novo, enquanto os feijões seriam peneirados todas as noites, removendo os pequenos e comidos por insetos.
A maior parte das cascas de feijão seria empilhada e transformada em fertilizante, enquanto o resto seria seco para gravetos. As cascas de trigo, por sua vez, seriam usadas para conservar as hortaliças. A palha serviria de alimento para as ovelhas, cabras e jumentos. Então, as cinzas da lareira e os excrementos do gado voltavam para os campos como adubo. Nada foi desperdiçado e os métodos para garantir isso foram transmitidos por muitas gerações.
Parando de cortar e guardar lenha, Belgrieve respirou fundo e olhou para cima. O céu era de um azul claro, como se a chuva tivesse sido um sonho. Os pássaros e aves de rapina traçaram caminhos em forma de anel no alto do céu, observando os insetos e os pequenos animais que os comiam.
Mit e Graham caminhavam de mãos dadas pela pequena trilha no final do pátio. O velho deveria estar em algum tipo de aventura agora, no entanto aqui estava ele servindo como guardião do menino. Um fazendeiro que passava deu uma saudação amigável e Graham retribuiu o gesto com reserva.
Enquanto observava tal cena calorosa, Belgrieve de repente sentiu um vento forte do norte roçando sua pele, se levantando com um estremecimento.
“O inverno está próximo.”
Ele guardou o machado e começou a limpar o campo. Eliminou as mudas murchas de verão e espalhou de maneira ampla o fertilizante que havia compostado no ano anterior. Então passou por ela com a pá e deixou o solo dormir. Descansaria até a primavera, quando plantaria novos vegetais.
Mit já era grande o suficiente para andar sozinho. Quando Angeline era bebê, Belgrieve tinha que trabalhar com ela pendurada em um pano nas costas. Belgrieve se deleitou com a nostalgia por um momento, embora também tivesse o infeliz pensamento de que isso era um sinal de que estava envelhecendo.
Se lembrou como Angeline disse que estaria de volta no outono quando se separaram em Bordeaux, porém ainda não tinha recebido notícias de sua vinda — nem mesmo uma única carta, o que era bastante preocupante. Claro, a última vez que Angeline veio, foi sem aviso. Talvez desta vez fosse o mesmo. Como uma aventureira Rank S, estava absolutamente mais ocupada do que ele jamais poderia imaginar. Esse raciocínio o ajudou a diminuir sua ansiedade.
Assim que Belgrieve terminou o campo, olhou em volta para ver se alguém precisava de sua ajuda. Foi quando um jovem subiu correndo o caminho da vila.
“Hey, Sr. Bell!”
“Hum? O que há de errado?”
“Fui para a floresta com Maggie e o resto do pessoal, e voltamos com uma corça desse tamanho! Poderia ajudar a abatê-lo?”
“Entendo. Em que estado está?”
“Já arrancamos sua cabeça. E abrimos sua barriga para remover as entranhas. No momento, estão sangrando-o no rio.”
Ótimo, eles estão ficando bem robustos, pensou Belgrieve enquanto seguia o jovem. Ele foi levado a um rio que corria fora da vila; era aqui que os aldeões realizavam tarefas que exigiam mais água do que o poço forneceria.
Lá, encontrou o corpo de um cervo sem cabeça com a barriga aberta, que estava submerso na água corrente. Seu sangue escorria rio abaixo como fitas. Um dos jovens segurava uma faca de caça.
Marguerite olhava da margem do rio, o peito estufado de orgulho. “Que tal, Bell? É um bem grande!”
“Sim, estou impressionado.”
Era uma corça grande que provavelmente estava engordando para o inverno — uma grande carga que renderia uma quantidade substancial de carne seca. Deveria dar uma alegrada extra ao festival de outono.
Primeiro, precisariam descascar a pele. O menino tomou muito cuidado para não danificá-lo; depois de bem curtido, poderia ser usado para fazer roupas e móveis. Belgrieve não fez nenhum movimento para ajudar, em vez disso observou o quanto à criança havia crescido, apenas intervindo para oferecer instruções oportunas. Aos poucos, a carcaça foi transformada em carne. Belgrieve ofereceu uma oração em seu coração.
○
A noite caíra sobre a paisagem urbana, agora iluminada pela luz das lanternas, e suas ruas cheias de gente voltando para casa apressada. Após o pôr do sol, o vento ficou um pouco frio demais para chamar de refrescante, e Angeline teve vontade de colocar outra camada de roupa. A lua recém-nascida era de uma cor amarela pálida e enevoada, lançando sua luz fria sobre os telhados de todos os edifícios da capital.
Durante o dia, Angeline vagou por toda a cidade, estocando várias coisas em preparação para seu retorno para casa. Faltavam apenas alguns dias para sua partida, e estava verificando sua bagagem para garantir que nada escapasse dela. É claro, não esqueceu suas lembranças.
Quanto mais olhava para os presentes que traria de volta, mais alegre se sentia. Era como se seu sorriso estivesse colado em seu rosto.
“Heh... Hehehe... Estou indo para casa. Apenas esperem, amoras...”
Byaku franziu a testa ao ver Angeline rindo sobre as fileiras de caixas. “Você está agindo como uma completa degenerada.”
“Cale a boca, Bucky. Tenho um lar para onde voltar... O que poderia ser melhor que isso?”
Essa garota idiota se torna ainda mais idiota quando seu pai está envolvido, Byaku pensou com um suspiro.
Embora Byaku parecesse bastante enojado, Charlotte estava tão tonta quanto Angeline. Charlotte tirou um cachecol de lã colorido de sua própria bagagem. Ela comprou o fio e tricotou por si mesma. Parecia feliz por algo que aprendera como parte de sua educação em Lucrecia ter se mostrado útil.
“Irmã! Acha que seu pai vai gostar deste cachecol?”
“Hm… Turnera está bem fria. Tenho certeza que vai gostar... Me ensine a tricotar também.”
“É claro! Hehe...”
Byaku suspirou de novo. “Seu pai é aquele velho de cabelo ruivo, certo? O que há de tão bom nele?”
Tanto Angeline quanto Charlotte olharam para Byaku em conjunto. Seus olhos penetrantes e sérios fizeram o garoto recuar.
“Bucky... Vai entender se o conhecer.”
“Isso mesmo! Sua mão era muito, muito calorosa!”
“Você mal o conheceu...”
Por que o adora tanto? Byaku ficou desconfiado e um pouco intrigado com o tipo de indivíduo que Belgrieve era. No entanto, também estava com um pouco de medo de conhecê-lo.
Depois de várias sessões de treinamento intenso, Byaku conseguiu conter seus poderes demoníacos melhor do que antes. Maria garantiu que ficaria bem, desde que não lutasse com alguém que estava fora de seu alcance. Todavia, isso foi apenas quando estava usando conscientemente sua mana. Ele estava mais ciente disso durante a batalha, o que tornava mais fácil de controlar. Mas quando nada estava acontecendo, era mais provável que tivesse uma recaída.
Por esse motivo, Maria o disse para acabar com os círculos invisíveis que mantinha perpetuamente para autodefesa. Byaku possuía pouco de sua própria mana; se persistisse em usar sequências de feitiços que foram projetadas para explorar a imensa mana do demônio, havia um risco significativo de que pudesse se reconectar subconscientemente com a besta interior. Talvez pudesse manter o controle se soubesse o que estava acontecendo, porém não seria capaz de se concentrar nisso todas as horas do dia. Com o tempo, Maria poderia redesenhar seus círculos para serem mais eficientes, contudo ela não podia se dar a esse luxo no atual momento. Byaku estava preocupado com essa situação, contudo não queria brigar por causa disso sem um bom motivo, então concordou com seu conselho.
Byaku estava pronto para ficar em Orphen até que seu treinamento terminasse, mas essa situação também não era tão ruim. De fato teria menos oportunidades de lutar em Turnera do que em Orphen, então não teria que utilizar sua mana.
Nesse ínterim, Angeline esperava que um estilo de vida descontraído fizesse algo para suavizar seu cinismo perpétuo. Talvez então por fim a chamasse de irmã. Não parecia que ela precisava estar com muita pressa com Charlotte — Lucrecia ainda estava passando por tempos turbulentos e não a perseguiriam até a distante Turnera. Era um pouco preocupante que a garota ainda não pudesse usar magia para se proteger, no entanto mesmo que Miriam fosse uma péssima professora, poderia pelo menos transmitir o básico.
Embora dependesse de uma pedra preciosa especial para usar magia, Charlotte tinha experiência e treinamento com essa. Se elas pegassem emprestados alguns grimórios de Maria, é provável que Charlotte aprendesse um pouco sozinha. No mínimo, precisaria ser capaz de resistir ao ataque até que a ajuda chegasse.
Angeline estava pensando na viagem à sua maneira, embora não mudasse o fato de que estava lá para ver Belgrieve. Ela tinha acabado de vê-lo na primavera, mas sua saudade já estava fervendo além do que podia controlar.
Desta vez, iriam pegar uma carona em vez de comprar sua própria carruagem. Muitas caravanas e vendedores ambulantes estariam indo para Turnera para o festival de qualquer maneira.
“É perfeito, sem falhas... Às vezes me assusto com minha própria genialidade.” Angeline bufou com orgulho.
Ela separou suas lembranças. Enquanto fazia compras, escolhia qualquer coisa que chamasse o mais mínimo de seu interesse e, antes que percebesse, já havia colecionado algumas coisas. Como não podia levar tudo, teve que escolher a nata da colheita, o que era divertido por si só.
Foi quando Anessa e Miriam chegaram. Elas haviam saído separadas para cuidar de seus próprios negócios durante o dia, porém a acompanhariam a Turnera mais uma vez, então se reuniram no quarto de Angeline para discutir seus planos de viagem.
Quando as duas entraram na habitação, ficaram surpresas e confusas ao encontrar o chão tão bagunçado que não havia onde pisar.
“Wow, você foi com tudo de novo.”
“Não temos nossa própria carruagem desta vez. Pode carregar tantas coisas assim?”
“Estou no meio da escolha... Ajudem-me.” implorou Angeline.
“Então foi por isso que nos chamou...”
“Tudo bem, vamos pegar um para o time.”
As meninas conversavam enquanto examinavam as mercadorias. Era compreensível para Miriam, que sempre parecia concordar com os esquemas de Angeline. No entanto, até Anessa — que na maioria das vezes dava um passo para trás e zombava de suas travessuras — estava por dentro. Foi um pouco surpreendente para Byaku.
“Hey... Hey, Anessa?”
“Hmm? O que foi, Byaku?”
“Você está com elas nisso? Quer tanto ver o pai dela?”
“Senhor Bell? C-Certo, bem... Sim, eu gostaria de vê-lo se pudesse. Isto... Meio que me dá um pouco de paz de espírito quando ele está por perto.” Anessa deu uma tímida risada e coçou a bochecha.
Minha nossa. Byaku balançou a cabeça, então se encostou na parede em silêncio.
○
Um homem de chapéu olhou ferozmente para Lionel. “Perdoe-me então.” disse ele. “É melhor não tentar nos enganar. Vamos descobrir.”
“É-É claro, senhor...”
“Então estamos contando contigo.”
“Entendido.”
O homem saiu, seu manto se arrastando logo atrás. Era um mensageiro do senhor de Orphen. Assim que a porta se fechou, Lionel segurou sua cabeça.
“Por que... Por que tinha que vir agora de todos os momentos...”
Ao seu lado, Dortos descruzou os braços e coçou a barba. “Parece que não pode fingir ignorância desta vez, Lionel.”
“Sério, é o pior. Senhorita Ange já está se preparando para ir, não é? Mesmo que quisessem vir atrás de mim, poderiam ter vindo antes...”
“Na verdade, teria sido melhor se viessem alguns dias depois... Então estaria fora de nossas mãos.”
Dortos suspirou enquanto olhava para a carta sobre a mesa. A própria carta havia chegado à guilda há pouco tempo, todavia o mensageiro veio para garantir que a guilda compreendesse totalmente seu conteúdo.
Cheborg bateu com o dedo na mesa, irritado. “Quão mesquinho ele pode ser? Aquele maldito lorde está agindo de acordo com seus próprios caprichos egoístas! Isso não é o que um homem deve fazer! O que está pensando?” falou alto.
“Nós podemos te ouvir. Não precisa gritar.”
“Hã? O que? Você disse alguma coisa, Dortos?”
Lionel cerrou os dentes e desabou sobre a mesa.
“Aww, eu não quero... Mas tenho que dizer a ela...”
“Não há nada que possamos fazer. É uma pena, porém não podemos sacrificar toda a guilda apenas por Ange.” disse Dortos com um suspiro sincero.
“Contudo depois de nos causar tantos problemas com aquele incidente demoníaco, agora eles estão...”
“Como eu disse, não há nada que possamos fazer. Nós estávamos nisso desta vez. Você não terá que arcar com a responsabilidade sozinho.”
“Ainda assim, me sinto mal por Ange!” Cheborg pegou a carta com raiva, examinando-a de todos os ângulos antes de amassá-la.
Embora o envelope já tivesse sido aberto, o emblema na cera estava claro como o dia: uma grande águia empunhando uma espada — o símbolo do arquiduque Estogal, que reinou sobre o norte do império.
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