Capítulo 27.7: Bônus Histórias Curtas
Sobre Apelidos
“Posso deixar com você, Anessa?”
“Claro, pode deixar.”
Belgrieve entregou a Anessa uma cesta de batatas com sementes, que ela colocou confortavelmente debaixo do braço antes de sair. A neve havia derretido, expondo o solo negro do campo. Ainda estava úmido o suficiente para que as solas de seus sapatos afundassem e grudassem a cada passo, porém era bom o suficiente para semear. Anessa plantou as batatas em fileiras ao longo da terra arada. Para cada batata, espalhou um punhado de fertilizante misturado com esterco, folhas caídas e cinzas, e empilhou terra em cima. Com um monte após o outro, nasceu o campo da segunda cultura básica mais prevalente de Turnera — depois do trigo.
O céu estava azul e bem claro, e enquanto o vento que ainda estava frio acariciava seu rosto, estava transbordando com a essência da primavera. Tomando uma lufada de ar profunda e refrescante, deixou-o permear seu corpo. Se sentisse que esse trabalho era imposto, então talvez o trabalho na fazenda parecesse mais oneroso, contudo ela realmente gostava, desde que levasse algum tempo para olhar em volta e apreciar as vistas.
Depois de cada enxadada, se levantava e se espreguiçava, aproveitando a oportunidade para observar os pássaros voando sobre as colinas enquanto o fazia. Nunca tendo experimentado essa sensação de paz trabalhando como aventureira. Escusado será dizer que Angeline estava à vontade com o trabalho, mas o mesmo agora poderia ser dito para Anessa e Miriam também.
“Terminei aqui, Sr. Belgrieve.”
“Ah, obrigado... Parece que temos espaço para mais. Me de um segundo.”
Belgrieve pegou a cesta vazia e saiu para reabastecê-la. Enquanto Anessa esperava ali, de mãos vazias, Miriam veio em sua direção com um olhar perplexo no rosto. Anessa a ignorou o máximo que pôde, contudo começou a irritá-la, e acabou se virando com o cenho franzido.
“O que?”
“Vocês ainda estão agindo como estranhos, você e o Sr. Bell.”
Anne piscou. “Você acha?”
“Sem dúvida. Já faz mais de uma semana, certo? Por que não chamá-lo de Sr. Bell como todo mundo? Mesmo que ele ainda esteja usando nossos nomes completos também.”
“O que importa como chamamos um ao outro?”
“Não é iss...”
“Oi?” Anessa gritou quando Angeline apareceu de repente por trás.
“Está colocando barreiras inúteis com suas preocupações desnecessárias.”
“Não estou preocupada de verdade...”
Miriam a cutucou. “Entendo: está envergonhada! Nossa pequena Anne está crescida.”
“O que? Está errada, idiota! Não seja louca!”
“Isso mesmo... Você nunca será minha mãe...”
“Estou dizendo que estão erradas!” Anessa gritou, seu rosto vermelho brilhante.
Angeline e Miriam riram. Foi quando Belgrieve voltou com a cesta.
“Parece que estão se divertindo.”
“Hey, Sr. Bell. Por que fala com a gente assim?”
“Hmm...? O que quer dizer?”
“Quero dizer, é como se não nos conhecesse. Basta nos chamar pelos nossos apelidos. Como vou me acalmar com você me chamando de Miriam?”
Belgrieve colocou a cesta no chão com um sorriso desajeitado. “É assim? Pensei que se acostumaria com isso bem rápido.”
“Não é verdade, pai...” Angeline pulou nas costas de Belgrieve, e ele deslocou seu peso com cuidado para compensar. “Eu me sentiria distante se me chamasse de Angeline...”
“Não, você é minha filha...”
“Sim, sou sua filha... Hehe.”
Angeline enterrou o rosto alegre no cabelo de Belgrieve e deu uma cheirada. Com um suspiro resignado, Belgrieve ajustou sua posição para não cair.
“O que vocês meninas estão tentando fazer? Minha nossa...”
“Não é justo, Ange!” Miriam bateu o pé e fez beicinho com as bochechas inchadas. Ela rapidamente circulou ao redor de Belgrieve e começou a fazer cócegas nas laterais de Angeline. As contorções e espasmos da garota só fizeram com que lutasse para continuar segurando o pai, o que, por sua vez, tornou mais difícil para Belgrieve manter o equilíbrio.
“Hey, vamos, Miriam.”
“Lá vai você de novo!”
“Entendi, entendi. Me de um tempo, Merry.”
Miriam soltou uma risada satisfeita, virando-se para Anessa com um sorriso.
“Que tal isso, Anne?”
“Qual é o seu problema? Pare de incomodar o Sr. Belgrieve...”
“Quer dizer Sr. Bell! Ah, continua sem entender nada!”
As bochechas de Miriam agora estavam infladas quando pulou em Anessa dessa vez, estendendo sua mão para seu lado.
“Whoa, pare com isso! Gah!”
“É a minha vez de brilhar.” disse Angeline enquanto galantemente pulou das costas de Belgrieve e saltou sobre Anessa.
“Ali, que tal isso?”
“Já teve o suficiente, Anne...?”
“P-Pare! Argh! Ah... Erk...”
As meninas fizeram um tumulto enquanto lutavam para a esquerda e para a direita. Belgrieve as observava ansioso, murmurando para si mesmo: “Só queria plantar batatas...”
Histórias de Fantasmas
Como o orfanato era unido à igreja, ficava próximo ao cemitério. O clero tinha o dever de manter os túmulos e entoar orações diárias pelos mortos. Embora não fosse diretamente adjacente, ficava bem a uma curta distância.
As crianças que moravam lá eram muitas vezes arrastadas por uma das irmãs para limpar as lápides. Eles varriam as folhas caídas, esfregavam o musgo e substituíam as flores murchas por novas. Como uma seguidora devota, a irmã se certificava de ser cuidadosa e meticulosa com seu trabalho, mas as crianças em seus anos travessos corriam para brincar com mais frequência, provocando a ira piedosa da irmã.
“Já basta! Os fantasmas virão atrás de crianças travessas como você!”
“Fantasmas?”
“Estamos bem, irmã. A poderosa Viena protege a todos.”
“Ah, mas sabe, a Grande Deusa pune garotinhas más que não ouvem. Agora se apresse e arrume essas folhas.”
E assim, estavam limpando os túmulos mais uma vez. Depois das orações da noite, veio à hora do jantar, depois a hora de dormir. Havia uma regra contra ficar acordado até tarde, porém nunca era tão fácil para as crianças adormecerem. Eles se reuniam em segredo, sussurrando histórias baixinho.
Com o cobertor puxado sobre a cabeça, Miriam, de nove anos, deu uma risadinha.
“Um fantasma, foi o que disseram!”
“Um morto-vivo, certo? Os aventureiros vão lidar com isso.”
Se essas crianças sem parentes não fossem adotadas, acabariam tendo que pegar algum ofício para se sustentarem sozinhas. Na maioria das vezes, entravam em um aprendizado com um artesão ou comerciante, contudo tornar-se um aventureiro também era bastante atraente. Afinal, estavam naquela idade em que ansiavam por aventura. A irmã faria uma cara azeda sempre que comentavam a respeito.
De qualquer forma, as crianças reconheciam os aventureiros como as pessoas que exterminavam os monstros maus. Certamente também protegeriam as crianças pequenas de fantasmas.
Uma das garotas mais velhas fez uma cara travessa. “Acha mesmo? Fantasmas não são o mesmo que mortos-vivos, sabia?”
“Hã? Sério?”
Anessa, de nove anos, se mexeu debaixo dos cobertores. “Sim, já ouvi sobre antes.” disse ela. “Conhece a casa do Sr. Will no centro? Ouviram passos na calada da noite.”
As crianças levantaram os ouvidos e engoliram em seco.
“No começo, pensaram que era um gato ou algo assim, no entanto parecia grande demais para ser. Ainda meio adormecido, o Sr. Will sabia que algo ia acontecer.”
“E depois? E depois?” Miriam se inclinou, eufórica.
“Os passos se aproximavam cada vez mais. Eles pararam ao lado de sua cama, e o Sr. Will podia ouvir a respiração em seu ouvido.”
“I-Isso é só um bandido!” disse um menino de sete anos, mostrando-se forte.
“Shh.” as crianças ao redor repreenderam, segurando seus dedos indicadores em seus lábios.
Annesa riu. “Não era um bandido. Não havia ninguém lá quando o Sr. Will olhou para cima. Ele fechou os olhos de novo, mas ainda ouviu. ‘Pant... Pant...’.”
“Eep!”
“Por fim, acabou se pondo de pé, pulou e gritou: ‘Quem está aí?’ e então, atrás dele...”
As palavras de Anessa foram cortadas quando Miriam saltou com um surpreendente “Boo!” enviando o resto das crianças cambaleando para trás.
As crianças que ainda não tinham completado cinco anos já estavam com os olhos marejados antes que a história chegasse à parte assustadora, e esse foi o golpe final. Seus lamentos deixaram as crianças mais velhas em pânico.
“Espere, espere, espere, não pode chorar!”
“A irmã vai vir!”
“O que estão fazendo, Merry?”
Porém já era tarde demais. Passos frenéticos traçaram o corredor antes da irmã irromper pela porta de pijama. Olhando para todas as crianças aninhadas juntas, ela fez uma careta.
“Ah! Já passou da hora de dormir! O que estão fazendo?”
“Hum, hmm, não é o que...”
Além das criancinhas que não paravam de chorar, as que sabiam que seriam repreendidas também começaram a soluçar, e a situação estava ficando fora de controle. A irmã estava exausta quando todos finalmente se acalmaram, contudo ainda tinha o suficiente para ficar furiosa quando ouviu o que havia acontecido.
“Anessa.” suspirou a irmã. “Achei que você fosse uma boa menina.”
“Erk... S-Sinto muito. Mas Merry, ela...”
“Não! Eu não fiz nada errado.”
“Quieta. As duas contaram histórias quando deveriam estar dormindo, então são todas más.”
As crianças estavam agitadas.
“U-Um fantasma vai vir?”
“Será que vai fazer ‘boo’ atrás de mim?”
“Eu estou com medo...”
A irmã entrou em pânico, vendo alguns pequenos prestes a chorar de novo. “Acalmem-se! A história da Anessa foi completamente inventada! Esses tipos de fantasmas não existem!”
“Hã? Então que tipo de fantasmas estão vindo, irmã?”
“Hum... Sim, bem, você sabe...”
Depois de muito pensar e hesitar, a irmã contou uma história de fantasmas reconfortante. Isso era muito mais agradável do que orações, palestras e sermões, e os olhos das crianças brilhavam. Não foi nada ruim para a irmã, e começou a se interessar bastante em contar suas histórias. Quando a curiosidade de outra irmã a levou a aparecer, a irmã já havia começado a contar uma nova.
Debulhar Trigo
Os caules brancos e foscos do trigo recuperaram seus tons verdejantes sob a luz do sol. O chão estava um pouco lamacento após o derretimento da neve, mas não o suficiente para atrapalhar o trabalho.
Belgrieve desceu o caminho com Angeline de cinco anos ao seu lado. O céu estava claro desde o início da manhã, porém só fez com que o clima parecesse ainda mais frio — não havia nada para isolá-los do ar frio pesado da atmosfera. O sol não era forte o suficiente para aquecer seus corpos.
Angeline se agachou. Suas bochechas estavam vermelhas.
“Você está bem, Ange?”
Ela pensou por um momento. “Estou com um pouco de frio.” e agarrou inquietamente a mão de Belgrieve.
O trabalho do início da primavera consistia em plantar batatas e debulhar trigo. Ainda havia algum tempo antes que as batatas precisassem ser plantadas; debulhar o trigo foi o primeiro trabalho do ano. As sementes suspensas na geada precisavam ser pisadas no chão, o que faria com que os talos se ramificassem mais e produzissem mais grãos.
Turnera semeou trigo tanto no outono quanto na primavera, cada um com uma cultivar diferente. Em termos de sabor, o trigo de outono foi o preferido e, portanto, colhido em maior abundância. O trigo da primavera foi cultivado principalmente como ração para o gado durante os meses de inverno magro. Embora não houvesse uma grande diferença no trabalho envolvido, era apenas o trigo do outono que seria pisado no frio.
Eles foram para o campo enevoado e viram várias pessoas já trabalhando duro. Belgrieve notou crianças no meio, indo até a borda, plantando sua perna artificial em terra firme. Belgrieve não podia pisar o trigo com sua perna de pau.
Respirando uma névoa branca, Angeline pisou no pacote mais próximo.
“Você pode colocar mais força. No entanto não pode esfregar o pé contra ela, ou vai rasgar as folhas.”
“Ok.”
Angeline levantou a perna e um pouco desajeitadamente a moveu para baixo das cerdas de trigo. Belgrieve riu para si mesmo quando começou a trabalhar no próximo. O vento estava suave naquele dia; às vezes, o vento frio soprava contra seus rostos expostos e, quando isso acontecia, o trabalho simples tornava-se desgastante.
Contudo, Belgrieve gostou bastante de pisar o trigo. Era um trabalho que consistia em nada mais do que andar com cuidado, porém tinha um estranho efeito relaxante, o deixando em um estado de espírito semelhante à meditação.
Belgrieve se alinhou ao lado de Angeline enquanto essa cambaleava pela fila e pegava sua mão. Ela deslocou seu peso contra ele, e seus passos se tornaram mais seguros e relaxados.
Às vezes, Angeline parava para ver sua respiração se afastar. O céu azul fazia com que as nuvens brancas se destacassem ainda mais, e assim podia ver as formas distintas que formavam.
“Pai, me carregue...”
“Hum? Hey, vamos, nós apenas começamos.”
“Está bem. Me carregue...”
Belgrieve a içou a contragosto. A pequena implorava por mimos nos momentos mais estranhos. Ela era jovem e às vezes se cansava do trabalho no meio do caminho. Belgrieve não pretendia forçá-la a continuar trabalhando, então a levantou conforme exigido.
Simples assim, continuou a caminhar com Angeline nos braços, com certa dificuldade, antes de ter que colocá-la no chão. “Papai está tendo um momento difícil, Ange. Um passeio nas costas seria o suficiente?”
“Sim.”
Abaixando-se, Angeline pulou em suas costas. “Você ficou muito pesada.”
Belgrieve riu baixinho e começou a andar de novo. Seus passos ficaram mais pesados com o peso adicional de Angeline. Ele podia sentir as folhas de trigo sendo esmagadas sob os pés. Mesmo esmagado nesse grau, o trigo voltaria mais saudável no final. Como são resistentes, refletiu Belgrieve com certo respeito pela colheita. Angeline se mexeu e se contorceu.
“Isso dói...?”
“Hum?”
“O trigo. Quando pisamos por cima dele.”
“Certo... Talvez doa, porém crescem mais saudáveis por causa disso.”
“Eu não... Gosto de dor.” disse Angeline, colocando as mãos em volta do pescoço de Belgrieve e abraçando-o com força. Belgrieve riu, segurando-a melhor quando ela começou a deslizar para baixo.
“Sim, papai também não quer ver você com dor, Ange.”
“Mas... Os aventureiros se machucam?”
“Sim... Às vezes, dói.”
“Então eu vou aguentar.” respondeu Angeline, após um momento de reflexão.
Angeline se desvencilhou de seus braços e caiu no chão, correndo para a próxima linha e começou a pisar no trigo. A essa altura, já tinha um vago desejo de ser uma aventureira. Belgrieve suspeitava que as histórias que contava para fazê-la dormir tinham desempenhado um papel. Estava feliz por sua filha ter se voltado para o mesmo objetivo que havia perseguido uma vez, porém preocupado com o perigo que viria junto. Ele cruzou os braços contemplativamente.
“O que devo fazer...” Belgrieve se perguntou.
No entanto, o futuro era o tipo de coisa para a qual nenhuma quantidade de olhar para o umbigo seria suficiente. Ele só podia fazer o que podia fazer no presente. Belgrieve começou a trabalhar novamente.
O sol estava alto, seus raios brilhando sobre a terra úmida abaixo.
Pastelaria
As majestosas ruas de Bordeaux eram ladeadas por estruturas baixas construídas em pedra resistente. Eles carregavam a forte vontade dos antigos pioneiros que pretendiam estabelecer a cidade como sua fortaleza. Aqueles homens e mulheres pragmáticos se estabeleceram aqui, derrubaram as florestas e espalharam vastos campos pela terra.
Isso foi no passado, no entanto. Agora, havia fileiras de barracas espalhafatosas e alegres, com aventureiros e mercadores entrando e saindo energicamente. Estacionada no centro de uma planície aberta com extensos campos de trigo ao seu redor, Bordeaux era o maior produtor de grãos do norte. Este trigo, transmitido e melhorado geração após geração, era conhecido por sua alta qualidade. Comercializado não apenas nas regiões do norte, mas também na cidade de Orphen e Estogal.
Talvez, então, fosse natural que Bordeaux também fosse famosa por sua culinária à base de trigo. Sua principal bebida alcoólica era a cerveja, enquanto seu pão assumia várias formas com base nas cultivares de trigo, tipos de grãos, formas de massa e métodos de cozimento. Seus doces assados variavam de crocantes a macios, e tudo mais.
Quando o almoço acabou, Sasha levou o grupo a uma confeitaria. O cheiro fez cócegas nas narinas de todos no momento em que colocaram os pés pela porta, enquanto as cestas de pães e doces nas paredes eram um colírio para os olhos. Belgrieve podia sentir a saliva brotando apesar de ter acabado de comer.
Os rostos das garotas se iluminaram, seus olhos brilhando.
“Incrível...” disse Angeline. “Tudo o que eu precisava.”
“O que fazer, o que fazer... Eu teria pulado o almoço se soubesse que viria aqui.” Miriam bateu o pé em frustração.
Um sorriso fino se formou nos lábios de Angeline. “Está tudo bem... Você pode fazer isso, Merry.”
“Entendo... Você está certa. Preciso desafiar meus próprios limites! Tudo bem, isso não é nada!”
“É por esse motivo que está ganhando peso...” Anessa disse, suspirando.
No entanto, Miriam não foi a única hipnotizada pelos doces. Angeline e Anessa também estavam trocando olhares frenéticos, pegando doces das várias cestas. O formato era o mesmo de Orphen, e elas teriam que colocar os itens que quisessem em bandejas de madeira e levá-los ao balcão. Belgrieve não estava tão predisposto a doces quanto às meninas, então começou a se distrair e olhou distantemente para os fundos da loja.
Logo, uma nova cesta de produtos recém-assados foi carregada com um aroma doce, porém adstringente. O pão um tanto fino tinha sido moldado em forma de cone, cada pedaço pingando com o que parecia ser queijo derretido. Belgrieve arrancou um, pensando que seria bom ter um deleite recém-assado.
“Ooh.” Sasha comentou. “Que bons olhos você tem, mestre! Esse é o item mais popular da loja.”
“Oh sério? Não foi por isso que eu escolhi.”
As meninas, tendo ouvido, cada uma escolheu um para si. Suas bandejas estavam cheias, e Belgrieve se preocupou se conseguiriam comer tudo.
“Vocês vão ficar bem comendo tanto assim?”
“Tenho um segundo estômago para doces.”
“É apenas bom senso para uma dama, pai...”
“Entendo... Eu acho?”
As meninas deram uma olhada na expressão confusa de Belgrieve antes de pagar no caixa. A pasteleira estava ligada a um café onde podiam levar os seus doces para comer.
Lá, pediram chá floral e começaram sua investida nos doces. Havia uns robustos com consistência mastigável, finos tão crocantes como crosta de torta e super doces com frutas secas amassadas na massa.
Belgrieve mordiscou a massa que tinha escolhido. Estava recém-assado e exalava vapor de onde o mordeu. Ele pensou que poderia ter queimado a boca se não tivesse respirado fundo. Estava cheio de frutas secas e queijo. Parecia que a massa tinha sido esticada e depois enrolada no recheio. O açúcar foi então polvilhado sobre sua superfície depois de assado. Belgrieve pensou que a maneira como o queijo derretia era uma grande parte do motivo pelo qual era tão delicioso, precisamente porque era recém-assado.
“Se trocassem o recheio, poderia ser servido como uma refeição...”
Parecia que daria um prato esplêndido se, em vez de frutas secas, fosse recheado com carne ou peixe — embora fosse difícil de fazer sem um forno em casa.
Enquanto Belgrieve avaliava cuidadosamente sua compra solitária, as meninas encheram seus rostos de aparência satisfeita com doces. Elas realmente têm outro estômago? Belgrieve se perguntou, espantado.
Com a boca cheia de chá, Angeline respirou fundo.
“É uma delícia... E a massa tem um papel importante. Posso provar o trigo...”
“Fico feliz que tenha notado! Hehehe, é bom ouvir isso de você, Ange.”
“Os doces de Orphen eram bons, mas o sabor era todo do açúcar e da fruta. Pode ser a primeira vez que o sabor do trigo aparece de forma tão evidente.” Miriam mastigou alegremente. Anessa parecia mais contida que as outras duas, contudo suas mãos também não paravam. Ela parecia tão encantada.
Vendo que Belgrieve havia terminado e estava tomando seu chá, Angeline pegou um de seus doces e o estendeu.
“Aqui, pai.”
“Hmm? Ah, estou bem.” disse ele, ao que Angeline inflou as bochechas.
“Vamos. Diga ‘ahh’.”
“Sim... Ok, tudo bem.”
Ele a deixou alimentá-lo com o doce oferecido. Angeline deu um aceno satisfeito, então sem outra palavra abriu a boca em resposta.
“Ah.”
Boa dor, Belgrieve balançou a cabeça. Tomando um doce aleatório de sua pilha, colocou-o em sua boca. Sua filha estava nas nuvens. Pensando nisso, muitas vezes a alimentará com mirtilos assim quando era criança, e sentiu uma sensação de nostalgia.
Uma vez que os pratos estavam vazios, Angeline se levantou. Ele pensou que estavam se preparando para sair, mas ao invés, ela pegou sua bandeja.
“Segundo round...”
“Aqui vamos nós!”
“O que?” Belgrieve olhou para as meninas em completa descrença. Apenas observá-las parecia lhe dar azia.
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