terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 04 — Capítulo 56

Capítulo 56: Depois que Angeline tirou o vestido

Depois que Angeline tirou o vestido, removeu a maquiagem e vestiu sua roupa de aventureira habitual, pôde sentir um estranho revigoramento. Ela não precisava cambalear de salto alto ou se preocupar em pisar na saia.

“Você realmente me deixou nervoso aí.” Gilmenja — mais uma vez em seu disfarce de empregada — deu uma risada perturbada. “Não sabia o que ia acontecer por um segundo lá.”

“Sinto muito, Gil. Mas não aguentei.”

“Sim, acho que é mais fácil dizer do que fazer... Porém você fez o seu melhor, Ange. Quase me fez chorar na minha idade. Não, talvez seja por causa da minha idade...”

“Então, já que não posso voltar para Turnera... Estou pensando em escrever uma carta. Acha que meu pai vai me elogiar?” perguntou Angeline, batendo a medalha de ouro em volta do pescoço.

Gilmenja riu.

“Claro que vai! Ele com certeza vai dizer que está orgulhoso. Pode ficar tão feliz que irá direto para Orphen para vê-la, hehehe.”

“Hmm...” se ao menos, pensou Angeline.

“Contudo as cartas chegarão a Turnera no inverno?”

“Ah, certo.” Angeline fez beicinho. No entanto não havia como evitar — teria que contar a história a seu pai na próxima vez que o visitasse.

Gilmenja virou-se com um sorriso.

“Vou sentir falta dessa fantasia, mas vou para a pousada pegar minhas coisas. Você está certa disso? Pode partir amanhã de manhã.”

“Não quero. Gosto da Liz, porém odeio todo mundo.” Angeline mostrou a língua.

E então, Angeline foi deixada sozinha em seu quarto. Ao falar tão duramente diante do arquiduque, ela — de certo modo — cumpriu de maneira esplêndida seu papel de peça central do baile. Assim que a cerimônia acabou, Angeline dispensou todos os nobres que a convidaram para dançar e foi direto para seu quarto. Agora tinha sua medalha e não tinha mais nenhum negócio perto da propriedade. Embora tivesse gostado um pouco da cama fofa, ainda era muito perturbadora.

Já era o início da noite, e o pátio e o salão ainda estavam cheios de músicas. É provável que eles continuariam na calada da noite. Angeline não detestava lugares movimentados, todavia preferia trocar uma bebida animada entre aventureiros.

Angeline respirou fundo e olhou em volta. Não fazia muito tempo, porém parecia uma eternidade desde que chegou a Estogal — talvez porque tanta coisa aconteceu. Durante o tempo que passou lá, parecia que não havia passado de experiências detestáveis, contudo agora que acabou, podia olhar para trás e achar um tanto intrigante.

Mesmo que eu não aguente o lugar, tenho sido bastante ousada, se é que posso dizer, pensou. Por sorte, o Arquiduque Estogal revelou-se um homem tolerante; se fosse tão mesquinho quanto Villard, não havia como saber o que poderia ter acontecido.

Eu estava um pouco irritada, percebeu, sentindo um pouco de remorso. No entanto estava confiante de que não havia feito nada de errado. Angeline ergueu o peito e bateu com as mãos nas bochechas. Quando pegou sua bolsa para confirmar que seus escassos pertences estavam todos contabilizados, e notou alguém espiando o quarto.

“Ange?”

Liselotte estava olhando pela porta aberta.

Angeline sorriu.

“Quanto tempo sem te ver, Liz.”

“Já está partindo?”

“Sim. Obrigado por tudo… Você ajudou mais do que pode imaginar.” Liz entrou nervosamente antes de abraçar Angeline de repente.

“Eu não quero que você vá! Fique mais tempo! Há tantas outras histórias que quero ouvir!”

Angeline se abaixou com um sorriso irônico e fez carinho na cabeça de Liselotte.

“Adoraria contá-las, mas não posso me estabelecer na propriedade de um nobre... E insultei os nobres na cerimônia também.”

“Não foram insultos! Tudo que disse é a verdade! Até o pai te elogiou, então vai ficar tudo bem! Então... Fique mais um pouco...”

Liselotte enterrou o rosto cheio de lágrimas no peito de Angeline. Angeline se afeiçoara surpreendentemente à jovem inocente e inquisitiva, porém não desejava prolongar sua estada. Quanto mais demorasse, mais difícil seria partir.

“Ahaha... Cuide de sua mãe e pai, ok? Que tal vir para Orphen um dia desses...?”

“Ange...”

“Essa cara de choro não combina com você... Nos veremos de novo. Ok?”

“Sim, está certo! Uma nobre não deve ser tão rápida em mostrar suas lágrimas!”

Liselotte sorriu, com o nariz vermelho, e se agarrou a Angeline outra vez. Desta vez, Angeline a abraçou de volta. Depois de ficar assim por um tempo, a garota ergueu o rosto e apontou para o vestido que estava grosseiramente dobrado sobre o sofá.

“Já sei! Vou te dar esse vestido! Pegue!”

“Hã...? Eu me sentiria mal, no entanto — não terei nenhuma chance de usá-lo...”

“Está bem! É a prova da nossa amizade, certo? Você ficou maravilhosa nele!”

“En-Entendo..."

Angeline nunca se acostumaria a usá-lo, contudo recebeu muitos elogios quando o fez. Apesar de suas dúvidas, passou a gostar de todos os elogios e, durante todo o tempo, queria que Belgrieve a visse com o vestido. Talvez Gilmenja estivesse certa, e ele realmente choraria lágrimas de alegria.

“Tudo bem... Tudo bem. Vou aceitar essa oferta.”

“Sim!”

Angeline dobrou cuidadosamente desta vez e colocou em sua bolsa.

“Então... Estou indo.”

“Tome cuidado! Tem que me contar histórias de novo!”

“Sim. É uma promessa...” elas uniram os dedos mindinhos e compartilharam um sorriso.

Depois de se separar de Liselotte, Angeline se dirigiu para a sala de entrada, que ficava do lado oposto da mansão, e um tanto quanto silenciosa em comparação. Parecia que ninguém queria sair ainda. Várias sentinelas estavam ao redor, parecendo entediadas, e havia muitas carruagens se aglomerando na frente da propriedade. Como ainda tem tanta gente aqui?

Ela abriu caminho entre as carruagens a caminho do portão. Quanto mais seguia seus rastros sulcados, menos carruagens havia. Os aposentos dos empregados e hóspedes alinhados de cada lado da viela tinham luzes nas janelas, porém quase não havia ninguém por perto. Estava um silêncio mortal; todos estavam ocupados na mansão.

As estrelas brilhavam no céu enquanto o vento frio acariciava suas bochechas. A música parecia bastante triste à distância.

“Está quieto.” observou. Era como se todo o barulho e a agitação de antes nunca tivessem acontecido. Angeline soltou um longo suspiro e observou a névoa branca se afastar.

Uma vez que se aproximou do portão, no entanto, a presença que sentiu de repente aumentou. Olhando em volta, pode ver soldados armados formando um círculo ao seu redor.

“O que vocês querem?”

“Não banque a aventureiro estúpida e vil.” disse o capitão com uma expressão ressentida enquanto segurava o punho de sua espada. Angeline colocou suas malas no chão e pegou sua própria espada. Seus olhos afiados olharam para ele.

“Parem agora, antes que eu comece a acreditar que sua brincadeira é séria.”

“Está reagindo à situação com calma.” François emergiu da escuridão. Levava um sorriso medonho no rosto e não fazia nenhuma tentativa de esconder sua hostilidade.

“Isso é alguma vingança mesquinha?” Angeline suspirou. “Deixe de ser uma criança.”

“Silêncio. Nunca poderá me entender. Os nobres nunca tiveram nenhuma honra. Não têm nada além de seu apego à sua riqueza e poder... E o que a honra pode realizar? Todas aquelas palavras floreadas, elas me fazem querer vomitar, sua vigarista.”

“‘Vigarista’... o que você é, estúpido? Como posso ser uma vigarista e uma benfeitora ao mesmo tempo?”

“Pare de agir modesta comigo... Você nem gosta da aristocracia. Continuar falando sobre orgulho e nobreza... É tudo uma farsa, não é?”

“Todos os nobres de quem gosto tem orgulho de suas posições. Eles são nobres, no entanto não arrogantes. Liz e até seu pai são assim... Por que só consegue ver através de lentes tão distorcidas? Seu pai te ama, não é?”

“O pai nunca me amou!” François gritou. “Oh, está se sentindo especial, não é? Divagando sobre seu pai ser seu orgulho e tal absurdo! Só de olhá-la me dá vontade de vomitar!”

“Senhor.” o capitão avançou com sua espada. “Se nos der a ordem.”

“Muito bem...” disse Angeline, resignada.

“Pare... Vocês acham que podem vencer?” uma voz gritou.

Um calafrio percorreu a espinha de Angeline, fazendo-a se virar com pressa para o outro lado. Lá estava Kasim; mantendo o mesmo porte desleixado de sempre, contudo ela não conseguia ver absolutamente nenhum ângulo de ataque que pudesse prevalecer a seu favor.

Kasim coçou a cabeça e suspirou.

“Por que tinha que chegar a isso, hein...?”

“Essa devia ser a minha pergunta...” Angeline retrucou. “Está falando sério?”

“Não é como se eu tivesse algo melhor para fazer.”

Houve um redemoinho tumultuado de mana, e Angeline estremeceu ao se lembrar da grande magia que vira no salão. Mesmo ela não estava confiante de que poderia suportar tal ataque sem desmaiar.

Faz algum tempo. Ange engoliu em seco. O fato de poder comandar grandes magias significava que Kasim era tão habilidoso quanto Maria. Para piorar as coisas, suas habilidades eram lhe eram desconhecidas. Quando se levantou para encará-lo, sentiu-se oprimida por sua presença.

Olhando em volta, percebeu que estava cercada pelos cachorrinhos de François, bloqueando suas rotas de fuga. Esses soldados dificilmente eram uma obstrução, porém se ficasse concentrada demais neles, poderia dar a Kasim uma oportunidade de atacar.

Angeline desembainhou sua espada sem pressa.

“Eu não quero lutar com você, Sr. Kasim.”

“É mesmo? Eu acho que você poderia fazer um bom trabalho me matando...”

“Você... Quer morrer? Por quê?”

“Sou um covarde, sabe. Estou com medo da morte — não posso evitar. Mas viver está sendo um grande problema. Se vou morrer de qualquer jeito, gostaria de sair dando tudo de mim contra alguém mais forte. Hehe, olhe para mim, dando desculpas de novo.”

“Chega... Liz vai ficará triste com a sua morte.”

“Então cale a boca e deixe-me te matar. Entre nós dois, qual morte tornará aquele nanica mais triste?” Kasim disse com uma risada.

Angeline mordeu o lábio.

“Por que está seguindo ordens de alguém como ele?”

“O que acha? Os seres humanos tendem a agir irracionalmente nas profundezas do desespero. É como se não fosse mais você e então simpatizasse com seu próprio eu triste, talvez? Ou talvez seja como se estivesse tentando expiar uma coisa ou outra.”

“Mesmo quando é alguém tão poderoso? Não precisa se encurralar...”

“Hehehehe...” Kasim riu, acariciando sua barba. “Tão jovem.”

“O quê?” Angeline perguntou.

“Eu costumava pensar assim, uma vez — pensei que poderia fazer qualquer coisa, desde que fosse forte.”

“E está errado...?”

“Está completamente errado. Na verdade, para maioria das coisas no mundo não há nada que possa fazer a respeito, independente da sua força.”

“Como o que?”

“Bem vejamos.” Kasim cerrou os olhos. “Por exemplo... Digamos que tenha um amigo agredido pela dor. No entanto o fato é que esse amigo é um cara muito legal que está fazendo tudo o que pode para parecer que não é o caso. Contudo você sabe, muito bem. Então é doloroso e tem que se desculpar, mas não pode”. Kasim olhou direto para Angeline. “Quando isso acontece, não importa o quão forte seja sua espada, não importa qual magia possa manipular, tudo é inútil. O que precisa não é força. Tem que ser outra coisa.”

Angeline caiu em um silêncio pensativo. Sem dúvida este não era um problema que poderia ser resolvido derrotando um demônio. Ela não sabia de quem Kasim estava falando, porém a tristeza que permanecia em suas palavras era palpável.

Kasim continuou lentamente, como se estivesse recapitulando seu passado.

“Todavia, tive que ficar forte. Não consegui pensar em mais nada. Era jovem e estúpido e pensei, se ao menos fosse mais forte, se ao menos subisse mais alto, encontraria minha resposta... Só que estava apenas me enganando, dizendo a mim mesmo que pelo menos estava fazendo algo a respeito.”

“Isto é...” Angeline queria dizer algo, contudo não conseguiu encontrar as palavras certas.

E dessa forma, Kasim balançou a cabeça. Estava sorrindo, no entanto seu rosto estava cheio de tristeza.

“A questão é que todo tipo de coisa apenas deixou de ser importante para mim. Quando coisas do tipo acontecem, sabe... Fica muito mais confortável fazer o mal do que o bem.”

Angeline franziu os lábios e encarou Kasim. Você está errado, era o que queria dizer. Entretanto parecia terrivelmente difícil explicar a ele por quê. Kasim estava muito resignado para aceitar qualquer justificativa que pudesse pensar.

O fluxo de sua mana ficou cada vez mais forte, soprando como uma tempestade centrada a sua volta. Os arbustos, gramas, árvores e bandeiras ao redor farfalhavam e batiam, enquanto os longos cabelos negros de Angeline ondulavam.

Kasim era forte, de primeira classe entre todos os inimigos que Angeline lutou em sua vida. Não havia muitos oponentes por aí que pudessem fazê-la pensar: ‘Talvez eu perca’. Contra esse oponente, poderia se imaginar sem dificuldade deitada em uma poça de seu próprio sangue, enquanto a aparente confiança de Kasim desmentia qualquer medo da morte. O desconhecido era mais assustador do que qualquer coisa — e, por essa precisa razão, Angeline agora estava tomada pelo medo.

Estou bem, disse a si mesma. Ele não é nada comparado ao pai. Angeline respirou fundo e aguçou seu olhar.

“Faça do seu jeito, então... Não vou morrer aqui!”

“Estou bem com morrer. Venha até mim.”


Kasim casualmente ergueu as mãos. Usou uma para segurar o chapéu, enquanto balançava a outro no ar como se estivesse regendo uma orquestra. Os redemoinhos de sua mana ficaram ainda mais fortes, os ventos ardendo enquanto raspavam contra sua pele.

“Ha... Hahahahaha!” François, nas garras da loucura, caiu na gargalhada. “Que maravilha! Esse é o Destruidor de Éter para você!” seu olhar se voltou para Angeline e cuspiu. “Não se preocupe! Não ficará sozinho no inferno! Vou mandar seus amigos em Orphen e aquele seu ‘melhor pai do mundo’ depois para acompanhá-la!”

Essas palavras a deixaram furiosa. Angeline gritou de volta.

“Cale a boca! Meu pai nunca perderia para você! Destruidor de Éter? Sem chance! Não duraria um segundo contra o Ogro Vermelho, Belgrieve!”

Então, de repente, os ventos ondulantes se foram. A poeira e as folhas arrancadas de seus galhos permaneceram um momento antes de assentar. Nem é preciso dizer que François, os soldados e Angeline ficaram surpresos.

Angeline olhou fixamente para Kasim, que abaixou os braços e ficou petrificado. Não tinha sido apenas sua mana — até mesmo sua hostilidade havia desaparecido por completo, a ponto de estranhar sua ação.

“Hã... O que foi...” Angeline foi interrompida quando Kasim correu até ela em um ritmo tremendo e agarrou seus ombros. Embora estivesse assustada, não sentiu más intenções e então deteve sua lâmina.

Kasim começou a sacudi-la.

“O-O-O que acabou de dizer? Bell? Você disse Belgrieve?”

“O-O que...? Eu... Disse?”

“Disse! Sabia! Não ouvi mal! Belgrieve tem cabelo ruivo? Está sem a sua perna direita?”

Kasim segurou o rosto de Angeline em suas mãos e a trouxe tão perto que seus narizes quase se tocaram, e sua longa barba pontuda fez cócegas em seu rosto. Angeline abaixou o braço da espada e assentiu.

“Isso mesmo... Você o conhece?”


“Claro que conheço! Ele é o melhor aventureiro que conheço! Ele é... Ele é seu pai?”

“Sim, é.”

“Haha... Hahahaha! Ah, sério!” Kasim bateu na cabeça de Angeline com força. “Deveria ter falado desde o começo!”

“Essa... Essa é a minha fala!”

“Como vai o Bell? Ainda está dando duro, certo? Está indo bem? Se tem uma filha, então tem uma esposa? Com quem acabou se casando, hein? E o que é todo esse negócio de ‘Ogro Vermelho’?”

“H-Hey... Uma pergunta de cada vez... Meu pai está bem. Está morando em Turnera há muito tempo.”

“Turnera... Entendo. Então é isso...”

Kasim recuou um passo, depois outro, antes de cair de joelhos em lágrimas. E ainda, embora estivesse chorando, sorriu do fundo de seu coração. Esta foi uma mudança completa de sua face anterior de miséria.

“Então você está vivo e bem, Bell... Tem até uma filha tão grande...”

Em sua confusão, Angeline colocou a mão em seu ombro.

“Senhor Kasim, você conhecia o pai? Como?”

“Claro que o conheço! Ele é meu amigo. Contudo acho que Bell pode não pensar assim. Um sorriso solitário cruzou seu rosto quando olhou para Angeline.”

“Bell nunca te contou nada sobre mim?”

"Não... Hmm, então aquele amigo de estava falando...”

“Acertou. Hehehe, entendo... Então ainda não fui perdoado...”

Ange rapidamente o atingiu na bochecha.

“Não sei o que aconteceu entre vocês, mas meu pai não é o tipo de homem mesquinho que viveria no passado para sempre.”

“Haha... Acho que sim. Essa é a sensação que tenho quando olho para você.” Kasim se levantou e começou a bagunçar o cabelo de Angeline. “Chega de matar, chega de tudo isso! Hey! Conte-me mais sobre o Bell! Com quem se casou? Você não se parece nada com ele!”

“Fui adotada...”

“Hey!” François gritou. “O que está fazendo? Apresse-se e mate-a já! Está ouvindo, Destruidor de Éter?”

“Cale-se! Estamos tendo uma discussão importante aqui!” rugiu Kasim enquanto brandia a mão. Uma rajada repentina e imensa envolveu François e seus seguidores.

“W-Whooooooooa!”

Eles foram erguidos no ar em uma tempestade rodopiante por alguns momentos antes de serem lançados para o alto, como se tivessem sido disparados de um canhão.

Angeline estremeceu.

“Hã... Espera, eles vão ficar bem?”

“Eu os joguei no rio. Se morrerem de frio, significa que não treinaram o suficiente, hehehe... Ah, essa foi por pouco. Quase matei a filha do meu amigo.”

“Eu poderia ter vencido.”

“Não há dúvida acerca disso! Você é muito forte, com certeza!” Kasim riu amigavelmente e colocou um braço em volta do ombro de Angeline. “Está indo embora hoje à noite? Então vou junto.”

“Tem certeza?”

“Não se preocupe, apenas me conte sobre Bell. Vou compartilhar algumas histórias antigas sobre ele também! Isso soa justo, Angeline?” Kasim, alegre e satisfeito, colocou seu chapéu-coco na cabeça de Angeline.

Ajustando a aba com um sorriso forçado, Angeline concedeu.

“Certo. Se for sobre o pai, posso falar até o amanhecer.”

“Isto é o que gosto de ouvir! Que dia excelente! ‘Bell está vivo’, diz ela! Agora, para recuperar o passado que deixei para trás!”


Quando Angeline deixou a propriedade do arquiduque, uma figura apareceu no telhado da casa de hóspedes. A figura olhou atentamente para o confronto que ocorreu em frente ao portão, mas vendo que a briga terminou sem nenhuma luta real, balançou a cabeça. Aqueles lindos cachos de ouro e roupas brancas pertenciam ao príncipe herdeiro Benjamin.

Benjamin deu de ombros com um meio sorriso.

“Agora, isso é uma decepção... Criei expectativas duas vezes e me decepcionei nas duas vezes. Que provocação.”

“Foi inesperado. Achei que poderíamos ver resultados mais definitivos se a colocássemos contra o Destruidor de Éter.”

Um homem com uma túnica branca estava atrás de Benjamin. O homem usava o capuz sobre os olhos.

Benjamim riu.

“Sim, o velho Ba'al foi derrotado com uma facilidade surpreendente depois que perdeu sua afeição. Acho que os designs de Salomão são realmente perfeitos. Se retirarmos algo que parece desnecessário, tudo desmorona.”

“Há pouco que podemos fazer. Grande parte de seu trabalho não pode ser decifrado com a tecnologia moderna.”

“Porém ela é de fato uma das nossas? Segurei-a em meus braços e olhei-a de perto, contudo ainda não tenho a menor ideia.”

“Quem pode dizer... Se a garota for um sucesso, então não daria nenhum indício do homúnculo dentro de seu corpo. Pelo contrário, este é um sinal promissor.”

“Minha nossa.” Benjamim balançou a cabeça. “O que devemos fazer se nem sabemos se é um sucesso ou não...? No entanto é a primeira mulher que não se incomodou com o rosto desse cara. Ela é interessante.”

“O ego da garota deve ter uma base muito forte. Valeria a pena pesquisar. Se depende de alguém, pode ser interessante ver o que acontece quando esse pilar desmorona.”

“Porém precisará encontrar essa chave primeiro, para ver se é real ou não.”

“Não há necessidade de pressa; ninguém jamais nos alcançará, em qualquer caso. Nosso candidato mais próximo eliminou aqueles que anteriormente possuíam o Destruidor de Éter. E logo, ele será apagado pela Inquisição. Apenas aquele elfo continua sendo um espinho encravado em nosso lado...”

Benjamin parecia bastante divertido.

“Portanto, nossos rivais na pesquisa de Salomão estão desaparecendo um por um. Mas onde está à diversão sem um pouco de competição?”

“Não tenho interesse em fazer disso um esporte.”

“Acho mais emocionante com alguns obstáculos no caminho. Deveria aprender a brincar um pouco.”

“Brincar, hein... Assumir essa forma é uma espécie de jogo para você, então?”

“É muito legal, sabe. Isso me permitiu andar com um pouco mais de facilidade. Agora, o que faremos com o pequeno François? Não gostaria que ele dissesse que o príncipe herdeiro o instigou.”

O homem de robe se virou.

“Estou indo. Continue fazendo sua parte.”

“Você também, Schwartz.”

O homem de túnica desapareceu como uma miragem. Benjamin permaneceu parado ali por mais algum tempo antes de desaparecer da mesma forma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário