terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 04 — Capítulo 53

Capítulo 53: O salão de treinamento tinha chão de terra

O salão de treinamento tinha chão de terra, mas havia sido pisada por tantos aventureiros que se tornou firme e estável. Belgrieve testou algumas vezes com o pé esquerdo antes de segurar o punho da espada.

Ele se lembra de ter usado esses terrenos várias vezes quando era um aventureiro ativo. Por uma pequena taxa, os instrutores da guilda vinham e ensinavam o básico do combate. Lembrou como, quando começou, juntava o pouco dinheiro que tinha em uma tentativa desesperada de aprender seu ofício. Em retrospectiva, não sabia se tinha sido útil ou não, porém teria feito qualquer coisa naquela época para aprender. Agora, se esforçou para lembrar se tinha sido tão motivado naquela época quanto quando foi ensinado por Graham; poderia pelo menos reconhecer que havia retomado seu treinamento recente com furiosa determinação. E aqui eu pensando que tinha amadurecido com a idade, Belgrieve pensou auto depreciativamente.

Belgrieve tomou uma respiração lenta e gradualmente expirou. Cada vez que inalava, absorvia a energia da terra aos seus pés; cada vez que exalava, permitia que a energia dos céus caísse sobre seu corpo. Cada ciclo fazia com que a mana dentro de seu corpo espiralasse, o que fazia sua perna direita inorgânica parecer que tinha sangue fluindo por ela.

Cheborg parecia eufórico. “Hey, vamos, posso ver a sua aura de espada subindo bem diante dos meus olhos! Isso não é interessante!” Cheborg riu com vontade enquanto batia os punhos. A explosão de sua mana rolou pelo chão como uma forte rajada de vento, levantando nuvens de poeira e despenteando os cabelos dos curiosos.

Belgrieve sentiu um formigamento na espinha. Não era medo — estava encantado por enfrentar um inimigo formidável. Depois de se convencer de que viveria o resto de sua vida como agricultor, nunca pensou que sentiria essa alegria outra vez.

“Talvez eu apenas não saiba quando desistir...” murmurou sarcástico e sacou sua espada. Embora tenha sido bem usada, sua ponta de aço afiada e nítida parecia emitir uma leve luz bruxuleante.


Dortos assentiu e levantou sua lança bem alto. “Estão prontos?”

“Pode apostar!” Cheborg respondeu.

“Estou.” Belgrieve respondeu.

Dortos abaixou sua lança, dando-lhes o sinal para começar.

No mesmo instante, Cheborg saiu do chão. Ele se aproximou com a força violenta de uma onda de choque. “Experimente isto para ver o tamanho!” seu punho disparou como uma bala de canhão. Foi lançado no ar tão rápido que Belgrieve praticamente podia ouvi-lo chegando.

Belgrieve apressou-se e preparou sua espada para interceptá-lo. Deu um passo com a perna direita à frente, a esquerda plantada no chão com firmeza. Sua lâmina colidiu contra o punho e mana surgiu quando as duas forças colidiram.

Da ponta de sua lâmina até a ponta dos dedos dos pés, Belgrieve empacotou cada linha de mana como uma para transmitir a força do golpe através de seu pé para o chão. A terra do campo de treinamento tremeu e os espectadores ficaram agitados.

“Oh!” Cheborg exclamou. “Você pegou de frente! Nada mal!”

“Ainda há mais de onde veio isso!”

Belgrieve fez uma careta ao sentir dormência em seus braços. Se tivesse maior domínio da habilidade, teria conseguido desviar a força por completo. Embora tivesse conseguido detê-lo, o punho de Cheborg foi tão imenso que o impacto sacudiu todo o seu corpo. Tinha sido um pouco imprudente demais não evitá-lo.

Em resposta ao próximo soco, chutou com a perna esquerda, girando a perna de pau para desviar. Cheborg quase caiu, contudo colocou a mão no chão, empurrou, girou e caiu de pé.

“Como esperado do velho de Ange! Então que tal isso?” Cheborg estendeu os punhos. As tatuagens de sequência mágica correndo por seus braços explodiram em luz e criaram uma imensa onda de choque.

Canalizando mana em sua lâmina, Belgrieve desencadeou um único corte vertical afiado. A onda colidiu com a mana e se dispersou em um poderoso vendaval. Este era um inimigo contra o qual seria presunçoso se conter — ou melhor, seria necessário Cheborg se conter para que Belgrieve tivesse uma chance de sair vitorioso.

Belgrieve podia sentir seus lábios se curvando em um sorriso e seu sangue correndo. Desde quando sou capaz de igualar golpes com um aventureiro Rank S? Ele havia se surpreendido com seu desempenho. É por causa do treinamento de Graham? Sem este, nem estaria de pé após o primeiro golpe.

De qualquer forma, pensar demais iria cegar sua lâmina. Reafirmando seu aperto no punho, aparou o próximo soco de Cheborg com o mínimo de movimento que pôde. Belgrieve procurou uma chance de contra-atacar entre os golpes, no entanto não teve tempo de partir para a ofensiva — como esperado de um aventureiro Rank S. Todavia até isso era reconfortante; ele queria abandonar-se à alegria da batalha.

Cheborg se aproximava com intensidade e Belgrieve combinava habilmente seus movimentos. A batalha parecia feroz e interminável, nenhum dos lados cedendo nem um pouco. Mas, no final das contas, foi Belgrieve quem caiu de joelhos.

Seu nervosismo e fadiga tornaram sua respiração errática. Com muita frequência ficava tão impaciente que desviava a atenção do fluxo de sua mana. Ainda tenho um longo caminho a percorrer, pensou.

Não, não deveria estar feliz por ter conseguido lutar tão bem contra uma lenda viva? Parece que ainda tenho pelo menos habilidade suficiente para me tornar um aventureiro. Não que pretendesse voltar, porém vivia lado a lado com sua lâmina há muito tempo e estava feliz por não ter sido dominado de maneira unilateral.

De toda forma, respirar fundo o ajudou a se acalmar e a pensar de forma mais racional. “Não fique convencido demais. Você não tem uma gota de força sobrando em seu corpo.” murmurou baixinho para si mesmo.

Belgrieve havia entrado em um reino além de seus sonhos mais loucos, contudo foi algo completamente inesperado que o fez tropeçar. Embora parecesse que estava lutando em pé de igualdade com Cheborg, o homem nem estava sem fôlego. Angeline, que poderia lutar ombro a ombro com esses velhos veteranos, ainda estava longe dele. Belgrieve havia chegado ao ponto em que mal conseguia distinguir as costas dela.

Precisava deixar seu corpo mais acostumado a essas habilidades com a espada; talvez então, pudesse ir um pouco mais longe. “E ver um lugar novo, hein...”

De repente, se lembrou do cabelo prateado da elfa de tanto tempo atrás. Belgrieve levantou-se com um profundo suspiro e embainhou sua espada.

“Gahahaha!” Cheborg aproximou-se e deu-lhe um tapinha no ombro. “Experimentei a lâmina do Ogro Vermelho! Não há muitas pessoas por aí que possam me acompanhar por tanto tempo! Você sem dúvida é o pai de Ange!”

Dortos logo se juntou. “Isso foi esplêndido. Seus passos foram trêmulos no final, entretanto estou surpreso que alguém tenha conseguido manter apenas os movimentos mínimos necessários por tanto tempo. Mas seu estilo de espada é defensivo. Bem diferente de Ange...”

Belgrieve recuperou o fôlego e disse. “Só a ensinei o básico. Imagino que tenha obtido a maior parte de suas habilidades durante o tempo que passou aqui.”

“Sim... Contudo vejo como Ange se inspirou muito no seu estilo. E pensar que tal habilidade estava escondida na distante Turnera... Você é autodidata?”

“Sim, embora eu tenha encontrado um bom mestre há pouco tempo. Sendo sincero, achei que tinha chegado ao meu limite, porém graças a sua ajuda cheguei um pouco mais longe.”

No momento em que Belgrieve mencionou o nome de Graham, Dortos e Cheborg ficaram surpresos. “Hey, hey, aprendeu com o Paladino? Gahahaha! Não é de admirar que seja tão forte!”

“Não sabia que o Paladino ainda estava vivo... Ele era o que nós dois aspirávamos ser. Certo, Cheborg?”

“Gahaha! Sempre que o pedia uma partida, ele me derrubava sem suar a camisa! Bons tempos!”

Graham, ao que parecia, foi um aventureiro de uma geração antes de seu tempo. Quando eram jovens, o velho já havia solidificado sua reputação de aventureiro. Belgrieve sentiu um vínculo peculiar com eles ao longo do tempo.

Cheborg alegremente colocou a mão em volta do ombro de Belgrieve. “Agora, que tal algumas histórias com uma bebida? Meu convite!”

“Sim, deveria descansar por hoje. Quando estiver no auge da sua condição, eu mesmo gostaria de lutar com você.”

“Haha, por favor, pegue leve comigo... Vamos Char, Byaku.”

Charlotte correu animada ao ser chamada por Belgrieve. “Incrível! Você é muito forte! Fiquei surpresa!”

“Cheborg apenas se adequou ao meu nível de habilidade...”

“Isso não é verdade! Você realmente é o pai de Ange!” Charlotte abraçou seu braço rebocando alegria.

Atrás deles, Byaku cruzou os braços, um olhar preocupado em seu rosto. “Pensei que aquela mulher estúpida estava apenas exagerando... Mas não parece ser o caso.” disse o garoto com um suspiro.

Os aventureiros que ficaram para assistir estavam em alvoroço.


Depois do jantar, Angeline deitou-se de bruços na cama. Suas panturrilhas estavam duras. Não pensei que ficaria assim apenas praticando como andar e fazer reverências. Esses nobres têm uma vida difícil, ela pensou. “Estou feliz por ser uma aventureira.”

Angeline rolou com o rosto para cima, tendo uma visão dos ornamentos brilhantes no teto. Do lado de fora da janela, o sol começava a se pôr e podia ver o brilho das primeiras estrelas. Porém não conseguiu distinguir muito mais — o quarto estava mais claro do que do lado de fora e a janela estava em grande parte obscurecida por seu próprio reflexo.

O baile era amanhã e o casarão estava ruidoso com os preparativos, assim como com as providências que estavam sendo tomadas para entreter os convidados que já estavam lá. E, no entanto, esta sala estava estranhamente silenciosa. Junto ao cansaço, o silêncio a fazia sentir uma estranha sensação de solidão.

Liselotte não parecia vir; talvez tivesse negócios com outro convidado. Gilmenja foi verificar outras coisas, e Angeline disse às empregadas que não precisavam segui-la. Isso a deixou como a única na habitação.

Ela rolou outra vez e esfregou as bochechas contra o cobertor macio. Quando ficou quieta, pôde ouvir as batidas de seu próprio coração. Parecia haver pessoas andando pelo corredor, a apenas uma parede de distância. Contudo o som era tão baixo e fraco que ainda se sentia como se tivesse sido isolada do mundo.

“É só até amanhã.”

Angeline levantou-se abruptamente, dirigiu-se ao sofá e encheu as bochechas com o doce de açúcar deixado na mesa. Não era como os doces ásperos com grãos grandes em Orphen. Estes derreteram no momento em que atingiram sua língua. Podia discernir um sutil senso de classe mesmo nesses pequenos detalhes.

Sentando-se no sofá e não tendo mais nada para fazer, deixou sua mente vagar. A vida nobre é muito chata, apesar de todos os problemas, pensou. Mesmo que eles tivessem todos os tipos de coisas para se ocupar, essas eram coisas que Angeline nem conseguia imaginar. Em todo caso, era um negócio bem diferente de lutar contra monstros, ou explorar masmorras, ou cuidar dos campos, ou rachar lenha, ou tosquiar ovelhas, e assim por diante.

“Eu preferiria estar fazendo qualquer uma dessas...”

Ela preferia mover seu corpo. Então se levantou e se espreguiçou e pensou em dar um passeio. Não era como se tivesse algo melhor para fazer, e todos estavam ocupados se movimentando. Ninguém iria repreendê-la por vagar sozinha.

No início do dia, havia sido apreendida por Fernand e forçada a dividir uma mesa com seus irmãos excêntricos, sem um momento de trégua. Desta vez, iria andar por onde quisesse. Afinal, não teria outra oportunidade de explorar a propriedade do arquiduque.

Uma vez que estava fora da habitação, descobriu que os corredores estavam cheios de empregadas e criados indo e voltando, e podia ocasionalmente ver os nobres que eles estavam atendendo. O baile era uma oportunidade para relações sociais; as conexões eram muito importantes para os nobres, e os que chegavam com antecedência já entregavam presentes aos vizinhos mais influentes.

Angeline beliscou as pontas da saia e testou a sensação de caminhar devagar com seus saltos altos. Seria difícil para qualquer um vê-la como outra coisa senão uma dama nobre quando o fizesse. Todavia esse andar gracioso não combinava nem um pouco com ela — não importava os sapatos — e, para sua grande frustração, demorou muito mais para chegar a qualquer lugar do que o normal. Isso apesar de Angeline ser uma aprendiz rápida. No mínimo, as aulas da tarde lhe permitiam andar sem risco de queda.

Agora que podia andar sem ter que se concentrar em seus pés, podia olhar em volta e admitir que a mansão do arquiduque era de fato linda. Angeline havia ficado impressionada e inquieta quando chegou, no entanto agora estava acostumada o suficiente para inspecionar cada decoração com curiosidade.

Seus pés, sem saber, a levaram cada vez mais perto da parte de trás da propriedade. Lá, a pedra que tinha sido usada quando a mansão era um forte ainda permanecia, e ao contrário das porções da frente que foram maravilhosamente decoradas, essas partes tinham uma sensação simples e rústica.

“Isso é mais calmante para mim.”

Ela caminhou por esses corredores de pedra e espiou a cozinha barulhenta. Estava cheio de muitos chefes, e o ar vibrava com o tilintar de utensílios de cozinha e pratos batendo uns contra os outros. O vapor das panelas e a fumaça dos fogões subiam de modo que era um pouco difícil ver o que estava acontecendo. Mas esse tipo de barulho estava longe de ser a atmosfera em torno daqueles nobres de alta classe, e um tanto reconfortante.

“Sinto muito, estou passando!”

Um garçom com uma grande bandeja passou com pressa por Angeline. Eu não gostaria de atrapalhar, pensou Angeline. Ela estava prestes a sair quando um homem idoso que parecia ser o chefe de cozinha ansiosamente se aproximou.

“Hm, minha senhorita... Se você está aqui, deve significar que encontrou algo... Insatisfatório com sua refeição...”

Parecia que seu vestido o fez a ser interpretada como uma dama nobre. Angeline rapidamente balançou a cabeça. “Não, hum... Obrigado pela comida deliciosa.”

“Hã...? Você veio aqui para dizer isso?”

“Sim, bem...” sua resposta soou ambígua.

O chefe parecia bastante tocado enquanto abaixava a cabeça. Então e virou e gritou para a cozinha. “Todo mundo! Uma nobre senhorita veio pessoalmente elogiar seus esforços! Sejam gratos!”

Todos que trabalhavam pararam o que estavam fazendo e começaram a inclinar a cabeça para ela.

Angeline entrou em pânico. “Hmm, er, se vocês estiverem ocupados, então não se precisam se preocupar... Com licença.”

Angeline não ouviu seus apelos para que parasse enquanto se afastava da cozinha. Parecia muito estranho considerar que parecia uma nobre.

Enquanto vagava sem rumo por mais algum tempo, chegou involuntariamente a um caminho familiar e se dirigiu para o quintal como havia feito na noite anterior. Podia ver as escadas que levavam ao calabouço onde conheceu Kasim.

“Ele ainda está por aí?”

Angeline olhou com cautela ao seu redor. Embora as pessoas da mansão estivessem ocupadas, parecia que ninguém tinha nada a fazer aqui.

Ela desceu as escadas. Seus saltos pontiagudos emitia um som de batida cada vez que batiam nos degraus de pedra. Quanto mais descia, mais alto ecoavam nas paredes e no teto. Quando chegou ao fundo, descobriu que estava iluminado com a mesma luz fraca e bruxuleante de uma tocha.

As barras de ferro brilhavam no ar fresco. Porém o homem que deveria estar atrás delas havia sumido. Apenas alguns conjuntos de grilhões enferrujados foram deixados saindo da parede. “Onde ele foi?”

Angeline ficou na frente das barras por um tempo, contudo por fim deu de ombros e se virou. Uma vez que estava de volta ao nível do solo, entendeu melhor o quão frio o calabouço estava. Talvez fosse bom e fresco no verão.

“Eu deveria voltar.”

Não era como se tivesse saído de seu quarto para encontrar Kasim. No entanto se ele não estivesse disponível, ao fim não havia mais nada para fazer.

“Não que eu tenha algo para falar com aquele cara...” Angeline murmurou. Ainda assim, estava com uma estranha curiosa sobre o homem chamado Kasim. “Isso é amor?”

Sim, certo, com certeza não. Angeline riu.

Ela ouviu o barulho de armadura mais adiante no corredor. Sua cabeça se ergueu e viu François liderando um grupo de soldados. Os olhos de François se estreitaram ao reconhecê-la.

“Nossa... Parece que um rato entrou. O que está fazendo aqui?”

“Eu me perdi... Este lugar é muito grande.” Angeline disse hesitante.

François zombou. “Tudo bem, vou deixar por isso mesmo.”

“Claro...” Angeline fez uma reverência e estava prestes a sair. No entanto, antes que percebesse, os soldados haviam entrado em formação de batalha em ambos os lados do corredor. Um de armadura preta — que parecia ser o líder — encarou-a ferozmente. “Hey!” François repreendeu. “Não olhe para uma dama assim.”

“Sim, senhor.” disse o líder com a cabeça baixa.

Angeline avaliou rapidamente seus inimigos, julgando suas habilidades por suas posturas e auras. Concluiu em seguida que poderia vencer a todos, ainda que viessem juntos ao mesmo tempo. Ela bufou levemente. Embora não tivesse trazido sua arma, é pouco provável que tal situação lhe fosse problema.

Vendo Angeline se preparar, François riu.

“Não há necessidade de ficar em guarda. Não acho que posso lutar com você e vencer.”

“O que quer comigo?”

“Nada na verdade. Você se perdeu sozinha. Não estava querendo encontra-la. Contudo, bem...” François colocou a mão em seu ombro. “Eu simpatizo. Deve ser difícil seguir os caprichos do meu estúpido irmão.”

Sua voz era gentil, porém parecia que ele não confiava nela nem um pouco. Angeline mal conteve sua vontade de afastar sua mão. Em vez disso, encarou-o e respondeu em voz baixa. “Obrigado por sua preocupação. Mas só tenho que aguentar até amanhã.”

“Hmm, é verdade... Então, como foi? O que achou da propriedade do arquiduque? Ou isso não é nada para uma aventureira Rank S?”

“Prefiro não responder...”

François colocou mais força em seu aperto; Angeline agarrou de imediato seu pulso e arrancou sua mão. Embora os soldados pegassem suas espadas, François fez sinal para que se retirassem.

“Bem feito. Os aventureiros de Rank S são de fato algo mais.”

Angeline o soltou, com uma expressão azeda no rosto. “O que quer que esteja tentando fazer, deixe pra lá.”

“Heheheh... Não fique tão zangada.” François sorriu, acenando com a mão dolorida. “É muito difícil nascer de uma amante, sabe? Sou o estranho da casa, um tumor... Entende como me sinto? Afinal, os aventureiros são evitados pelo mundo em geral.”

“Está enganado... Por favor, não nos misture.”

“Entendo. Deveria ter previsto. Os Ranks S são as maiores elites. Diferente do resto daquele grupo inútil. Hey, entende como é lutar e lutar e nunca chegar a lugar nenhum? Hehe, eu não aguento.” ele olhou para o rosto de Angeline com um sorriso assustador. Angeline olhou para trás até que, por fim, François caiu na gargalhada satisfeita. “He... Hehehehe... Preparei um pouco de entretenimento para você. Esteja ansiosa pelo baile de amanhã.”

François virou. Os soldados se apressaram em endireitar suas posturas e o seguiram para longe, seus passos desaparecendo de sua audição aos poucos. Angeline soltou um profundo suspiro.

“Por que tem que descontar sua frustração em mim?”

Angeline se sentiu bastante cansada enquanto se arrastava. O que quis dizer com entretenimento?, ela imaginou. Era difícil imaginar que havia contratado uma banda ou comediante especial para sua pessoa. Provavelmente não seria nada bom, mas ainda que François pretendesse atacá-la, poderia lidar com aqueles soldados, não importa quantos enviasse em sua direção. Contanto que instigasse, ela poderia se vingar na mesma moeda e alegar legítima defesa.

Mesmo assim, as intenções de François eram desconhecidas. Enquanto isso, Fernand era um namorador, porém não era alguém em quem confiar. A casa do arquiduque era bem problemática.

“Meu Deus... Mantenham suas brigas internas para vocês mesmos, por favor...” murmurou enquanto caminhava. De repente, Angeline percebeu que havia chegado a outro lugar desconhecido. “Droga... Estou perdida mesmo.”

Isso não é típico meu, pensou enquanto pressionava a mão na testa. Vir aqui a tirou completamente de seu ritmo. Ela olhou em volta, inquieta. Era evidente que havia retornado dos fundos da propriedade, pois havia belos ornamentos decorando o teto e cerâmica em exibição.

Na parte de trás da mansão, podia dizer para que cada cômodo era usado, contudo aqui, tudo estava coberto por um verniz brilhante. Talvez pudesse ter reconhecido algo se tivesse estado aqui antes, no entanto este era um lugar desconhecido. Nenhuma ornamentação ou mobiliário estavam em sua lembrança.

Enquanto cruzava os braços, imaginando o que fazer, Angeline sentiu alguém correndo em sua direção. “Ora, você é uma dama adorável. O que o traz a esta parte da mansão?”

Angeline quase caiu na gargalhada quando viu quem era. Villard estava de pé, sorrindo de orelha a orelha.

“Já é tarde, minha querida. Pode estar dentro de nossa propriedade, no entanto eu não poderia permitir que alguém tão bonita como você andasse por aí desacompanhada. Pode ser presunçoso de minha parte perguntar, contudo gostaria que a acompanhasse a algum lugar?”

“Não, hum...”

“Oh, não precisa ser reservada. Sou Villard. Villard Estogal. Já ouviu falar de mim? Hahaha.”

“Pfft! Aha... Ahahahaha!” Angeline finalmente caiu na gargalhada. Riu tanto que seus ombros tremiam, e não conseguia segurar, mesmo que quisesse.

Villard olhou-a inexpressivo. “Se-Senhorita? Tem algo no meu rosto?”

“Hahahaha! Quero dizer... Hmm, não está me reconhece mesmo? Sir?”

“Hã?” Villard olhou-a com desconfiança antes que o reconhecimento o atingisse e seus olhos de repente se arregalassem. “V-V-Você! O que está fazendo aqui?”

“Pfft... Se está seduzindo uma aventureira, deve ter muito tempo livre em suas mãos... Vossa Alteza.”

“Is-Isso é um engano! Foi apenas um engano! Hey, não olhe para mim desse jeito!” Villard começou a gritar algo incompreensível para os criados que esperavam atrás dele. Seu rosto estava vermelho enquanto lutava para juntar as palavras, entretanto não estava claro o que estava tentando dizer. Assim que se recompôs, voltou-se para Angeline. “Sim, isso foi um completo erro! Não me enganei com você ou algo assim. Só estava tentando provocá-la... Não, quero dizer... Ah, pelo amor de Deus!”

Villard apontou para Angeline. “A culpa é sua por ser bonita demais! Hmph!”

E com isso, Villard saiu furioso, seus servos seguindo-o com sorrisos velados.

Por um tempo, Angeline não conseguiu conter o riso. Ela se abaixou, segurando o estômago até que finalmente respirou fundo.

“Ah... Ele não presta... Haha...”

Villard nunca poderia ser páreo para Fernand ou François assim. Era tão estúpido, que chegava quase a ser cativante.

“Não que eu não o odeie.” ela murmurou, antes que uma percepção repentina a atingisse. “Ah... Eu deveria ter o perguntado onde fica o meu quarto.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário