segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 03 — Capítulo 36

Capítulo 36: Ela acordou com algo suave e reconfortantemente quente em seus braços

Ela acordou com algo suave e reconfortantemente quente em seus braços. Angeline olhou para baixo, desconfiada, para ver uma cabeça de cabelos brancos. Por alguma razão, estava aconchegada com uma jovem.

“Ah, certo... Só tem uma cama.”

Enquanto Angeline se contorcia para fugir, Charlotte se contorcia e se agarrava ao seu corpo.

A garota adormecida esfregou o rosto no peito de Angeline.

“Hmm... Mãe...”

“Hmm... Não tenho tanta maternidade, sabe...”

E assim, Angeline ficou ali por mais um tempo, seus olhos varrendo o quarto. Byaku estava sentado no sofá com os braços cruzados e a cabeça caída — dormindo, até onde podia dizer.

Angeline se certificou de que sua espada ainda estava apoiada na cama antes de se agarrar a Charlotte de novo. A garota era muito suave.

“Ela é um esplêndido travesseiro de abraço... Mas preciso levá-la para um banho.”

A sujeira não estava fazendo nenhum favor, e normalmente (provavelmente) cheiraria pelo menos um pouco melhor. Angeline a segurou por um tempo, apreciando a sensação, porém assim que viu que já estava claro do lado de fora da janela, beliscou a bochecha de Charlotte.

“Hmm... O que...?” Charlotte murmurou quando seus olhos se abriram.

No entanto, parecia que tinha se lembrado de todo tipo de coisa no momento em que viu Angeline. Seu corpo deu um salto frenético da cama. “B-Bom dia, senhora! Hmm, faz tanto tempo que não durmo em uma cama decente, então eu, er...”

“Não precisa ter tanto medo... Não vou te comer.”

“U-Urgh...”

“Por enquanto, café da manhã... Hey, levante-se.” Angeline caminhou até o sofá e chutou de leve a perna de Byaku.

“Já estou acordado. O que quer?” Byaku respondeu sem levantar a cabeça.

“Ajude a pôr a mesa.”

Com um suspiro longo e pesado, Byaku se levantou e começou a tirar os pratos da prateleira. Charlotte se mexeu enquanto olhava para Angeline. “Hmm... O que devo...?”

“Lave seu rosto. Então me ajude.”

Charlotte correu para a pia, onde jogou água no rosto. Enxugou-se com uma toalha antes de se virar para Angeline.

“Tudo lavado!”

“Ok, venha aqui.”

Angeline amarrou o cabelo de Charlotte para trás e a instruiu a cortar as folhas verdes. Enquanto isso, colocou uma panela sobre o fogão de chamas e jogou bacon e ovos. O som de chiado e um cheiro perfumado encheu a sala. Charlotte engoliu em seco.

Aqueceram o pão que Angeline tinha sobrado. O café da manhã consistia em uma salada simples com bacon e ovos. Byaku o mordeu com indiferença com o mesmo rosto inexpressivo de sempre, porém Charlotte foi às lágrimas.

Angeline ficou bastante assustada enquanto tomava um gole de chá. “Você está fazendo uma grande cena... É tão bom assim?”

“Sim... Quero dizer, uma refeição quente. Há quanto tempo?”

Você tinha tanto dinheiro na sua bolsa e não usou uma única moeda? Angeline se perguntou. Sua impressão da garota melhorou um pouco. No mínimo, parecia arrependida. No entanto, ela havia cometido atos tão vis que resultaram em várias mortes. Angeline não sabia quanta expiação era necessária, mas pelo menos teria que se desculpar adequadamente com o povo de Bordeaux. Então, o pessoal de lá proferiria sua sentença. Claro que seria bastante duro, contudo era isso que significava fazer as coisas certas.

“Não que estejamos indo para Bordeaux ainda...”

Planejar com antecedência era importante. Se não estivessem preparados, talvez acabassem trazendo ainda mais problemas para Bordeaux. Não, espere, Byaku não poderia usar teletransporte ou algo assim?

“Hey.”

“O que?”

“Você é capaz de se teletransportar, certo? Quão longe pode ir?”

Byaku franziu a testa. “Costumava ir a qualquer lugar que me lembrasse... Não mais. Foi tomado.”

“Tomado?”

“Essa magia foi algo que peguei emprestado. Eles nos cortaram, então levaram embora.”

Angeline fez uma careta. Nunca tinha ouvido nada sobre emprestar magia antes. Entretanto, não conseguia ver nenhuma razão para Byaku estar nessa situação.

“Mas você não pode usar sequências de feitiços tridimensionais?”

“Aprendi isso sozinho. A magia de teletransporte, nem tanto.”

“Pode se emprestar magia?”

“É com esse tipo de gente que estamos lidando.” disse Byaku, bebendo seu chá floral.

Angeline se sentiu profundamente decepcionada. Se apenas Byaku pudesse usar esse feitiço, teria sido muito mais fácil ir para Turnera.

“Que inútil...”

“Bem, desculpe por isso.”

De qualquer forma, significava que ainda não podiam ir a Bordeaux. Eles teriam que observar seus inimigos e lidar com esses primeiro. No mínimo, havia mais aliados em Orphen do que haveria na estrada. Seria muito mais seguro se saíssem com Maria e Yuri no início da primavera — e também resolveria o noivado de Belgrieve.

“Dois pássaros com uma pedra...” Angeline assentiu para si mesma antes de morder um pedaço de pão.

Depois que o café da manhã acabou, Angeline se perguntou o que fazer a seguir. Normalmente, iria para a guilda para verificar os trabalhos disponíveis com Anessa e Miriam. Se houvesse algum bom, elas iriam fazê-los, e se não, iriam com calma — às vezes por conta própria, e outras vezes as três saíam para se divertir juntas.

O que quer que acontecesse, primeiro precisaria ir para a guilda. Se tudo corresse bem, talvez pudesse colocar Charlotte sob sua proteção. Eles enfrentaram um grupo que tentava reviver os demônios, bem como a Inquisição de Lucrecia. Angeline teria sido capaz de lidar com qualquer um deles com relativa facilidade, porém ser alvo de duas organizações ao mesmo tempo era um pouco demais. Ainda que a guilda não ajudasse, apenas ter a ajuda de Anessa e Miriam tornaria as coisas um pouco mais fáceis.

Angeline limpou os pratos, trocou de roupa e amarrou a espada no quadril.

Charlotte olhou-a com curiosidade. “Hmm, o que quer que façamos...?”

“Venham comigo. Nós estamos indo para a guilda.”

“Eu não recomendo.” disse Byaku com uma carranca.

“Por quê?”

“Nós lutamos com seu mestre de guilda antes.”

Angeline suspirou. “Vocês trazem mesmo muita bagagem, sabiam disso...?”

“Ah... Desculpe.” Charlotte disse com os olhos baixos.

Angeline deu um gentil tapinha na cabeça dela. “Bem, tudo certo. A guilda de Orphen não tem nada contra mim...”

“Quem deveria ter?” Byaku perguntou cinicamente.

Angeline riu. “Sou uma aventureira Rank S. Fiz um grande nome para mim, ao contrário de você... Vou ter que ouvir sua história um dia desses.”

Angeline direcionou Charlotte para fora da habitação, e Byaku foi atrás com indiferença.

O céu azul estava coberto de nuvens tão finas que era como se cada uma fosse uma leve pincelada de tinta branca — bom tempo ao redor. Ainda assim, Charlotte parecia bastante nervosa enquanto caminhava ao seu lado, como se esperasse ser atacada de novo.

Angeline balançou a cabeça e agarrou a mão de Charlotte. A garota voltou seu olhar, assustada.

“Não se preocupe. Estou contigo.”

“Ok!” Charlotte apertou sua mão alegremente.

Isso não é ruim, pensou Angeline. Era quase como se tivesse uma irmãzinha. Irmãzinha... Esse termo soou muito bem. Um tipo de charme diferente de uma mãe — não aquela que cuida de você, mas aquela que te permite experimentar a alegria de mimar alguém.

Angeline olhou para Charlotte. “Posso te chamar de... Char?”

“Hã? Ah sim, claro!”

“Pode me chamar de irmãzona.”

Charlotte timidamente se virou para ela. “Hmm... Então, i-irmãzona...?"

“Muito bom.”

Realmente muito bom. Angeline sentiu uma sensação peculiar de satisfação enquanto se dirigia para a guilda com os a mente nas alturas. Apesar de sua carranca de farto, Byaku as acompanhou quieto.

De repente, Angeline se virou. “Qual a sua idade?”

“O que?” o menino estremeceu.

“Quantos anos têm?”

“Quinze, acho... O que tem?”

Angeline sorriu. “Então pode me chamar de irmãzona também.”

Byaku devolveu-a um olhar azedo. “Não brinque comigo...”

“Hehe, olha só, todo tímido...”

“Não sou tímido!” Byaku gritou, enfurecido.

Angeline maliciosamente acelerou o passo, enquanto Charlotte acompanhava seu passo com uma risadinha. Byaku as observou amargamente, contudo ainda assim cuidou para não ser deixado para trás.

A guilda estava mais animada do que nunca. O comércio estava crescendo com o outono chegando, e havia muitos pedidos de guarda-costas que vieram juntos. Muitos aventureiros viajavam por toda parte, vindo de um pedido de guarda apenas para sair de novo para outro.

Anessa e Miriam já estavam na mesa, conversando com Yuri. Quando Angeline as chamou, as duas se viraram.

“Bom dia, Ange. Achei que um pedido de busca seria...” Anessa se cortou, um tom de suspeita entrando em seus olhos. “Quem é a criança?”

“Minha irmã.”

“Oh... Espere, o quê?”

“Isso significa...?”

“Você?”

Anessa abriu e fechou a boca sem expressão, com Miriam rindo o tempo todo. Depois de se recompor, a maga deu uma boa olhada em Charlotte.

“Hmm, tenho a sensação de que já a vi em algum lugar antes... Onde foi?”

“Ah! Bordeaux!” Anessa gritou depois de um momento.

Assustada, Charlotte pulou antes de recuar.

“Não a assuste assim...” Angeline repreendeu com um beicinho.

“Mas se estou me lembrando bem, foi ela quem fez uma bagunça em Bordeaux com o Conde Malta. O que está fazendo aqui...?”

“É justo sobre esse assunto que quero falar. Yuri?”

“Como posso ajudá-la?”

“O mestre da guilda está?”

“Sim, está. Embora ele está por fora disso, como sempre.”

Yuri abriu a porta atrás do balcão e acenou para que entrarem. Anessa e Miriam foram junto com olhares interrogativos em seus rostos.

Depois de passar pela porta e uma curta distância pelo corredor, chegaram à sala do mestre da guilda. Antes, havia sido uma espécie de quarto pessoal para Lionel — havia uma cama e uma escrivaninha, além de um sofá e uma mesa para receber os visitantes. Tudo aquilo agora estava enterrado sob a papelada. O mestre da guilda anterior havia expandido a sala para muito além do que precisava ser, e a sala agora era usada com frequência para reuniões.

Um Lionel abatido estava debruçado sobre a papelada quando entraram. Dortos estava fazendo o mesmo em uma mesa no canto. Cheborg — um homem sem dúvida inadequado para o trabalho de mesa — não estava fazendo nada em particular de seu assento no sofá. Ele cruzou as mãos atrás da cabeça, apoiando seu peso no encosto. O sofá rangeu de dor quando o homem gigante o empurrou.

“Bom dia.” Angeline chamou. Os três homens ergueram a cabeça.

“Gahahaha!” Cheborg a cumprimentou com uma risada calorosa. “É raro te ver por aqui, Ange!”

“Já faz muito tempo, General Musculoso... Você parece bem.”

“Nunca estou bem! Estou bem demais! Dê-me algo para fazer!”

Dortos ficou bufando e cutucou Cheborg. “Não quero ouvir isso de você... Aconteceu alguma coisa, Ange?”

“Sim. Quero discutir uma coisa...”

“Com certeza é um problema, não é? Este velho aqui ve alguns rostos que não reconhece...” Lionel suspirou, seus olhos fixos em Charlotte e Byaku. Parecia que Charlotte também reconheceu Lionel e Cheborg; tímida como era, ela se desculpou abaixando a cabeça.

“Nós, hm... Te causamos um bocado de problemas...”

De repente, Cheborg estava de pé, tonto. “Hey, você é aquele maldito pirralho daquela época! Gahahaha! Não vou baixar a guarda dessa vez! Pode vir!”

“Eep...” a estatura e a intensidade de Cheborg fizeram com que Charlotte corresse depressa para trás de Angeline.

Angeline balançou a cabeça, cansada. “Hoje não, General.”

“Hã? O que? Disse alguma coisa, Ange?”

“Apenas cale a boca e sente-se. Não entendo a situação, mas veio aqui para conversar, não é?” perguntou Dortos.

“É... Onde estão Ed e Gil?”

“Eu os mandei para um pouco de negociação... Heh... Hehehe... Estão prestes a aprender um pouco do meu estresse...” Lionel disse com um sorriso doentio. Ele empurrou a pilha montanhosa de papéis para o lado para que o grupo pudesse se sentar ao redor da mesa de convidados. Não havia cadeiras suficientes, então as garotas se amontoaram no sofá enquanto Byaku encostava-se à parede.

Lionel respirou fundo para reunir sua determinação antes de olhar para Angeline. “Então o que está acontecendo?” ele perguntou.

“Eles estão sendo alvos.”

“S-Sério? O que quer dizer...?”

Com algumas informações de Charlotte e Byaku, Angeline explicou a essência das coisas: da existência daqueles que tentam reviver e usar os demônios e da suposta trama da Inquisição de Lucrecia.

“No mínimo, acredito que será um prejuízo nosso se permitirmos que essa criança seja morta em nosso turno...”

“Hmm...” Dortos acariciou a barba. “Ouvi falar da agitação política em Lucrecia. Então é lógico que você seja a filha de Balmung.”

Charlotte congelou por um momento. “Eu sou.” seus olhos estavam marejados — fazia tanto tempo que não ouvia o nome de seu pai.

“Em suma, a cúria teme as pessoas que poderiam levantar a pequena Charlotte aqui como uma rival política. Nunca foi tornado público, mas a agitação política deixou claro quantos buracos havia no sistema, sabe... E se a facção oposta colocar as mãos na filha de Balmung terão uma causa justa para se unir. Ela é uma ferramenta indispensável para qualquer um contra o atual sistema...”

“Gahaha! Então estão tentando apagá-la antes que seus rivais a alcancem! Certo, essa situação não é nada engraçada!”

“Eles podem mandar a Inquisição contra eles desde que seja em nome da caça aos hereges.”

“Sim... E Char de fato incitou os hereges, então ela é um alvo fácil.”

“Isso não é tudo, certo?" disse Anessa. “Como Lucrecia de alguma forma sabe seu paradeiro, significa que as pessoas que tentarem usá-la também estarão se movendo nos bastidores.”

Dortos assentiu pensativo. “No entanto não sabemos se podemos confiar neles. Só posso imaginar como vão usá-la como uma marionete.”

“Existe alguém em quem possa confiar em Lucrecia...?” Angeline perguntou a Charlotte.

A menina balançou a cabeça. Quase todo mundo que conhecia naquela época certamente tinha sido tachado de herege e tratado de acordo. Ela não podia imaginar que alguém ali arriscaria sua própria saúde e bem-estar para ajudá-la.

Lionel suspirou. “Os inquisidores... Ouvi rumores, porém não achava que existiam mesmo... Só espero que não façamos da igreja um inimigo...”

“Se for uma sociedade secreta, duvido que queiram torná-la público. Acho que não vão conseguir fazer muita pressão.” disse Anessa, e Lionel segurou a cabeça.

“Espero que sim. Contudo aqueles que estão no poder às vezes fazem coisas selvagens e imprevisíveis... Não sei o que aquelas pessoas que querem reviver os demônios estão pensando, contudo não parecem o tipo de pessoa que só a deixaria em paz. Estou exausto... Essas são as pessoas que começaram toda essa bobagem de culto?”

Charlotte balançou a cabeça. “Eu realmente não sei... Mas queriam derrubar Viena, dizendo que a igreja era a raiz de todo mal. Embora não tenha conhecido ou falado com a pessoa que me procurou desde...”

“Hmm... Então querem derrubar o estado? Existe algum nobre por trás do esquema? De qualquer forma, sem dúvida não estão fazendo nada de bom.”

“Gahahaha! Contudo parecem bem formidáveis ​​pelo que ouvi! Aposto que aguentam um soco ou dois! Interessante!”

“Contudo sabe.” disse Miriam. “Isso não significa que essas duas facções estão uma contra a outra?”

“Sim.” disse Anessa. “Esse é o lado bom aqui.”

“Entretanto não devemos contar com eles esmagando um ao outro. No mínimo, todos, exceto as pessoas que tentam manipular Charlotte, a querem morta.”

“Essa é a coisa. Estou um pouco agradecido por sabermos contra quem estamos enfrentando, no entanto esse velho poderia ficar sem outro alvoroço por causa de um demônio se você me entende...”

Com todos os adultos discutindo a situação, Charlotte timidamente abriu a boca. “Hmm... V-Vocês vão me ajudar? Mas eu, er, fiz um monte de coisas ruins...”

“Gahahaha!” Cheborg riu. “As crianças não precisam se preocupar com esse tipo de coisa! Apenas sente-se quietinha!”

“Mas pessoas morreram... Temo ser condenada à morte... Caso contrário, nunca serei perdoada.”

Angeline franziu a testa. Ela segurou o rosto de Charlotte em suas mãos, forçando-o em sua direção. Seus olhos negros olharam direto para ela. “Você quer morrer?” perguntou Angeline antes de soltar suas bochechas.

Os olhos de Charlotte se arregalaram e sua cabeça balançou.

“Então não mencione uma sentença de morte tão de forma tão leviana... Sua morte não vai retirar nenhuma das coisas ruins que fez.”

“Ugh...”

“É bom que pelo menos reconheça o que fez. Podemos pensar em um pedido de desculpas adequado mais tarde. Até então, seria muito problemático se você fosse morta ou sequestrada por alguém... Entendeu?”

“Sim...” Charlotte apertou os lábios e assentiu. Estava sob a proteção deles agora, e parecia que tinha tomado a decisão de fazer qualquer coisa ao seu alcance para expiar o que havia feito.

Angeline sorriu. “Não se preocupe. Sua irmãzona pode lidar com esse problema...” Charlotte sorriu através das lágrimas.

De qualquer forma, os principais membros da guilda de Orphen decidiram protegê-la, o que foi um grande alívio para Angeline. Ela havia considerado ter pelo menos alguns recusando, temendo a hostilidade da igreja. No entanto, todos eram boas pessoas que agiam como se ajudar a garota fosse a única opção.

A guilda de Orphen era grande; não havia garantia de que todo aventureiro ficaria do seu lado. Todavia, foi muito reconfortante ter o mestre da guilda e os outros ex-Ranks S ao seu lado. Esta era uma força de combate suficiente para que provavelmente pudessem lidar com o assunto sem qualquer assistência externa.

Uma vez que o assunto foi resolvido, Angeline, Charlotte, Byaku, Anessa e Miriam deixaram a guilda. Seria um dia de folga do trabalho, e Angeline pretendia comprar todas as necessidades para seus dois convidados.

“Primeiro, um banho. Vocês dois estão um pouco sujos...”

“Ah, então é isso que é esse fedor. Garotas como você precisam se manter limpas.” Miriam disse com uma careta antes de despentear o cabelo de Charlotte. Como uma mulher besta, Miriam tinha um olfato mais apurado.

Anessa suspirou, parecendo um tanto duvidosa de toda a situação. “Que coisa... Não faço ideia de como chegamos aqui.”

Ainda assim, não parecia abrigar nenhum antagonismo em relação à Charlotte. Anessa ficou do lado oposto de Miriam, segurando a mão da garota e andando em seu ritmo. Charlotte parecia feliz.

Ao mesmo tempo, Byaku continuou sem uma única palavra, ficando para trás. Mesmo na conversa anterior, ele apenas entrou na conversa para dar um pouco de informação sobre a organização que o apoiava.

Angeline desacelerou um pouco para ficar ao seu lado. “Há muitas coisas que quero ouvir de você.”

“Então deveria ter perguntado lá atrás. Teria sido forçado a responder.”

Angeline zombou. “Você não é como Charlotte. Ela é uma humana normal, mas penso que no seu caso não gostaria que sua identidade fosse divulgada...”

“Hmph... Pensei que você fosse uma idiota. Estou impressionado.”

“Naturalmente. Eu sou a filha do Ogro Vermelho Belgrieve. Não me tornei uma Rank S só pela pura força do meu braço.”

“Filha, hein...” Byaku cuspiu as palavras a contragosto. “Com certeza sua situação foi fácil.”

“Pelo contrário. E por que está tão sério? Papai me disse antes, ‘É melhor se livrar desse pessimismo nervoso da juventude. Caso contrário, um dia no futuro, se verá de repente se contorcendo no chão de dor ao pensar no que a levou a esse fim’.”

“Que diabos há com seu velho...” Byaku suspirou. Depois de um momento de silêncio, ele finalmente abriu a boca. “Há um demônio vivendo dentro de mim. O nome dele é Caim...”

“Hmm.”

Então é verdade, pensou Angeline. Ela já tinha uma vaga ideia a respeito. Quando lutou pela última vez com Byaku, esse se transformou e a mana que sentiu de seu corpo estava bem próxima do que se lembrava de sua primeira luta contra um demônio.

“Porém parecia um pouco diferente do outro com que lutei...”

“Os demônios eram originalmente homúnculos criados por Salomão. Eles são imortais e têm alta mana e capacidade de combate, contudo a perda de seu mestre os encheu de loucura.”

“Ouvi sobre antes... Então, por que um desses homúnculos está dentro de você?”

“Houve um experimento para ver se um homúnculo poderia nascer como uma criança humana.”

“O que quer dizer?”

“Eles nunca me contaram os detalhes... Mas ao que parece estavam tentando passar essas poderosas habilidades enquanto eliminavam todas as memórias e loucuras... Fui um desses experimentos. Por infelicidade, a maldita vontade da coisa ainda está dentro de mim, então parece que sou um fracasso.”

“Wow... Que loucura.”

“Cale-se. Não é como se isso não lhe interessasse.” Byaku olhou para Angeline.

“É provável que você seja um deles também.”

“O que?” Angeline piscou. Ela explodiu em um sorriso. “Acha que sou um demônio? Hahaha!”

“Nunca questionou sua própria força?”

Angeline estufou o peito orgulhosa. “Pode agradecer ao meu pai por essa.”

“Isso de novo... Pense mais a sério. É claro que seu potencial vem de um homúnculo.”

“Então por que meu pai me pegou em Turnera?”

“Como vou saber?”

“Saindo da sua história, você estava na capital. Significa que os experimentos foram realizados na capital. Turnera está muito longe de lá, sabe. Eu era praticamente uma recém-nascida quando fui pego — simplesmente não faz sentido. Em primeiro lugar, por que eu seria jogada fora, então?”

Byaku deu um suspiro resignado. “Tudo bem, pense o que quiser... De qualquer forma, não tenho nenhuma das memórias do homúnculo enquanto estou no controle. Então não posso dizer mais do que já disse.”

“Entendo... Apenas esqueça. Agora sei que não tem nada a ver comigo.”

“Tsk.”

Vendo Byaku estalar a língua irritado, Angeline riu e passou um braço ao redor de seus ombros.

“Entendo. Também é um solitário. Não se preocupe, a irmãzona está aqui para você.”

“E que conversa de ‘irmãzona’ é essa...?"

“Não seja assim. Hehehe, vou te levar de volta para Turnera um dia desses.”

“Você é um verdadeiro saco, sabia?" Isso foi mais ou menos no momento em que as outras chegaram à casa de banhos e chamaram os dois, fazendo a dupla acelerar o passo.

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