segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 03 — Capítulo 34

Capítulo 34: A noite se transformou em manhã

A noite se transformou em manhã, mas Graham e Marguerite ainda não haviam retornado. O espaço dentro da floresta era retorcido, então talvez levasse algum tempo para conquistar. Ou talvez houvesse outros fatores em jogo. De qualquer forma, já era hora de Belgrieve começar a se preocupar.

“Não consigo imaginar nada de ruim acontecendo com esses dois, mas...”

“Nunca dá pra saber. Talvez o demônio fosse mais forte do que o esperado... Bell! Vamos ajudar depois de tudo!” Duncan disse com fervor aquecido.

De fato era curioso, no entanto se estivessem enfrentando um inimigo, que mesmo aqueles dois não pudessem igualar, Belgrieve duvidava que fosse ser de alguma ajuda. Não, talvez se estivessem feridos e recuando, pudesse pelo menos oferecer apoio.

Ele rezou para que os dois estivessem apenas tomando seu tempo em uma trilha longa e tortuosa, e que se fosse algo pior, talvez pudesse os ajudar. Tanto Belgrieve quanto Duncan estavam confiantes o suficiente com suas armas — pelo menos, confiantes de que não derrubariam ninguém. Seus esforços não seriam desperdiçados, em qualquer caso.

“Entendi... Vamos. Porém não somos bons o suficiente para um demônio. Observe a situação de perto e não faça nada imprudente.”

“Bem dito, Bell! Hahaha! Estou ansioso para ir!”

Entendeu mesmo? Belgrieve se perguntou, embora a alegria invariável de Duncan certamente o ajudasse a se manter acomodado também.

Cada um pegou sua arma e saiu. Era uma manhã nublada, suas sombras apenas vagamente prolongando sob seus pés.

Os dois seguiram para a floresta, derrotando monstros de baixo nível ao longo do caminho. Quanto mais se aventuravam, mais tudo parecia se tornar um tom pálido e acinzentado. As árvores, o chão e tudo o mais foram perdendo cada vez mais suas características. Nessa brancura vazia, as sombras que ainda pairavam pareciam ainda mais sinistras.

Belgrieve andou por esses bosques por mais de vinte anos, mas tudo isso era novo. Tomando uma bússola, a agulha girava desenfreadamente — não parecia que poderia se orientar tão cedo. A essa hora do dia, os ventos sopravam em maior parte em direção à montanha, contudo até os ventos pareciam se deslocar de forma irregular em todas as direções.

Depois de escolher uma única direção e caminhar, logo perceberam que estavam de volta ao ponto de partida, com apenas o cadáver de um monstro como prova.

“Parece que está mesmo distorcido aqui...”

“Alguma ideia para onde estamos indo, Bell?” Duncan disse, descansando seu machado de batalha contra seu ombro.

Belgrieve bateu a perna de pau no chão e olhou para cima. O céu além das folhas era de um cinza pálido, e as sombras fracas tornavam difícil dizer de onde o sol estava brilhando.

“Que problemático... Esta não é a floresta que eu conheço...”

“Hmm... E agora?” Duncan enfiou sua arma no chão e se inclinou contra ela.

Por um tempo, Belgrieve olhou em volta, até que por fim começou a andar para testar sua teoria.

Duncan o seguiu, bastante assustado. “Você sabe o caminho?”

“Não, estou seguindo um palpite.”

“Um palpite?” Duncan, ansioso, franziu a testa, no entanto Belgrieve devolveu um sorriso.

“Pode parecer risível, mas quando pensar não funciona, podemos tentar confiar em nossos instintos animalescos inatos.”

“Entendo. Se você diz...”

Duncan não parecia tão convencido, contudo decidiu confiar em Belgrieve. Ele foi junto, mantendo uma vigilância atenta de seus arredores.

Depois de caminhar um pouco, eles chegaram onde as raízes das árvores se retorciam em nós sob seus pés. Nesse lugar, musgo, líquen e outras coisas semelhantes espalhavam-se por toda parte como um tapete, e as árvores elevavam-se no alto, seus galhos emaranhados em formas retorcidas para formar uma espécie de teto.

“Mudou bastante...”

Belgrieve observou cauteloso a configuração da terra, avaliando o vento, quaisquer vestígios de monstros, e as direções de onde poderia ser atacado se viesse a combater. Enquanto prosseguia com instinto e regra de ouro, ainda estava tentando encontrar algum tipo de lógica por trás da situação.

Foi quando um vento soprou logo de cima. Houve um farfalhar quando um dos galhos balançou.

Belgrieve olhou para cima. “Entendo... Entendi.” ele começou a se afastar.

Duncan correu para acompanhá-lo. “O-O que quer dizer, Bell? Não entendi nada...”

“Recebemos muitos ventos do sul nesta época do ano. O coração da floresta fica ao norte. Devemos chegar lá se seguirmos onde quer que o vento sopre.”

“P-Porém o vento está soprando de todas as direções...”

“Dentro da floresta, sim. Entretanto parece que não se estende até os céus. Os ventos lá em cima sopram em uma direção.”

Duncan olhou para o que só podia ser visto vagamente pela luz que escorria pelas aberturas no dossel acima. As folhas no topo pareciam estar farfalhando em uma direção consistente.

“Estou impressionado... Essa é uma observação e tanto.”

“A forte rajada foi o que o entregou. Talvez as fadas da floresta tenham enviado para mim.” Belgrieve brincou.

A dupla se moveu um pouco mais rápido agora que sabiam para onde estavam indo. Às vezes, olhavam para cima para verificar a direção do vento antes de prosseguir. Parecia que os monstros que encontravam estavam pouco a pouco ficando mais fortes.

Duncan cortou a cabeça de um inimigo parecido com uma aranha com a ponta de seu machado. “Que coisa, mais deles estão saindo agora.”

“Sim... No entanto são Rank B no máximo. Isso não iria nem desacelerar aqueles dois...”

Belgrieve estreitou os olhos e olhou ao redor. As árvores estavam ficando mais espessas, e seus galhos estavam emaranhados com hera e arbustos como se formassem um muro. Era um labirinto de árvores; parecia que esta área de fato estava se tornando uma masmorra.

Quando olhou para cima, os galhos por fim ficaram tão entrelaçados que as lacunas estavam todas preenchidas e ele não conseguia ver o céu.

Belgrieve suspirou. “Tudo bem... Nós vamos ter que perseverar agora, Duncan.”

“Hahaha, eu estava pronto desde o início! Avante!”

Belgrieve olhou para trás com um sorriso irônico. Embora tivessem marcado as árvores no caminho até lá, não sabia se seria útil ou não. De que adiantaria fugir agora? Soltando um suspiro profundo, voltou sua visão para frente.

“Sim vamos lá.”



Ela podia ouvir o som das árvores roçando umas nas outras enquanto se moviam como criaturas selvagens, seus galhos se retorcendo e cobrindo a clareira com um teto abobadado.

“Deve estar brincando comigo...” Marguerite cerrou os dentes. Seus arredores estavam cheios de cadáveres de monstros, entretanto além desses espreitavam incontáveis ​​outros de seus irmãos vivos, sua hostilidade dirigida a ela.

Do outro lado dos monstros havia uma criança. A criança estava sentada em um galho, os pés balançando e traçando círculos. Seus longos cabelos negros balançavam ao vento, e seus olhos negros observavam Marguerite com uma peculiar sensação de tristeza.

“Com pena de mim, hein... Que diabos pensa que é?” Marguerite preparou sua espada esguia e correu em grande velocidade.

Os monstros avançaram no momento em que fez seu movimento. Marguerite fez uma careta de frustração quando começou a cortá-los com a graça de uma dançarina.

Esses monstros não eram de alto escalão, mas eram problemáticos em grande número. Embora Marguerite fosse bastante poderosa, era uma esgrimista sem magia para facilitar a limpeza do campo e não podia deixar de estar em desvantagem contra um inimigo que poderia dominá-la com números absolutos.

Mesmo assim, Marguerite não se intimidou e se moveu sem perder o ímpeto. O sangue negro dos monstros espirrou no ar, manchando sua pele pálida. Ela balançou sua espada com habilidade assustadora, não deixando um único inimigo chegar perto o suficiente para atacá-la. Ainda assim, os monstros se fecharam como uma onda crescente.

A criança no galho fechou os olhos com tristeza e apontou o dedo para Marguerite.

Sentindo uma súbita sensação de pavor, Marguerite saltou do local. Uma sombra negra subiu de onde estava, assumindo uma forma grotesca. Mal mantinha uma semelhança humanoide, porém suas partes estavam mudando constantemente.

Um olho redondo se abriu em seu rosto de sombra negra sem características.

Então, assim que pensou que um olho horrível era o suficiente, o ar se encheu de estalos misteriosos enquanto vários outros olhos encheram o rosto da coisa. Pouco depois, os vários olhos fixaram seu olhar sobrenatural na garota elfa, e a jovem pôde sentir sua loucura rastejando sobre si.

No entanto Marguerite apenas agarrou sua espada com mais força, um sorriso feroz em seus lábios. “Tudo bem... Faça do seu jeito!” gritou.

O monstro sombrio veio em sua direção. Marguerite soltou um grito de guerra quando o encontrou com sua lâmina.

Graham assistiu a cena com os braços cruzados por trás. Ele estava do lado de fora da clareira, onde os galhos se cruzavam como barras para evitar qualquer intrusão. Não havia desembainhado sua espada, nem parecia ter qualquer intenção de ajudar Marguerite. Apenas observando sua luta, seus olhos um pouco frios quando soltou um suspiro que poderia ser tomado como desapontamento ou resignação.

“Eu não entendo...” disse ele.

Perseguindo Marguerite, Graham conseguiu alcançá-la em um instante. Ela era uma elfa que estava acostumada a se mover pelas florestas, contudo não era tão habilidosa em explorar masmorras. Foi muito fácil para Graham encontrá-la.

A princesa elfa não deu ouvidos às suas tentativas persistentes de persuadi-la, e Graham acabou cedendo, deixando-a fazer o que quisesse. Era preciso aprender em primeira mão o erro de seus caminhos, e Graham esperava que a garota chegasse a algum tipo de compreensão no meio do combate.

Marguerite ainda não mostrava tais sinais, continuando a balançar sua espada com abandono imprudente.

“É forte. Mas isso não explica...”

Graham olhou para a criança no galho. Observou Marguerite com uma luz triste nos olhos.

Aquilo era muito peculiar. A qualidade de sua mana era semelhante aos seres chamados demônios. Entretanto, só podia sentir um leve indício disso da criança; ao invés, a mana preencheu a totalidade do domo forjado em árvore, atraindo os monstros para o ataque.

Graham continuou a observá-lo.

Talvez a mana tenha vindo originalmente da criança e tenha sido liberada para formar esse cenário peculiar. No mínimo, a criança parecia estar no epicentro e no controle. Contudo, mesmo que a mana se originasse ali, não significava que matar a criança a faria desaparecer; havia uma chance de enlouquecer uma vez que perdesse seu controlador.

Mesmo o experiente guerreiro Graham não conseguia entender. Apesar de possuir mana igual a um demônio, a criança nunca a usou direto e, em seu lugar, apenas permitiu que a mana influenciasse seus arredores.

“É quase como se fosse um lar para si mesmo.” Graham murmurou. Parecia que Marguerite não tinha percebido isso. Ela via a criança como um demônio e estava convencida de que matá-la resolveria a situação.

Graham se lembrava de ser estúpido e imprudente em sua juventude. Houve um tempo em que pensou de todo coração que só tinha que cortar tudo o que estava em seu caminho, desconsiderado os avisos de aventureiros experientes como meras divagações de velhos.

O fato de entender como Marguerite se sentia o deixou ainda menos interessado em convencê-la. Era muito difícil deter um jovem violento.

Foi quando sentiu uma presença vindo de trás. Graham virou-se para encará-lo, apenas para proferir “Minha nossa” surpreso.

Ali estavam Belgrieve e Duncan, ambos olhando intrigados para a cúpula.

“Cavalheiros... O que os traz aqui?”

“Bem, a noite chegou e passou, e pensamos que algo poderia ter acontecido com vocês dois.” disse Duncan.

Graham estreitou os olhos. “Entendo. Já é tão tarde?”

“Você não pode notar? Achei que pelo menos seria capaz de dizer quando o sol nasce e se põe aqui...”

“As distorções devem estar fazendo o tempo passar de forma diferente. Aqui, o sol nem se pôs.”

Os olhos de Duncan se arregalaram, mas Belgrieve já tinha uma vaga suspeitava a respeito.

Acenando com sua cabeça, perguntou. “Onde estamos...?”

“O coração transformado da floresta. É em pequena escala, porém é aqui que a mana está acumulando.”

“Marguerite!” Duncan gritou, tendo espiado dentro da cúpula. Ele se virou para Graham. “Temos que ajudá-la!”

Entretanto Graham balançou a cabeça calmamente. “Esta é a minha lição para ela... Se as palavras não valem nada, deve aprender com a experiência.”

“M-Mas é um demônio! Se acontecer alguma coisa...”

“Não precisa se preocupar, Sir Duncan. Tanto quanto posso dizer, não é forte o suficiente para matar Marguerite.”

“O-Oh...”

Insatisfeito, Duncan agarrou a barreira de galhos, seus olhos fixos na batalha.

Belgrieve assistiu com uma carranca. “Essa criança é o demônio?” perguntou.

“Não sei. Sua mana é semelhante, mas é um mistério.”

“Entendo...”

Foi bem difícil definir. Até onde Belgrieve podia ver, a criança não parecia sinistra. Deixando os monstros de lado, a criança não parecia emitir qualquer malícia ou má intenção. Belgrieve se perguntou se seria capaz de cortar o garoto se fosse colocado naquela posição.

Não que isso parecesse importar para Marguerite. Ela viu a criança como algo que tinha que derrotar — algo que encheu Graham com um profundo sentimento de vergonha.

Como alguém com uma filha que lutava contra monstros, Belgrieve podia entender como Graham se sentia, bem como por que algumas medidas drásticas eram necessárias para encorajar o crescimento de Marguerite. Porém, parecia bastante indiferente no que lhe dizia respeito, e o irritou um pouco.

Sob os olhos atentos dos três homens, Marguerite cortou a grotesca monstruosidade das sombras e atacou a criança. A criança balançou um dedo — uma sombra surgiu da escuridão ao redor, ganhando massa para ficar diante da princesa élfica.

“Você está no caminho!”

Ela cortou uma linha afiada com sua lâmina através da sombra, que se dividiu e derreteu. Com um salto gracioso, alcançou seu inimigo.

“Apenas morra!”


Marguerite torceu seu corpo, puxando sua espada para trás e então avançou como uma mola solta.

A criança permaneceu imóvel, apenas encarando Marguerite e murmurando: “Soli... Tário...”

E então, no momento em que pensou que sua espada alcançaria, Marguerite congelou. Pode sentir algo a puxando por trás e, quando se virou, viu gavinhas sombrias enroladas em sua perna.

Ela foi puxada para trás, jogada contra o chão antes que pudesse se preparar para a queda.

“Gah... Agh!” sua voz gemeu quando o ar foi forçado de seus pulmões. Sua mente foi levada a um frenesi por um grau de dor que não sentia há muito tempo.

Eu baixei minha guarda? Se perder aqui, será justo como o tio-avô disse. Tem que estar brincando comigo!

“Para o inferno com isso!”

Marguerite se forçou a se levantar, cortando os monstros que vinham em sua direção. Depois, forçando a perna livre, reuniu suas forças para dar outro salto.

Os olhos da criança ficaram cada vez mais tristes enquanto observava. “Assustador...” murmurou baixinho.

Acenando com um dedo, uma sombra se estendeu direto da escuridão atrás dele, plantando-se firmemente no estômago de Marguerite. O sangue estava correndo para sua cabeça, fazendo com que demorasse a reagir. Tendo levado todo o peso do golpe, seu corpo foi enviado voando de volta.

Marguerite, no entanto, conseguiu pousar com segurança e levantou-se de forma instável. O gosto de ferro podia ser sentido em sua boca. Os monstros ao seu redor convergiram imediatamente, sabendo que não teriam uma chance melhor. Enquanto Marguerite queria lutar contra todos, seu corpo não faria o que ela mandava.

“Grrr... Droga!”

Ela tentou se posicionar apenas para cambalear, mas foi mantida firme por uma mão grande. Marguerite ergueu o rosto surpresa. Era Belgrieve, com um olhar severo no rosto.

“Velho... Por que está...?”

“Podemos conversar mais tarde. Graham.” Disse Belgrieve, empurrando Marguerite para trás para Graham a pegar. Belgrieve puxou sua espada para afastar os monstros.

Duncan agitou seu machado de batalha antes de irromper em combate. A visão disso fez a princesa se agitar.

“Ainda não!” ela chorou. “Ainda não terminei...”

“Marguerite.”

Seu corpo estremeceu com este tom solene.

“Tio-avô...”

“Seja razoável.”

Houve um momento de silêncio. “Droga” ela sussurrou e abaixou a cabeça.

Enquanto esculpia monstros de todos os tipos, Belgrieve fez seu caminho até a criança. Elevando-se sobre a criança, e ela olhou para ele com aqueles mesmos olhos tristes.

A expressão de Belgrieve suavizou e embainhou sua espada.

A criança piscou.

Então Belgrieve foi embora, correu de volta para Graham. “Vamos embora. Não adianta fazer mais do que isso.”

“Você descobriu alguma coisa?”

“É realmente apenas uma criança, e está com medo. Só está se defendendo porque nós atacamos.”

“Hmm... Então é assim que parece para você também.” Graham levantou Marguerite por cima do ombro. “Retirada.”

“Estamos indo embora, Duncan!”

“Certo, vão indo, estou logo atrás!”

Com Duncan no final da formação, ​​os quatro deixaram a cúpula e correram. A criança os viu com um rosto perplexo. Os monstros que se aglomeraram foram embora antes que alguém percebesse, e tudo o que restou foi o som do vento sacudindo as árvores. Os olhos da criança vagaram enquanto murmurava: “Solitário...”

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