domingo, 2 de abril de 2023

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 05 — Capítulo 62

Capítulo 62: A inquietação crescendo em seu peito

A inquietação crescendo em seu peito fez com que Byaku caísse sobre um joelho e exalasse com força. Seu cabelo se tornou uma mistura de tons claros e escuros antes de ficar branco. Sua respiração estava ríspida agora, como se algo estivesse bloqueando suas vias respiratórias.

“Estou te dizendo, não force.” Kasim deu um tapinha nas costas dele. “A pressa não nos leva a lugar nenhum.”

“Droga!” Byaku bateu com o punho cerrado no chão.

Kasim deu um suspiro preocupado.

“Mas isso é um enigma. Parece que aquele demônio sai por conta própria quando você ultrapassa um certo limite.”

“Isto é ridículo!”

Byaku respirou fundo e se levantou. Seu corpo exalava uma sensação de cansaço; sua tez estava pálida e havia suor em sua testa. Do canto, Charlotte encarou-o com preocupação.

A lição do dia tinha sido um pouco dura. Byaku havia sido instruído a emitir mana até pouco antes de pensar que a influência do demônio poderia sair. Byaku nunca teve muito de sua própria mana para começar, e embora pudesse operar seus círculos mágicos até certo ponto, não poderia sustentá-los sem a ajuda do demônio em combate.

Depois de treinar com Maria e Kasim, ele melhorou um pouco seu manuseio de mana, porém parecia que ainda era difícil manter sua força apenas com sua própria mana. Depois que sua saída de mana subia acima de certo nível, a mana do demônio começava a explodir automaticamente.

Kasim cruzou os braços e franziu a testa.

“O que fazer em relação a isto...? Bem, não deve afetar sua vida cotidiana.”

“Não era o que eu estava querendo ouvir...” Byaku resmungou, sua cabeça baixa enquanto apertava o peito. Demorou um pouco até que sua respiração se estabilizasse e pudesse erguer o olhar. “De novo.”

“Qual é a pressa? Seu corpo não vai durar nesse ritmo.”

“Você nunca entenderia...”

“O que não entenderia?”

“Só quero existir como eu — não apenas como um subproduto de um experimento.”

“Hmm... Então só precisa tomar uma decisão sobre quem é. Você existe muito bem, no que me diz respeito.”

“Poupe-me das banalidades!” Byaku olhou para Kasim.

O mago deu de ombros.

“Você está carregando muito sozinho... Hey, ao contrário de mim, tem muitas pessoas em quem pode confiar. O que acha que agir de forma rebelde fará por você? Continue formando paredes em seu coração, e vai começar a atrapalhar seu fluxo de mana, sabe.”

“Aquele maldito velho... Ele não entende o quão perigoso um homúnculo pode ser. Já cansei de brincar de casinha com ele.” Byaku cuspiu antes de se sentar rudemente no chão.

“Hey, Byaku...” Charlotte timidamente se aproximou. “Acho que o tio Kasim está certo. Não precisa guardar tudo para si. Há a mana e o pai, e...”

“Posso! ‘Pai’? Onde diabos está, hein? Seu velho morreu há muito tempo!” Byaku gritou.

Charlotte recuou em choque. Seus olhos ficaram marejados enquanto cerrava o punho.

“Qual é o seu problema, Byaku? Seu idiota estúpido!”

Charlotte começou a chorar quando o golpeou com sua pequena mão. O menino recebeu o golpe quieto com uma carranca.

“Não adianta descontar na Char, certo?” Kasim o advertiu, torcendo os fios de sua barba.

“Pelo amor de Deus...”

E foi então que a porta do quarto se abriu.

“Pensei que te encontraria aqui, cough...”

“Hmm? Oh, vovó Maria.”

Agasalhada como sempre, Maria entrou com um ataque de tosse.

“Todo mundo está junto... Isso ajuda.”

“Oh? Tem algo para conversar?”

“Sim, ele.”

“Byaku, eh... Sim, essa é uma conversa que precisamos ter... Vamos para casa então. Tenho certeza de que Bell estará de volta se esperarmos lá.” disse Kasim, olhando para o garoto. Byaku manteve seu silêncio taciturno, enquanto Charlotte, de quatro, fungava em silenciosa miséria. Suspirando, Kasim pegou o chapéu. “Isso exige uma reunião de família.”


O derretimento da neve ocorreu um pouco mais cedo em Orphen do que em Turnera. Ainda estava frio, mas antes que Belgrieve percebesse, havia mais dias em que poderia ficar ao ar livre sem casaco ou cachecol. A neve que caiu era mais macia e derretia com o contato, criando um pequeno riacho nas calhas de pedra que ladeavam as ruas.

Neste ponto, seria difícil dizer que Belgrieve havia feito muito progresso em sua pesquisa. Ele havia desistido de encontrar vestígios nos documentos e, em vez disso, andava pela cidade em busca de comerciantes ou viajantes do leste com quem conversar. Mesmo assim, não conseguiu pensar em nada significativo. Sua busca era por um lendário aventureiro Rank S, e outra aventureira de uma raça raramente vista fora do território élfico, porém apesar de suas características marcantes, não seria tão fácil identificar suas localizações na vastidão do mundo.

“Eu realmente tive sorte de encontrar Kasim.” Suspirou Belgrieve, maravilhado uma vez mais com o reencontro que Angeline havia organizado.

A neve caindo tornou-se muito aquosa para o conforto, então procurou abrigo sob o beiral de uma loja próxima. O céu estava com uma claridade desagradável e a brisa um tanto quente — sinais de que o inverno estava chegando ao fim. Contudo era bem quando a guarda baixava que era mais fácil pegar um resfriado. Belgrieve sentiu um calafrio ao endireitar a postura e olhar para o céu cinza-pérola. Um pouco mais perto do horizonte, algumas nuvens finas e longas estavam flutuando na brisa. O granizo parecia que iria durar um pouco mais.

Belgrieve apoiou o peso na perna protética e suspirou. Não havia desistido, no entanto seguia sendo bastante desanimador ir tão longe sem uma pista. Logo seria hora de voltar para Turnera. Não demoraria nem meio mês para que o cheiro da primavera preenchesse o ar.

Embora Turnera estivesse um pouco atrás de Orphen na mudança das estações, contanto que eles partissem com o derretimento da neve de Orphen e esperassem alguns dias em Bordeaux ou Rodina, as estradas para Turnera estariam livres. Seria como se a jornada fosse uma fuga da primavera em busca do inverno minguante.

Claro, Belgrieve não havia abandonado sua busca por Satie ou Percival, todavia quando voltou para Turnera, não tinha ideia de quando partiria de novo. Ele tinha que trabalhar todos os dias do ano, exceto no inverno, e seu trabalho nos campos e nas montanhas o deixava com pouco tempo de sobra. Sem mencionar que não estava ficando mais jovem. Embora tivesse mantido seu treinamento, seu corpo havia se acostumado à vida em Turnera, não a uma vida de aventura. Isso tornava muito mais difícil partir para uma missão tola, entretanto sabia que não podia só ficar ocioso.

“O que tiver que ser, será, eu acho...”

Ele respirou fundo para acalmar seu coração impaciente. O ar frio encheu seus pulmões e o acalmou um pouco. Mesmo assim, sentiu que valia a pena ter vindo para Orphen. Angeline teria inevitavelmente trazido Kasim para Turnera de qualquer maneira, mas não teria estabelecido nenhuma conexão com as pessoas da guilda ou da cidade. Embora não tenha encontrado muito do que procurava, não queria descartar todos esses novos encontros como uma perda de tempo.

Vendo o granizo enfraquecer aos poucos, Belgrieve partiu para o caminho. Estava caindo ainda mais forte quando chegou em casa. Tirando os pedaços finos de gelo de seu cabelo e casaco, afastou a franja úmida grudada na testa.

“Minha nossa.” Belgrieve tirou o casaco, sacudiu-o e passou a mão pela superfície para remover as gotas restantes. Na ponta dos pés, pisou no chão para remover a água e a sujeira do sapato.

A casa estava vazia e silenciosa; as brasas da fogueira foram enterradas sob as cinzas. Embora achasse o silêncio perturbador, sem dúvida estava mais quente do que lá fora.

Angeline estava trabalhando, enquanto Kasim levou Charlotte e Byaku para treinamento mágico. É provável que não estivessem em casa até a noite.

O que fazer agora? ele se perguntou. Era muito cedo para preparar o jantar e havia fiado toda a lã que trouxera consigo. Em Turnera, haveria muitas tarefas para mantê-lo ocupado, mas não havia nada para fazer aqui. Depois de pensar um pouco, Belgrieve enfiou alguns feixes de lã na bolsa, vestiu o casaco e saiu de novo.

O caminho estava cheio de neve que se tornara transparente com o aguaceiro contínuo. Houve um rangido peculiar sob seus pés enquanto caminhava; embora parecesse firme o suficiente, a água espirrava por toda parte a cada passo.

Embora a casa recém-alugada estivesse no bairro residencial, havia um aglomerado de lojas perto o suficiente para sua conveniência. As estradas estavam cheias de pessoas e carroças mesmo no granizo, e escondido sob uma saliência, um músico dedilhava uma melodia desolada. Porém, apesar de toda a agitação, o frio trouxe uma melancolia peculiar às ruas, combinando perfeitamente com a melodia melancólica.

Belgrieve olhou em volta enquanto caminhava antes de entrar na loja que procurava. Estava bastante cheio e animado por dentro. Os aprendizes moviam montanhas de tecido dobrado enquanto um nobre e sua companheira inspecionavam a seleção de mercadorias de alta classe. As prateleiras e suportes estavam cheios de novelos de lã e linha.

Embora tenha ficado um pouco surpreso, Belgrieve avistou alguém que parecia ser um funcionário e tentou chamar sua atenção.

“Hmm...”

“Como posso ajudá-lo?” Embora a resposta do funcionário tenha sido cortês o suficiente, ao observar a aparência de Belgrieve, sua expressão pareceu se tornar um tanto condescendente. “Se gostaria de ver nossos tecidos mais baratos, posso encaminhá-lo para...”

“Não, esperava que você comprasse minha lã.” Belgrieve tirou um feixe de lã de sua bolsa.

Sem dar uma olhada adequada, o funcionário zombou.

“Temos o suficiente.”

“Entendo.”

Belgrieve suspirou e se virou. Já esperava por algo do tipo quando viu as montanhas de fios que eles tinham em estoque. Depois, visitou outras duas lojas de tecidos, contudo foi rejeitado em ambas. A procura existia, dado o frio, no entanto as encomendas eram em maior parte feitas a granel, e nenhuma exigia apenas dois ou três fardos extra.

Não acho que seja uma lã ruim, pensou Belgrieve, fechando os olhos. Vou tentar mais um pouco antes de voltar.

As lojas maiores que chamaram sua atenção ficavam na estrada principal, entretanto desta vez tentaria uma menor. Ele teve um pouco de dificuldade em navegar pela confusa paisagem urbana de Orphen, mas acabou encontrando uma pequena e aconchegante loja de tecidos na entrada de um beco.

Havia carpete no chão, porém já havia sido pisado com a sujeira aquosa dos sapatos de clientes anteriores. As prateleiras iam até o teto no interior escuro, e cada uma estava cheia de novelos de lã coloridos. Não havia outros clientes no momento e a loja estava serena.

Um velho de cabelos brancos estava sentado atrás do balcão, folheando seu livro. Erguendo o rosto quando Belgrieve se aproximou, seus olhos estreitaram por trás dos óculos.

“O que o traz aqui? Está aqui para comprar tecido?”

“Não, esperava que você pudesse comprar lã de mim.”

Belgrieve mais uma vez pegou um pacote e colocou-o no balcão. O velho levou a mão aos óculos, inspecionando o fio de perto.

À medida que a avaliação prosseguia, Belgrieve percebeu que seus olhos vagavam pela loja. A maioria dos novelos na prateleira era de seda, e qualquer lã que havia ali era lindamente colorida. Ele não conseguia ver nenhuma lã não tingida como a que trouxera consigo.

Parece que será impossível novamente. Suspirou.

“Sinto muito por tomar seu tempo.” disse Belgrieve e estendeu a mão para recolher seus produtos. No entanto, o velho agiu mais rápido do que pôde, agarrando-o e observando-o de perto. Tomando uma das pontas soltas esticou-a, torcendo-a com a ponta dos dedos.

“A lã é de alta qualidade... O acabamento é preciso e foi decentemente incorporado com ar.” o velho o encarou. “Você a produziu?”

“Sim, pelo que vale a pena...”

O velho brincou com os fios e pensou por um momento. “É uma boa lã.” disse antes de abrir uma caixa e tirar várias moedas de prata. “É o suficiente?”

“Hã? Eu não posso aguentar tanto.”

“Apesar da minha aparência, me considero um especialista em fios. Acho que vale muito a pena.”

Sem saber o que dizer, Belgrieve deu um sorriso irônico e coçou a bochecha. Seria rude descartar a opinião profissional do homem depois de ouvir tal afirmação — e concordou que pelo menos não era uma lã ruim. Após um momento de hesitação, Belgrieve assentiu.

“Entendo. Então vou aceitar com gratidão.”

“O fio pode revelar o coração do fiandeiro.” o velho olhou para Belgrieve através dos óculos. “Rezo para que continue sendo o mesmo homem que teceu esta lã para sempre.”

Belgrieve riu e disse adeus. Ele se sentiu em conflito; por um sentimento de culpa por deixar Angeline pagar por tudo, e foi vender sua lã, contudo não sabia se estava tudo bem em aceitar tanto dinheiro.

Tais pensamentos estavam em sua mente quando um vendedor ambulante chamou sua atenção.

“Bem... Ela é uma garota.” Belgrieve pegou um enfeite de cabelo prateado em forma de estrela, incrustado com uma pequena pedra preciosa vermelha. Embora o design fosse talvez muito simples, parecia que se adequaria melhor a Angeline do que qualquer coisa muito complicada.

A mulher de meia-idade que comandava a barraca sorriu.

“É um presente?”

“Sim, para minha filha... Ela tem cabelo preto. Acha que isso ficaria bem nela?”

“Dependeria do resto de suas roupas, porém acho que prata ficaria bem em preto.”

“Hmm...”

Belgrieve relembrou a escolha de roupas de sua filha. Na maioria das vezes Angeline usava roupas simples com preto ou branco na base. Talvez não gostasse de nada muito chamativo, caso em que não queria um enfeite que chamasse muita atenção.

“Vou levar.” ele disse com um aceno de cabeça.

“Fico feliz em fazer negócios com você.”

Foi um pouco caro, mas dentro do seu orçamento. Belgrieve nunca havia comprado roupas ou acessórios bonitos para Angeline antes, então talvez isso pudesse ser um começo.

“Espero que ela goste.” disse para si mesmo. Então, por um momento, se perguntou o que faria se o chamasse de coxo. Havia pouco de confiança em seu conhecimento do que uma jovem poderia gostar.

As nuvens ficaram cada vez mais espessas no caminho de casa, e Belgrieve estava começando a se sentir encharcado até o âmago. Incapaz de aguentar mais, se abaixou sob um toldo próximo e esmagou o granizo de seu cabelo e casaco. Acho que o tempo fica instável quando as estações mudam, pensou com um suspiro.

Seu nariz de repente sentiu o cheiro de menta; havia fumaça pairando no ar. Belgrieve olhou curioso.

Uma dupla bastante estranha apareceu em sua visão. Uma era uma mulher de cabelos negros fumando cachimbo, suas camadas de roupas sobrepostas sugerindo que era do leste. Sentada ao seu lado estava uma jovem, talvez em meados da adolescência. A garota usava um casaco, um cachecol e um gorro de pele com abas para cobrir as orelhas. Seu cabelo era da cor ocre e, em vez de uma cadeira, se sentava no que parecia ser uma caixa de instrumentos.

“Que frio... Subestimei o norte...” disse a oriental, acentuando as palavras com uma baforada de fumaça. Ela bateu o cachimbo contra um pilar próximo para despejar as cinzas.

Sob o chapéu da garota, o que parecia ser abas penduradas se contorceu para um lado e para o outro. Belgrieve reconheceu que eram de fato orelhas e, a julgar por sua forma, devia ser uma mulher besta cão.

“Como as pessoas do passado diriam, ‘Oshikura manju¹, me empurre, querida’... Que tal isto?”

“Bem, não. Ah, eu quero um saquê quente...” a mulher soltou um grande bocejo.

Belgrieve acariciou a barba antes de decidir abrir a boca.

“Com licença, vocês teriam um momento...?”

“Hã? Oh, do que você precisa?” a mulher se virou para Belgrieve com um sorriso convidativo.

“Sinto muito se soar rude, mas vocês duas vieram do leste?”

“Oh, bem, posso ver por que pensou isso, já que estou vestida assim. Como pode imaginar, nasci em Buryou.” a mulher beliscou a bainha de sua camisa e sorriu.

No que diz respeito à Rodésia ocidental, a oriental consistia em uma única federação, entretanto cada nação que a compunha naturalmente tinha sua própria cultura. Buryou estava no extremo leste. O país era uma grande planície pacífica de frente para o mar. Posso ver por que ela teria problemas com este frio, pensou Belgrieve.

A mulher deu um tapinha na cabeça da garota sentada ao seu lado.

“E esta aqui vem de... Hmm, era para o sul... Onde é mesmo?”

“Minhas origens remontam à cidade de Almeria em Dadan... Hey, senhor, quer ‘agitar comigo’?”

“Hã? Agitar o que...?” Belgrieve piscou.

A mulher suspirou.

“Incompreensível como sempre... Ela está falando aquele dialeto sulista.”

Entendo, então a garota é de Dadan. Dadan era um país ainda mais ao sul do que Lucrecia. Havia mais homens bestas lá do que em Rodésia e, embora agora fosse abolido, seu sistema de escravidão era muito mais severo do que o da Rodésia.

Os homens bestas escravizados criaram palavras e códigos que só eles entenderiam, passando mensagens para lutar contra seus opressores. Mesmo agora, esses ditos estranhos permaneceram em seu dialeto. O clima em Dadan também promoveu uma cultura bem diferente da região norte; eles preferiam música poderosa com uma batida de fundo forte. Enquanto o norte tratava os hinos de Viena com austeridade, os sulistas frequentemente começavam a dançar. Sua terra havia produzido muitos cantores famosos como Canta Rosa, cujo nome era conhecido até na Rodésia.

Ela é musicista? Belgrieve se perguntou enquanto olhava para o estojo da mulher.

A mulher de Buryou enfiou a mão no bolso e voltou-se para Belgrieve.

“Então, o que precisa?”

“Verdade seja dita, estou procurando alguém. Há rumores de que ele foi para a Federação Oriental.”

“Entendo. Seria Buryou? Ou Keatai?”

“Eu não sei tanto. Seu nome é Percival; é um aventureiro conhecido como Lâmina Exaltada... Já ouviu falar dele antes?”

“Hmm...” o olhar da mulher vagou enquanto pensava por um tempo, antes de fechar os olhos com pesar. “Sinto muito, não me lembro. Também sou uma aventureira, então pelo menos já ouvi o nome...”

“Entendo... Obrigado. E desculpe por atrapalhar seu...” Belgrieve fez uma pausa ao sentir uma presença estranha. Olhou para baixo para ver a garota com orelhas dobradas contra suas roupas, farejando-o.

“Fogueiras e palha... Você exala um cheiro nostálgico, senhor...”

“Haha, obrigado...”

“O que está fazendo?” a mulher agarrou a menina pela nuca e puxou-a para longe.

Belgrieve coçou a bochecha.

“Então vocês duas são aventureiras viajantes?”

“Sim, algo assim. Coincidentemente, também estamos procurando por alguém, porém Orphen é um lugar grande. Já faz um tempo desde que chegamos, contudo não tivemos sorte. Estávamos pensando em ir para a guilda com um pedido de busca.”

“E então nos perdemos... Graças a ela.”

“Cale-se. Você não conhece o caminho assim como eu. Você não deveria ser um cachorro?” a mulher cutucou a garota.

Belgrieve riu.

“Se estão procurando a guilda, basta seguir esse caminho e...”

A neve estava diminuindo. Depois de mostrar-lhes o caminho, Belgrieve despediu-se delas e partiu.

“Então, se me derem licença...”

“Claro. Cuidado onde pisa.”

As mulheres o viram partir. A mulher de cabelos pretos enfiou o cachimbo na boca novamente.

“Hmm, então ele está procurando pelo Lâmina Exaltada... E você viu como seus movimentos são suaves? Sua perna é de madeira, porém nunca imaginaria... Quem poderia ser?”

“Aquele homem tem um cheiro forte.”

“De fogueiras e palha?”

“Não, não.” disse a garota. Ela tirou um lenço do bolso e deu uma profunda fungada nele.

“Da pessoa que estamos procurando... Vagamente.”

“Oh? Bem, duvido que haja outros nobres lucrecianos por aqui. Este é um presente inesperado dos céus?” a mulher sorriu e soltou uma baforada de fumaça.

“O destino trabalha de... Achoo.” a garota com orelhas de cachorro espirrou.



Notas:
1. Um jogo de canto japonês jogado em dias frios para se aquecer. O jogo é jogado com pelo menos três jogadores. Os jogadores primeiro se reúnem em círculo, o mais próximo possível um do outro. Eles ficam de frente para o lado de fora, de costas um para o outro. Quando o jogo começa, os jogadores empurram para trás com força, pressionando as costas nas costas dos outros jogadores enquanto cantam ‘Oshikura Manju osarete nakuna’.

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