sexta-feira, 30 de junho de 2023

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 06 — Capítulo 83

Capítulo 83: Vários aldeões se reuniram em torno da fogueira

Vários aldeões se reuniram em torno da fogueira na praça da cidade, sob o sol poente. Uma grande panela estava pendurada sobre a chama, de onde vinham os sons borbulhantes de um ensopado fervendo. Charlotte estava mexendo com uma longa concha de madeira.

Kasim manteve a atenção com um copo de sidra em uma das mãos.

“Quero dizer, ele continuou se regenerando, não importa quantas vezes eu o explodisse, sabe.” reclamou. “Estava prestes a usar o feitiço mais forte do meu arsenal para explodi-lo para sempre, mas foi quando Bell e os outros resolveram as coisas. Estava tão cheio de vitalidade em um momento, apenas para ser reduzido a cinzas no próximo instante. Que desperdício — pensei que seria capaz de fazer tudo de uma vez.”

“Pode não ter sido um dragão de verdade, porém você ainda enfrentou um monstro da classe dragão sozinho... Como esperado do Destruidor de Éter.” Sasha se maravilhou, seus olhos brilhando de admiração. Os três jovens aventureiros e os jovens da vila estavam reunidos para se deliciar com sua história também, suas cabeças balançando eram a evidência de como estavam investidos. Embora todos parecessem cansados, seus rostos estavam brilhantes e alegres.

Belgrieve de fato não achava que haveria um banquete esperando quando voltasse. Contudo a panela já estava borbulhando e os barris de sidra prontos quando chegaram.

Quando viu os aldeões rindo e servindo bebidas uns aos outros assim, foi difícil acreditar que estava em uma luta pela vida ou morte não muito antes deste momento. Talvez o forte contraste com aqueles eventos cansativos fosse o que tornava ainda mais importante se divertir assim.

Ele deu de ombros, espreguiçou-se e respirou fundo. A floresta o deixou tão tenso que mal notou seu cansaço, no entanto agora pesava muito sobre seus ombros. Belgrieve havia se esforçado como os jovens aventureiros de alto escalão, entretanto agora estava pagando o preço. Estava preocupado com as inevitáveis dores articulares que viriam, mas era o custo de salvar Mit e Graham. Por que eu iria me arrepender disso? pensou, batendo as palmas das mãos contra as bochechas.

Belgrieve olhou em volta. Nenhuma das casas que podia ver da praça havia desabado, porém havia algumas com beirais quebrados e paredes rachadas. Os aldeões fizeram o possível para limpar enquanto seu grupo atravessava a floresta, e o resultado ainda estava em contraste com a bagunça que havia naquela manhã. Apenas algumas casas eram perigosas demais para se viver, e a maioria ainda poderia cumprir seu papel com alguma limpeza e reforço estrutural simples. Os carpinteiros da vila já estavam discutindo em voz alta seus planos de reparo.

Contanto que pudessem se livrar do medo e da ansiedade que vinham de um ataque tão extraordinário, o povo de Turnera era forte. Mesmo em uma situação desesperadora, parecia que eles eram capazes de seguir em frente, desde que pudessem ver um fio de luz brilhante.

Hoffman, o chefe da vila, serviu um copo de sidra e o entregou a Belgrieve.

“A senhorita Seren, veja, ela disse que vai falar com a Condessa Helvetica sobre o fornecimento de trigo suficiente para suportar o inverno. Isso foi um verdadeiro fardo que saiu de nossos ombros! Ahahahaha!”

“E não é tudo. Ela vai enviar algumas pessoas para ajudar a restaurar a vila também. Com certeza é bom ter uma condessa tão confiável.” Kerry entrou na conversa, rindo.

Por sorte, Seren estava no centro da tempestade e conhecia bem a situação. O apoio viria em breve. Claro, não dependia de seu critério exclusivo, contudo era difícil imaginar Helvetica recusando suas propostas. Suprimentos de comida, reparos na construção e tratamento dos feridos, entre outras coisas — Turnera receberia toda a ajuda possível.

“As conexões são uma grande ajuda em um momento como este. Bell, só pode ser graças a você.” disse Hoffman, tomando um gole de cidra.

“Eu não diria isso...” Belgrieve respondeu. Seu olhar voltou para Angeline, que estava conversando com Seren. Elas pareciam estar se divertindo e, às vezes, riam juntos. Qualquer ligação que tivesse com a Casa Bordeaux começara com Angeline. Angeline salvou Seren de bandidos, e então Sasha veio, e Helvetica a seguiu... Todos os tipos de coisas foram construídas pouco a pouco, por fim culminando no momento atual.

De qualquer forma, não parecia que a restauração de Turnera seria um problema. Não foi o melhor dos tempos, no entanto todos estavam dando tudo de si, e o incidente terminou de forma mais ou menos feliz. Enquanto tivessem uma visão clara do futuro, não reclamariam do passado.

Belgrieve se levantou e saiu da praça, levando consigo um pote de suco de maçã. Em sua casa, Mit estava deitado de bruços na cama e Graham sentou-se silenciosamente ao lado do garoto.

“Como Mit está?”

“Ainda não acordou, entretanto sua pele não está ruim.”

Belgrieve serviu um pouco de suco em um copo, entregando-o a Graham antes de se sentar. Ele olhou para Mit. O menino respirava suavemente durante o sono, embora de vez em quando lutasse e fizesse caretas como se seu nariz estivesse entupido.

“Está tendo um pesadelo?”

“Depois de tudo o que aconteceu, não o culpo.” Graham tomou um gole de suco e fechou os olhos. “Você nos salvou. Deixe-me agradecer uma vez mais, Bell.”

“Haha, hey, não é como se eu tivesse feito tudo sozinho. Tínhamos Ange e Kasim... Todos deram o seu melhor.”

Belgrieve estendeu a mão para acariciar o cabelo de Mit. O rosto tenso da criança suavizou um pouco com o contato. Belgrieve sorriu antes de erguer os olhos para se dirigir a Graham.

“Parece que estávamos apenas adiando o problema. Mais uma vez, algo veio para a mana de Mit.”

“Hmm...” Graham franziu a testa. “Parece que alguém estava manipulando o ataque da floresta.”

“O que...? Quem poderia ser?”

“Não sei. Todavia as mentes dos elfos mantidos em cativeiro falaram comigo. Um homem de branco despertou a malícia da floresta.”

“Branco...”

Quem poderia ser? Belgrieve inclinou a cabeça. E o que poderia estar tentando alcançar?

Graham fechou os olhos e murmurou.

“É estranho, pensando a respeito. Mit era o único alvo da floresta... Se quisesse poder, teria ido atrás de Charlotte também. Ela tem mais mana do que ele no momento. Não sei que meios empregaram, porém sinto que há algo artificial em todo esse evento.”

“Hmm...” foi um bom ponto. Contudo pelo que Graham lhe disse, a floresta ampliou sua hostilidade para combater Salomão. Talvez tal fato tenha resultado em um efeito duradouro, fazendo-a atingir o homúnculo de Salomão, Mit. Na verdade, as árvores reagiram a Byaku assim que seu lado demoníaco apareceu.

Depois que Belgrieve apresentou sua teoria, Graham cruzou os braços.

“Não é impossível... Em última análise, podemos apenas dar o nosso melhor palpite.”

“Certo... Acha que o homem de branco vai tentar alguma coisa de novo?”

“Eu não saberia dizer. Considerando como fez as coisas desta vez, não é do tipo que suja as próprias mãos. Imagino que seja um canalha que mexe os pauzinhos nos bastidores... O que o torna difícil de lidar.”

“Isso é horrível.”

Não é hora para uma viagem, então, percebeu Belgrieve. Ele suspirou.

Graham olhou para Belgrieve.

“No entanto não foi como se estivesse apontando para Turnera. Pela minha experiência, aqueles que não agem abertamente são mais cautelosos do que qualquer outro. Agora que uma falha o colocou na ponta dos pés, duvido que de o próximo passo em um futuro próximo. Mesmo que envie outra coisa, estarei pronto. Estou ciente de como age agora.” havia um brilho intenso nos olhos de Graham.

“Se você diz...” disse Belgrieve, coçando a bochecha.

Na verdade, eles não tinham ideia do que estavam lidando, então estavam sempre um passo atrás. Agora que havia experimentado isso uma vez, o velho elfo não iria ignorar os sinais de novo.

“Parece que está tentando se desafiar, Graham. Está me lembrando Maggie.”

“Hmm.” Graham franziu os lábios desajeitadamente.

Belgrieve riu.

“Acho que uma crise foi o suficiente para despertar seus instintos de aventureiro?”

“Meu Deus... Você vê através de tudo.” Graham comentou com uma risada tensa. “Deveria fazer as pazes com o seu passado. Sou capaz de carregar seus fardos enquanto estiver fora.”

“Desculpe por isso... Acontece que sou mais egoísta do que pensava.”

“Sequer o considero como egoísmo. Suas ações já fizeram mais do que o suficiente pelos outros. Já é hora de fazer algo por si mesmo.”

“Se você diz.”

Belgrieve despenteou os fios da barba. Embora não estivesse totalmente a bordo, tinha que levar as palavras de Graham a sério.

Depois de engolir um gole de suco, Belgrieve se inclinou.

“Entretanto ainda não resolvemos o problema de Mit... Ele pode ter drenado sua mana de novo, mas seu corpo segue produzindo uma quantidade excessiva, certo? Seu corpo era originalmente uma massa de mana, de qualquer forma.”

De acordo com Graham, Mit usou a maior parte de sua mana para produzir um corpo bastante próximo ao humano. Porém, uma investigação mais aprofundada provou que seu corpo ainda era uma massa de mana condensada, e o menino estava produzindo ainda mais dentro de seu corpo. A mana que não conseguia conter fluiria devagar, e isso sem dúvida desempenhou um papel nesse incidente.

É evidente que a mana que veio do homúnculo de Salomão era diferente da que os elfos e humanos possuíam, e parecia apresentar uma tendência a atrair tipos mal-intencionados. Mesmo que não fosse tão ruim quanto a Floresta Antiga, havia uma grande chance de a presença de Mit invocar algum tipo de monstro.

Graham assentiu.

“Tenho algo em mente. Seria impossível impedir a produção de mana, contudo se pudermos gastá-la de forma contínua em outra coisa, podemos impedi-lo de invocar algo muito poderoso.”

“Oh? No entanto como planeja fazer isso...?”

“Sim, bem, eu queria pedir sua ajuda a esse respeito.”

Foi quando Mit abriu os olhos, sonolento. O garoto se sentou devagar, piscando várias vezes.

Então, enxugando os olhos com as costas da mão, deixou os olhos vagarem.

“Onde... Estou?”

“Mit...”

Mit parecia um pouco assustado, mas assim que ouviu a voz de Belgrieve e viu que ele estava lá, saltou em seu peito tão rapidamente quanto uma lebre em fuga.

“Pai!”

“Você aguentou bem, Mit.”

Belgrieve deu um tapinha na cabeça do garoto. E Mit ficou assim, fungando, o rosto enterrado no peito de Belgrieve por um tempo antes de se libertar de repente.

“Vovô! O vovô está bem?”

“Estou bem aqui.”

Mit ficou atordoado por um momento, porém não perdeu tempo e se agarrou a Graham.


“Vovô... Me desculpe.”

“Pelo que está se desculpando? Você não fez nada errado.”

“Mas... Mas a culpa é minha...”

Graham colocou sua xícara na mesa e bagunçou o cabelo de Mit com um sorriso.

“Sua fuga para a floresta salvou Turnera. Não há culpa nessa decisão.”

“Urgh...” Mit chorou, parecia não estar satisfeito com isso.

“Bem, estou feliz que esteja bem.” disse Belgrieve. “Está com fome, não está?”

Graham ergueu Mit, levantou-se e franziu a testa.

“Bell... Me desculpe. Poderia cuidar disso?”

“Você ainda está ferido. Não se esforce.” disse Belgrieve, sorrindo ironicamente enquanto pegava Mit das mãos do velho elfo.

Graham esfregou com cuidado seu lado. Honestamente, Belgrieve também estava passando por um momento difícil, todavia estava em muito melhor forma do que Graham, que havia sido atropelado por galhos. Então, com Mit em seus braços, Belgrieve saiu de casa, Graham acompanhando-os atrás sem pressa.

O sol havia descido a uma distância razoável, sua borda inferior agora descansando no topo das montanhas. Não demoraria muito para que caísse mais longe e pintasse o céu de um vermelho queimado.

Mit piscou os olhos, perplexo.

“Onde estamos indo?” perguntou.

“Oh, nós vamos jantar.”

Mit se contorceu um pouco, no entanto Belgrieve deu pouca atenção enquanto se dirigia para a praça. O ensopado estava pronto e agora havia vapor subindo de várias tigelas, assim como da panela. Angeline ergueu os olhos da fogueira.

“Ah, pai... Mit! Você está acordado!”

Em seguida todos os olhos se concentraram nos três. Angeline alegremente pulou e correu.

“I-Irmã... Eu...”

“Estou feliz que você esteja bem...”

Atrás do sorriso de Angeline, os adultos e jovens da vila se reuniam. Mit se agarrou a Belgrieve com ainda mais força. Provavelmente estava com medo de que eles tornassem a ficar com raiva dele. Mas os aldeões sorriram, meio em lágrimas, e enviaram-lhe palavras calorosas após palavras calorosas.

“Bem-vindo de volta, Mit!”

“Sinto muito, falei algo terrível para você... Perdoe-me.”

“Deve ter sido difícil... Estou feliz que esteja bem... Obrigado Viena.”

“Foi assustador? Você aguentou bem. Bom menino.”

“Está machucado? Com fome? Coma o suficiente.”

Mit estava atordoado. A força se esvaiu de seu corpo; Belgrieve podia sentir o aperto do menino enfraquecendo enquanto sua boca abria e fechava sem dizer nada.

Então, por fim reuniu algumas palavras.

“Eu... Sinto... Sinto muito...” pelo menos, tentou assim fazer, porém seus soluços atrapalharam.

“Não precisa se desculpar. Isso não foi algo que tenha feito de propósito.”

“Sim, sim, foram aquelas árvores estranhas as culpadas.”

Mit começou a chorar, fungando.

“Posso... Posso ficar aqui...?” os aldeões acariciaram sua cabeça e garantiram que sim.

“Obrigado...” o garoto conseguiu dizer, chorando na camisa de Belgrieve.

Embora não tenham dito em voz alta, os aldeões não estavam tão interessados em apenas ignorar tudo assim. Contudo ainda o aceitaram. Com sorte, as coisas se resolveriam pouco a pouco.

Belgrieve ergueu o olhar.

“Agora tenho certeza de que todos estão morrendo de fome. Vamos com calma hoje.”

“Eu fiz muito, então coma muito!” Charlotte anunciou, acenando com sua concha.

Comida e bebida circularam, e a praça ficou alegre ao mesmo tempo. Logo, o sol estava escondido além das montanhas e a escuridão estava sobre eles, no entanto ninguém parecia notar.

Belgrieve observou a cena calorosa, então olhou para Graham ao seu lado. Graham respondeu ao seu olhar com um leve sorriso e um aceno de cabeça.

O que antes eram dicas sutis de verão agora reinava supremo quando as estações enfim mudaram. As florestas verdejantes ao redor da vila balançavam com a brisa e, nessa época do ano, a lã da ovelha era longa o suficiente para ser tosquiada. As batatas já estavam desenterradas, os campos de trigo sobreviventes estavam dourados e a colheita já estava quase terminada. O trabalho de reparo de Turnera estava quase completo e todos tentavam retornar às suas vidas normais. Afinal, não era como se alguém tivesse morrido. Depois que tudo acabou e não restavam cicatrizes no cenário, era como se o assalto das árvores fosse um sonho distante.

Angeline estava dentro da nova casa, que agora tinha as paredes externas erguidas. O interior ainda estava inacabado; com todos os reparos necessários nas outras casas, as obras dessa nova construção foram suspensas. Todavia, já estava se preparando para ser uma casa e, agora que os reparos foram concluídos, o trabalho foi retomado.

Embora a construção seguisse estando em andamento, desde o dia em que as paredes foram erguidas, Angeline e os outros arrastavam mesas, cadeiras, cobertores, almofadas e coisas do gênero, reunindo-se todas as noites para brincar. Era como se pudessem imaginar sua nova vida pela frente, e foi bastante revigorante.

“Mas, antes disso...” murmurou Angeline. Ela colocou a mão na espada em seu quadril, puxando-a para ajustar sua posição. “Que tipo de pessoa é Percy, eu me pergunto?”

Seus pensamentos se voltaram para o velho amigo de seu pai. Ao que aparentava, Belgrieve perdeu a perna protegendo-o. Angeline tentou imaginar sua própria vida onde seu pai perdeu uma perna para protegê-la. Só de imaginar a cena já era tão doloroso que não conseguia mais imaginar. Antes que percebesse, havia levado suas mãos ao rosto. Ela foi atingida por uma quantidade surpreendente de tristeza e culpa. Viver com esses sentimentos por mais de vinte anos estava além do que podia compreender.

Piscando, voltou à realidade e, de pé, saiu de casa. Imediatamente, o brilhante sol de verão ardeu em seus olhos. O céu azul penetrante estava pontilhado com um punhado de nuvens redondas como almôndegas em um ensopado. Estava quente o suficiente para fazê-la suar.

Hoje era o dia em que partiria em uma jornada. Seu destino eram as Montanhas Nyndia ao sul e o Umbigo da Terra que se dizia estar em algum lugar entre eles. Era lá que Percival estaria.

A própria Angeline se sentia bastante confusa quando se tratava de Percival. Sentia certo ressentimento do homem, sabendo que era o motivo do ferimento incapacitante de seu pai, porém não conseguia nem imaginar a dor que estava sentindo agora, então também sentiu pena dele. Além do mais, se Belgrieve não tivesse acobertado Percival, nunca teria conhecido Angeline. Quando seus pensamentos começaram a se desviar nessa direção, Angeline começou a se ver como terrivelmente egoísta.

Seu olhar se voltou para ver Belgrieve e Graham discutindo algo no final do pátio — o mais provável que fossem quais tarefas tinham que ser feitas em suas ausências. Angeline correu.

“Pai.”

“Hmm? Oh, Ange. Tudo preparado?”

“Sim...” Angeline timidamente beliscou a manga de Belgrieve. “Er, pai... Você não está com medo? De... Encontrar Percy, quero dizer.”

“Hmm... Eu me pergunto. Não estou tão certo.” disse Belgrieve, colocando a mão na cabeça da filha e bagunçando seu cabelo. “Contudo Percy é um amigo querido. Mesmo que esteja com medo, ainda quero encontrá-lo.”

“Entendo...” Angeline murmurou antes de agarrar o braço de Belgrieve. Por alguma razão, sentiu uma estranha sensação de ansiedade.

Belgrieve sorriu.

“De qualquer forma, temos outra coisa que precisamos fazer também.”

“Você quer dizer Mit, certo?”

“Sim.”

Esta jornada não era mais apenas uma viagem para Belgrieve encontrar um velho amigo. Para implementar uma das ideias de Graham, eles precisariam de materiais de um monstro de alto escalão — e aconteceu de estarem indo para o Umbigo da Terra, que era habitado por poderosos monstros. Foi um pouco estranho chamar de missão secundária, no entanto enquadrou muito bem.

Angeline poderia viajar com seu pai e lutar ao seu lado. Embora estivesse tão apreensiva momentos antes, só imaginar isso era o suficiente para deixá-la à vontade.

Houve um rosnado nas costas de Belgrieve, e uma luz fraca emanou da espada larga de Graham. Provocando-o, Angeline perguntou.

“Tem certeza de que ficará bem sem ela, Graham?”

“Não precisa se preocupar... Foi errado confiar nisso para tudo.” respondeu Graham com uma risada. Seu sorriso não era o sorriso sábio de um velho; agora, seu comportamento era o de um jovem diante de um novo desafio na vida. Aparentemente, esse incidente trouxe algum tipo de mudança no velho elfo.

“Mesmo assim, você está realmente bem em emprestá-la para mim?” Belgrieve estendeu a mão para o cabo parecendo bastante perturbado. “Ange não seria...?”

“Não, acho que aquela garota tem mais afinidade com você, pai...”

“Angeline está certa. Excluindo-me, você deve ser capaz de lidar com a espada melhor do que ninguém. Tenho certeza de que ela confia bastante na sua pessoa. E sua vida seguirá sendo muito longa para se aposentar aqui.”

“Hmm...”

Quando coloca dessa forma, não posso recusar, Belgrieve refletiu enquanto coçava a bochecha. Entretanto, apesar de sua insistência, Belgrieve não conseguia ouvir a voz da espada como Graham e Angeline. Os rosnados da espada diminuíram; ele não sabia se estava mal-humorada ou tímida.

Lutar contra monstros de alto nível era praticamente inevitável nesta jornada, então Graham emprestou a Belgrieve sua própria espada grande. Belgrieve não se sentia digno de empunhar o que antes era elogiado como uma lâmina sagrada, mas não tanto a ponto de recusar de maneira obstinada a oferta e, com várias pessoas insistindo para que a aceitasse, acabou aceitando. É claro, Angeline ficou encantada com a atualização inesperada de seu pai.

Eles se dirigiram para a entrada da vila, onde uma carroça esperava com Anessa, Miriam e Kasim. Byaku, Charlotte e Mit estavam lá para se despedir do grupo. Eles estavam acompanhados por várias crianças e jovens da vila.

Kasim acenou com o chapéu da carroça.

“Hey, finalmente aqui. Estão prontos?”

“Sim, desculpe fazê-lo esperar. Devemos ir.”

“Tenha cuidado, pai!” Charlotte disse, agarrando a mão de Belgrieve.

Belgrieve acariciou a cabeça dela. “Você também, Char. Não pegue um resfriado...” ele então se virou para Byaku. “Byaku, cuide das crianças, ok?”

“Sim.” Byaku parecia um pouco mal-humorado. Ele desviou os olhos, coçando a bochecha.

Belgrieve virou-se para o mascate que os conduziria e baixou a cabeça.

“Estamos em dívida com você de novo.”

“Oh, não, essa deveria ser a minha fala! É um grande alívio tê-los o tempo todo para a viagem!”

A mulher sorridente era a mesma mascate de cabelos azuis que eles conheciam muito bem. Ela veio para a Turnera na hora certa e acabaram se aproveitando disso.

Enquanto carregavam suas coisas, Belgrieve olhou para Mit. Mit estava ao lado de Charlotte, olhando-o. O garoto exibia um comportamento um pouco mais maduro desde o incidente e, embora sua aparência não tivesse mudado, havia melhorado ao falar.

“Pai, cuide-se...”

“Sim, cuide-se também. Ajude seu avô, ok?”

“Sim.” Mit sorriu e acenou com a cabeça em resposta. Aos poucos estava se tornando mais expressivo, e as emoções que sentia agora eram transmitidas adequadamente por meio de seu semblante. Sem saber se ficava feliz ou triste por seu irmãozinho estar crescendo tão rápido, Angeline decidiu acariciar sua cabeça por enquanto.

“Irmã... Volte logo.” ele disse a ela.

Angeline sorriu.

“Claro!” ela deu um tapinha na cabeça dele um pouco mais rudemente.

Com um balanço das rédeas, a carroça começou a se mover.

Houve outros ‘cuidados’ e ‘boas sortes’ da multidão. Mit e Charlotte elevaram suas vozes ao limite enquanto acenavam com as mãos, enquanto Byaku estava atrás dos dois com os braços cruzados e uma expressão amuada. Angeline se inclinou para fora da carroça para acenar para a multidão.

Gradualmente, aquelas vozes de despedida foram ficando mais baixas até desaparecerem. O sol além do dossel de lona da carroça estava quente e um vento sul soprava à frente. A cada rajada, as planícies gramadas sussurravam e balançavam em ondas.

Nosso destino está além desses ventos, pensou Angeline enquanto olhava para frente. Ela se encostou em Belgrieve ao seu lado.

A carroça balançou ao passar por cima de uma pedra. Graças aos muitos passageiros a bordo, esta provavelmente seria uma viagem lenta. Nesse ritmo, seria o pôr do sol quando chegassem a Rodina.

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