Capítulo 36: Sairaag, uma ilusão do passado
Não demorou muito para que eu pisasse na floresta e me visse parando e olhando ao redor.
“Huh... Hmm.”
Ar fresco e aromas verdes. Nenhum inseto ou canto de pássaros, apenas o farfalhar das folhas... Tal qual da última vez que estive aqui.
Veja bem, nesse momento me encontrava na Floresta de Miasma que crescia nos arredores da Cidade de Sairaag. Dizia-se que o sangue da besta mágica Zanaffar, derrotada pela Espada da Luz, havia se acumulado ali há muito tempo e dado vida a uma floresta de puro miasma.
Porém, embora as imagens e os sons fossem os mesmos de que eu me lembrava, o ar rarefeito de miasma que outrora pairava pela floresta agora havia desaparecido sem deixar vestígios.
Não tenho dúvida de que tinha algo a ver com o Mestre do Inferno. Contudo como poderia ser possível? Sua presença não pioraria o miasma? De uma forma ou de outra, ficar parada pensando nisso não me daria respostas. Tudo ficaria claro quando chegasse a Sairaag.
Assim, continuei minha jornada sozinha.
Minha jornada tinha sido tranquila desde que derrotei Rashart. Tentei acelerar o passo para alcançar Amelia e Zel, no entanto eles deviam estar se esforçando, pois ainda não havia conseguido alcançá-los. Perguntei por ambos nas vilas onde parei e percebi que estavam dois dias à minha frente.
Também descobri outra coisa interessante ao longo do caminho. Corria o boato de que Sairaag havia sido de fato reconstruída. As pessoas da cidade que eu acabara de deixar naquela manhã diziam que ela surgira do nada, junto com todas as pessoas que moravam lá. Mais estranho ainda, se perguntasse a qualquer uma dessas pessoas o que havia acontecido, a resposta era sempre a mesma... “Não sei dizer.”
O que o Mestre do Inferno fez com Sairaag? Tinha perguntas e mais perguntas. A maioria delas não era algo que pudesse entender, todavia, droga, continuei tentando decifrar tudo enquanto continuava andando... Então, de repente, a vista se abriu ao meu redor.
Havia saído da floresta. Diante de mim estava a metrópole de Sairaag.
Antes de sua destruição mais recente, a árvore Flagoon se erguia alta no centro da cidade como um monumento enorme. Mas agora aquele pedaço característico do horizonte estava desaparecido, como se tivesse acabado de ser arrancado do chão.
Quanto ao resto da cidade, parecia que as histórias eram verdadeiras. Mesmo de longe, avistei pessoas andando pelas ruas. Porém, sabia que não havia como Sairaag ter magicamente voltado à vida, então as pessoas tinham que ser ilusões criadas por Fibrizo... Ou pior, mazokus.
Não, se houvessem tantos mazokus à disposição, por que não os soltava pelo mundo em vez de se preocupar com toda essa farsa?
Não havia dúvidas em minha mente sobre uma coisa, no entanto: se o Mestre do Inferno estava por trás do renascimento da cidade, o povo de Sairaag era meu inimigo. Para ser honesta, teria ficado feliz em manter distância de todo aquele lugar, contudo já tinha vindo longe demais para só voltar atrás agora. Mais importante ainda, os outros estavam lá.
“Bem... Acho que é melhor eu ir.” sussurrei, e então segui para a cidade.
———
Sairaag era a própria personificação da paz. As pessoas caminhavam pelas ruas ladeadas por casas e lojas. Risos enchiam o ar enquanto as crianças corriam pelas lajes, brincando. Nenhuma coisa suspeita me chamou a atenção... O que na verdade tornou tudo muito mais assustador. Esperava que o Mestre do Inferno aparecesse assim que colocasse meus pés na cidade, gritando: ‘Bem-vinda, Lina Inverse. Estive te esperando.’. Todavia não tinha ouvido um pio do cara.
Ah, bem. Acho que é melhor encontrar os outros antes de mais nada. A maneira mais rápida de encontrá-los seria perguntando por aí, entretanto estava com pequenos receios, ok... Grandes receios sobre apenas me aproximar e puxar conversa com os possíveis peões de um senhor demoníaco hostil. Mesmo assim, sabia que não chegaria a lugar nenhum vagando sem rumo por aquela cidade enorme para sempre.
Argh! Tudo bem, faça logo! Com uma sensação de desespero, fui até uma barraca próxima. Comprei um suco, paguei a vendedora e perguntei sobre Zelgadis. Imaginei que ele causaria mais impacto do que Amelia ou Sylphiel; se ela tivesse visto um homem todo de branco e escondendo o rosto passar por ali, é bastante provável que se lembraria.
“Um homem de branco, hein?” a lojista, que parecia uma senhora comum, pelo que pude perceber, pensou por um minuto e balançou a cabeça. “Não me lembro. Estou aqui há um tempo, mas...”
“Ele estaria com uma jovem. Mais ou menos da minha idade, com cabelo preto.” acrescentei enquanto bebia.
A mulher pensou mais um pouco e então disse.
“Receio que não... Desculpe. Por que não tenta perguntar nas pousadas?”
“Boa ideia. Obrigado, senhora.”
Com isso, terminei meu suco e voltei para a rua.
Hmm... Aquela foi uma conversa surpreendentemente normal.
Não que quisesse que os moradores da cidade agissem como servos óbvios do Mestre do Inferno. De qualquer forma, isso significava que estávamos de volta à Operação Vagando Sem Rumo.
Que chatice... Pensei enquanto continuava andando. Depois de um tempo, ouvi uma voz cortar o barulho da agitação.
“Senhora Lina!”
Virei-me e vi uma figura familiar parada do outro lado da rua. Suas vestes claras e seus longos cabelos negros e brilhantes a ajudavam a se destacar na multidão.
“Sylphiel!” chamei, abrindo caminho pela multidão.
“Estou tão feliz que você esteja segura.” disse ela. “O que aconteceu com o servo do Dragão do Caos que estava tentando te matar?”
“Está morto como uma pedra. Ei, você viu Amelia ou Zelgadis? Pelos meus cálculos, os dois deveriam ter chegado aqui há alguns dias.”
“Na verdade...” Sylphiel sussurrou hesitante.
“Aconteceu... Alguma coisa?”
“Não os vejo. Desde ontem.”
“Ontem?”
“Sim. Bem... Explico no caminho.”
Enquanto caminhávamos pela rua, Sylphiel continuou, sem jeito.
“Eu mesma cheguei aqui há cinco dias. Tudo está igual a antes da cidade ser arrasada. Foi... Como se estivesse sendo chamada... Caminhando para o templo, e lá...” havia um leve tremor em sua voz. “Lá, meu pai veio me cumprimentar. Meu pai... Que morreu naquele dia. Ele sorriu para mim com a gentileza de sempre e disse: ‘Bem-vinda de volta, Sylphiel’.”
“Sylphiel...”
Ela estava alguns passos à minha frente, e pude ver seus ombros tremendo.
“Simplesmente não é justo. Sei... Sei que não podem estar vivos de verdade, porém não conseguia deixar de ter esperança de que talvez, em vez disso... A destruição da cidade fosse a ilusão, um pesadelo.” Sylphiel parou ali por um longo momento e então soltou um grande suspiro antes de dizer com firmeza. “Perdoe-me. Vamos voltar ao assunto em questão. Embora seja verdade que fui afetada em parte e levada pela fantasia, também pude investigar um pouco. Acredito que o lugar mais relevante para os nossos interesses... É aqui.”
Lá, Sylphiel parou. Tínhamos deixado a avenida em algum momento e chegado ao coração da cidade. Era onde a grande árvore Flagoon outrora estivera, contudo agora...
“Isto é...” sussurrei, olhando para o enorme edifício à minha frente.
Bem, era enorme, no entanto não de uma forma ‘imensa’. Deve ter apenas um andar de altura. O mais notável era sua largura extensa. Lembrava um templo comum feito de pedra cinza ou algo similar, todavia este havia sido construído para ocupar um quarteirão inteiro... Quase como se para preencher o vazio deixado pelo agora desaparecido Flagoon.
“Ouvi rumores em uma vila próxima de que surgiu do nada.” explicou Sylphiel.
A estrutura parecia um círculo perfeito, entretanto sua característica mais marcante era a ausência de janelas ou portas... Não havia nenhuma entrada ou saída aparente.
“Este é o local mais provável onde o Mestre do Inferno poderia estar se escondendo, assim como Sir Gourry. Embora não consegui encontrar nenhuma porta ou janela, ou qualquer outra maneira de entrar... Cheguei a usar Levitação para olhar de cima, sem sucesso. Tentei perguntar ao meu pai e aos outros moradores da cidade a respeito, mas a resposta foi unânime: ‘Não posso responder. Aqueles que conseguem imaginar não precisam de explicação, e para aqueles que não conseguem, uma explicação não adiantaria’.”
“Entendo... Então eles definitivamente estão de conluio com o Mestre do Inferno, hein?”
“Sim. E enquanto pensava no meu próximo passo, dois dias atrás, a Senhora Amelia e o Mestre Zelgadis chegaram à cidade. Os dois passaram o dia examinando este prédio e depois vieram se hospedar no templo comigo. Ontem de manhã, disseram que estavam saindo para investigar um pouco mais... Porém nunca retornaram.”
“Eles estavam investigando, hein?” perguntei, olhando com mais atenção para o prédio.
“Então, as chances são... De que encontraram uma maneira de entrar e é lá que estão agora.”
“Por uma porta escondida, você quer dizer?”
Não era incomum ver portas secretas disfarçadas de esculturas e coisas do tipo, então era bem possível que Amelia e Zel tivessem tropeçado em uma dessas maneiras de entrar.
“Contudo não voltariam para me avisar primeiro?” sussurrou Sylphiel.
“Não tenho tanta certeza. Amelia percebeu num relance os seus sentimentos pelo Gourry. Ela sabia que, se você descobrisse que havia uma porta, ninguém conseguiria impedi-la de passar. Também estava ciente de que, no minuto em que encontrasse Gourry lá dentro, tentaria se antecipar a ela e a Zel. E já que aposto que gostaria de evitar tudo isso, não acha que é mais provável que os dois entrem sem avisar?”
“Hmm...” Sylphiel ficou em silêncio, como se tivesse se magoado um pouco com o comentário.
“Bem, de qualquer forma o importante agora é encontrar a entrada.” falei enquanto me aproximava do prédio.
Comecei a examinar as paredes, que pareciam feitas inteiramente de pedra... Bom, de fato parecia pedra, contudo não saberia dizer de que tipo. Nunca tinha visto nada parecido antes. Também não conseguia ver nenhuma fissura na superfície. Apenas pilares esculpidos aqui e ali. Não verifiquei todos, no entanto não pude notar nenhum mecanismo colocado neles.
Era... Estranho. Se o Mestre do Inferno estava me esperando aqui, não deveria estar abrindo os portões quando eu chegasse? Não estava ansiosa por qualquer coisa que se qualificasse como seu tratamento de tapete vermelho, entretanto ainda assim. O prédio sem janelas e sem portas se recusava a ceder.
Certo, é como diz o velho ditado, às vezes precisa fazer sua própria entrada. Como teste, comecei a entoar um feitiço aprimorado pelo poder dos talismãs que comprei de Xellos.
“Dam Blas!”
Esta gracinha deveria pulverizar seu alvo. Tinha bastante impacto em um lançamento normal, entretanto com o canto de amplificação adicionado, deveria ser capaz de explodir muito mais do que uma parede de pedra rala. E mesmo assim...
Splish! O Dam Blas que lancei apenas pousou inofensivo contra a superfície sem deixar nem um arranhão.
Aha... Eu tinha visto o mesmo fenômeno dentro da barreira de Rashart na Cidade de Ruald, o que me levou a pensar que tínhamos um caso semelhante com este prédio.
Bem, aqui vamos nós! Recitei o cântico de amplificação mais uma vez, desta vez em preparação para uma Lâmina Ragna. Ela já havia destruído a barreira de Rashart antes, então parecia justo presumir que funcionaria aqui. Mas, no momento em que comecei o cântico...
Thunk. Parte da parede deslizou para dentro com um som pesado e abafado.
Hah! O bom e velho Mestre do Inferno. Havia escolhido abrir uma porta em vez de me ver improvisar uma. Cancelei o feitiço, feliz por conservar meus estoques pessoais de magia, e me aproximei da nossa porta recém-aberta.
Não conseguia ver nada de onde estava. Não havia nada além de uma escuridão impenetrável lá dentro, como se houvesse uma cortina preta pendurada do lado de dentro. Enquanto Sylphiel arregalava os olhos em choque com a aparição repentina da porta, decidi entrar. Porém, no momento em que atravessei a cortina escura... A vista se abriu ao meu redor.
“Hã...” sussurrei enquanto contemplava a vista familiar da Cidade de Sairaag, com Sylphiel parada ali, me encarando.
“Er...” virei-me rapidamente e vi que a mesma porta escura como breu estava agora na parede atrás de mim.
“Hã... O quê?” perguntou Sylphiel.
Não sabia como responder. Tinha certeza de que tinha acabado de passar pela porta... Contudo agora me encontrei do lado de fora outra vez.
“Espere aí. Só um segundo.”
Virei-me e atravessei a porta escura pela segunda vez como teste. E pela segunda vez, me vi bem na frente de Sylphiel.
“Posso perguntar o que você está fazendo?” perguntou ela.
“Hmm...” cocei a cabeça, pensativa. “Acho que o Mestre do Inferno não quer que eu entre. Só para que saiba, não estou me virando no segundo em que pisei lá dentro nem nada. Entrei, atravessei a escuridão... E acabei aqui de volta. Ele deve ter distorcido o espaço de alguma forma.”
“Distorcido o espaço? Isso é possível?”
“Para uma certa classe de mazokus, sim.” respondi. Na verdade, tinha sido presa em um desses espaços distorcidos por um mazoku na Cidade de Saillune. Consegui escapar daquele com bastante facilidade, no entanto duvidava que o mesmo truque me ajudasse aqui. Escapar era uma história diferente de invadir. “A questão é: por que o Mestre do Inferno não quer que eu entre?”
“Será que alguém além do Mestre do Inferno pode estar lá dentro?” disse Sylphiel, propondo uma possibilidade verdadeiramente digna de lamentos.
“Duvido. O Mestre do Inferno Fibrizo disse que estaria esperando em Sairaag. Por que colocar outra pessoa aqui em seu lugar?”
“Tem razão!” sussurrou Sylphiel baixinho. “O único motivo para tomar Sir Gourry como refém é fazer você usar aquele feitiço... Para vê-lo escapar do seu controle e afogar o mundo na escuridão.”
“Sim.” respondi, concordando com a cabeça.
É. Tudo apontava para essa resposta: o feitiço Giga Slave. Eu já o havia usado para destruir um dos sete pedaços de Shabranigdu antes, um ato que pode ter sido percebido pelo sua outra parte conhecida como o Senhor das Trevas do Norte, que estava congelado nas Montanhas Katart. Segundo a lenda, Olhos de Rubi Shabranigdu foi dividido em sete pedaços e selado após lutar contra Ceifeed, o Dragão Chamejante. Não era exagero imaginar que fragmentos de uma entidade anteriormente unida compartilhassem memórias e consciência.
Isso significava que ele saberia tudo sobre o feitiço todo-poderoso que invocava o poder do Senhor dos Pesadelos e sobre a pessoa que poderia usá-lo... Ou seja, euzinha. E, dessa forma, o Lorde das Trevas do Norte deve ter bolado um plano: me fazer perder o controle de um Giga Slave e condenar o mundo inteiro de volta ao estado de vazio.
Havia apenas algumas coisas incômodas no caminho. Uma era a revolta do Dragão do Caos. Outra era meu conhecimento incompleto do Senhor dos Pesadelos. Certa vez, tive o prazer de testemunhar um feito impressionante, um certo conjurador errou o cântico e convocou Flechas Flamejantes que pareciam cenouras. O Giga Slave que estive lançando deve ter sido muito similar à aquelas Flechas de Cenoura quando comparado ao original.
Portanto, como executor do plano, o Mestre do Inferno me fez cumprir uma dupla função: seguir Xellos até a Bíblia Claire e servir de isca para o Dragão do Caos. Sabia que eu estaria completamente à mercê dos mazokus e procurando uma maneira de revidar, o que me levaria a buscar conhecimento sobre o Senhor dos Pesadelos para obtê-lo. E agora que o tinha, o Mestre do Inferno capturou Gourry e me chamou para esta cidade.
Antes, também enviou Rashart atrás de mim para fingir atentados contra a minha vida. Era uma manobra para me levar ao desespero, tudo na esperança de que recorresse a um Giga Slave e, em algum ponto, perdesse o controle do feitiço. Consegui frustrar esse plano ao identificar Rashart como o mais novo cachorrinho do Mestre do Inferno... O problema era que, agora que sabia que os subordinados do Mestre do Inferno não me matariam, Fibrizo só tinha um recurso para empregar, usar seu refém, Gourry, para me ameaçar.
‘Lance o feitiço, ou o mato.’
Então, qual era o problema? Por que só não me deixava entrar de uma vez? Com Rashart morto, era difícil acreditar que tentaria enviar um novo assassino... Ou melhor, um novo assassino de mentirinha.
“De qualquer forma... Acho que isso significa que estamos nos retirando por hoje. Acho que eles não vão nos deixar entrar, não importa quantos buracos façamos na parede.”
“Concordo. Nesse caso, gostaria de ficar no templo?”
Recusei-me por um momento ao convite de Sylphiel, porém estaria sujeita aos caprichos do Mestre do Inferno onde quer que ficasse na cidade.
“Hum... Claro.” aceitei com um aceno de cabeça.
Pouco depois, ouvi o mesmo som pesado e abafado atrás de mim. Ao me virar vi que a entrada havia desaparecido, deixando apenas uma parede limpa de pedra cinza.
———
“Você é amiga de Sylphiel? Estamos muito felizes em tê-la aqui.”
Estávamos agora no templo de Ceifeed, escondido em um canto da cidade. O almoço estava na mesa, e o sacerdote chefe do templo, o pai de Sylphiel... Ou pelo menos algo feito à sua imagem, me cumprimentou com um sorriso.
Nossa! Fácil entender por que Sylphiel estava tão tentada pela ilusão...
Ele era um homem de quarenta e poucos anos com barba preta. Parecia uma pessoa... Er, amigável? Bom, ao menos em termos de aparência, não diferia em nada de um humano normal. E não só o sacerdote chefe. Os outros sacerdotes e sacerdotisas no templo, até mesmo as estátuas do Dragão Flamejante, pareciam autênticos.
E, no entanto, era evidente que eles não pertenciam àquele lugar. Para ser franca, ainda não tinha certeza de como me comportar perto deles, assim optei em agir com calma. Não era como se agir de forma cautelosa e hostil os fizesse revelar tudo. Além do mais, ficar com raiva e desconfiada o tempo todo era algo exaustivo.
Além de que esses peões nem sequer sabiam de toda a história... O que significava que minha primeira tarefa era descobrir exatamente o quanto sabiam.
Concordei com a cabeça enquanto o sumo sacerdote conversava um pouco, esperando minha chance de perguntar de forma casual: “Ei, Reverendíssimo, o senhor sabe o que é aquele prédio no centro da cidade?”
Sylphiel me lançou um olhar silencioso, embora crítico. Sim, entendia como ela se sentia. Já sabia que era a base do Mestre do Inferno, entretanto lá estava eu perguntando ao sumo sacerdote sobre isso à queima-roupa. Pessoalmente, só queria ver qual seria a sua reação, todavia para o sumo sacerdote, provavelmente parecia apenas uma pergunta maldosa. Sylphiel ficou chateada por eu estar dando trabalho para um sósia do seu pai, só que também não podia me dar trabalho demais quando sabia, no fundo, que era tudo uma farsa.
Como esperado, minha pergunta trouxe uma expressão preocupada ao rosto do sacerdote.
“Receio não poder responder a isso.” disse ele.
“Como assim?” perguntei de forma despreocupada enquanto colocava um rolinho de aspargos e salmão defumado na boca.
“Porque... Não fui obrigado a responder.” respondeu.
Com isso, Sylphiel e eu paramos de comer.
“Você não foi... Obrigado a responder?”
“De fato. Assim como os humanos não foram feitos para respirar debaixo d’água sem assistência mágica, nós não fomos feitos para responder a essa pergunta. Apesar de entendermos que é uma situação bastante patética...”
Sua voz foi um murmúrio baixo com um sorriso modesto nessa última parte.
Wow, ele... Foi aí que me dei conta. Ele tinha uma autoimagem como pessoa... Sendo mais específica, como o sacerdote chefe de Sairaag... Mas, ao mesmo tempo, sabia que era uma cópia criada pelo Mestre do Inferno.
Porém se o Mestre do Inferno ditava o que seus fantoches podiam ou não fazer nos mínimos detalhes, era óbvio que não conseguiria nenhuma informação deles. Pior ainda, tentar forçar mais o assunto seria apenas um tormento para o coitado, já que só poderia revelar coisas que Fibrizo queria que eu soubesse.
Hahh... Soltei um suspiro profundo e, em seguida, retomei minha refeição em silêncio.
———
“Então... O que pretende fazer?” perguntou Sylphiel, com seu olhar cansado em mim.
Já era mais tarde naquela tarde. O templo havia me hospedado no quarto de Sylphiel, onde me encontrava agora afundada em uma cadeira depois de trazer minha bagagem. Olhei distraidamente pela janela, apreciando a brisa fresca que trazia os sons de uma cidade movimentada.
“O que você quer dizer?” perguntei, voltando-me para Sylphiel, parada na porta.
Por algum motivo, ela desviou o olhar.
“Disse que salvaria Sir Gourry... Contudo aqui estou, sentada, sem fazer nada. E porque não consegui salvá-lo antes da sua chegada, o Mestre do Inferno ainda pode ameaçar sua vida para forçá-la a lançar aquele feitiço proibido. Se o fizer, Lina... O que fará?”
Após um período de silêncio, balancei a cabeça em silêncio.
“Sei lá. Se tivesse me perguntado isso antes de saber o que o Senhor dos Pesadelos de fato é, o mais provável é que teria dito: ‘Contanto que consiga evitar que o feitiço saia do controle’. No entanto... Para ser bem honesta, não tenho nenhuma confiança na minha capacidade de lidar com a versão perfeita.”
“Nesse caso...” começou Sylphiel, com o olhar melancólico.
“Mesmo assim...” interrompi-a, balançando a cabeça de novo. “Uma coisa que posso dizer com certeza é que não vou abandonar Gourry.”
“Sim... Claro que não.” sussurrou Sylphiel, e então se calou. Por um tempo, os únicos sons no cômodo foram o vento e o leve clamor da cidade lá fora.
“Vamos!” falei, quebrando o silêncio.
“Para onde?”
“Para aquele prédio estranho. Quero dar uma olhada outra vez. Duvido que consigamos entrar, entretanto é melhor do que ficar sentada em um quarto quebrando a cabeça com coisas que estão além do nosso alcance.”
“Sim, acho que tem razão.” sussurrou Sylphiel, e então devolveu um leve sorriso. “Muito bem. Permita-me acompanhá-la.”
“Ótimo. Então vamos embora.” eu disse, agitando minha capa.
———
“O quê... Houve?” sussurrei, encarando o prédio no centro de Sairaag.
“A porta está aberta agora.” sussurrou Sylphiel, também incrédula.
Isso mesmo. Quando Sylphiel e eu voltamos ao templo de pedra, encontramos a porta escancarada, como se estivesse nos esperando. Quer dizer... Por que se dar ao trabalho de distorcer o espaço para nos manter fora de manhã e depois escancarar as portas quando voltamos à tarde? Essa coisa não tinha nenhum tipo de temporizador, tinha?
“Me pergunto por que estava fechada mais cedo...” murmurou Sylphiel.
“Não faço ideia. Talvez tivessem que preparar a festa de boas-vindas.” respondi em desespero. “Suponho que podemos interpretar isso como um sinal de que estão prontos para nós agora.”
“Sim... Acho que você está certa.” disse ela, e eu a ouvi engolir em seco. “Muito bem. Então... Vou a acompanhar.”
É, imaginei...
“Aposto que não consigo te impedir, né?” perguntei, estremecendo.
“Não consegue!” Sylphiel respondeu da mesma forma.
Certo! Estou entrando, exatamente como você queria, Mestre do Inferno Fibrizo! Respirei fundo e atravessei a porta. Desta vez, em vez de ser jogada de volta para fora, entrei no prédio sem problemas. Sylphiel estava um passo atrás de mim.
Lá dentro, não havia nada além de uma passagem de aparência comum que se ramificava à minha esquerda e à minha direita. As paredes eram cinza-claro, assim como o exterior do prédio, e um pouco curvadas em ambas as direções.
Aha... Não hesitei em ir para a direita.
“Sabe para onde devemos ir?” perguntou Sylphiel, me seguindo um passo atrás.
“Não!” respondi com indiferença. “Mas aposto que vamos acabar no mesmo lugar de qualquer maneira. O caminho bifurcado deve servir para nos separarmos ou para nos deixar ansiosas com a rota que escolhermos. Então, digo que devemos seguir o caminho que quisermos, com confiança e sem preocupações. Sabemos que o Mestre do Inferno quer que eu o alcance, então não me deixará vagando por aí para sempre.”
“Entendo...” concordou ela, parecendo um pouco nervosa.
Seguimos pelo corredor mal iluminado. Imaginei que ficaria mais escuro à medida que avançássemos, porém, apesar de não haver lâmpadas ou iluminação mágica, mantinha o mesmo nível de luminosidade. É claro que também não havia sinal de musgo luminescente nas paredes. Era mais um tipo de iluminação liminar, como se estivéssemos vagando por um lugar onde a escuridão e a luz coexistiam naturalmente.
Depois de caminhar um pouco, enfim encontramos uma porta à nossa esquerda que levava mais para dentro do prédio. Parecia bastante ordinária, sem nenhuma decoração, incluindo uma maçaneta de aparência banal. Suspeitei que fosse feita do mesmo material das paredes.
“Acho que devemos entrar.” propus, olhando para Sylphiel, que assentiu de volta.
Coloquei a mão na maçaneta e a girei devagar. A porta se abriu sem fazer barulho.
A sala do outro lado era estranha, espaçosa e redonda, com uma espécie de pilar de cristal no centro. Embora, em termos de impressão geral, parecesse menos um pilar e mais uma massa. Estendia-se do chão ao teto e era espessa o suficiente para esculpir outra sala inteira.
“O que...?” Sylphiel sussurrou, quando, naquele momento, uma forma bruxuleante apareceu no centro do cristal azul-claro.
Poderia ser...?
“Sir Gourry!” Sylphiel gritou enquanto corria até o pilar.
De fato, a pessoa pairando no centro do cristal era sem dúvida Gourry. Ele apenas flutuava ali em silêncio, com os olhos fechados. Era difícil dizer em que condição se encontrava.
“Sir Gourry! Sir Gourry!” Sylphiel gritou enquanto batia no cristal.
Contudo, quer ele a ouvisse ou não, Gourry não se moveu.
“Não adianta. É apenas uma projeção.” disse uma voz familiar de dentro do pilar de cristal.
A imagem de Gourry ondulou e depois desapareceu. No instante seguinte, foi substituída por uma pequena figura vestida de preto.
“Fibrizo!” gritei.
“O quê?” Sylphiel ofegou, afastando-se alguns passos do cristal. “Esta... Criança é...”
“Ah, acho que não nos conhecemos antes. Não sei como conheceu Lina Inverse, todavia presumo que seja uma ‘amiga’ na linguagem humana. É um prazer conhecê-la. E sim, sou o Mestre do Inferno Fibrizo, um dos cinco tenentes do Lorde Olhos de Rubi Shabranigdu. Sou o rei deste Palácio do Inferno e de Sairaag, a Cidade dos Mortos. Nosso contato será breve, no entanto lhe dou as boas-vindas de qualquer maneira.” disse ele, terminando sua apresentação absurda com uma reverência.
“O que fez com Sairaag? O que aconteceu com Flagoon? Com os habitantes da cidade?” perguntei.
Em resposta, tudo que consegui foi um sorriso, seguido de...
“A árvore morreu no instante em que cheguei. Acredito que se alimentou de miasma... Entretanto foi incapaz de processar a quantidade que liberei, assim acabou explodindo. É claro que isso tornaria impossível para a maioria dos humanos se aproximar da cidade, dessa forma, depois de recriá-la, também suprimi o miasma na área.”
É claro... Intencionalmente ou não, Fibrizo neutralizou o miasma da Floresta do Miasma.
“Então usei o poço deixado pelas raízes da árvore como base para o meu Palácio do Inferno.”
“Então, quem são as pessoas na cidade? Ilusões? Ou...”
“Ah, essas. Extraí os pensamentos remanescentes dos moradores falecidos e lhes dei forma física. Com várias restrições, é claro.”
“Então... Meu pai está...” Sylphiel perguntou em um rouco tom.
“Morto há muito tempo, de fato. O que encontrou é mais como... Uma marionete que criei com a sua consciência. Imagino que tenha percebido, não é?” Fibrizo respondeu de maneira despreocupada e irônica.
Se os cidadãos fossem pensamentos residuais em forma física, nesse caso o sumo sacerdote e a mulher na barraca eram mais ou menos como fantasmas. Em outras palavras, o Mestre do Inferno Fibrizo havia transformado a Cidade dos Mortos em uma verdadeira cidade fantasma...
“Isto tudo é bem desagradável!” falei. “E tenho certeza de que não nos deixou entrar aqui mais cedo por causa de algum outro plano que tem em mente, certo?”
“Naturalmente!” admitiu o Mestre do Inferno no cristal sem pestanejar. “Preparar todos esses truques e armadilhas é tão divertido. E é maravilhoso quando a vítima cai neles.”
“Que pena por Rashart, então, né?”
“Ah... Sim, aquilo.” ele sorriu sem jeito com a minha piada. “Fiquei feliz por tê-lo seguindo minhas ordens depois que Gaav se foi, embora não esperasse que fosse derrotado tão facilmente. Com certeza foi um péssimo ator. Ver a sua incompetência me dá um pouco mais de simpatia por Gaav.”
“Já chega!” Sylphiel gritou, interrompendo o Mestre do Inferno. “Onde está Sir Gourry? Ele está seguro?”
“Ah, aquele homem? Está bem... Por enquanto. Seu corpo está selado dentro de um cristal que fiz de poder mágico, em estado de animação suspensa. Não me diga que você sente algo por ele.”
“Isso não é da sua conta!”
“Que seja. Permita-me explicar, então. Seu amigo está selado dentro da parte mais baixa deste pilar de cristal, que atravessa o meu Palácio do Inferno como suporte. Você é livre para tentar resgatá-lo... Se achar que pode. Mais importante, tomei a decisão consciente de me revelar porque há algo que queria lhe mostrar. Aqui.”
Enquanto falava, o Mestre do Inferno no cristal estalou os dedos. Sua imagem desapareceu em seguida e foi substituída pela cena de duas figuras familiares caminhando por um corredor cinza-claro em algum lugar.
“Amelia! Zel!” de fato, eram meus dois companheiros desaparecidos.
“Eles passaram por aqui ontem, assim decidi convidá-los antes do previsto.” disse a voz do Mestre do Inferno, pelo visto vinda de todos os lugares e de lugar nenhum ao mesmo tempo.
“Não me diga que vai...”
“Não vou matá-los. Ainda não. Mas quero deixar claro que a maior parte do que vocês, humanos, são capazes de fazer não pode me fazer mal.”
“E daí? Eles estão vagando pelo Palácio do Inferno o dia inteiro?”
“Mais ou menos. Claro, estou brincando um pouco com o tempo. Para os dois, não faz muito tempo que entraram.”
“Está controlando o tempo?” Sylphiel gritou em choque.
“Está exagerando, tenho certeza.” respondi com calma. “Deve estar alterando os sentidos deles para desacelerar a percepção e cansá-los.”
“Exato. Parecia um saco explicar em detalhes, então pensei que ‘brincar com o tempo’ bastaria. De qualquer forma... Vejo que seus amigos enfim chegaram.”
Chegaram onde?
Amelia e Zelgadis no cristal pararam em frente a uma porta. Após se entreolharam, a porta se abriu devagar sozinha. Após hesitarem um momento, os dois passaram por ela.
A cena no cristal mudou depois, revelando o interior da sala. Não sei como a coisa funcionava, porém era realmente um pequeno dispositivo inteligente.
Amelia e Zel se encontravam agora em uma grande câmara idêntica àquela em que estávamos. Pude ver suas costas se aproximando, e um pouco à frente deles... Estava uma pequena figura em frente a um pilar de cristal que ia do chão ao teto.
“Então você estava nos esperando aqui... Deve ter sido exaustivo!” disse Zel, sua voz ressoando ao nosso redor.
“Eu não estou esperando por vocês. Mas Lina Inverse acabou de chegar, entendem...”
“Lina? Já?”
“Isso mesmo. Queria demonstrar que, não importa o quanto vocês dois tentem, não têm chance contra mim.”
“Não tão rápido!” declarou Amelia, apontando o dedo ousadamente para o Mestre do Inferno. “Não importa o quão poderoso seja, o mal nunca prosperará! Enquanto as chamas da justiça arderem em nossos corações, seus planos desprezíveis nunca se concretizarão!”
“Oh... Então são heróis da justiça, hein?” perguntou o Mestre do Inferno, provocando.
Amelia permaneceu em silêncio por um segundo, mesmo apontando para Fibrizo, e então respondeu.
“Todos nós, exceto Lina!”
“Ei! Amelia!” gritei para ela, ainda sabendo que não podia me ouvir. Quer dizer, também não me considerava um herói, contudo dói ouvir alguém expor!
“Ah, sim, claro!” continuou Fibrizo. “No entanto você se refere à sua concepção humana de justiça, não é? Para nós, mazokus, justiça seria devolver o mundo ao vazio.”
“Não poderá me enganar com suas minúcias triviais! Um coração cheio de justiça nunca vacila!”
“Está longe de ser trivial, posso lhe assegurar. Todos nós viemos da mesma fonte, entende? A única diferença é que o seu lado busca continuar esta existência, enquanto nós buscamos o oposto... Destruí-la. Se perguntar a nós, mazokus, a vida não passa de contradições ilimitadas. Todavia, no vazio, o vazio é tudo o que existe. Preferimos a ordem perfeita do nada à perpétua negação da existência. É só a nossa natureza.”
“Já disse que não darei ouvidos às suas bobagens!” declarou Amelia, impassível.
Ela estava se recusando a ouvir ou apenas não entendia o que Fibrizo estava dizendo? Talvez eu não devesse pensar muito nisso...
“Além do mais, se querem tanto destruir algo, por que não se destroem? Ninguém os impediria!”
“É por isso que não entendem...” disse Fibrizo, suspirando em resposta. “Não queremos apenas acabar com a nossa própria existência. Nosso objetivo é destruir o mundo inteiro. Entretanto não espero que me entenda. Para ser justo, nós o consideramos igualmente inescrutável... Por que raios quer continuar existindo? Nós simplesmente não fomos feitos para nos compreendermos.”
“Sendo esse o caso... Não há nada a fazer a não ser lutarmos, certo?” Zelgadis murmurou.
“Correto!” respondeu o Mestre do Inferno com um aceno de cabeça e um grande sorriso. “Mas, para ser honesto, não me parece justo lutar com os dois aqui. Se quisesse me livrar de vocês, poderia transformá-los em pó antes que um único feitiço saísse dos seus lábios. Só que não seria muito divertido, seria? Então, por que não jogamos um joguinho?”
“Um jogo?” Amelia perguntou, franzindo a testa ao ouvir as palavras de Fibrizo.
“Exato. As regras são simples. Os dois podem me atacar. Vou me defender, porém não revidarei. Se conseguirem me derrotar nessas condições, então serão os vencedores. Se não, eu vencerei.”
“Essa é uma desvantagem bem grande.” comentou Zel. “E daí? Se vencermos você libertará o Gourry?”
“Correto outra vez.” respondeu Fibrizo. A imagem do Gourry brilhou no pilar atrás. “Ele está em animação suspensa, selado dentro do pilar de cristal bem no fundo do meu Palácio do Inferno. Se conseguirem me derrotar, naturalmente não sobrará ninguém para impedi-los de salvá-lo.”
“Contudo se perdermos, morreremos, certo?”
“Certamente que não!” respondeu o Mestre do Inferno, balançando a cabeça com um sorriso. “Se perderem, servirá apenas como prova de que humanos como vocês jamais poderão me derrotar. É tudo o que quero.”
Claro... Fazia sentido. Seu ‘jogo’ aqui não estava voltado para Amelia e Zel. Era uma mensagem codificada para mim: ‘Se quiser me derrotar, terá que usar um Giga Slave.’
“Muito bem!” disse Amelia, apontando de novo para Fibrizo. “Vou fazê-lo se arrepender desse seu excesso de confiança!”
Quem é você pra fala sobre excesso de confiança, garota...
Amelia então começou a entoar um feitiço. Zel fez o mesmo. Entretanto Fibrizo apenas ficou parado ali, sorrindo confiante.
Certo! Hora de irmos também!
“Vamos!” gritei.
“Muito bem!” Sylphiel concordou.
Enquanto Fibrizo brincava com Amelia e Zel, íamos direto para o porão. Se conseguíssemos encontrar Gourry e salvá-lo nós mesmas, estaríamos em uma situação confortável. Claro, duvido que fosse tão fácil, mas esse plano ainda nos reuniria com nossos companheiros, na pior das hipóteses.
Sylphiel e eu corremos para o outro lado do cristal e, surpreendentemente, encontramos uma escada que descia bem no meio do chão. Não esperava que estivesse ali, porém como o Palácio do Inferno assumia a forma que Fibrizo quisesse, era óbvio que queria que descêssemos. Não havia como isso nos levar direto a Gourry. O Mestre do Inferno provavelmente pretendia nos levar à sua luta com os outros para que pudéssemos testemunhar seu poder com nossos próprios olhos.
Certo! Vamos lá então! Sylphiel e eu nos entreolhamos e assentimos, depois começamos a descer... A escada que nos levaria a Fibrizo.
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