sábado, 9 de outubro de 2021

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 01 — Capítulo 04.2

Capítulo 04.2: Quando o Verão Estava a Todo Vapor


“Achoo!”

“O que foi, Merry? Pegou um resfriado?”

“Nah, a magia do resfriamento de ar daquela loja está me afetando... Estava muito frio lá.”

“De repente, indo disso para aquilo... Faz meu corpo parecer completamente fora de sintonia.”

Angeline, Miriam e Anessa caminharam pelas ruas do centro de Orphen, reclamando da magia refrescante de um restaurante que não costumavam visitar.

No final, depois de salvar Seren e se despedir dela, Angeline foi forçada a voltar para a capital. Seren mal conseguiu ver o pai enquanto ainda estava vivo. Com toda a sua gratidão, Seren queria dar as boas-vindas a Angeline como uma estimada convidada, contudo Angeline só participou de um jantar e recusou o resto.

Angeline não tinha dias de férias suficientes para visitar Turnera e voltar a tempo. E assim, ao retornar, passou todo o tempo restante escrevendo uma carta. Suas cartas sempre eram escritas em qualquer tempo livre que pudesse encontrar, e sempre teria tanto para compartilhar que mal conseguia escrever nada, mas desta vez optou que só deixaria tudo de lado.

Ela escreveu, apagou, escreveu e apagou, uma e outra vez. Esta carta era diferente de qualquer outra que havia escrito antes e demorou quase uma semana para terminar. A essa altura, suas férias haviam acabado e já estava de volta a sua rotina normal, correndo frenética de um lado para outro em pedidos difíceis.

Ainda ontem Angeline havia retornado da subjugação de um kraken — um enorme demônio parecido com uma lula — em Elvgren, um porto marítimo do oeste. Amanhã iria para o leste de novo. Ela realmente estava sendo enviada em todas as direções e era mantida ocupada a maior parte do tempo. Esses eram demônios com os quais apenas aventureiros de alto escalão podiam lidar, então havia pouco que Angeline pudesse fazer a respeito.

Em qualquer caso, Angeline tinha o dia de folga e, embora, claro, não pudesse ir ver Belgrieve, não odiava passar seu tempo com os membros da sua equipe, que também eram suas boas amigas.

“Mesmo assim, não temos tempo para usar todo esse dinheiro que estamos ganhando... Não que eu tenha algo em mente.” lamentou Anessa.

Miriam sorriu. “Então, vamos acabar com isso hoje. Há uma confeitaria com a qual estou curiosa.”

“Sequer vai fazer alguma diferença... O que você quer fazer, Ange?”

“Eu aprovo os doces.”

“Tudo bem, são dois contra um. Lá vamos nós.”

Miriam liderou as outras duas com um salto.

A confeitaria era um prédio grande voltado para a estrada principal. Seu interior recém-mobiliado era limpo e arrumado; os clientes colocavam os doces que queriam em uma bandeja e depois levavam ao caixa para pagar por tudo. Havia mesas e cadeiras, dentro e fora da loja, para comer doces já pagos.

Os olhos de Angeline e Miriam brilharam para os doces que cintilavam em todas as cores do arco-íris. Embora Anessa permanecesse um passo atrás das duas, ela também engoliu em seco em seu esplendor.


“Wow, são tão bonitos. Saborosos também.”

“Merry... Teremos que Encará-los um de cada vez...!”

“Tudo bem! Nós podemos fazer isso!”

“N-Não exagerem, vocês duas...”

Angeline e Miriam deram a volta e encheram as bandejas com todos os doces que lhes interessavam, enquanto Anessa, ainda fingindo que não se importava, escolheu vários para ela. Apesar de serem ranks S e AAA, no fundo, ainda eram garotas. Depois de pagar uma fortuna para a caixa, que ficou paralisada com um sorriso no rosto ao ver as montanhas de doces, as três se dirigiram para uma mesa.

“Um pouco demais, talvez?”

Miriam piscou ao olhar para trás, para sua própria montanha.

Angeline balançou a cabeça.

“Sem problemas... Vou pedir um pouco de chá.”

Assim que o pedido do chá floral foi feito, as garotas mergulharam de imediato nos confeitos incrivelmente doces e deliciosos. Os rostos de Miriam e Angeline haviam relaxado e se tornado uma bagunça desleixada.

“Hmm, delishia.”

“Incrível... Anne, me passa aquele.”

“Ei, esse é meu... E esperem aí, vocês acabaram de almoçar. Onde todos esses doces estão indo parar?”

Para a pergunta de Anessa, as outras duas inclinaram a cabeça.

“Tenho um segundo estômago para doces. Certo, Ange?”

“É apenas senso para uma senhorita...”

Isso não faz sentido, Anessa estava prestes a dizer, mas em vez disso suspirou. No entanto, quando provou sua parte, descobriu que era realmente delicioso, muito mais do que esperava. Assim que viram que até Anessa havia ficado um pouco hipnotizada, Angeline e Miriam olharam-na com sorrisos presunçosos.

Enquanto mastigava um bolo de mel, Angeline murmurou: “É bom... Gostaria de poder dar um pouco para o pai...”

“Certo... É uma pena o que aconteceu.”

“Você não foi capaz de ir para casa, hein?”

“Sim... E não sei quando poderei tirar minhas próximas férias. Nunca se sabe aonde a vida o levará... Nom, nom.” Angeline encheu as bochechas com um olhar triste no rosto. Anessa e Miriam trocaram sorrisos irônicos.

“Porém a que garota que salvou era a filha do Conde de Bordeaux, não é?” Anessa tentou consolá-la.

Angeline parou por um momento.

“Quem é o conde Bordeaux?” perguntou.

“O que...? Quero dizer, ele é o senhor do território do norte do qual Turnera faz parte, um cara muito importante. É incrível ter conexões com um nobre influente.”

“Não poderia me importar menos com isso... Porém estou feliz por Seren ter visto seu pai.”

“Entendo.”

As bochechas de Anessa ficaram um pouco vermelhas. Ela se sentiu um pouco envergonhada de ver isso de uma forma tão calculista, embora tal perspectiva devesse ser parte integrante de um aventureiro.

“Esqueça...” Angeline lavou o conteúdo de suas bochechas protuberantes com um gole de chá. “Da próxima vez, vou vê-lo com certeza...! Se eu continuar completando as missões nesse ritmo, a guilda não poderá negar meu próximo pedido de férias. Mwahaha... Anne, Merry, apenas sigam minha liderança.”

A risada suspeita de Angeline foi recebida por uma sacudida cansada da cabeça de Anessa.

“Que tal pensar sobre como nos sentimos, sendo arrastadas desse jeito... Não que eu realmente me importe.”

“Heh heh, posso visitar todos os tipos de lugares e comer comidas deliciosas. Sem objeções aqui.” Miriam riu antes de tomar outro gole doce.

Para ganhar sua próxima folga, Angeline estava pegando e completando todas e quaisquer missões que aparecessem. Sua velocidade era várias vezes maior que a de um aventureiro normal. Do jeito que Angeline via, quanto mais realizava, mais difícil seria para eles recusarem seus pedidos.

Como um subproduto de todo o seu trabalho árduo — embora este fosse suposto ser o objetivo principal de um aventureiro — Angeline estava economizando uma quantidade incrível de dinheiro. Seu equipamento já era de tão alta qualidade que tão pouco teve de pensar em substituí-lo. Ela fazia alarde frivolamente entre as missões, mas no final das contas estava ganhando dinheiro mais rápido do que podia gastá-lo.

“Se não temos nenhum uso...” Anessa murmurou de repente. “Talvez devêssemos doar um pouco para o orfanato.”

“Sim, verdade! A irmã iria adorar.” Miriam concordou.

Angeline nunca tinha ouvido nada sobre isso antes.

“Orfanato...?” perguntou, inclinando a cabeça.

Anessa coçou a bochecha sem jeito, um sorriso irônico no rosto. “Oh, fomos criadas no orfanato da igreja.”

“A irmã era como uma mãe para nós. Na verdade, nunca tive um pai.”

“Certo. Nós mal tínhamos dinheiro naquela época, então nos tornamos aventureiras por desespero.”

“Certo, certo. Nós, as crianças do orfanato, nos juntamos e essa foi a nossa primeira equipe.”

“A irmã foi super contra, no entanto.”

Anessa deu uma risadinha, enquanto Miriam vertiginosamente deu uma mordida em outra guloseima.

Os olhos de Angeline se estreitaram. Eu não sabia disso. Pensando bem, não sei muito sobre as duas, Angeline percebeu. Ela sabia que não era muito faladora, e ter uma agenda de trabalho tão ocupada significava que suas conversas sempre giravam em torno de demônios e outros aventureiros.

Fazendo um pouco de barulho, Angeline ajustou a cadeira e se virou para encará-las com franqueza.

“Eu fui abandonada. Meu pai me pegou nas montanhas...”

“Eh?”

“Wow, isso é loucura. Conte mais!”

Anessa e Miriam se inclinaram, profundamente intrigadas.

Tudo bem. Hoje, vou contar tudo a elas — sobre a vila, sobre o pai, sobre mim... E vou perguntar sobre elas também — sobre sua infância, o orfanato e a irmã.

Angeline pediu outra xícara de chá.

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