Capítulo 25: Em um Quarto no Segundo Andar
Em um quarto no segundo andar de uma pousada. A propriedade de Bordeaux ficou inutilizável com o ataque dos monstros, então o conde Malta foi forçado a descansar aqui. Como uma pousada para aventureiros, viajantes e mercadores, não era de alta classe de forma alguma. O quarto continha apenas uma cama e duas cadeiras. Não havia uma única peça decorativa — nada melhor do que um chiqueiro, no que dizia respeito a esse nobre.
O Conde Malta bateu na mesa com fúria.
“Por que a Helvetica está viva?”
“Não grite comigo! Eu me certifiquei de que um monte de inimigos fortes aparecesse em sua mansão!”
Charlotte, que estava sentada em uma das cadeiras, estava tão irritada quanto, batendo os calcanhares nas pernas da cadeira.
O garoto encostado na parede — Byaku — abriu a boca. “Não grite.” disse ele, soando um pouco farto.
“Silêncio!” o conde gritou. “Para o inferno com Salomão! Não serviu para nada!”
O rosto de Charlotte se contorceu em uma expressão de desgosto com isso, mas não prestando atenção, Malta andou pela sala, dando pisadas forte a cada passo.
“Sasha é incompetente em política e, embora Seren seja uma intelectual, ainda é uma criança. Nenhuma das duas está apta para ser a senhoria! Teria sido simples enquanto a Helvetica estivesse fora de cena...”
O conde Malta pretendia usar a confusão para matar Helvetica e depois se fazer passar por herói que salvou a cidade. Então, com o apoio da facção anti-Bordeaux, iria se assentar como o senhor regional, mesmo que apenas como procurador. Uma vez feito, Sasha e Seren seriam a menor de suas preocupações.
Conde Malta era um mestre em usar sua autoridade para se livrar de seus oponentes políticos — na verdade, isso foi quase tudo o que fez na capital. Uma vez que elas fossem assassinadas ou encarceradas por qualquer motivo, estaria livre para fazer o que quisesse. Assim, os oportunistas pulariam em seu vagão, e a região de Bordeaux seria sua. Pelo menos, esse era o plano... Contudo estava tudo arruinado agora. Com Helvetica viva e bem, os nobres anti-Bordeaux não podiam levantar um dedo em seu contra. Talvez até vendessem o Conde Malta para salvar suas próprias peles.
Malta bateu no chão, seu estômago flácido balançando enquanto xingava. “Droga! Droga! Isso não pode estar acontecendo! Estou cercado de incompetentes!”
“Foi por isso que o avisei para esperar...” Byaku disse com um suspiro. “Teria dado certo se você esperasse que fossem embora. Você é o incompetente aqui, Conde Malta.”
O conde ficou vermelho e parecia que poderia ter um aneurisma. Não importa o que tentou dizer, ele estava muito sufocado para respirar e pronunciar uma palavra, e sua boca ficou franzida como um peixe encalhado. Então, tomou um gole direto de sua garrafa de vinho para se acalmar, o líquido vermelho escorrendo do canto da boca para baixo do colarinho da camisa.
Byaku estava ficando mais irritado a cada minuto que tiveram que formar um relacionamento cooperativo com um homem tão tolo.
Charlotte zombou. “Ainda não acabou. Resumindo, só precisamos da Helvetica morta, certo?”
Ofegante, Malta limpou a boca com as costas da mão. “É verdade... Nós não falhamos. Esta noite... A tragédia acontece, e Helvetica é atacada por uma nova onda de mortos-vivos, e perece... Ha... Haha...” seus olhos ficaram vidrados. Incapaz de admitir sua perda, mas ainda mais incapaz de deixar de lado seu desejo de poder — e o que isso lhe trouxe?
Byaku o observou com olhos frios. “Sigh...”
Quando Charlotte se levantou e tentou sair do quarto, o conde a chamou para deter. Murmurando para ela algo indescritível, e Charlotte imediatamente expôs seu desgosto.
“Está louco?” contrapôs. “Não há como eu fazer... Algo tão horrível!”
“Nós seremos derrotados de outra forma... Deveria entender a dor de perder a família mais do que a maioria. Com isso, poderíamos desestabilizar todos eles com facilidade até o cerne...”
“Basta!” Charlotte gritou e saiu do quarto. Byaku seguiu atrás.
Havia muito barulho na pousada, enquanto os aventureiros se divertiam no primeiro andar. Suas conversas altas e calorosas contavam histórias da primeira vez que viram uma aventureira Rank S lutar, e como a magia do demônio das sombras tinha sido aterrorizante. Observando de um canto furtivo, Charlotte franziu a testa.
“Isso é o pior... Eles vão esquecer o milagre de Salomão nesse ritmo.”
“Seus métodos não funcionarão contra aqueles que não têm reclamações com o sistema atual. É apenas uma farsa, afinal.”
“Então como você chama o que a Igreja de Viena está fazendo? Hmph... Inútil.” Charlotte cerrou os dentes. Ela se lembrou do rosto composto de Helvetica, embora só a tivesse visto por um breve instante. Era uma mulher que podia assumir o controle total do humor apenas por estar presente. Portando-se como se a felicidade e boa sorte fossem apenas naturais, embora Charlotte tivesse perdido tudo.
“Eu não aguento...!”
Charlotte não sentiu nada além de desgosto com a proposta do conde Malta, porém agora queria conceder o impensável à condessa. Charlotte a desprezava. Entendia o quão irracional estava sendo em algum lugar em seu coração, no entanto sua racionalidade não era suficiente para manter seu ódio e desgosto sob controle.
Charlotte olhou para Byaku. “Vamos precisar de um pouco de caos. Byaku, vamos acabar com Helvetica, não importa o que aconteça.”
Byaku fechou os olhos sem dizer uma palavra.
○
Cadáveres espalhados por toda a propriedade exalavam seu odor fétido, o fedor puro tornando tudo difícil de suportar. Além do mais, era um fato inescapável que já haviam sido humanos; assim, os esforços de limpeza estavam tendo dificuldade em chegar a qualquer lugar.
Mesmo assim, servos e soldados limparam os cadáveres dos mortos-vivos. Em simultâneo, os corpos daqueles que foram mortos na luta contra os monstros foram reunidos em um lugar, onde oraram em silêncio. A noite caiu quando as coisas se acalmaram, e Belgrieve soltou um suspiro profundo em um dos quartos que felizmente permaneceram intocados.
Todo o seu corpo doía; tendo se esforçado demais mais uma vez, e ainda que fosse inevitável, lamentou as dores. Angeline não tinha acordado desde o momento em que desmaiou nas suas costas. Estava dormindo na cama, roncando. Anessa e Miriam tinham puxado cadeiras para vigiá-la, mas à medida que a noite se aproximava, o próprio cansaço as pegou e ambas cochilaram.
Helvetica e os outros pareciam estar discutindo as coisas em outro lugar. Belgrieve teria gostado de participar se estivesse bem o suficiente, porém agora que havia se sentado, parecia muito incômodo se levantar. E, no entanto, temia cair no sono — ele não tinha certeza se conseguiria ficar de pé novamente se o fizesse.
Tendo ficado lá, sentado, encarou em silêncio pela janela até que houve uma batida na porta.
“Entre.” disse, e Ashcroft entrou.
“Desculpe por incomodá-lo quando está descansando, Sir Belgrieve. Como está a condição de Angeline...?”
“Não se preocupe... Está apenas dormindo, até onde posso dizer. Ela não está com dor, e acredito que deve se recuperar depois de uma noite de descanso.”
Ashcroft olhou para as meninas adormecidas na cama e soltou um suspiro aliviado. “Que bom... Elas são as salvadores de Bordeaux. Devemos dar-lhes a nossa gratidão.”
“Haha, você está exagerando. Os aventureiros e soldados lutaram juntos.”
“Não é exagero, Belgrieve... Se você não tivesse lutado pela mansão, então eu — assim como senhorita Helvetica e senhorita Seren — estaríamos todos mortos...” Ashcroft disse enquanto colocava uma pequena garrafa na mesa. “Este é um símbolo da minha gratidão... Por favor, pegue.”
“Hum?”
“Um elixir élfico. Não temos muitos, mas faz maravilhas em feridas e fadiga. É bem diferente do elixir imperial que tomei esta manhã.”
Os elixires fabricados no território élfico ao longo da cordilheira do norte eram muito mais eficazes do que os feitos pelos magos do império. Seus ingredientes eram mais raros também, e custava um valor considerável. Ignorando aventureiros de alto escalão e nobres poderosos, a maioria das pessoas nunca veria um, muito menos os usaria um em suas vidas. Ashcroft gastara uma fortuna nessa garrafa, guardando-a para quando fosse absolutamente necessário.
“Não posso aceitar algo tão valioso...” Belgrieve acenou. “Vou ficar melhor com um pouco de descanso. Por favor, leve-o.”
“Não, quero que o tenha. Não é nem metade do que seria necessário para retribuir, porém é o máximo que posso oferecer. Por favor, pela minha honra.”
Foi difícil recusá-lo depois que de dizer tanto. Belgrieve coçou a cabeça, perturbado. “Entendo... Então aceitarei graciosamente.”
A expressão tensa de Ashcroft relaxou. Talvez temesse que Belgrieve fosse obstinado em sua recusa. Ele saiu com uma reverência, e o local ficou em silêncio mais uma vez.
Anessa e Miriam ainda dormiam, caídas sobre a cama.
Belgrieve ergueu a garrafa, examinando de perto o líquido dentro. Era um pouco viscoso, embora o tom azul do frasco tornasse difícil discernir sua cor real. Ele abriu a tampa e tentou sentir seu cheiro. Esperava algo afiado e medicinal, entretanto era quase como se tivesse sido transportado para a floresta com seu aroma refrescante e um tanto nostálgico. Apenas uma inalada e seu corpo parecia um pouco à vontade.
Foi então que Angeline soltou uma voz abafada. Belgrieve correu para sua cabeceira. Talvez estivesse tendo um pesadelo, pois sua testa estava franzida de forma dolorosa e seu corpo se mexeu sob as cobertas. Sua respiração estava um pouco áspera também.
Belgrieve estendeu a mão e acariciou sua testa para deixá-la à vontade. Angeline não estava com febre, felizmente, e pareceu se acalmar quando ele a acariciou.
“Você não se depara com algo assim todos os dias... Eu poderia muito bem usá-lo.” Belgrieve inclinou a garrafa, deixando uma única gota cair na boca de Angeline.
“Hmm.” Angeline murmurou enquanto o gosto se espalhava por sua boca. Por um momento, Belgrieve se perguntou se era amargo, mas isso foi dissipado quando viu sua aparência melhorar bem diante de seus olhos. Sua respiração agora estava tranquila, e sua tensão se esvaiu.
Tem uma eficácia incrível, pensou Belgrieve, assustado.
“Não sei o que farei se não puder me mexer amanhã...” ele ofereceu sua gratidão silenciosa a Ashcroft antes de deixar uma gota do elixir cair nas costas de sua mão. Era âmbar e espesso, como mel, contudo fluía um pouco mais suavemente. Levando-o à boca, Belgrieve deu uma lambida. Ao contrário de todas as coisas que imaginava, não tinha gosto, embora seu nariz estivesse perfurado pelo cheiro de grama fresca. Para sua estranheza, seu corpo parecia um pouco mais leve. Esta única gota de remédio se espalhou com cada pulsação de seu coração. O calor voltou para seus membros um tanto gelados.
“Isso é bastante coisa...”
Belgrieve deixou a garrafa na mesa. Inclinou seu corpo na cadeira e fechou os olhos — a sonolência o atingiu logo em seguida, como se estivesse esperando com antecipação por este exato momento. No entanto, Belgrieve ainda estava um pouco inquieto e não podia confiar nesse impulso.
Quando cochilou, foi como se ainda mantivesse a consciência enquanto cochilava. Vagando por um mundo inconsciente com um conforto terrível.
○
Helvetica deu a ordem para capturar o Conde Malta, e Sasha deixou a propriedade com grande pressa. Malta com certeza estaria em uma das pousadas; era inconcebível que ele montasse acampamento do lado de fora.
Sasha não tinha intenção de perdoar aquele homem vulgar que havia colocado a Casa Bordeaux — e mais importante, os cidadãos de Bordeaux — no inferno. Disseram-lhe para não matá-lo, contudo...
Talvez eu possa pegar um braço, ou dois, ou três... Seus pensamentos correram soltos, antes que inclinasse a cabeça em um gesto pensativo.
“Ele só tem dois!” ela disse, rindo para si mesma.
A propriedade Bordeaux ficava a pouca distância da cidade, e Sasha tinha que passar pelo quartel e pelos galpões de ferramentas onde eram guardados todos os implementos agrícolas. A mansão em si, embora rústica nas bordas, ainda foi construída para a nobreza, porém a terra ao redor fazia com que parecesse mais a casa de um rico fazendeiro.
Havia também celeiros e estábulos, onde cavalos bem treinados mastigavam forragem. Esses cavalos foram mantidos selados, então estavam prontos para sair a qualquer momento. Sasha pulou e montou em um deles, conduzindo-o com maestria em direção à cidade com uma lâmpada na mão. Ela correu adiante com uma estranha sensação de desconforto sob o céu que estava ficando nublado mais uma vez, mascarando o brilho das estrelas.
Sasha passou por alguém no caminho — duas pessoas, na verdade. Sasha prontamente parou seu cavalo antes que eles passassem de sua vista.
“Parem!” Sasha estendeu a mão, circulando para frente do grupo de dois. “Meu nome é Sasha Bordeaux. Você não é a bela jovem que subjugou a sombra?”
Charlotte sorriu. “Estou honrado que se lembre de mim.”
“Haha, não poderia esquecê-la depois de tudo que fez por nós. De qualquer forma, aonde vai a essa hora?”
“Achei que deveria ver a senhorita Helvetica. Ouvi dizer que a mansão foi alvejada antes. Estava preocupada, então saí correndo, negligenciando a hora.”
Jovem como parecia, Charlotte assumiu uma atitude estranhamente arrogante, que não se encaixava bem com Sasha. Ela deve estar escondendo alguma coisa. Embora fosse de fato aquela que cuidou do demônio, era estranho a garota estar servindo ao Conde Malta. Sasha manteve sua atitude amigável enquanto desmontava de seu cavalo.
“Agradeço por suas intenções. No entanto, nossa casa ainda está uma bagunça — não terminamos de limpar e não estamos em condições de receber visitas.”
“Por favor, não se importe. Sou uma viajante, como pode ver. Não me importo com um pouco de sujeira.”
“Não, isso tem a ver com a nossa dignidade, entende... Já é tarde. Você não virá de novo pela manhã?” Sasha perguntou, enquanto deslizava furtivamente a mão em direção a empunhadura. Claro, as palavras da garota eram coerentes, no entanto era muito antinatural — ela talvez fosse muito mais perigosa do que o conde. Não era como se Sasha tivesse o tipo de raciocínio definitivo sobre o qual suas irmãs agiriam, mas seus instintos efoam afiados como uma aventureira.
Vou prendê-los enquanto estou nisso. No instante em que começou a desembainhar sua espada, Sasha sentiu arrepios em sua pele e saltou para trás em seguida. Houve um som surdo quando algo bateu no chão onde estava um momento atrás.
Seu cavalo relinchou em choque, virando e fugindo.
“Byaku? O que acha que éestá...!”
“É tarde demais. Fomos descobertos. Devemos matá-la.”
Byaku, que estava atrás de Charlotte, lançou um olhar afiado para Sasha. Seu capuz agora pendia sobre seu ombro, e seu cabelo — que deveria ser branco — agora era de um preto escuro.
“Sasha Bordeaux — culpe-se por ser apenas meio inteligente.”
“Maldito!” Sasha puxou sua lâmina. Mais uma vez, sentiu um calafrio e saltou para o lado; outra cratera cravava-se no chão.
Vendo Sasha recuar, Byaku agarrou Charlotte e gentilmente a colocou a uma distância segura antes de correr para a batalha uma vez mais.
“Maldições!” Sasha atirou sua lâmpada. Byaku balançou o braço e a lâmpada foi jogada para o lado pela mesma força invisível. O campo estava agora envolto em escuridão.
Ela aprimorou todos os sentidos de seu corpo, incapaz de esperar que seus olhos se ajustassem. A primeira coisa que percebeu foi uma intensa presença de mana se aproximando rápido, na qual balançou sua lâmina. Podia senti-la cortando algo — uma bola de mana incolor. Sasha só conseguia distinguir pela forma como distorcia ligeiramente os arredores.
Esta foi a primeira vez para Sasha. Ela balançou e cortou outra bola de mana, tendo que se aproximar e forçar seu inimigo na defensiva, sabendo que seria eliminada se baixasse a guarda por um segundo.
Levou algumas trocas antes que por fim Sasha visse sua oportunidade. A guarda de Byaku estava baixa, e avançou em sua direção, balançando sua arma com todo o impulso que tinha acumulado no caminho até lá. Só mais um passo e...
Te peguei! No entanto, sua lâmina parou antes de atingir seu corpo. Um padrão geométrico translúcido que tremeluzia na cor da areia havia parado o fio da espada.
Os olhos de Sasha se abriram. “O que?”
“Você não tem o luxo de perder tempo surpresa.” Byaku balançou o braço.
Sasha foi subitamente assaltada por um violento impacto da esquerda. Pego completamente de surpresa, Sasha voou para longe, quicando algumas vezes antes de rolar pela terra.
“Ah... Grah! Grr... Agh...!”
Seu braço esquerdo não se movia. Foi girado em um ângulo sinistro. Seu coque estava desfeito, e seu cabelo estava caído sobre o rosto. Sasha rolou de costas para respirar, porém já podia ouvir passos se aproximando.
Tenho que ficar de pé, sua mente gritou, contudo seu corpo não prestou atenção. Byaku pisou em sua mão direita, com a qual ela mal havia segurado sua lâmina. Na escuridão, podia dizer que a mão dele estava apontada em sua direção, e sabia que seu próximo encantamento seria o fim dela.
Que patético. Sasha cerrou os dentes.
“Até logo.” Byaku murmurou friamente.
Mas foi aí que as balas mágicas vieram voando. Algo as bloqueou e fez com que desaparecessem antes de atingirem Byaku, contudo sua atenção foi desviada de Sasha por uma fração de segundo. Ela aproveitou essa chance para soltar sua espada e rolar, e no momento em que Byaku disparou sua magia, Sasha desviou por um fio de cabelo.
Outra saraivada de balas veio até em sua direção, e Byaku pulou para longe com uma careta.
“Senhorita Sasha!” Ashcroft e Elmore entraram correndo, liderando vários soldados. Seus olhos se abriram em choque quando a viram no chão.
“Como isso é possível...!”
“Ashe... Elmore... Como?”
“Os soldados estavam discutindo sobre como seu cavalo voltou sem você depois de sua partida. Nunca pensei que te encontraria assim... Primeiro, irei tratá-la.”
Elmore rapidamente enviou ordens para que os soldados a carregassem. Ao mesmo tempo, o rosto de Ashcroft se contorceu em fúria quando ergueu sua espada e se virou para Byaku.
“Desgraçado! Não pense que sairá inteiro!” ele deslizou pelo chão em direção ao seu inimigo.
Byaku soltou um suspiro doloroso. “Justo o que eu precisava...” seu braço esticou como se para um golpe de palma, e Ashcroft, que estava a apenas dois passos de distância, foi jogado para trás como se tivesse levado um soco no estômago. Ele por pouco conseguiu pousar com segurança, mas estava ofegante. Cada inalação parecia dolorosa, como se tivesse quebrado alguma coisa. Ashcroft conteve a força o conteúdo de seu estômago.
Elmore parecia duvidoso. “Estranho... O que é essa magia?”
No entanto Byaku não lhe deu tempo para pensar. Elmore apontou o dedo e disparou uma bala mágica, porém foi interrompida por um sigilo translúcido.
“Fique fora disso, velho.” Byaku se aproximou rápido e balançou o punho no ar vazio.
Elmore imediatamente desdobrou suas defesas, mas que impacto intenso foi. O mestre da guilda caiu de joelhos e Byaku não hesitou em atacá-lo enquanto estava caído. Sua magia defensiva quebrou com o próximo confronto, e Elmore foi enviado pelo ar tossindo sangue.
Ashcroft, que havia reunido forças para ficar de pé, foi arremessado de novo antes que pudesse assumir uma posição de combate.
Sasha, Ashcroft e Elmore — três pessoas conhecidas por suas habilidades em toda a cidade — não conseguiram se comparar a esse menino. Os soldados não sabiam o que fazer.
Byaku dominava suas vitórias sobre eles, um sorriso feroz em seu rosto e uma loucura ardente reluzindo em seus olhos.
“Nenhum deles escapará. Eu vou...” ele disse antes de balançar a cabeça. “Errado... Fique aí, porra!”
Seu cabelo se tornou uma bagunça manchada de branco e preto, antes de ficar preto uma vez mais. O sorriso desapareceu de seu rosto, e Byaku voltou ao seu estado inexpressivo habitual. Seus olhos gelados perfuraram os soldados. Embora tomados de medo, levantaram suas armas para proteger os outros.
“Seus tolos! Corram!” Sasha pronunciou com uma voz dolorosamente vacilante. “Esqueçam-nos!”
Byaku estendeu os braços. O cenário ao redor balançou como uma miragem e, no instante seguinte, uma enorme massa de mana se aproximou deles.
Não vai dar... Sasha fechou os olhos. Mas o impacto não veio, não importa quanto tempo esperasse. Ela espiou timidamente e viu uma parte de trás familiar. Lá estava Angeline.
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