sexta-feira, 15 de abril de 2022

Monogatari Series — Volume 01 — Capítulo 16

Capítulo 16: Mayoi Snail 008


Então, uma hora depois, Senjougahara, Hachikuji e eu chegamos lá — o lugar onde, cerca de dez anos atrás (não sei exatamente quantos, mas por aí), a garota humana viva Mayoi Hachikuji tentou ir no dia das Mães — no endereço exato escrito na nota.

Demorou algum tempo.

Ainda assim — foi fácil.

“... Mas, isso─”

No entanto — não havia nenhum sentimento de realização.

Absolutamente nenhuma sensação de realização dada à visão à nossa frente.

“Senjougahara — tem certeza que este é o lugar?”

“Sim. Estou certa disso.”

Parecia não haver espaço para discutir sua afirmação dos fatos.

A casa da mãe de Hachikuji — a casa da família Tsunade.

Era um terreno limpo e plano.

Cercado por uma cerca, com uma placa cravada em sua terra nua — propriedade privada, proibido a entrada.

A julgar pela ferrugem nas bordas da placa, parecia estar nesse estado há muito tempo.

Desenvolvimento residencial.

Urbanismo.

Não era bem uma estrada, como a casa de Senjougahara se tornou — contudo como a dela, nenhum vestígio foi deixado para trás.

“... Isso está acontecendo de verdade?”

O truque único que o sem teto Meme Oshino havia proposto era tão claro e simples que ouvi-lo faz você pensar, ‘Ah, é claro’. A Vaca Perdida pode ter existido como um caracol, no entanto se fosse uma aberração fantasmagórica, então não poderia acumular novas informações essenciais como memórias — ao que parece.

Em termos simples, esses tipos de aberrações não existem.

Existências que não existem como existências.

Se não houver ninguém para vê-lo, ele não está lá.

Para aplicá-lo ao que aconteceu naquele dia, o momento exato em que me sentei no banco e olhei para o mapa — foi quando Hachikuji se apresentou, veio à existência — supostamente.

Da mesma forma, no que diz respeito à Hanekawa, o momento exato em que ela passou pelo parque e olhou para o local ao lado de onde eu estava sentado — foi quando Hachikuji se apresentou, logicamente falando. Apresentando-se no exato momento em que é testemunhado, em vez de levar uma existência sustentada como uma aberração — nesse sentido, com a Vaca Perdida, ‘encontro’ é apenas um termo meio preciso.

Estar lá apenas quando é visto — o observador e o observado. Tenho certeza de que Hanekawa teria exibido seu conhecimento científico de forma galante com uma metáfora apropriada, mas não consegui fazer uma boa comparação e, embora Senjougahara devesse conhecer uma, não estava se esforçando para me dizer.

De qualquer maneira.

Informações armazenadas como memórias — em outras palavras, conhecimento.

Sem falar em mim, que não conhecia a área, o caracol foi capaz de fazer com que Senjougahara, que estava apenas me acompanhando e que nem o viu, se perdesse — e também conseguiu bloquear sinais de celular. Como resultado — o alvo continuaria perdido para sempre.

Contudo.

O que ela não sabia — ela não sabia.

Na verdade, mesmo que soubesse, não poderia reagir de acordo.

Tomemos, por exemplo, o planejamento urbano.

O bairro não se parecia em nada com um ano atrás, muito menos dez anos atrás — então, se você não pegasse um atalho, não fizesse nenhum desvio e, claro, não fosse direto para lá—

Se utilizasse uma rota composta apenas por novas estradas — uma aberração modesta como a Vaca Perdida não poderia fazer nada a respeito.

É improvável que uma aberração ganhe em anos — uma aberração garotinha sempre permanece uma garotinha — ao que tudo indica.

Nunca se tornará um adulto—

Tal como eu.

Hachikuji estava na quinta série dez anos atrás... Então reorganizar a linha do tempo faria Mayoi Hachikuji mais velha que eu e Senjougahara. No entanto, ela falou de não fazer nada de bom na escola como se fosse ontem mesmo, e memórias incrementais no sentido usual não existiam para ela. Não — existia.

E assim — e assim.

Vinho novo em odres velhos¹ — foi o que ele disse, aparentemente.

Oshino, aquele maldito sujeito irritante, realmente vê através das coisas — mesmo que não tenha visto Hachikuji em pessoa ou ouvido suas circunstâncias em detalhes — mal sabendo nada sobre esta cidade, ainda age como se soubesse tudo.

Mas em termos de resultados, foi um sucesso.

Escolher ruas com asfalto escuro e preto que tinha que ser novo, como se estivéssemos seguindo um mapa do tesouro, evitando ao máximo ruas antigas ou meramente repavimentadas — ao longo do caminho, pegando aquela rua também, onde ficava a casa de Senjougahara — depois de uma hora disso.

Em circunstâncias normais, ficava a menos de dez minutos a pé do parque, provável que menos de meio quilômetro ao voo de pássaro, porém depois de mais de uma hora—

Chegamos ao nosso destino.

Chegamos, contudo.

O que encontramos — foi um terreno limpo.

“Acho que você não pode esperar que tudo se encaixe...” murmurei.

Certo.

Como poderia — dado o quanto a cidade e suas ruas mudaram, nosso destino não poderia ser a única coisa que não mudou. Em menos de um ano, até a casa de Senjougahara se tornou uma estrada. Não teríamos conseguido colocar o estratagema em prática se não houvesse novas estradas ao redor do nosso destino. Havia uma forte chance de que o destino também tivesse mudado; estava implícito desde o início — ainda assim, nem isso iria estragar tudo, não é? Tornaria tudo inútil, não? Se essa parte foi um fracasso, pelo amor de Deus, todo o plano também foi.

O mundo é um lugar tão duro?

Os sonhos apenas não se realizam?

Se o próprio lugar que a Vaca Perdida estava tentando ir se foi — então de fato era um caracol perdido, perdido para sempre, sempre à deriva, dando voltas e voltas sem fim à vista — não?

Que calamidade.

Oshino.

Aquele babaca vestindo uma camisa havaiana psicodélica tinha visto essa conclusão — esse final também? Foi por isso — na verdade, é precisamente porque ele deliberadamente...

Por mais frívolo, irreverente e falante que Meme Oshino fosse — nunca disse adeus e nunca respondeu a uma pergunta que não lhe foi feita. Ele não agia a menos que fosse solicitado, e mesmo assim, não havia garantia de que concordaria.

Ele estava totalmente bem não dizendo o que precisava ser dito.

“Wa-ah—”

Pude ouvir Hachikuji chorando ao meu lado.

Fiquei tão ocupado me sentindo assaltado pela realidade que não prestei atenção a Hachikuji, o coração deste assunto, e agora me voltava atrasado para sua direção—

Ela estava chorando.

Contudo não estava olhando para baixo — seu rosto estava dirigido para frente.

Olhando para o terreno — onde sua casa deveria estar.

“Wa-a-a-ah—”

E então.

Ela passou por mim e correu.



“—Estou de volta! Estou em casa!”



Oshino.

Com certeza deve ter visto essa conclusão chegando — visto até esse final, como uma coisa natural.

Ele era um homem — que não dizia o que precisava ser dito.

Gostaria que tivesse me contado desde o começo.

O que Hachikuji veria quando estivesse lá.

Que tipo de cenário este lugar — um mero pedaço de terra aos meus olhos e aos de Senjougahara e sem dúvida nada parecido com o que costumava parecer — mostraria a Vaca Perdida, Mayoi Hachikuji.

Como pode se apresentar.

Nem o desenvolvimento nem o planejamento eram — relevantes.

Nem mesmo o tempo.

Logo, a figura da garota carregando a grande mochila — começou a escurecer, embaçada e sumir... E antes que percebesse, não conseguia mais vê-la.

Desapareceu da minha vista.

Se foi.

Mas a garota disse: “Estou de volta”. Era a casa da família de sua mãe divorciada, e de forma alguma a da menina agora, apenas um destino para o qual estava destinada — porém a criança havia dito: “Estou de volta”. Como se tivesse voltado para casa.

E para mim.

Soou maravilhoso.

Nada menos que maravilhoso.

“... Bom trabalho, Araragi. Você parecia meio legal ali.” disse Senjougahara depois de um tempo.

Em uma voz bastante desprovida de emoção.

“Não fiz nada, na verdade.” apontei. “Em todo caso, você foi quem fez todo o trabalho desta vez, não eu. Mesmo esse truque não teria sido possível sem alguém como você que conhece a área.”

“Isso é verdade — pode ser verdade, contudo não é disso que estou falando, ok? No entanto, vou dizer que fiquei surpresa por ser um terreno vazio. Sua única filha sofreu um acidente de trânsito a caminho de visitá-la — e o fato foi tão insuportável que toda a família se mudou, suponho. Claro, tenho certeza de que poderia inventar muitas outras razões, se quisesse.”

“Claro — quero dizer, se seguir essa linha, nós nem sabemos se a mãe de Hachikuji ainda está viva.”

Além do mais — o mesmo ocorreria com seu pai.

Talvez, eu me perguntava — Hanekawa já sabia. Ela parecia ter alguma ideia quando a perguntei sobre a família Tsunade. Se circunstâncias particulares os tivessem feito se afastar — e Hanekawa soubesse quais eram, definitivamente ficaria calada. Esse era o tipo de pessoa que Hanekawa era. Para dizer o mínimo — ela não era realmente uma defensora das regras.

Era apenas justa.

De qualquer forma, o caso foi encerrado, então...

Agora que acabou, foi tão repentino. E notei que o sol — já estava se pondo neste domingo. Era meados de maio, e os dias ainda eram curtos... O que significava que eu precisava voltar para casa.

Assim como Hachikuji.

Certo. Era a minha vez de fazer o jantar também.

“Ok, então, Senjougahara... Vamos voltar para pegar minha bicicleta.”

Senjougahara tentou guiar a mim e Hachikuji enquanto andava de bicicleta de montanha, mas não demorou muito para ela ver, sem ser dito, que uma bicicleta de montanha era inútil quando tinha que acompanhar os caminhantes, e inútil quando se transformava em um pedaço de bagagem rolante. Acabamos deixando-a no estacionamento.

“Oh. A propósito, Araragi.”

Senjougahara ficou parada — e continuou encarando a trama enquanto falava.

“Você ainda não me deu sua resposta.”

“...”

A minha resposta...

Tinha certeza do que estava falando.

“Hm. Senjougahara. Sobre isso─”

“Eu deveria te dizer de antemão, Araragi. Sabe aquelas comédias românticas onde é óbvio que os dois personagens vão ficar juntos no final, porém em vez disso arrastam a história com um monte de reviravoltas mornas enquanto são mais do que amigos, mas não exatamente amantes? Eu as odeio.”

“... Você.”

“Se quer que eu elabore, também odeio mangás esportivos que gastam cerca de um ano em cada partida quando sabe que eles vão ganhar o campeonato de qualquer maneira, e também odeio mangás de ação onde passam a eternidade lutando contra subalternos quando está claro que vamos derrotar o último chefe e trazer paz ao mundo.”

“Você acabou de riscar todos os mangás escritos para menores de dezesseis anos.”

“O que vai fazer então?”

Senjougahara estava me pressionando por uma resposta sem me dar tempo para pensar.

Dar uma resposta evasiva não era uma opção. Se uma garota trouxesse todas as suas amigas para confessar seu amor a um garoto, ele não se sentiria tão sufocado.

“Não, Senjougahara, acho que está confundindo algo. Ou é um pouco precipitado. Sim, contribuí bastante para resolver seu problema na segunda-feira passada, contudo, hum, se não separar sua dívida, a falta de uma palavra melhor, desses outros sentimentos, então—”

“Poderia ser que esta pensando na lei estúpida de que as pessoas caem presas do amor com mais facilidade em uma crise, ignorando por completo a razão humana e não levando em consideração a situação espinhosa em que dois amigos são colocados quando suas verdadeiras naturezas são assim reveladas?”

“Estúpida — bem, sim, eu acho? Suponho que alguém seria estúpido para confessar seu amor em uma ponte suspensa instável, mas... Veja, você estava falando sobre querer me pagar o favor de volta. Também me senti da mesma maneira — por favor, não se sinta mais em dívida comigo... Ou, na verdade, qualquer que seja a situação ou o histórico, não quero cobrar uma dívida e tirar vantagem de alguém.”

“Isso foi apenas uma desculpa da minha parte. Só agi assim porque queria te dar-te a iniciativa e permitir que fosses tu a confessar-me. Você deixou uma oportunidade valiosa escapar, seu tolo. Desperdiçou a única vez que estou apoiando outro ser humano.”

“...”

Que maneira de colocar.

Então era o que ela queria, afinal...

Foi um convite...

“Não se preocupe, Araragi. De verdade, não me sinto em dívida com você.”

“... É assim mesmo.”

Queee.

Não sabia disso também.

“Porque, Araragi, você salvaria qualquer um.”

Embora não estivesse completamente certo disso esta manhã, ela continuou com a mesma atitude.

“Não foi porque sou eu — mas prefiro assim. Mesmo que não fosse a mim a quem estivesse salvando — se eu o tivesse visto salvando Hanekawa, por exemplo, acho que ainda te acharia especial. Não sou especial, porém me tornar especial para alguém como você seria emocionante. Bom... Creio que estou exagerando um pouco, no entanto acho que posso admitir que me divirto conversando contigo, Araragi.”

“... Mas não é como — se nós falássemos tanto.”

Foi um eufemismo.

Era fácil ignorar o fato por causa do tempo concentrado que passamos juntos na segunda, terça e hoje, porém as únicas vezes que Senjougahara e eu conversamos tanto assim — foi naquela segunda, naquela terça, e hoje.

Três dias, não mais.

Poderíamos estar na mesma classe por três anos, todavia─

Éramos praticamente estranhos.

“Certo.” Senjougahara assentiu em total concordância. “É por esse motivo que quero que conversemos mais.”

Para passar mais tempo juntos.

Para nos conhecer.

Para chegar ao amor.

“Não acho que seja algo tão barato quanto amor à primeira vista.” disse ela. “No entanto não sou uma pessoa tão paciente a ponto de querer gastar tempo alinhando tudo. Como posso dizer — sim, talvez seja que eu queira fazer um esforço e começar a amar você.”

“... Entendo.”

Quando Senjougahara colocou dessa forma — parecia certo.

Não havia nada que pudesse dizer em resposta.

Tem que trabalhar duro para seguir apaixonado — porque o sentimento que chamamos de amor é uma coisa muito consciente. Nesse caso — talvez o que Senjougahara estava dizendo estivesse bem.

“De toda forma,” ela observou. “Acho que essas coisas são uma questão de tempo para começar. Ficaria bem se ficássemos amigos, contudo no final das contas, sou gananciosa. Não me contento com nada além de extremos.”

Pense nisso como se tivesse se envolvido com uma mulher má.

Essas foram suas palavras.

“Você acabou nessa situação porque é gentil com todos que conhece, Araragi. Leve a sério, colhe o que planta. Mas não se preocupe, até eu posso dizer a diferença entre sentir-se endividado e essas outras emoções. Afinal, na semana passada — consegui idear todos os tipos de fantasias te envolvendo.”

“Fantasias...”

“Que semana satisfatória foi.”

Sério — ela é tão direta sobre essas coisas.

O que fiz nessas fantasias, me perguntava, e o que foi feito comigo?

“Sabe, apenas pense dessa maneira.” acrescentou Senjougahara. “Em uma reviravolta sombria, você chamou a atenção de uma virgem psicótica faminta de amor que se apaixona por qualquer um que lhe mostre um pouco de amabilidade.”

“... Está bem então.”

“Não era o seu dia. Amaldiçoe a maneira como conduziu sua vida.”

Então — estava preparada para degradar a si mesma.

E lá estava eu, forçando-a a ir tão longe.

Tão longe.

... Deus, estou sendo patético.

Eu era tão pequeno.

“Então, Araragi. Sei que falei muito, mas.”

“O que foi?”

“Se me recusar, vou te matar e fugir.”

“Isso é só assassinato! Pelo menos faça um suicídio de amantes!”

“Isso é o quão séria estou a respeito.”

“... Uff. Isto é fato.”

Deixei escapar um suspiro contemplativo de algum lugar dentro de mim.

Oh cara.

Que mulher interessante.

Na mesma classe por três anos, e ainda assim apenas três dias — que desperdício. Que quantidade absurda e extravagante de tempo que Koyomi Araragi havia desperdiçado.

Quando a peguei naquele dia.

Que bom que fui eu.

Que coisa boa foi que — Hitagi Senjougahara foi pega por Koyomi Araragi.

“Se cuspir palavras fracas como precisar de algum tempo para pensar, Araragi, vou menosprezá-lo. Só pode constranger uma mulher até certo ponto, você sabe.”

“Sim... Já acho que estou sendo muito patética agora. Porém posso te dar apenas uma condição, Senjougahara?”

“O que pode ser? Quer me ver depilar os pelos do meu corpo por uma semana ou algo assim?”

“De todas as coisas que saíram da sua boca até agora, essa é inconfundivelmente uma das piores!”

Inconfundivelmente, tanto em termos de conteúdo quanto de tempo.

Parei por alguns segundos, então encarei Senjougahara.

“Acho que poderia chamar mais de uma promessa do que uma condição─”

“Uma promessa... O que seria?”

“Senjougahara, você agiu como se pudesse ver coisas que não pode ver, e como se não pudesse ver coisas que pode ver — e não quero que o faça mais. Sem mais, ok? Se acha que algo é estranho, saia e diga que é estranho. Pare de tentar ser atenciosa a respeito. Nós experimentamos o que experimentamos, sabemos o que sabemos, e tenho certeza que nós dois vamos carregar esse fardo pelo resto de nossas vidas — porque aprendemos que essas coisas existem. Então, se nossas opiniões entrarem em conflito, quero que conversemos. Prometa-me.”

“Sem problemas.”

A expressão de Senjougahara era fria — imutável como sempre, porém em sua resposta aparentemente precipitada, até impensada, mas absolutamente instantânea, meu coração encontrou algo, por menor que fosse, para se agarrar.

Assim, você colhe o que planta.

No geral, a maneira como conduziu sua vida.

“Ok, vamos.” eu disse. “Já está escurecendo e, uhm... Vou te dar uma carona para casa? É isso que diria aqui?”

“Não há como duas pessoas andarem nessa bicicleta.”

“Três podem não ser capazes, mas dois podem. Tem uma daquelas hastes.”

“Hastes?”

“Para colocar os pés. Não sei o nome correto, mas... Você coloca na sua roda traseira e pode ficar de pé. Só tem que segurar os ombros de quem está pedalando. Podemos jogar pedra-papel-tesoura para descobrir quem vai na frente. Esse caracol não está mais aqui, então podemos ir para casa sem problemas. Não que me lembre da rota complicada que seguimos para chegar aqui, de qualquer maneira... Ok, Senjougahara, vamos—”

“Espere, Araragi.”

Senjougahara ainda estava lá.

Ela ficou parada e agarrou meu pulso.

Hitagi Senjougahara, que havia negado a si mesma o contato físico por tanto tempo — naturalmente, era a primeira vez que me tocava assim.

Tocante.

Vendo.

Significava que estamos aqui.

Um para o outro.

“Você acha que pode dizer isso em voz alta para mim?”

“Em voz alta?”

“Não gosto de acordos silenciosos.”

“Ah — entendi.”

Pensei um pouco.

Parecia pouco refinado responder na mesma moeda com o inglês, não para essa mulher que não aceitava nada além de extremos. Por outro lado, tinha apenas um conhecimento superficial de outras línguas, que de qualquer forma não seriam mais originais.

O que sobra—

“Espero que vire moda.”

“Desculpe?”

“Meu coração foi fundiu por você, Senjougahara.”

Então, a propósito, e com tudo.

A ilusão obstinada de Hanekawa havia se tornado realidade.

Ela realmente sabia de tudo, afinal.



Notas:
1. Um par de parábolas contadas por Jesus no Novo Testamento (encontradas em Mateus 9:14-17), possuindo diversas e variadas interpretações da mesma.

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