Capítulo Extra 70.6: Protocolo de presente ideal
Depois de uma reunião de família turbulenta, Maria saiu, então Byaku saiu atrás dela, parecendo estranhamente irritado, com Charlotte perseguindo-o. Kasim partiu atrás de ambos, incapaz de deixá-los sozinhos, e isso deixou Belgrieve sozinho para cuidar da casa. Ele deixou seus olhos percorrerem a casa silenciosa e soltou um suspiro profundo.
“Oh... É verdade.” lembrou de repente, e pegou o enfeite de cabelo que havia comprado. Era uma simples peça de prata com uma pedra preciosa vermelha.
Belgrieve cruzou os braços e ponderou. Agora, como eu o entrego?
Claro, Belgrieve comprou com a intenção de dar a Angeline, mas agora ficou com uma estranha sensação de inquietação quando se tratava de entregá-lo. Parecia um pouco frio olhá-la nos olhos e dizer: “Aqui”, porém não parecia que seria melhor fazer um grande alarido e aumentar suas expectativas também. Ele temia que isso a deixasse desapontada com o quão escasso era o presente. Além do mais, Belgrieve não sabia nada sobre embrulhar presentes.
Se Angeline fosse a mesma jovem de Turnera, poderia tê-la entregue sem se importar, contudo sua filha havia passado seus anos impressionáveis em Orphen e, de certo modo, conhecia a cidade melhor do que ele. No entanto, Belgrieve já havia comprado o presente, e agora ficou preocupado se Angeline ficaria feliz com isso ou não.
Ela é sua filha, por que você está ficando tão sensível? repreendeu a si mesmo e se perguntou por que sua covardia inata tinha que emergir aqui de todos os lugares.
“Meu Deus, sou um pai desesperado...” resmungou e baixou a cabeça.
Toda essa agonia veio logo depois que acabou de encontrar uma solução provisória para o problema de Byaku e, sob essa luz, talvez parecesse completamente inconsequente. Mas era um grande problema para Belgrieve, que ainda valorizava sua filha acima de tudo. Todos queriam que seu presente fosse apreciado — ainda mais se fosse para alguém precioso.
Claro, é provável que Angeline aceitasse qualquer coisa que Belgrieve lhe desse com alegria.
O próprio Belgrieve nunca desdenharia um presente de sua filha, porém talvez... Talvez fosse precisamente por esse motivo que agonizava se estava tudo bem.
De repente, ele se viu perdido em reminiscências de quando ensinou Angeline a usar uma lâmina. Então, se lembrou da época em que pensou que ela ficaria bem sozinha e comprou sua primeira lâmina. Angeline pulou de alegria, contudo parecia mais feliz apenas por receber um presente seu do que pela própria lâmina. Depois do ocorrido, Belgrieve a comprou uma pequena bolsa de aventura e uma espada, entre outras coisas, e sua alegria cada vez que recebia uma era tal que o deixava feliz também.
“Contudo... Bem, esses eram todos itens práticos.”
Belgrieve colocou a mão na testa e suspirou. Deixando tudo de lado, Ange ainda era uma menina, todavia não conseguia se lembrar de tê-la comprado roupas bonitas, nem mesmo acessórios. Era terrível por si só que esta fosse a primeira vez que o fazia. Com essa ideia em mente, ficou com medo de entregar esse broxe de cabelo. Está bem mesmo que seu primeiro acessório meu seja algo tão simples?
De fato, Angeline foi convocada à propriedade do arquiduque, onde foi adornada com trajes brilhantes. Naturalmente, o grampo de cabelo que Belgrieve comprou não se comparava a nada que o arquiduque pudesse ter oferecido.
Depois de suas ruminações solitárias, seu olhar para o vazio decolou em estranhas tangentes. O que estou fazendo na minha idade? pensou, segurando sua cabeça. Sua espiral foi interrompida quando a porta se abriu de repente.
“Voltei!” a voz enérgica de Angeline anunciou seu próprio retorno.
Belgrieve se animou, abrindo e fechando a boca algumas vezes antes de formular uma resposta.
“Bem-vinda de volta, Ange. Você chegou cedo.”
“É, não deu muito trabalho... Oh, certo, ia me esquecendo! Tenho que levar um pouco da carne de dragão para casa comigo. Para o jantar, que tal nós... Hmm?”
Os olhos de Angeline pararam no broxe de cabelo que havia sido colocado na frente de Belgrieve.
“Isso é...”
“Ah, bem, é...”
“Onde o conseguiu? Alguém te deu?”
“Não... Eu comprei, pensando em te entrega-lo, no entanto...”
“Pra mim?” Angeline olhou fixamente entre o broxe de cabelo e Belgrieve.
“S-Sim... Desculpe, não sou bom com esse tipo de coisa. Se não gostar...”
Antes que Belgrieve pudesse terminar, Angeline se lançou sobre ele com a velocidade de uma lebre em fuga, seus olhos ardentes perscrutando o rosto de Belgrieve.
“Está dando pra mim? Um presente? Sério?”
“Uh... Sim...” Belgrieve pegou, um tanto afobado, e entregou a ela. Depois de inspecioná-lo frente e verso, Angeline abriu um sorriso radiante.
“Viva! Obrigado, pai! Eu estou tão feliz! Hehe... Tehehe!”
Então, ela abraçou Belgrieve e esfregou a cabeça em seu peito. Sua reação não foi diferente de quando recebeu a lâmina e as ferramentas de aventura.
Eu sou um idiota. Exausto, Belgrieve gentilmente deu um tapinha na cabeça de Angeline.
De repente, ela ergueu o rosto e ergueu a mecha de cabelo.
“Onde devo usá-lo? Na frente ou atrás?”
“Dada a forma... Diria que deve ser na frente.”
“Coloque para mim!”
“Não, eu realmente não entendo sobre essas coisas.”
Isso é bom? Que tal agora? O pai e a criança debateram a questão até que por fim chegaram onde parecia mais adequado. Ao se olhar no espelho, o rosto de Angeline se transformou em um sorriso bobo, e estava saltitando rapidamente pela sala. A alegria irradiava de todos os poros de seu corpo, e Belgrieve se sentia feliz só de olhá-la.
Agora que a via assim, sentiu que combinava bem e sabia que havia sido estúpido por se preocupar tanto com algo assim.
“Hehe... Ficou bem em mim?”
“Sim, muito. Obrigado Senhor...” Finalmente consegui dar a ela um presente de menina, pensou aliviado. Ele já estava pensando em dá-la um vestido bonito a seguir. Naquele momento, nunca poderia imaginar que logo começaria a chorar ao vê-la usando um vestido pela primeira vez.
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