Capítulo 76: Enquanto ela se levantava e abaixava a cabeça
“Então posso te pedir para fazer isso?”
“Sim, pode deixar. Não se preocupe.”
Enquanto ela se levantava e abaixava a cabeça, o chefe do vilarejo Hoffman curvou-se um tanto nervoso. Foi um pouco divertido vê-lo agir de forma tão reservada, apesar de sua constituição de urso.
“Não precisa ter tanto medo, chefe. Ela não morde.”
“E-Eu não estou com medo...” Hoffman coçou a cabeça.
Kerry estava participando da reunião e gargalhou.
“Parece que você é fraco para a autoridade!”
“Ugh...” Hoffman gemeu, arrancando risadas de Seren.
Para começar, eles aparentemente queriam terminar as medições em torno de Turnera antes de voltarem. Tal situação significava que ficariam na vila por cerca de uma semana. As irmãs Bordeaux não eram estranhas para Turnera — não desde que participavam do festival de outono — e mesmo excluindo sua relação com o senhor regional, suas feições finas e comportamento ousado, mas suave, eram suficientes para os aldeões as admirarem. Ficou decidido que elas ficariam na casa de Kerry, onde havia bastante espaço.
“Certo, então vou limpar um pouco.” disse Kerry e se pavoneou.
Enquanto observava suas costas, Sasha batia os pés incansavelmente, como se pudesse fugir a qualquer momento.
“Bem, então levarei minhas malas para a casa do Sr. Kerry. Até a próxima vez!” e com isso, realmente começou a correr.
Seren suspirou.
“Aquela minha irmã...”
“Bem, o que há de errado? Essa franqueza é um de seus pontos positivos.”
“Estou feliz que pense assim.” disse Seren com um sorriso preocupado.
Graham voltou para almoçar e Sasha quase desmaiou ao conhecê-lo. Embora tivesse vindo a negócios oficiais, não queria perder um segundo que poderia ter passado recebendo seus ensinamentos. Porém Seren teria ficado furiosa, então Sasha, bem relutante, acompanhou-a até a casa de Hoffman. Escusado será dizer que estava inquieta durante todas as negociações.
Enquanto caminhavam de volta, Belgrieve e Seren conversaram sobre todos os tipos de coisas. Uma vez que ouviu sobre sua iminente aventura rumo ao sul, ela piscou surpresa.
“Bom... Parece que vai ser uma longa jornada.”
“Sim. Portanto, não sei se posso supervisionar a construção.”
“Sem problema... Contudo é incrível. Não consigo nem imaginar como seria.”
“Haha, pra ser sincero eu também não. Quase não deixei Turnera até não muito tempo atrás.” admitiu Belgrieve. Era de fato muito estranho como as coisas tinham funcionado. “Fico feliz em saber que as coisas por fim se acalmaram em Bordeaux.”
“Sim, todos deram tudo de si.”
“E Helvetica continua ocupada como sempre.”
“Algumas coisas nunca mudam... Minha irmã queria mesmo vir conosco...”
“É uma pena. Erin, certo?”
“Sim. Houve uma disputa sobre os preços do minério. As pessoas que governam Erin na maior parte do tempo administram as coisas muito bem, no entanto parecia que nunca haveria um acordo se minha irmã não interviesse... Primeiro foi Hazel, depois Erin. De oeste para leste, ela está sendo apressada por toda parte. Sinto um pouco de pena.”
“Mas tenho inveja de que ela possa ir onde e quando for necessário. Deve ser por isso que todo mundo adora a Casa Bordeaux... Houve algum problema com Hazel?”
Hazel, uma cidade a oeste de Bordeaux, já foi governada pelo Conde Malta. A conspiração de Malta para derrubar a Helvetica causando uma crise em Bordeaux ainda estava fresca na memória de Belgrieve. O olhar preocupado em seu rosto traiu seus pensamentos, pois temia que algum novo distúrbio tivesse ocorrido, porém Seren riu dele.
“Hehehe, não houve outra conspiração, veja bem.” Seren tinha visto através de Belgrieve. Rindo, levantou seus óculos. “Existe um lugar chamado Floresta Antiga perto de Hazel — é um bosque antigo, como deve esperar — e sempre houve todo tipo de boato sobre o lugar.”
“Rumores?”
“Sim. A maioria deles é infundada — afinal, a floresta é anterior a Salomão, contudo é difícil dizer que são todas bobagens...”
“Hmm.”
“O relatório era que uma sombra enorme estava se contorcendo entre as árvores. Todos os soldados da vigília noturna testemunharam o ocorrido, e muitos moradores confirmaram que sentiram um tremor... Dada a gravidade da situação, minha irmã fez uma visita, no entanto não houve nenhum incidente grave.”
“Entendo...” os olhos de Belgrieve se estreitaram em reflexão.
Havia de fato coisas inimagináveis que dormiam nas profundezas mais remotas das florestas e montanhas. Às vezes, era um monstro, outrora vezes era outra coisa. De qualquer forma, de fato seria algo além da compreensão humana. Era bom saber que nada havia acontecido, todavia Belgrieve se perguntou se seria resolvido tão fácil assim. Ele estava acostumado a lutar contra entidades inumanas, entretanto apesar disso — ou melhor, justamente por esse motivo — tinha medo do desconhecido. Espadas e magia não eram onipotentes. Esperançosamente, é um oponente que pode ser superado em uma luta, pensou, antes de balançar a cabeça. Sua inclinação natural para se preocupar o estava afetando uma vez mais.
Porém, suas más premonições muitas vezes acertam o alvo. É claro que esperava que estivesse apenas ansioso demais, contudo não podia descartar a sensação. Não sei se esse instinto é bom ou ruim, lamentou com um suspiro.
“Há algo de errado, Sir Belgrieve?” Seren olhou para ele com curiosidade.
“Não, não é nada.” respondeu, fingindo.
Quando voltou para casa, ouviu-se um clamor no quintal. Sasha, posicionada com sua espada embainhada, avançou para Graham com a velocidade de um furacão. Sua técnica era tão boa que Belgrieve podia sentir seus olhos se arregalarem. No entanto, sem uma única mudança de expressão, Graham mudou um pouco sua postura e se esquivou, varrendo sem grandes dificuldades as pernas de Sasha no processo.
“Whoa!” Sasha caiu para frente, recuperando-se em pânico.
“Está se concentrando demais no que está à sua frente... Unifique seus sentidos. Não deve se apressar.”
“Cla-Claro!” Sasha firmou sua respiração pesada. Porém, ela estava muito ansiosa para preparar sua espada de novo e tentar outro golpe. Graham se esquivou com a mesma facilidade de antes, usando o ímpeto de Sasha para derrubá-la com apenas o menor movimento. Ele estava lidando com a aventureira talentosa como se fosse uma mera criança. Claro, mesmo Marguerite, que era quase igual à Angeline, não poderia se comparar a Graham, então talvez esse resultado fosse óbvio.
Os olhos de Seren dispararam em nervosismo para a esquerda e para a direita.
“Hmm, hmm, está tudo bem?”
“Está bem. Sasha está cansada, mas não está ferida.”
Enquanto observavam a luta, Angeline chegou, levando Mit pela mão. Mit estava tão inexpressivo como sempre, mas exalava um sentimento um tanto triunfante.
“Bem-vindo de volta, pai.”
“Bem-vindo.”
“Sim, fico feliz por estar de volta. Ficou bastante animado.” Belgrieve olhou em volta. Kasim estava se divertindo assistindo a partida da sombra de uma árvore, e os três jovens aventureiros que haviam retornado estavam concentrados nos movimentos de Graham. Alguns dos jovens da vila também vieram. As crianças pequenas se reuniram para torcer pelos guerreiros. Os carpinteiros pararam de trabalhar, olhando para o quintal do telhado inacabado.
Angeline riu.
“Sasha sabe como atrair uma multidão...”
“Parece que sim. Contudo Graham é incrível... Ange, acha que pode vencê-lo?”
“Não, eu não... Você é super forte, pai, no entanto ele é ainda mais forte.”
“Não estou nem no nível para poder me comparar com ele...”
“O vovô é forte?”
“Sim. Quer aprender esgrima, Mit...?”
“Quero aprender...”
Angeline abriu um sorriso.
“Tudo bem, então deixe sua irmãzona te ensinar...”
“Yay. Farei o meu melhor.” Mit balançou os braços. Sua expressão não mudou, todavia estava feliz.
Os dois realmente se tornaram irmãos. Belgrieve assentiu com satisfação.
Logo, Sasha finalmente caiu de joelhos. Sua respiração era superficial e errática, e embora ela tentasse ao máximo superá-la com respirações longas e profundas, era em vão.
“Pant, pant... Cough... O-Obrigado!”
“Hmm... Você deve começar acalmando seu coração. Sua mente está tão longe que não está brandindo sua espada como deveria.”
“Hah... Haha...” ela ofegou sem fôlego. “Eu estava tão feliz por estar enfrentando o Paladino Graham... Hah... Phew... Da próxima vez, vou fazê-lo ter que desembainhar sua espada!”
Graham havia subjugado Sasha com as próprias mãos sem grandes problemas. Portanto, mesmo um aventureiro de Rank AAA é insignificante para ele... Belgrieve foi mais uma vez lembrado das habilidades do velho elfo.
Belgrieve correu para dentro de casa e trouxe um copo de água para Sasha. “Você fez o seu melhor, Sasha. Deve estar com sede.”
“Oh, Mestre. Muito obrigado...” Sasha bebeu o copo de um só gole e respirou fundo. “Sir Graham é extraordinário... Você também é forte, Mestre, mas, como esperado de uma lenda...”
“Oh não, dificilmente posso ser comparado com Graham... Além do mais, não tenho tanta certeza sobre tê-la me chamando de ‘Mestre’.”
“Bell... Gostaria de usar uma vara de pescar.” Graham interrompeu.
“Hmm? Oh, nós temos uma no galpão. Pretende pescar?”
“Sim... As crianças querem ir ao rio. Estou pensando em levá-las lá para a próxima vez.”
“Entendo. Bem, use a que está no galpão por hoje.”
“Obrigado.”
Enquanto falavam, as crianças se reuniram ao redor deles, e Graham começou a levantá-los com uma ruga preocupada em sua testa.
“Eu te disse para não agarrar meu cabelo...”
Apesar de exibir uma força esmagadora na batalha, de alguma forma se tornou o avô de todos. Talvez este lendário aventureiro agora valorize a interação humana ao longo do caminho da lâmina.
Sola correu, seu rabo de cavalo loiro balançando a cada passo e suas bochechas coradas de excitação.
“Espetacular! Foi incrível! Me alcançaram às lágrimas! Do Sr. Graham, claro, porém você também é muito forte, Sasha!”
Sasha enfim recuperou o fôlego e se levantou.
“Não, ainda tenho um longo caminho a percorrer... Preciso de mais treinamento.”
“Wow, que espírito louvável... Hmm, Sr. Graham, poderia competir comigo também...?”
“E-Ei, Sola, não seja irracional! Está sendo rude!” Jake entrou correndo e rapidamente a deteve.
“Quero dizer, não se tem uma chance como essa todos os dias!” Sola protestou, fazendo beicinho.
“Ela está certa, sabe.” Sasha cruzou os braços e assentiu. “Tudo é um aprendizado.”
“Sabia que você estava do meu lado, Sasha! Você a ouviu, Sr. Graham. Que tal?”
“Não me importo... Mas isso pode esperar? Devo levar as crianças ao rio.” Graham tinha uma criança em cada braço, uma nas costas e outra agarrada à perna. Sola soltou uma risada seca com a visão.
“A-Alguém aqui é o Sr. Popular... Ok, vá em frente.”
“Hmm, ele não reclama com todas aquelas crianças agarradas a ele... Primeiro Mestre, e depois Sir Graham... A verdadeira esgrima está em um espírito nobre...?” Sasha murmurou para si mesma.
Por que todos estão me colocando no topo com Graham? Belgrieve se perguntou, franzindo a testa. O sol formava um arco para o oeste e seus raios pareciam descer vagarosamente. O calor do sol e o estômago cheio trabalhavam juntos para enchê-los de uma alegria sonolenta.
Depois que pegou a vara de pescar do galpão, Graham chamou Kasim, que estava discutindo algo com Kain.
“Vou para o rio.”
“Quer que eu vá também?”
“Não tenho mãos suficientes.”
“Bem, alguém é popular, de fato.” Kasim gargalhou enquanto colocava o chapéu e se levantava. “Tudo bem, então vou ir. Venha também, não tem nada melhor para fazer, certo?”
“E-Eu deveria estar trabalhando...” Kain entrou em pânico.
“É um pouco tarde para isso. E acha mesmo que precisa estar em guarda aqui e agora? Aquele mascate ali não quer que fique vagando a sua volta o tempo todo, não é?”
“Bom, acho... Que não?” Kain se levantou.
Jake encarou-o com reprovação.
“Cara... Depois de toda aquela conversa que você nos fez ouvir...”
“O-O que mais devo fazer? Nunca mais terei outra chance de trocar conhecimento com o Destruidor de Éter!”
“Tsk. Quão conveniente.”
“Tem outra vara, Bell?” Kasim perguntou.
“Não.”
“Oh, que pena. Acho que vou procurar alguns caranguejos, então.”
Graham, Kasim, Kain e as crianças partiram para o rio. A juventude da vila dispersou-se em grupos de dois e três, e os carpinteiros retomaram o trabalho, o som de suas marretas de madeira ecoando no ar. Sasha e Seren foram para a casa de Kerry.
Belgrieve soltou um grande bocejo. Talvez fosse um bom momento para lavar roupa.
○
“Tem que segurar assim...”
“Assim.”
“Relaxe um pouco.”
“Relaxar...”
De pé em frente à Angeline, Mit continuou mudando seu aperto em uma espada de madeira. Angeline o instruiu em todos os detalhes, ajustando seu posicionamento. No entanto, Mit não ofereceu resistência alguma, alterando obedientemente seu domínio sobre cada ordem dela.
Movendo a cabeça para verificar de vários ângulos, Angeline assentiu, satisfeita. Depois se posicionou com sua própria espada de madeira erguida de lado na frente de Mit.
“Acerte.”
“Hia.”
Mit brandiu a espada. Houve um som seco de madeira contra madeira e as mãos de Angeline tremeram.
“Bom trabalho...”
“Bom trabalho?”
“Sim. De novo.”
“Hup.”
Desta vez, Mit deve ter perdido o equilíbrio, pois o poder estava um pouco mais fraco.
“Não é bem por aí... Desse jeito.”
“Desse jeito?”
“Não, isso.”
Mais uma vez, ele teve que mudar seu aperto. Angeline parecia estar se divertindo muito o ensinando e não parecia nem um pouco desanimada enquanto continuava pacientemente. A expressão de Mit, como esperado, nunca mudou.
Do lado de fora, Jake e Sola tentaram imitar o que estavam vendo — agarrar, ajustar e balançar. Eles tentaram várias vezes, contudo nada parecia clicar.
“D-Dessa forma?”
“Você entendeu tudo errado. É tipo isso.”
Contudo ambos já haviam adquirido seus próprios estilos como espadachins, e não estavam indo muito bem. Os aventureiros eram diferentes dos soldados — tinham exercícios e manuais básicos, porém grande parte de sua técnica era aprendida no meio de uma batalha real. Era raro algum aventureiro aprender um estilo predeterminado como um membro das forças armadas. Em primeiro lugar, o formato, tamanho e peso das armas tinham influência no estilo de luta, e suas armas não eram padronizadas. À medida que lutavam cada vez mais, todos escolhiam um método que mais lhes convinha e o expandiam.
Quanto mais experientes eles eram, mais difícil era ensinar uma nova técnica de espada. Houve momentos em que estilos de espada poderiam entrar em conflito e outros momentos em que alguém teria que abandonar tudo o que havia aprendido até aquele ponto. A esse respeito, o fato de Mit nunca ter segurado uma espada antes facilitou, tanto para a professora quanto para o aluno.
No momento de necessidade de Jake e Sola, Belgrieve saiu de casa, tendo acabado de terminar as tarefas.
“Oh, vocês estão indo com tudo mesmo.”
“Senhor Belgrieve...”
“Como devo dizer? Estamos tentando aprender junto, mas não está dando certo...”
Belgrieve sorriu e puxou a barba.
“Não precisam se forçar a aprender um novo estilo. Vocês dois são aventureiros ativos e isso tornará seu trabalho mais difícil se seus movimentos ficarem rígidos.”
“Entendo, no entanto...”
“Queremos ser mais fortes.”
“Hmm...” Belgrieve pensou por um momento, então pegou mais algumas espadas de madeira do galpão e entregou uma a Jake.
“Venha até mim como costuma fazer.”
“S-Sim, senhor!” Jake assumiu uma posição nervosa e martelou Belgrieve com um golpe poderoso. Depois que Belgrieve bloqueou o primeiro golpe, Jake imediatamente liderou para um segundo e um terceiro. Parecia ser um estilo de espada destinado a colocar uma pressão imensa em seu inimigo desde o início.
Embora Belgrieve tenha recebido os golpes por um tempo, por fim usou sua perna de pau como um ponto de pivô para aparar, e Jake foi lançado para frente com a força de seu próprio golpe.
Vendo o jovem aventureiro se levantar com pressa, Belgrieve riu.
“Isso é o que acontece se continuar tentando seguir em frente.”
“Ugh, com certeza...”
“O primeiro golpe foi bom. Todavia seu centro de equilíbrio estava desligado a cada balanço depois disso. O peso por trás era muito diferente.”
“V-Você acha? Não me sentia nada do tipo...”
“Com um estilo de espada como o seu, se encontrará em uma posição cada vez pior se não tiver peso suficiente para cada golpe. Primeiro, deve aprender a usar seu centro de gravidade, independente da posição em que estiver. Estou apenas especulando aqui, porém imagino que não pratique seus movimentos, não é?”
“Bom...” aquilo deve ter sido certeiro, porque Jake coçou a cabeça desajeitadamente.
Belgrieve deu um sorriso irônico.
“Pode achar que não é legal, mas o básico é importante. Se quer viver muito, não acho que deva negligenciar essas partes.”
“Está certo... Farei o meu melhor.”
Jake abaixou a cabeça, seu rosto ficando vermelho tímido. Sola batia os pés com impaciência, pois até então só estivera observando de lado. Ela arrancou a espada de madeira das mãos de Jake.
“Por que é só Jake? Não é justo! É a minha vez!”
“Claro vá em frente.” Assim, ele assumiu Sola. Talvez devido à sua constituição menor, seu estilo enfatizava mais a agilidade e o impulso. A garota tentaria fingir, então correria para o chão e esfaquearia de seu ponto cego. Belgrieve emaranhou sua espada com a lâmina que veio direto em sua direção e a arrancou de sua mão com facilidade.
“Oh, wow!”
“Precisa trabalhar um pouco na sua pegada.”
“Hã, pensei que estava indo muito bem nessa parte...”
Belgrieve bateu com a espada nos ombros.
“Ainda que seja o caso, eu te atraí, certo? Precisa ter cuidado com essas aberturas óbvias. Além do mais, como seu amigo, está apenas balançando com os braços. É bom focar na velocidade, entretanto não funcionará em monstros com pele dura ou conchas resistentes.”
“Entendo... Contudo sou muito pequena, então na verdade não sei mais o que fazer a respeito...”
“Se deseja se concentrar nos impulsos, é importante como avança. Quanto melhor o passo, mais poderoso é o impulso. Se isso for muito difícil, pode querer aprender a usar seu corpo como uma mola. Se continuar empurrando apenas com os braços, quebrará a articulação do cotovelo. De qualquer forma, precisa aprender a usar todo o seu corpo.”
“Então, degraus e molas... Certo?”
“Sim. Eu não sou de usar empurrões, então não posso ser mais específico. Seria melhor perguntar a alguém que usa uma lança.”
“Oh, pensando agora, vi sua luta com o Sr. Dortos em Orphen! Devo me imaginar empurrando assim?”
Imaginando a feroz habilidade de lanceiro de Dortos, Belgrieve coçou a bochecha.
“Será difícil chegar a esse nível... Porém pode usá-lo como ponto de referência.”
“Entendo... Sou uma espadachim, então só estava pensando em espadas, mas devo aprender uma lição com lanças também! Obrigado! Acho que aprendi alguma coisa!”
“Haha, estou feliz por ter sido útil.”
Belgrieve pegou suas espadas de madeira e se dirigiu para os fundos da casa para continuar seu trabalho. Observando-o partir, os dois jovens aventureiros se entreolharam atordoados.
“Ele é... Um bom professor.”
“Certo... Devo praticar meus movimentos.”
“Preciso praticar também... Todo o meu corpo, hein?”
“Ele não é incrível?” uma voz de repente interveio.
“Whoa?” os dois gritaram. Angeline apareceu atrás deles sem um som.
Com um sorriso, Angeline estufou o peito.
“É o meu pai...”
“Ce-Certo... Estou começando a ver por que você é tão forte.”
“Sim, sim. Posso entender agora.”
“Hehehe...” Angeline riu triunfante, como se ela fosse a pessoa elogiada.
Mit gingou atrás dela e puxou sua manga.
“Porque você saiu?”
“Ah, me desculpe...”
Vendo Mit parecendo um pouco irritado, Angeline coçou a bochecha. Jake e Sola riram.
O sol da tarde desceu ainda mais no horizonte e as sombras começaram a se estender das montanhas ocidentais. Os carpinteiros recolheram suas ferramentas e se prepararam para ir para casa.
Sola se espreguiçou.
“Então vamos nos despedir. Vou fazer o meu melhor praticando sozinha.” disse ela.
“Desculpe o incómodo. Hum, posso voltar?”
“Claro.”
Ambos pareciam felizes quando partiram. Então, como se para substituí-los, Anessa, Miriam, Byaku e Charlotte, que haviam passado a tarde fora, voltaram com vários coelhos selvagens e pássaros que já haviam sido decapitados e despojados de penas e peles.
“Hey!” Angeline gritou, levantando uma mão. “Bem-vindo de volta... Vocês trouxeram muito.”
“Sim, nós tiramos a sorte grande. Vamos comer bem esta noite.”
“Eu também consegui, mana! Tenho um com magia!”
“Ah, muito bem! Boa menina, Char.”
“Teehee...”
“Onde estão todos os outros? Dentro?"
“Meu pai está lá dentro... Vovô e o Sr. Kasim estão perto do rio.”
“Oh, então vamos comer peixe também. Vai ser uma festa.”
“Certo. Já que estamos tendo tanto, devemos chamar Sasha e Seren também?”
“Isso pode ser uma boa ideia...”
“O que quer que façamos, estou com fome. Vamos começar a cozinhar já.”
“Merry... Você não almoçou muito?”
“Quero dizer, a comida aqui é tão boa que acabo comendo demais. A culpa é da comida.”
“Pare de brincar e comece a se preparar já. Vai escurecer.” disse Byaku, entrando na casa.
As meninas trocaram um olhar.
“Ele está ficando mais mole, não é?”
“Byaku é surpreendentemente bom em tarefas domésticas.”
“Não posso perder para Byaku! Tenho que trabalhar mais!” Charlotte se apressou e correu para dentro de casa.
Anessa e Miriam sorriram e deram de ombros antes de perseguir a dupla, e Angeline alegremente levou Mit pela mão. Ela podia ouvir o distante guincho estridente de um pássaro da montanha.
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