domingo, 16 de junho de 2024

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 11 — Capítulo 155

Capítulo 155: Epílogo

“Satie, trouxemos os vegetais.” Anessa e Miriam entraram em casa trazendo cestos carregados com o pouco que restava dos vegetais de verão.

“Vocês conseguiram bem mais do que eu esperava.” Satie estava amassando a massa e, quando se virou para cumprimentá-las, tinha farinha no nariz. “Obrigado. Poderiam entregá-los para Char? Hey, vamos, Percy. Não te disse para trazer lenha?”

“Ah, certo, esqueci totalmente. Desculpe.”

Percival saiu correndo, atormentado pela repreensão de Satie.

Satie colocou a mão no quadril e suspirou cansada.

“Ele está ficando esquecido nos últimos dias. Agora, vou colocar os talheres, então, por favor, tire a mesa. Ainda está tão bagunçado quanto ontem à noite. Maggie, pegue um pouco de água.”

“Pode deixar.” Marguerite saiu com um balde na mão no momento em que as gêmeas chegaram com os pratos.

“Aqui, os pratos.”

“Kasim, rápido.”

“Sim, sim.” Kasim rapidamente retirou as garrafas e cartas que haviam sido deixadas sobre a mesa.

“Tio Kasim, por favor, carregue a panela.” disse Charlotte, batendo na tampa da panela pendurada sobre o fogo com uma concha de madeira.

“Você é uma verdadeira escravagista, sabia disso?” Kasim disse com um sorriso.

Byaku, que estava cuidando do fogo, olhou para o homem com desconfiança.

“O que é tão engraçado?”

“Haha... Bem, só me senti feliz por algum motivo.”

Satie começou a rir também.

“Hehe... Sim.”

Percival voltou com a lenha debaixo dos braços e inclinou a cabeça com curiosidade.

“O que está acontecendo?”

“Nada... Apenas desfrutando da felicidade.”

“Entendo...”

“Você parece um pouco fora de si.”

“Cale a boca. Sou um cara delicado.” Percival fez beicinho.

Então Mit olhou para ele, assustado.

“Percy, delicado?”

“Mit... Seu pequeno, o que Kasim está te ensinando?”

“Hey, por que está me culpando?”

Lucille dedilhou seu instrumento.

“Como as pessoas do passado disseram uma vez, ‘Você consegue o que merece’.”

Yakumo gargalhou.

“Terei que concordar, pelo menos uma vez.” disse ela, soltando um pouco de fumaça. Kasim torceu a barba.

“Droga, não tenho aliados aqui. Onde estão Bell e Ange?”

“Eles estão passeando. O pai disse que estava com vontade de caminhar.” explicou Charlotte enquanto servia o ensopado.

Anessa deu uma risadinha.

“Apesar de tudo, o Sr. Bell é muito resistente. Eu podia sentir o sangue sendo drenado do meu rosto quando aquilo aconteceu.”

Merry assentiu sem interromper seu trabalho de cortar legumes.

“Foi um verdadeiro choque, não foi? Quando estávamos começando a ficar inquietos, ele apareceu de repente, sangrando, com Ange ajudando-o a andar.”

“Sim, de repente, de onde o fio havia sumido. Meu Deus, quantas vezes ele tem que me surpreender antes de ficar satisfeito?” Percival disse, suspirando.

“Foi uma sorte que Helvetica tivesse algum elixir de sobra. Graças a sua ajuda, Bell pode pelo menos andar sozinho agora.” disse Satie, continuando a amassar a massa.

“Nem me fale, Bell com certeza sabe como me assustar. Pra alguém que costuma ser tão cauteloso, mas nem hesita em colocar sua vida em risco. Meu coração quase parou, sabia?” disse Kasim.

“É muito bom que todos tenhamos conseguido voltar. Achei que não havia esperança quando o buraco se fechou...” disse Anessa.

Miriam assentiu.

“É verdade. Eu me pergunto por que isso aconteceu. Acho que não faz sentido pensar a respeito agora.”

“Quer dizer, sim, porém ainda estou curiosa sobre aquilo. Está tudo na minha cabeça.” disse Marguerite, que havia voltado com água.

Graham, que estava sentado no piso elevado, fechou os olhos enquanto pensava no assunto.

“Não é porque Angeline queria?”

“Hã?”

“O que você quer dizer, tio-avô?”

“Angeline queria voltar para casa. É por esse motivo que o caminho se abriu. Isso é tudo.”

“Talvez...”

“Haha! Acho que no fim só mostra que o lugar para onde ela deveria voltar era com Bell e não com Salomão.” disse Percival.

Sua alegria era contagiante; a casa inteira logo se encheu de risadas.

“De qualquer forma, Percival, o que pretende fazer? Já não há mais ninguém para procurar.”

“Quem sabe? Vou demorar um pouco pensando sobre tudo.”

“Quer ir para o leste com a gente?” Miriam sugeriu maliciosamente.

Percival riu.

“Não é uma má ideia, contudo vou pegar leve em Turnera até que tudo com a masmorra fique resolvido.”

“Está tudo muito bem, mas pelo menos ajude nas tarefas de casa.” disse Satie.

Percival franziu a testa. Houve outra rodada de risadas — desta vez, às custas dele.

A porta se abriu com um baque forte, revelando Sasha.

“Bom dia! Oh, como está alegre aqui!”

“Ah, Sasha. Bom dia!”

“O que a traz aqui tão cedo?” Anessa perguntou curiosamente.

“Bem, eles estão carregando a estátua para fora da igreja. Vim ver se algum de vocês queria assistir!”

“Hã? Já é essa época do ano?”

“Vamos nos apressar e terminar o café da manhã, então.”

“Eu me pergunto quando Bell e Ange chegarão em casa.”


Faltava apenas um dia para o festival de outono. Um grande número de vendedores ambulantes passava pela vila e músicos folclóricos viajantes dedilhavam melodias alegres todos os dias. Era como se o festival já tivesse começado. Por causa do clima, a estátua da Todo-Poderosa Viena estava sendo retirada mais cedo, em vez de esperar o início do festival.

No topo da colina com vista para a vila, Belgrieve estava de pé com a ajuda de uma bengala e Angeline aninhou-se ao seu lado. A pedra preciosa incrustada no grampo de Angeline brilhou ao captar a luz.

“Dói, pai?”

“Não, estou bem.” Belgrieve colocou a mão ao seu lado. “Você errou meus órgãos vitais, afinal. Você realmente é uma garota gentil.”

“Hmph...” Angeline resmungou com os lábios franzidos. Belgrieve sorriu e colocou a mão na sua cabeça.

Seu flanco foi perfurado por Angeline quando esta estava prestes a se tornar um demônio, no entanto se foi intencional ou pura coincidência, o fato é que havia errado seus pontos vitais. Depois de retornar à vila, Belgrieve foi tratado com um elixir dado por Helvetica. Embora ainda doesse um pouco, chegou ao ponto em que conseguia ficar de pé e andar com uma bengala.

O vento soprava forte sobre as planícies a caminho de terras além de sua casa. Angeline apertou a mão do pai.

“Já é o festival de outono.”

“Sim, o tempo voa.”

A fumaça das fogueiras por toda a vila se espalhava pelo céu à sua frente e, embora apenas fracamente, podiam ouvir toda a agitação deste ponto de vista. Esta era a época do ano em que Turnera costumava atrair as maiores multidões de visitantes, todavia uma vez que a masmorra estivesse operacional, talvez isso não fosse mais o caso.

Belgrieve respirou fundo e sentou-se devagar no chão, e Angeline em seguida fez o mesmo.

De alguma forma, os dois conseguiram voltar seguindo o rastro de fios através da escuridão sem fim até que de repente apareceram diante de seus amigos. Depois de se reunirem, continuaram a seguir o fio e misteriosamente conseguiram sair em muito menos tempo do que levaram para chegar lá.

Era um espaço bastante bizarro... Belgrieve refletiu. Embora tivessem refeito seus passos, nunca mais cruzaram o caminho de Salomão. Ele se perguntou se ainda estava naquele espaço, sentado sozinho sob a macieira. Eles tinham um caminho de volta, mas talvez para Salomão o caminho estivesse fechado há muito tempo.

“Ele parecia solitário...”

“Algo errado, pai?”

“Ah, bem... Quanto tempo você acha que sua jornada para o leste levará?”

“Não sei... Talvez mais de um ano.”

Após o festival, Angeline retornaria a Orphen antes de partir para as terras do leste. Anessa, Miriam e Marguerite iriam com ela, e até mesmo Yakumo e Lucille a acompanhariam, então seria uma jornada bastante animada.

“Vou conhecer todo tipo de gente, ver todo tipo de coisa e depois... Quando voltar, terei muitas histórias para contar!”

“Estarei ansioso por elas.” Belgrieve sorriu e deu afagou a cabeça de Angeline. Ela fechou os olhos, desfrutando do conforto.

Tanta coisa aconteceu — e muita dor, raiva e tristeza — mas eles de alguma forma conseguiram superar isso. E era por esse motivo que momentos como esse, quando nada acontecia, pareciam tão queridos.

“Administrar a guilda vai dar muito trabalho?” Angeline perguntou, olhando para o rosto de Belgrieve.

Belgrieve sorriu ironicamente e coçou a barba.

“Sim, parece que vai ser difícil. Porém alguém tem de fazê-lo.”

“Hehe... Vou ajudar quando voltar.”

“Isso aliviaria a carga. Contudo você vai fazer o Sr. Leo chorar.”

“Está tudo bem. O mestre da guilda virá para Turnera mais cedo ou mais tarde.”

“Hey, vamos...”

Então, novamente, talvez isso realmente acontecesse. Belgrieve não conseguia ver o futuro, no entanto era um pouco assustador não poder considerá-lo uma impossibilidade. Belgrieve não odiava quando as coisas ficavam um pouco selvagens, só que teria de sofrer um pouco para acompanhar se as coisas ficassem muito caóticas.

Com um sorriso perturbado, Belgrieve olhou para o céu. O sol estava aos poucos subindo cada vez mais.

Angeline se levantou.

“Acho que o café da manhã já deve estar pronto.”

“Certo, devemos voltar.” Belgrieve levantou-se, usando a bengala para suportar o seu peso.

Angeline cantarolou uma música enquanto seus olhos pousaram na floresta.

“Vamos colher mirtilos-vermelhos, certo?”

“Depois do café da manhã.”

“Hehe...” Angeline sorriu e abraçou seu pai.

O abraço de sua filha causou uma dor latejante no lado de Belgrieve.

“Ooh, ow.”

“Ah, desculpe... Você está bem, pai? Consegue continuar?” Angeline perguntou timidamente.

Dando tapinhas em si mesmo, Belgrieve riu.

“Eu vou ficar bem se você puder me apoiar. Vamos devagar e contamos histórias ao longo do caminho. Mit e Charlotte também podem ir. Faremos uma viagem de um dia.”

“Ok.”

Angeline sorriu, pegando com delicadeza o braço do pai.

“Vamos indo.”

“Sim.”

Lentamente, os dois desceram o morro, dando cada passo com muito cuidado.

Schwartz havia desaparecido além dos limites do tempo e do espaço — talvez ainda mais além disso. Era provável que nunca mais o veriam. O que não queria dizer que todos os seus problemas tenham sido resolvidos, todavia, pelo menos, não sobrou ninguém que pudesse perturbar a paz deles. Entretanto ao recordar tudo o que levou ao momento da separação, Belgrieve começou a se perguntar se Ishmael de fato nunca existiu. Talvez Ishmael fosse quem Schwartz era antes de ser capturado pela sua própria curiosidade. Antes de ganhar o apelido de Chama Azul da Calamidade, talvez tivesse sido o mesmo homem um pouco desajeitado que lutou ao lado deles no Umbigo da Terra. Pensar nessa possibilidade agora não traria nenhuma resposta, porém ele sentiu uma pontada de tristeza com a possibilidade.

De qualquer forma, seu inimigo havia desaparecido e retornaram à normalidade da vida diária. É verdade que Belgrieve não tinha mais certeza do que ‘normalidade’ significava para sua vida diária com tantas coisas novas começando. Seren havia se estabelecido com a comunidade, a masmorra chegaria em breve e a guilda a seguiria logo em seguida. As pessoas iam e vinham e ele estaria envolvido com todas elas. A vida que viveu até agora efetivamente acabou. Esse pensamento o fez parar.

Angeline olhou para seu pai com curiosidade.

“O que há de errado, pai? Está doendo?”

“Não...” seus olhos fecharam por um momento e sentiu o vento nas costas. Quando os abriu de voltou, olhou para a filha. Angeline o encarou de volta com curiosidade. Seu cabelo preto balançava com a brisa. Angeline cresceu e ele também. Um dia morreria de velhice; um dia, Angeline precisaria deixar o ninho para sempre.

Era verdade que o inimigo havia desaparecido, porém nem tudo estava resolvido. Percival estava fingindo estar alegre, contudo ainda estava sofrendo em alguns aspectos. A própria Angeline também não havia colocado todos os seus sentimentos em ordem — algo que era evidente estar adiando para depois da viagem. Ela se distanciaria dele por um tempo para observar outras paisagens. Aos poucos, quis se orientar novamente.

No entanto Angeline sem dúvida havia aceitado seu passado; o tempo resolveria o resto. Após algum tempo, chegaria o dia em que eles poderiam rir de tudo isso — era o que Belgrieve acreditava, embora não soubesse quantos anos teria quando essa hora chegasse.

Eu sou um adulto. Meus amigos também envelheceram. Com o passar dos anos, o tempo transformaria as crianças em adultos, os adultos em idosos e os idosos em pessoas que partiram — e uma nova vida nasceria para ocupar o seu lugar. Para o bem ou para o mal, nada poderia permanecer igual para sempre. Os tempos mudariam, o mundo mudaria e, talvez em cem anos, a paisagem diante de seus olhos seria completamente irreconhecível para ele.

Belgrieve gentilmente colocou a mão na cabeça de Angeline. A garota fechou os olhos, feliz em se aconchegar em seu calor.

“Hey, hey. Está quente...”

“Vamos.”

“Ok.”

Os dois voltaram a seguir seu caminho.

Até agora, eles foram empurrados por eventos que nunca poderiam ter imaginado. Mas mesmo nesse momento, a mudança viria para eles. Olhando para o passado, não houve nada além de mudança.

Ainda assim, o vento que soprava colina abaixo não havia mudado nem um pouco desde aquele dia, há tanto tempo, quando o conduziu pela primeira vez em sua jornada. Foi assim que Belgrieve viu as coisas.

***

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