domingo, 9 de junho de 2024

Slayers — Volume 02 — Capítulo 11

Capítulo 11: Epílogo

O céu estava claro e azul, as ruas cheias e movimentadas. Foi um dia como qualquer outro.

“É quase como se... Nada tivesse acontecido.” murmurei.

“É raro te ver tão quieta.” disse Gourry enquanto bagunçava meu cabelo.

“Ei, não bagunce meu cabelo! E me desculpe por ficar quieta.”

“Desculpe! É só que... Ver você assim parece um mau presságio, de alguma forma.”

“O que eu sou, um porco com asas?”

Gourry e eu estávamos descendo a avenida principal em direção ao portão leste da cidade.

Já se passaram dez dias desde aquela noite. Nós dois conseguimos nos recuperar e terminamos toda a limpeza restante ontem... Embora, na verdade, Rubia já tivesse cuidado do pior.

Assim que Lantz se recuperou, ele se despediu da cidade. Disse algo sobre passeios turísticos em Sairaag.

Quanto a Daymia... Não tinha ideia do que aconteceu com ele. As lendas diziam que aqueles afetados por Raugnut Rushavna não podem morrer até que o lançador, Seigram, neste caso, fosse erradicado. Os figurões do conselho dos feiticeiros foram bastante evasivos quando perguntei a respeito...

Depois houve Rubia. Ela foi inicialmente submetida a uma investigação contundente por seu papel na cumplicidade com Halciform. Porém, intercedi com uma defesa ameaçadora e fiz com que percebessem que a pobre Rubia teria se tornado outra vítima se tivesse delatado. Além disso, foi a responsável por detê-lo. Então, no final, o conselho pegou leve com ela e pronto.

Ainda não sei os detalhes exatos de seu relacionamento com Halciform. Talvez tivesse ficado feliz em falar sobre isso, mas, por algum motivo, não consegui perguntar.

Agora, quanto a nós dois...

“Bem, para onde iremos a seguir?” Gourry me perguntou.

Não tínhamos nenhum destino específico em mente. Estávamos livres para ir aonde quiséssemos. Ouvi rumores sobre uma confusão acontecendo na Cidade Saillune, então pensei que seria divertido bisbilhotar por lá. Também pode ser bom visitar minha cidade natal, Zephilia, pela primeira vez em algum tempo.

Hmm, isso me fez pensar de onde Gourry veio... Bem, não importa.

“Não sei. Vamos descobrir no caminho.” respondi com uma piscadela.

Assim deixamos a cidade Atlas para trás.



Posfácio

Departamento editorial. Entre, departamento editorial. Este é o autor de Slayers, Hajime Kanzaka. Escapei da pessoa que planejava sequestrar meus posfácios e estou enviando isso por mensagem de texto de dentro de um armário. Não está claro por quanto tempo posso prosseguir, mas farei o meu melhor.

Ora, olá, gentis leitores! Aqui é Hajime Kanzaka, seu humilde autor! O que é isso, você pergunta? Não estava agindo de forma terrível há um minuto? Bem, não posso continuar assim para sempre! Quando é hora de se divertir, você se diverte! É verdade que passei o primeiro posfácio trancado em um armazém, porém por acaso, sou um mestre em cento e oito técnicas de fuga de armazém, então não se preocupe!

Agora, permita-me dizer que foi o seu apoio que nos permitiu fazer essas reimpressões, e estou muito, muito grato por isso. Quando você é escritor e recebe cartas de fãs ou ve pessoas dizerem coisas como: “Acabei de começar a ler a série. Meu pai me recomendou”, e “Comecei a ler na escola primária e agora tenho meu próprio filho”, realmente faz se sentir abençoado por ter um fandom tão duradouro.

Claro, também estou envelhecendo! Contudo... Como devo dizer? Parece que todos os meus leitores se tornaram adultos respeitáveis, enquanto eu não amadureci nem um pouco. Na verdade, às vezes tenho a terrível sensação de que posso até ter regredido desde que escrevi este volume originalmente.

Pensando bem, este volume foi um grande desafio. Escrevi o primeiro livro de Slayers como um one-shot em um concurso e ele ganhou, então meu supervisor me pediu uma história complementar. Eu estava tipo, “Hm, no entanto eles já derrotaram o Lorde das Trevas...”, é estranho dizê-lo agora, mas no início, pra ser sincero pensei que o projeto era impossível.

Para evitar que Lina resolvesse tudo com um grande feitiço, tive a ideia de ambientar este volume em uma cidade. Acho que foi uma lição para mim sobre como pode usar as circunstâncias e o cenário para mudar o sabor de uma história. É claro que há limites para o quanto pode mudar, vá longe demais e a história se tornará diferente. Na verdade, ouvi pessoas dizerem que ‘O Feiticeiro de Atlas’ era mais pesado que o volume 1. É claro, isso foi intencional.

Porém não acho que teria aprendido nada se não tivesse sido convidado para escrever um segundo romance Slayers. Acho que é importante tentar coisas mesmo quando acha que são impossíveis. Pode ser um aprendizado! Ou pode perceber que elas são mesmo impossíveis...

Ah. Claro, não quero ouvir nada de “impossível” de uma certa mulher que assume o meu posfácio.

Enfim... Nesse sentido, ‘O Feiticeiro de Atlas’ foi uma espécie de ponto de viragem para mim. Foi muito difícil escrever no começo. Contudo depois de muito quebrar a cabeça, pensei: “Eu gosto de yokai e kaiju! Quero incluí-los!”, e no minuto em que coloquei os lobos-espinhos e outras coisas na história, as palavras simplesmente saltaram da página. O que há de errado comigo? Por que gosto tanto de monstros? Esses são os tipos de coisas que me fazem questionar meu estilo de vida.

No entanto naquela época, como um escritor estreante que ainda não sabia o que estava fazendo e tentava inventar uma história na hora, a única coisa que não conseguia fazer era escrever o enredo. O Editorial ficava me pedindo para escrever o enredo e enviá-lo antes de escrever, entretanto naquela época... Eu realmente não sabia a diferença entre um esboço e um resumo do enredo, então não sabia o que fazer. Em termos arquitetônicos, um esboço é como o rascunho do projeto e o resumo do enredo é como a planta.

Quando enviei o enredo (ou como o queira chamaria) para o terceiro volume, ‘Os Fantasmas de Sairaag’, meu supervisor disse: “Hmm... Bem, para algo como Slayers, acho que está tudo bem”. Então, quando lhe enviei a versão final, ele ficou maravilhado e disse: “Isso é tão divertido, Kanzaka-san!”. Senti como se tivesse vencido. Não tenho certeza do que venci exatamente, mas acho que o esforço (?) valeu a pena, porque meu supervisor pareceu perceber que meus produtos acabados iriam divergir muito dos resumos do meu enredo, não importa o que acontecesse... E agora não são mais solicitados.

Agora, para qualquer aspirante a romancista que esteja lendo isto: por favor, não tente fazer isso em casa. Meu exemplo não é para ser seguido.

De toda forma... Espere, acabei de ouvir uma coisa. Oh, é a porta da frente! Ela sabe que estou aqui? Ela me encontrou?

Ela está vindo! A senhora tentando assumir meu posfácio! Posso ouvir seus passos agora! Parece que esse é todo o posfácio que consegui! Ack, minha mão! Está presa na porta...

* * * * * * * * * * * * * * *



    É aqui que a transmissão do autor é interrompida. Não temos como saber o que aconteceu com ele, mas ele enviou um posfácio de tamanho apropriado, por isso não nos importamos muito.

— O Departamento Editorial

Posfácio: Fim.

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