sábado, 25 de dezembro de 2021

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 02 — Capítulo 16

Capítulo 16: Embora Ainda não Tivesse Raiado o Dia


Embora ainda não tivesse raiado o dia, o céu estava começando a iluminar-se aos poucos, dividindo a terra e os céus em distintos tons de preto e branco. O ar estava frio e claro, e espinhoso na pele.

Belgrieve teve o cuidado de não perturbar Angeline — que estava agarrada a ele quando acordou — quando saiu da cama. Belgrieve escavou as brasas enterradas nas cinzas, depois empilhou talas e lenha sobre elas. Com uma baforada de sua respiração, as chamas voltaram à vida. Mesmo assim, a casa estava bastante fria e cada expiração saiu branca.

Anessa e Miriam estavam descansando perto do fogo. As duas estavam dormindo, agarradas uma a outra para se aquecerem sob as camadas de cobertores. Estou feliz que dormiram bem, Belgrieve pensou com um suspiro.

Enquanto remexia ao redor, se preparando para sua caminhada matinal e patrulha, Angeline se levantou, esfregando os olhos. “Pai... Também quero ir.”

“Eu te acordei...? Pode dormir mais um pouco.”

“Estou bem... Quero ir junto mais do que dormir.” Angeline vestiu suas roupas de viagem e uma jaqueta por cima.

Pai e filha se aventuraram a sair. Estava frio dentro de casa, porém bem mais do lado de fora. Angeline respirou fundo o ar gelado da manhã de Turnera pela primeira vez em muito tempo. Sua longa expiração fluiu atrás dela.

“Posso sentir isso em meus pulmões...”

“Haha, muito frio para uma garota da cidade?”

“Nah... É bom.”

O horizonte distante ficava cada vez mais claro, mas ainda havia estrelas pontuando o céu acima, e quanto mais brilhante ficava acima, mais densa parecia a escuridão na terra.

Não havia vento; era como se o ar tivesse ficado estagnado. Um galo cacarejou ao longe.

Havia agulhas de gelo de todos os tamanhos espalhadas pelo chão. Elas triturariam ruidosamente cada vez que fossem pisadas. Angeline levantava de propósito seus pés mais alto e pisava duro para que pudesse desfrutar de sua textura. Fazia isso desde criança.

Os dois caminharam a um ritmo lento ao redor da aldeia. A pouca neve que restava nos cantos de cada quintal e nas laterais do caminho estava congelada pelas noites de inverno. Havia gelo aderindo às margens dos riachos.

Angeline saltou à frente de Belgrieve, apreciando a sensação de esmagar as agulhas de gelo. Mesmo tendo crescido, ainda era sua filha. Belgrieve sentiu uma estranha sensação de alívio.

“Que nostálgico... Costumava brincar assim o tempo todo.”

“Verdade... Ainda quando estava frio, você fazia o possível para acordar todas as manhãs.”

“Hehehe...” Angeline voltou com um salto, agarrando-se a Belgrieve. Seu rosto esfregando a bochecha contra a barba dele.

“Legal e áspera...”

“Lá vai você de novo.” Belgrieve sorriu e deu um afago em sua cabeça.

Os dois chegaram a uma pequena colina de onde podiam ver a vila. O solo estava coberto de pedras, grandes e pequenas, e coberto com grama seca que havia resistido durante o inverno. Novos brotos já começaram a emergir entre os caules.

Turnera estava quieto. No entanto, várias famílias já estavam acordadas, com suas chaminés emitindo fumaça do café da manhã. O ar era pontuado pelo balido de ovelhas e cabras e latidos de cães pastores.

Saltando dois passos, depois três, Angeline se virou para encará-lo.

“Eu gosto daqui. Dá pra ver tudo...”

“Certo... Cuidado com os passos, Ange.”

A manhã logo cairia sobre eles. O horizonte leste já estava em chamas com uma luz ofuscante, e no momento em que aquela bola de luz apareceu, o que antes era escuro, um cenário sem características imediatamente começou a formar sombras, dando a tudo uma sensação de profundidade e forma. Os pássaros começaram a cantar. O mundo estava abrindo bem diante seus olhos. A geada que havia descido sobre as rochas agora brilhava sob o sol.

Pai e filha ficaram lado a lado, observando a lenta ascensão do corpo celestial.

“Sigh... Que lindo.” a respiração de Angeline demorou um momento, torcendo-se em todos os tipos de formas, antes de subir e desaparecer. Ela fungou, levando as mãos às orelhas expostas e esfregando-as para esquentá-las.

“Turnera não mudou nem um pouco...”

“Não vai mudar... É provável que não tenha mudado desde antes de seu pai nascer.”

“Bom... É um alívio. É animado em Orphen, porém é sempre tão agitado.”

“Hmm... Não é divertido lá?”

“Sim, mas não foi o que quis dizer. Apenas gosto de Turnera.”

“Haha, entendo... Contudo agora, as estradas vão ser refeitas. Não sei o que vai acontecer depois disso...”

“As estradas?”

“A condessa disse que queria que a estrada para Turnera fosse devidamente cuidada. Quando for feito, pode ser um pouco mais fácil para você voltar para casa.”

“A casa de Seren e Sasha, hein...”

“Oh, é verdade. Recebi cem moedas de ouro de Sasha como agradecimento por salvar Seren.”

“Entendo...”

“Leve-o junto quando voltar para Orphen.”

“Não... Pode ficar, pai. Não estou querendo dinheiro.”

“Ah, entendi. Então, vou mantê-lo por enquanto. Fale comigo se precisar.”

“Eu vou... Hey, pai.”

“O que foi?”

“Você fez da Sasha sua aprendiz?”

Belgrieve coçou a bochecha. “Não pretendia, no entanto... Bem, nós treinamos apenas duas vezes. Sasha decidiu me chamar de mestre por sua própria vontade.”

“Entendo...” Angeline agarrou o braço de Belgrieve e o abraçou com força, parecendo um tanto feliz. “Ela é... Forte?”

“Hum?”

“Sasha.”

“Sim, é forte. Estou pensando que posso perder a próxima partida.”

“Não pode perder... Não perca para ninguém até eu vencer você.”

“Seja razoável. E, Ange, concerte alguns de seus hábitos ruins de luta com espada. Se está perdendo para o seu velho aqui, ficarei preocupado sempre que ouvir que está lutando contra outros Rank S e demônios...”

Angeline esticou os lábios taciturnamente. “Aquele demônio não era tão forte quanto o pai...”

“Ah, vamos, não tem como ser verdade...” Belgrieve deu um sorriso amargo e coçou a barba. “Que tipo de monstro era o demônio?”

“Foi, bem... Algum tipo de coisa negra e sombria.”

A mão de Belgrieve parou. Seus olhos estreitaram em dúvida e olhou para Angeline.

“Uma sombra... Qual era a forma?”

“Hmm... Era meio humano, pelo que parecia. Contudo era pequeno, quase chegava à minha cintura.”

Belgrieve fez uma careta com as dores que corriam por sua perna ausente enquanto pensava: Isso soa familiar. Contudo embora aquele também fosse uma sombra, era mais como uma besta de quatro patas.

“Não pode ser... Se fosse um demônio, todos nós teríamos morrido...”

“Hã...? O que há de errado, pai?”

“Não é nada. Estou bem.”

Angeline estava olhando para o rosto dele com preocupação, então Belgrieve riu e deu um tapinha na cabeça dela. As dores desapareceram antes que percebesse. Agora que o sol havia nascido, podia ver que as bochechas de sua filha estavam rosadas de frio. Belgrieve colocou as palmas das mãos contra elas.

“Você está congelando... Vamos para casa, ok?”

“Tudo bem... Hup.” Angeline saltou nas costas de Belgrieve. Enterrou felizmente a boca em seu cabelo. Sua respiração fazia cócegas.

“Você se sentiu sozinho sem mim, pai...?”

“Claro. Estou feliz que esteja em casa.”

“Hehehe... Estou feliz por estar de volta...” Angeline bagunçou o cabelo de seu pai, satisfeita.

“Meu Deus... Algumas coisas nunca mudam...” Belgrieve sorriu em ironia enquanto começava a lenta jornada para baixo com sua filha nas costas.


À medida que o sol se erguia sobre a floresta, os pássaros desfilavam, bicando os insetos e vermes que se revelaram no solo. A primavera foi quando várias formas de vida despertaram, e até mesmo as árvores germinaram ramos macios e flexíveis.

Um caroço preto apareceu na sombra de uma árvore caída, pequeno o suficiente para caber na palma da mão. Ele estremeceu, talvez de frio.

Um pássaro solitário espiou sob as sombras das árvores e pedras para comer, cutucando o chão com o bico. Quando localizou o caroço, testou-o com uma bicada. De repente, a substância negra ficou presa em seu bico. O pássaro começou a bater asas em estado de choque, no entanto a massa enrolou-se em torno do seu corpo até que foi envolvido por completo. Toda a massa desabou como se o pássaro dentro dela tivesse se dissolvido inteiro. A massa aumentou cerca do tamanho daquele pássaro agora, mudando de forma fluida conforme tremia. Parecia estar vivo, mas não tinha membros e a fronteira entre a cabeça e o torso era incerta — era apenas uma coisa redonda.

A massa negra penetrou o mais fundo possível em sua fenda — parecia detestar a luz do sol. Embora não tivesse boca perceptível, parecia estar murmurando algo.

“Onde...? Por que estou aqui? Quem sou eu? Mestre... Mestre... Ter...? Quem foi... Meu mestre...” a massa tremeu e balançou como uma miragem.

Em pouco tempo, um coelho selvagem saltou e olhou para as sombras. A coisa preta disparou e agarrou-se ao coelho. Enquanto se debatia em estado de choque, a massa selou a boca do coelho, os olhos e, em pouco tempo, todo o seu corpo.

Ele havia crescido mais uma vez. Por um tempo, apenas tremeu, contudo eventualmente, suas partes incharam e tomaram forma. Parecia quase um par de asas.

“Eu sou... Pássaro...? Não...”

Seus apêndices parecidos com asas mudaram de forma devagar. Logo, transformaram-se em braços com mãos distintas.

“Eu sou... Humano...? O que sou...”

Eventualmente, a massa assumiu a forma humanoide, com cabeça, mãos e pernas. No entanto, era apenas do tamanho de um bebê. Parecia desacostumado a andar, pois lutava a cada passo. Rastejou então de quatro até o canto mais distante, onde em silêncio se encolheu nas sombras da árvore caída.

“So... Zinho...”


“Palha, fogo e... O que mais? Talvez lã? Feijão seco?”

“Sim, não sei. Há muitos cheiros desconhecidos aqui... Porém é meio calmante.”

Miriam e Anessa estavam sentadas, aninhadas junto à lareira com o cobertor sobre os ombros. O sol estava alto agora, e a luz que entrava pelas frestas da porta fechada e das janelas com venezianas deixava o quarto claro o suficiente. Houve um rangido ocasional enquanto o telhado e as paredes que haviam congelado durante a noite esquentavam.

O pai e a filha ainda não tinham voltado, não que as meninas se importassem em ser deixadas para trás. Era só que não sabiam como iriam passar o tempo e não queriam sair da lareira.

Uma casa de campo estava repleta de vários cheiros. Ambas foram criadas em Orphen, entretanto algo sobre isso parecia emergir um estranho sentimento nostálgico. Eram essas memórias ancestrais que haviam sido imbuídas no próprio sangue que corria em suas veias?

As orelhas de Miriam estavam abaixadas e seu corpo se aproximou de Anessa, que sorriu maliciosamente.

“Hehe, suas orelhas estão geladas? Precisa de um chapéu?”

“Ah com certeza! Você vai me fazer rir de novo!” disse Miriam, e já estando rindo.

Ambas aceitaram a personalidade direta, mas um tanto alheia de Belgrieve de forma bastante favorável. Seus olhos, que se encheram de bondade paternal quando caíram sobre Angeline, pareciam comoventes. Elas podiam entender porque Angeline ansiava tanto por se reunir com seu pai.

Miriam sorriu ao olhar para o rosto de Anessa. “Ter um pai é muito bom. Estou ficando com ciúmes de Ange.”

“Você pode... Estar certa... Sim, tem razão.”

Uma irmã da igreja desempenhava o papel de mãe. A irmã foi severa, no entanto encheu as crianças com tanto amor quanto uma mãe de verdade faria. Anessa e Miriam estavam gratas e amavam a irmã. Contudo, sua relação era distintamente maternal — nenhuma das meninas jamais sentira o que era ter um pai. Elas ainda não conseguiam entender o que era ter um homem como pai.

Às vezes, filantropos apareciam para adotar um dos órfãos. As duas nunca sentiram carinho por nenhum dos ricos que passavam por ali. Parecia mais que estavam procurando animais de estimação para cuidar do que filhos para criar — embora, é claro, a irmã não aceitasse nenhuma oferta de adoção que parecesse, mesmo que pouco, suspeita.

E ainda, embora as duas só conhecessem Belgrieve por menos de um dia, podiam sentir uma grande dose de amor paternal. Como um pai solteiro, Belgrieve desenvolveu um lado um pouco maternal, é claro, mas ainda era um homem. O que ficou mais evidente em como duelou com Ange, repreendendo-a por seus erros e se alegrando com seu crescimento — ele era um genuíno pai. Este era um tipo diferente de calor do afeto de uma mãe.

Anessa e Miriam ficaram um tanto perplexas com essa sensação que nunca haviam experimentado antes, todavia não a acharam desagradável. Ao invés, apenas as estimulou a imaginar como seria se as próprias tivessem um pai.

“Aah, se ao menos o Sr. Bell fosse nosso pai também... Gostaria de ser mimada como Ange.”

“O que está dizendo...”

“Hmm, não está pensando o mesmo, Anne? Posso dizer.”

“C-Claro que não! Quem disse que eu queria uma carona nos ombros dele...” ela parou no meio da frase e se virou, mortificada. Miriam estava sorrindo com o rosto repleto de presunção. “O que eu disse?”

“C-Cale a boca!”

As bochechas vermelhas e brilhantes de Anessa se arquearam em um beicinho, e ela bateu com a palma da mão na cabeça de Miriam. Foi quando a porta se abriu e Angeline irrompeu com lenha nas mãos.

“Estou de volta... Vocês já se acordaram?”

A respiração de Angeline saiu em uma névoa gelada enquanto caminhava até a lareira. Suas bochechas estavam vermelhas e seu rosto jovem parecia ainda mais jovem do que o normal.

“Mais ou menos. Você acordou ainda mais cedo.”

“É rotina... Fui patrulhar com meu pai todas as manhãs quando ainda estava em Turnera.”

“E quanto ao Sr. Bell?”

“Meu pai está praticando balanços. É parte da sua rotina também...” Angeline colocou algumas toras no fogo, em seguida, tirou o casaco e pegou a espada. “Quer vir comigo?” disse, olhando para as outras duas.

Elas trocaram um olhar, mas rapidamente se levantaram.

O quintal brilhava com a geada. A névoa da manhã subindo do solo refletia a luz do sol, tornando impossível ver ao longe. Belgrieve estava lá, brandindo sua espada. Ele havia tirado o casaco e a camisa, descobrindo inúmeras cicatrizes antigas em seu corpo. Belgrieve ficou com a perna esquerda um pouco para trás, segurando a espada com as duas mãos e balançando para baixo em uma postura elevada. Sua postura parecia tão relaxada que havia uma intensidade assustadora no momento em que sua lâmina descendia. Foi um golpe poderoso, fazendo pleno uso não só das mãos, como também dos quadris e das costas.

Entrando em sua posição, balançando e voltando à sua posição uma vez mais. Cada balanço foi executado de forma metódica, como se estivesse testando algo novo. No entanto, a velocidade que fomentou por mais de vinte anos alcançou o reino da maestria, e para qualquer pessoa normal, pareceria que estava balançando repetidas vezes em um movimento contínuo.

Angeline correu, alinhou-se ao seu lado e começou a realizar os mesmos movimentos. Seus movimentos eram idênticos; em termos de velocidade, talvez Angeline tivesse a vantagem, porém não poderia haver dúvida de que Belgrieve fora seu mestre.

Anessa e Miriam assistiram com a respiração suspensa. Este era o lugar onde a rápida e feroz esgrima de Angeline se originou.

“O Sr. Bell tem uma perna falsa, certo?” Miriam sussurrou para Anessa. “Isto é incrível...”

“Sim, é. Se não tivesse se aposentado mais cedo, poderia ter alcançado o Rank S... Um pouco de desperdício, se me perguntar.”

Quando sua prática por fim terminou, Belgrieve soltou um suspiro profundo. Seu corpo havia suado muito e havia vapor subindo de seu corpo. Quando percebeu as duas, ele levantou a mão jovialmente.

“Hey, bom dia.”

“Bom dia.”

“Bom dia, Sr. Bell.”

Belgrieve se aproximou, enxugando a testa com uma toalha de mão.

“Estava frio, não estava? Vocês conseguiram dormir bem?”

“Sim, estava mais quente do que eu esperava...”

“Mas bem frio pela manhã. Nós estamos mesmo no norte.”

“Haha, de fato. Porém estou feliz em saber que dormiram um pouco... Merry, você tem certeza de que não está com frio sem o seu chapéu?”

“Pfft... Hehehehe, estou bem!”

Belgrieve era tão sincero que tanto Miriam quanto Anessa tiveram que conter o riso.

Belgrieve olhou para as garotas com curiosidade enquanto colocava a camisa, depois ergueu a prancha até o compartimento onde guardava seus vegetais e começou a remexer. Angeline também havia terminado, então ele a chamou. “Ange, vou cozinhar batatas no vapor, poderia fazer uma panela ferver...? Além disso, adicione um pouco de cevada ao ensopado de ontem e coloque-o sobre o fogo.”

“Pode deixar!” Angeline entrou em casa com a espada sobre o ombro. Belgrieve escolheu algumas batatas, colocando-as em uma cesta que havia deixado ao lado.

“Hmm, Sr. Belgrieve, já pensou em se tornar um aventureiro de novo?”

“Eu? Bem, vamos ver... Quando voltei para Turnera, uma parte de mim ainda pensava a respeito, contudo desisti no momento em que peguei Ange. Tive minhas mãos ocupadas cuidando-a.”

“E agora? Sua força é incrível, Sr. Bell! Tenho certeza de que alcançaria um rank alto se voltasse.”

Na proclamação de Miriam, Belgrieve coçou a bochecha desajeitadamente. “Não teria tanta certeza; Ainda tenho um longo caminho a percorrer... E já me acostumei com a vida aqui. Não acho que conseguiria voltar a viver o dia a dia como um aventureiro. Claro, foi divertido — tive camaradas e sonhos... Assim como vocês três.” Belgrieve reconheceu com um encolher de ombros jovial. “Pode não parecer, mas eu costumava ser um adolescente.”

As meninas riram.

Belgrieve estava de pé com sua cesta de batatas e estava prestes a entrar em casa quando um pensamento ocorreu a Miriam. “Hmm... Sr. Bell.”

“Hum? O que foi, Merry?”

“Sim, bem, sabe. Poderia tentar acariciar minha cabeça por um segundo?”

“Oh... Não vejo porque não.”

Parecendo bastante perplexo, Belgrieve estendeu a mão livre, colocou-a na cabeça de Miriam e acariciou-a suavemente. Sua palma era áspera e calosa, porém era quente e grande o suficiente para envolvê-la. Miriam deixou escapar um suspiro profundo e sentiu a cauda enrolada sob as roupas.

“Wow... Isso é...”

“Isso foi significativo para você de alguma forma?”

“Sim! Obrigada! Hehehe... Então, este é um pai...”

Belgrieve continuou dando tapinhas em Miriam enquanto dirigia um olhar interrogativo para Anessa.

Anessa deu um sorriso amargo e disse: “Ela pode ser um pouco estranha às vezes...”

Sua resposta fez com que Miriam estreitasse os olhos taciturnamente. Em seguida, seu rosto mudou para uma cara travessa, e Miriam se virou para Belgrieve.

“Senhor. Bell, Sr. Bell, posso fazer outro pedido?”

“Se quiser...”

“Hehe, bem, sabe, por favor, levante Anne em seus ombros!”

“Você quer que eu... Carregue Anne?”

Belgrieve olhou para Anessa, não menos confuso do que antes. Anessa olhou para trás sem expressão até que suas bochechas ficaram vermelhas de repente e acenou com as mãos.

“Não, não, não, não! Estou bem! Não precisa! Estou perfeitamente bem!”

“Anessa disse que não.” Belgrieve retransmitiu a Merry após uma pausa.

“É só vergonha. Vamos agora, suba em seus ombros, assim mesmo!”

“Hmm... O que quer que eu faça?” Belgrieve perguntou a Anessa.

“Estou bem! De verdade, tudo bem!”

Enquanto Belgrieve estava parado lá, parecendo confuso, Angeline apareceu da casa sem um som. Ela apareceu atrás de Anessa e a agarrou pelo ombro.

“O que está fazendo quando não estou por perto?”

“O — Qu-Que espere! Não sou eu, é a Merry!”

“Do que está falando? Você foi quem disse que queria montar seus ombros, Anne.”

“Errado! Foi apenas um pensamento passageiro.”

“Se deseja montar nos ombros de meu pai, terá que primeiro me derrotar...”

“Estou te dizendo, não é isso!”

Vendo as meninas começarem a conversas animadas, Belgrieve coçou a cabeça, perplexo. “Não entendo o que se passa na cabeça dos jovens hoje em dia.”

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