quarta-feira, 31 de julho de 2024

Elric de Melniboné: A Fortaleza da Pérola — Tomo 01— Capítulo 01

Elric de Melniboné — A Fortaleza da Pérola



E quando Elric contou suas mentiras para Cymoril, e quando se despediu de Rackhir, o Arqueiro Vermelho, ele partiu para terras desconhecidas, para buscar conhecimento que acreditava que o ajudaria a governar Melniboné como ela nunca havia sido governada antes...

Mas foi na cidade desértica de Quarzhasaat que começou a aventura que ajudaria a definir o curso de sua estranha jornada pelos próximos anos. A Crônica da Espada Negra.

Perdida nas imensidões do Deserto Sussurrante, Quarzhasaat é uma cidade de intriga elaborada, governada por um conselho de sete conhecidos caprichosamente como os Seis e Um Outro. Quando Elric, príncipe albino de Melniboné, chega lá, ele está fraco e perto da morte, e é facilmente forçado a concordar com uma busca misteriosa: encontrar a Pérola no Coração do Mundo, que transmitirá muito poder ao seu dono, porém que está escondida na Fortaleza oculta da Pérola. É uma missão que derrotou muitos antes dele, contudo Elric, armado com sua espada devoradora de almas, Stormbringer, não é um aventureiro comum.


***

E quando Elric contou suas três mentiras a Cymoril, sua noiva, e colocou seu ambicioso primo Yyrkoon como Regente no Trono Rubi de Melniboné, e quando se despediu de Rackhir, o Arqueiro Vermelho, ele partiu para terras desconhecidas, para buscar conhecimento que acreditava que o ajudaria a governar Melniboné como ela nunca havia sido governada antes.

Entretanto Elric não contara com um destino que já determinara que deveria aprender e experimentar certas coisas que teriam um efeito profundo sobre ele. Mesmo antes de encontrar o capitão cego e o Navio Que Navegava pelos Mares do Destino, encontraria sua vida, sua alma e todo seu idealismo em perigo.

Em Ufych-Sormeer, foi atrasado por um assunto envolvendo um mal-entendido entre quatro magos sobrenaturais que amavelmente e inadvertidamente ameaçaram a destruição dos Reinos Jovens antes que eles servissem ao propósito final da Balança; e em Filkhar experimentou um caso do coração sobre o qual nunca mais falaria; ele estava aprendendo, a algum custo, o poder e a dor de portar a Espada Negra.

Contudo foi na cidade desértica de Quarzhasaat que começou a aventura que ajudaria a definir o curso de sua estranha jornada pelos anos que viriam...

— A Crônica da Espada Negra



Tomo 01 — Capítulo 01: Um Senhor Condenado e Moribundo


Existe um louco com uma mente
Capaz de tornar a matéria de pesadelos em sanidade
Esmagar demônios e domar o Caos,
Que deixará seu reino, abandonará sua noiva
E, jogado por marés contraditórias,
Desistirá de seu orgulho pela dor?

— A Crônica da Espada Negra



Foi na solitária Quarzhasaat, destino de muitas caravanas, mas terminal de poucas, que Elric, imperador hereditário de Melniboné, último de uma linhagem com mais de dez mil anos de antiguidade, às vezes conjurador de recursos terríveis, estava pronto para a morte. As drogas e ervas que normalmente o sustentavam foram usadas nos últimos dias de sua longa jornada através do limite meridional do Deserto Sussurrante e ele não conseguiu adquirir substitutos para elas nesta cidade-fortaleza que era mais famosa por seus tesouros do que por sua abundância de vida.

Lenta e debilmente, o príncipe albino esticou os dedos marcados pelos ossos em direção à luz e tornou viva a joia sangrenta do Anel dos Reis, o último símbolo tradicional de suas antigas responsabilidades; então deixou a mão cair. Era como se tivesse esperado, por um instante, que o Actorios o reanimasse, contudo a pedra era inútil enquanto lhe faltasse energia para comandar seus poderes. Além disso, não tinha grande desejo de invocar demônios aqui. A sua própria loucura levou-o a Quarzhasaat; seus cidadãos não haviam feito nada que pudesse despertar sua vingança em contra deles. De fato, tinham motivos para odiá-lo, se soubessem de suas origens.

Quarzhasaat outrora governara uma terra de rios e vales encantadores, as suas florestas verdejantes, as suas planícies abundantes em colheitas, todavia isso tinha sido antes do lançamento de certos feitiços incautos numa guerra com a ameaçadora Melniboné, mais de dois mil anos antes. O império de Quarzhasaat foi perdido para ambos os lados. Tinha sido engolido por uma vasta massa de areia que o varreu como uma maré, deixando apenas a capital e as suas tradições que com o tempo se tornaram a principal razão da sua existência continuada. Como Quarzhasaat sempre esteve lá, seus cidadãos acreditavam que deveria ser sustentada a qualquer custo por toda a eternidade. Embora não tivesse propósito ou função, ainda assim seus dirigentes sentiam uma pesada obrigação de continuar sua existência por quaisquer meios que achassem convenientes. Quatorze vezes os exércitos tentaram cruzar o Deserto Sussurrante para saquear a fabulosa Quarzhasaat. Quatorze vezes o próprio deserto os derrotou.

Entretanto, as principais obsessões da cidade (alguns diriam que era a sua principal indústria) eram as elaboradas intrigas entre os seus governantes. Uma república, embora apenas no nome, e centro de um vasto império interior, embora inteiramente coberto por areia, Quarzhasaat era governada pelo seu Conselho dos Sete, caprichosamente conhecido como Os Seis e Um Outro, que controlava a maior parte da riqueza da cidade e a maioria de seus assuntos. Alguns outros homens e mulheres poderosos, que optaram por não servir nesta septocracia, exerceram uma influência considerável sem caírem em nenhuma das armadilhas do poder. Uma delas, Elric descobrira, era Narfis, Baronesa de Kuwai’r, que morava numa casa de campo simples, mas bela, no extremo sul da cidade e dedicava a maior parte da sua atenção ao seu notório rival, o velho Duque Ral, patrono dos melhores artistas de Quarzhasaat, cujo próprio palácio nas colinas setentrionais era tão modesto quanto encantador. Estes dois, disseram a Elric, tinham elegido três membros cada para o Conselho, enquanto o sétimo, sempre anônimo e apenas chamado de Sexocrata (que governava os Seis), mantinha um equilíbrio, capaz de influenciar qualquer voto para um lado ou para o outro. O ouvido do Sexocrata era profundamente desejado por todos os muitos rivais da cidade, até mesmo pela Baronesa Narfis e pelo Duque Ral.

Desinteressado na política ornamentada de Quarzhasaat tal qual estava na sua própria, a razão de Elric estar aqui era a curiosidade e o fato de que Quarzhasaat era o único refúgio em um grande deserto situado ao norte das montanhas sem nome que separam o Deserto Sussurrante do Ermo Choroso.

Movendo os seus ossos exaustos na palha fina da sua cama, Elric perguntou-se com sarcasmo se seria enterrado aqui sem que o povo soubesse que o governante hereditário do maior inimigo de sua nação tinha morrido entre eles. Ele se perguntou se esse teria sido afinal o destino que seus deuses lhe reservavam: nada tão grandioso quanto sonhara e, ainda assim, tinha seus atrativos.

Depois de deixar Filkhar às pressas e com alguma confusão, ele pegou o primeiro navio em Raschil e este o levou a Jadmar, onde escolheu voluntariamente confiar em um velho bêbado ilmioriano que lhe vendeu um mapa mostrando à lendária Tanelorn. Como o albino havia adivinhado, o mapa revelou-se uma fraude, levando-o para longe de qualquer tipo de habitação humana. Ele havia pensado em cruzar as montanhas para chegar a Karlaak pelo Ermo Choroso, contudo ao consultar seu próprio mapa, de fabricação melniboniana mais confiável, descobriu que Quarzhasaat estava muito mais próxima. Cavalgando para o norte num corcel já meio morto devido ao calor e à fome, encontrou apenas leitos de rios secos e oásis esgotados pois, em sua sabedoria, escolhera atravessar o deserto numa época de seca. Ele não conseguiu encontrar a lendária Tanelorn e, ao que parecia, nem sequer avistaria uma cidade que, na história de seu povo, era quase tão fabulosa.

Como era habitual para eles, os cronistas de Melniboné mostraram apenas um interesse passageiro em rivais derrotados, no entanto Elric lembrou que a própria feitiçaria de Quarzhasaat teria contribuído para sua extinção como uma ameaça aos seus inimigos meio-humanos: uma runa fora de lugar, ele entendeu, proferida por Fophean Dals, o Duque Feiticeiro, ancestral do atual Duque Ral, em um feitiço destinado a inundar o exército melniboniano com areia e construir um baluarte sobre toda a nação. Elric ainda precisava descobrir como esse acidente foi explicado em Quarzhasaat. Teriam eles criado mitos e lendas para racionalizar a má sorte da cidade inteiramente como resultado do mal que emanava da Ilha do Dragão?

Elric refletiu como sua própria obsessão pelos mitos o levara à destruição quase inevitável.

— Em meus erros de cálculo. — murmurou, voltando novamente os olhos vermelhos e opacos para o Actorios. — Demonstrei que tenho algo em comum com os ancestrais dessas pessoas.

A cerca de sessenta quilômetros de seu cavalo morto, Elric foi encontrado por um garoto em busca de joias e artefatos preciosos, às vezes atirados pelas tempestades de areia que constantemente iam e vinham sobre esta parte do deserto e eram também, em certa medida, responsáveis pela sobrevivência da cidade, assim como à altura surpreendente das magníficas muralhas de Quarzhasaat. Elas também deram origem ao nome melancólico do deserto.

Com melhor saúde, Elric teria apreciado a beleza monumental da cidade. Era uma beleza derivada de uma estética refinada ao longo dos séculos e sem sinais de influência externa. Embora tantos zigurates e palácios curvos fossem de proporções gigantescas, não havia nada de vulgar ou feio neles; tinham uma qualidade arejada, uma peculiar leveza de estilo que os fazia parecer, em suas vermelhas terracota e granito prateado brilhante, em seu estuque caiado, em seus ricos azuis e verdes, como se tivessem sido magicamente criados do próprio ar. Os seus exuberantes jardins enchiam terraços maravilhosamente complexos, as suas fontes e cursos de água, extraídos de poços profundos, davam um som tranquilo e um perfume maravilhoso aos seus antigos caminhos de calçada e largas avenidas arborizadas, mas toda esta água, que poderia ter sido desviada ao cultivo, era usada para manter a aparência de Quarzhasaat, como havia sido no auge de seu poder imperial, e era mais valiosa do que joias, seu uso era racionado e seu roubo punível pelas leis mais severas.

Os aposentos de Elric não eram de forma alguma magníficos, consistindo em uma cama frágil, lajes cobertas de palha, uma única janela alta, um simples jarro de barro e uma bacia contendo um pouco de água salobra que lhe custara sua última esmeralda. As licenças de água não estavam disponíveis para estrangeiros e a única água à venda era o produto mais caro de Quarzhasaat. A água de Elric quase certamente foi roubada de uma fonte pública. As penalidades legais para tais roubos raras vezes eram discutidas, mesmo em privado.

Elric necessitava de ervas raras para sustentar o seu sangue deficiente, todavia o seu custo, mesmo que estivessem disponíveis, teria sido muito superior aos seus recursos atuais, que tinham sido reduzidos a algumas moedas de ouro; uma fortuna em Karlaak, porém quase sem valor numa cidade onde o ouro era tão comum que era usado para revestir os aquedutos e esgotos da cidade. Suas expedições pelas ruas foram exaustivas e deprimentes.

Uma vez por dia, o garoto, que encontrara Elric no deserto e o trouxera para aquele quarto, fazia uma visita ao albino, olhando-o como se estivesse olhando para um inseto curioso ou um roedor capturado. O nome do garoto era Anigh e, embora falasse a língua franca dos Reinos Jovens, derivada de Melniboné, seu sotaque era tão forte que às vezes era impossível entender tudo o que dizia.

Mais uma vez Elric tentou levantar o braço apenas para deixá-lo cair. Naquela manhã se reconciliara com o fato de que nunca mais veria sua amada Cymoril e jamais voltaria a se sentar no Trono de Rubi. Ele conhecia o arrependimento, contudo era de um tipo distante, pois a doença o deixava estranhamente eufórico.

— Eu esperava vender você.

Elric olhou, piscando, para as sombras da habitação do outro lado de um único raio de sol. Reconheceu a voz, no entanto conseguiu distinguir pouco mais do que uma silhueta perto da porta.

— Mas agora parece que tudo o que tenho para oferecer no mercado da próxima semana será o seu cadáver e os seus pertences restantes. — era Anigh, quase tão deprimido quanto Elric diante da perspectiva da morte de seu prêmio. — Você ainda é uma raridade, é claro. Suas feições são as de nossos antigos inimigos, entretanto são mais brancas que ossos e há esses olhos que nunca vi antes em um homem.

— Lamento decepcionar suas expectativas. — fraco, Elric ergueu-se apoiado no cotovelo.

Ele considerou imprudente revelar suas origens, portanto disse que era um mercenário de Nadsokor, a Cidade dos Mendigos, que abrigava todos os tipos de habitantes bizarros.

— Então eu esperava que fosse um mago e me recompensasse com algum conhecimento arcano que me colocaria no caminho para me tornar um homem rico e talvez um membro dos Seis. Ou poderia ter sido um espírito do deserto que poderia conferir sobre mim algum poder útil. Contudo parece que desperdicei minhas águas. Você é apenas um mercenário empobrecido. Não sobrou nenhuma riqueza? Alguma curiosidade que possa ser de valor, por exemplo?

E os olhos do menino se dirigiram para um embrulho longo e fino, que repousava contra a parede perto da cabeça de Elric.

— Isso não é um tesouro, rapaz. — Elric informou-lhe com severidade. — Pode-se dizer que aquele que o possui carrega uma maldição impossível de exorcizar. — sorriu ao pensar no garoto tentando encontrar um comprador para a Espada Negra que, envolta em uma batina rasgada de seda vermelha, ocasionalmente emitia um murmúrio, como um velho senil tentando recuperar o poder da fala.

— É uma arma, não é? — perguntou Anigh, suas feições magras e bronzeadas fazendo seus olhos azuis vívidos parecerem maiores.

— Sim. — Elric concordou. — Uma espada.

— Uma antiguidade? — o garoto enfiou a mão sob sua djellaba marrom listrada e cutucou a cicatriz em seu ombro.

— Essa é uma descrição justa. — Elric achou graça, no entanto sentiu cansativa até mesmo aquela breve conversa.

— Quão antiga? — agora Anigh deu um passo à frente para ficar iluminado pelo raio de sol. A sua aparência era de uma perfeita criatura adaptada para habitar entre as rochas amareladas e as areias escuras do Deserto Sussurrante.

— Talvez dez mil anos. — Elric descobriu que a expressão assustada do menino o ajudou a esquecer, por um breve instante, seu destino quase certo. — Mas é provável que seja mais do que isso...

— Então é de fato uma raridade! As raridades são valorizadas pelos senhores e senhoras de Quarzhasaat. Há até mesmo aqueles entre os Seis que colecionam essas coisas. O honorável Mestre de Unicht Shlur, por exemplo, tem a armadura de todo um exército Ilmioran, cada peça disposta sobre os cadáveres mumificados dos guerreiros originais. E minha Senhora Talith possui uma coleção de instrumentos de guerra de vários milhares, cada um diferente. Deixe-me pegá-la, Senhor Mercenário, e descobrirei um comprador. Então irei procurar as ervas de que precisa.

— Com isso estarei em condições de você me vender, hein? — a diversão de Elric aumentou.

O rosto de Anigh tornou-se extremamente inocente.

— Oh, não, senhor. Então você será forte o suficiente para resistir a mim. Apenas tomarei uma comissão em seu primeiro compromisso.

Elric sentiu carinho pelo garoto. Ele fez uma pausa, reunindo forças antes de tornar a falar.

— Você espera que eu interesse um empregador aqui em Quarzhasaat?

— É claro. — Anigh sorriu. — Poderia se tornar guarda-costas de um dos Seis, talvez, ou pelo menos de um de seus apoiadores. Sua aparência incomum o permitiria encontrar emprego imediatamente! Já lhe contei quais são os grandes rivais e conspiradores de nossos mestres.

— É encorajador... — Elric fez uma pausa para respirar. — Saber que posso esperar uma vida de valor e realização aqui em Quarzhasaat. — ele tentou olhar direto para os olhos brilhantes de Anigh, porém a cabeça do rapaz ficou fora da luz do sol, de modo que apenas parte de seu corpo ficou exposta. — No entanto, eu entendi por você que as ervas que descrevi crescem apenas na distante Kwan, há dias daqui, no sopé das Colunas Acidentadas. Estarei morto antes mesmo que um mensageiro apto possa estar a meio caminho de Kwan. Está tentando me confortar, garoto? Ou seus motivos são menos nobres?

— Como lhe disse senhor, onde as ervas cresciam. Contudo e se houver alguns que já fizeram a colheita de Kwan e retornaram?

— Conhece um boticário assim? Entretanto quanto alguém me cobraria por remédios tão valiosos? E por que não o mencionou antes?

— Porque não sabia antes. — Anigh sentou-se na relativa frescura da porta. — Tenho feito perguntas desde a nossa última conversa. Sou um rapaz humilde, Excelência, não um homem erudito, nem ainda um oráculo. Todavia, sei como banir a minha ignorância e substituí-la por conhecimento. Sou ignorante, bom senhor, mas não sou tolo.

— Compartilho sua opinião a seu respeito, Mestre Anigh.

— Então devo pegar a espada e encontrar um comprador para você? — ele voltou para a luz, a mão estendida em direção ao embrulho.

Elric caiu para trás, balançando a cabeça e sorrindo um pouco.

— Eu também, jovem Anigh, tenho muita ignorância. Porém, ao contrário de você, acho que também posso ser um tolo.

— Conhecimento traz poder. — disse Anigh. — O poder me levará para a comitiva da Baronesa Narfis, talvez. Poderia tornar-me um capitão de sua guarda. Talvez um nobre!

— Oh, um dia você certamente será mais do que qualquer um. — Elric inspirou ar viciado, seu corpo estremecendo, seus pulmões inflamados. — Faça o que quiser, embora duvido que a espada vá embora de boa vontade.

— Posso ver?

— Sim.

Com movimentos dolorosos e desajeitados, Elric rolou até a beira da cama e arrancou os embrulhos da enorme espada. Esculpida com runas que pareciam tremeluzir instáveis na lâmina de metal preta e brilhante, decorada com trabalhos antigos e elaborados, alguns de design misterioso, alguns representando dragões e demônios entrelaçados como se estivessem em batalha, Stormbringer claramente não era uma arma mundana.

O menino ofegou e recuou, quase como se estivesse arrependido da barganha sugerida.

— Está viva?

Elric contemplou sua espada com uma mistura de ódio e algo semelhante à sensualidade.

— Alguns diriam que ela possui uma mente e uma vontade. Outros diriam que é um demônio disfarçado. Alguns acreditam que é composta de vestígios de almas de todos os mortais condenados, presos dentro de si como uma vez, na lenda, um grande dragão foi dito habitar dentro de outra empunhadura distinta daquela que a espada carrega agora. — para seu leve desgosto, Elric percebeu que estava sentindo certo prazer com a crescente consternação do menino. — Nunca viu um artefato do Caos antes, Mestre Anigh? Ou alguém que está relacionado com tal coisa? Seu escravo, talvez? — ele deixou sua mão longa e branca descer na água suja e ergueu-a para molhar os lábios. Seus olhos vermelhos brilhavam como brasas moribundas. — Durante minhas viagens, ouvi esta lâmina ser descrita como a espada de batalha do próprio Arioch, capaz de derrubar as paredes entre os próprios Reinos. Outros, ao morrerem por seu feio, acreditaram que fosse uma criatura viva. Existe uma teoria de que é apenas um membro de uma raça inteira, vivendo em nossa dimensão, mas capaz, se desejar, de convocar um milhão de irmãos. Consegue ouvi-la falando, Mestre Anigh? Será que essa voz encantará e seduzirá os compradores casuais em seu mercado? — e um som veio dos lábios pálidos que não era uma risada, contudo continha um tipo de humor desolado.

Anigh retirou-se com pressa para a luz do sol uma vez mais. O jovem limpou a garganta.

— Você chamou a coisa por um nome?

— Eu chamei a espada de Stormbringer, no entanto os povos dos Reinos Jovens às vezes têm outro nome, tanto para mim quanto para a lâmina. O nome é Ladrão de Almas, porque bebeu inúmeras almas.

— Você é um ladrão de sonhos! — os olhos de Anigh permaneceram na lâmina. — Por que não está empregado?

— Não conheço o termo e não sei quem empregaria um “ladrão de sonhos”. — Elric olhou para o rapaz em busca de mais explicações.

Todavia o olhar de Anigh não deixou a espada.

— Isso beberia minha alma, mestre?

— Se eu quisesse. Para restaurar minha energia por um tempo, tudo que teria de fazer seria deixar Stormbringer matá-lo, e talvez mais alguns, e então sua energia seria passada para mim. Então, sem dúvida, eu poderia encontrar um corcel e partir daqui, possivelmente para Kwan.

Agora a voz da Espada Negra ficou mais melodiosa, como se aprovasse essa ideia.

— Oh, Gamek Idianit! — Anigh levantou-se, pronto para fugir se necessário. — É como aquela história das muralhas de Mass’aboon. Dizia-se que era isso que aqueles que provocaram nosso isolamento empunhavam. Sim, os líderes portavam espadas idênticas a esta. Os professores da escola contam. Eu estava lá. Oh, o que eles disseram! — e ele franziu a testa com força, uma lição prática para qualquer um que desejasse apontar uma moral sobre os benefícios de frequentar as aulas.

Elric lamentou ter assustado o garoto.

— Não estou disposto, jovem Anigh, a manter minha própria vida à custa de outros que não me ofereceram nenhum mal. Essa é em parte a razão pela qual me encontro nesta situação específica. Você salvou minha vida, criança. Não o mataria.

— Oh, mestre. Vossa arte és perigosa! — em seu pânico, o jovem falava uma língua mais antiga que o melniboniano, e Elric, que aprendera essas coisas para ajudar em seus estudos, reconheceu-a.

— De onde você veio com essa linguagem, com esse Opish? — perguntou o albino.

Mesmo aterrorizado, o menino ficou surpreso.

— Eles chamam isso de hipocrisia da sarjeta aqui em Quarzhasaat. O segredo dos ladrões. Mas suponho que seja bastante comum ouvi-la em Nadsokor.

— Sim, de fato. Em Nadsokor, é verdade. — Elric ficou outra vez intrigado com esta pequena reviravolta nos acontecimentos. Sua mão se estendeu para o menino, para tranquilizá-lo.

O movimento fez com que Anigh levantasse a cabeça e fizesse um barulho com a garganta. É evidente que não deu importância à tentativa de Elric de recuperar sua confiança. Sem mais comentários, saiu da habitação, os pés descalços percorrendo o longo corredor e os degraus da rua estreita.

Convencido de que Anigh havia partido, Elric sentiu uma súbita pontada de tristeza. Ele lamentava apenas uma coisa agora, nunca mais se reunir com Cymoril e retornar a Melniboné para cumprir sua promessa de se casar com ela. Entendeu que sempre relutou e provavelmente sempre relutaria em ascender ao Trono Rubi outra vez, todavia sabia que era seu dever fazê-lo. Será que escolheu deliberadamente esse destino para si mesmo, para evitar essa responsabilidade?

Elric sabia que embora o seu sangue estivesse contaminado pela sua estranha doença, ainda era o sangue dos seus antepassados e não teria sido fácil negar o seu direito de nascença ou o seu destino. Ele esperava poder, através do seu governo, transformar Melniboné do vestígio introvertido, cruel e decadente de um império odiado numa nação revigorada, capaz de trazer paz e justiça ao mundo, de apresentar um exemplo de esclarecimento que outros poderiam usar para sua própria vantagem.

Por uma chance de retornar a Cymoril, trocaria de bom grado a Espada Negra. Porém, no fundo de seu coração tinha poucas esperanças de que isso fosse possível. A Espada Negra era mais que uma fonte de sustento, uma arma contra seus inimigos. A Espada Negra o ligava às antigas lealdades de sua raça, ao Caos, e não conseguia imaginar Lorde Arioch permitindo-lhe quebrar esse vínculo específico. Ao considerar esses assuntos, essas alusões de um destino maior, percebeu que sua mente ficava cada vez mais confusa e preferia ignorar as questões sempre que possível.

— Bem, talvez na loucura e na morte, quebrarei esse vínculo e frustrarei os velhos e maus amigos de Melniboné.

A respiração em seus pulmões pareceu diminuir e não ardia mais. Na verdade, se sentia fria. Seu sangue corria mais lento em suas veias enquanto tentava se levantar e cambalear até a tosca mesa de madeira onde estavam suas poucas provisões. Contudo só conseguia olhar para o pão amanhecido, para o vinho avinagrado, para os pedaços enrugados de carne seca, cujas origens não deveriam ser especuladas. Elric não conseguia se levantar; não conseguia reunir a vontade de se mover. Aceitou a sua morte, se não com equanimidade, pelo menos com certo grau de dignidade. Caindo em um devaneio lânguido, lembrou-se de sua decisão de deixar Melniboné, da apreensão de sua prima Cymoril, da alegria secreta de seu ambicioso primo Yyrkoon, de seus pronunciamentos feitos a Rackhir, o Sacerdote Guerreiro de Phum, que também procurava por Tanelorn.

Elric se perguntou se Rackhir, o Arqueiro Vermelho, teria tido mais sucesso em sua busca ou se estaria caído em algum outro lugar daquele vasto deserto, seu traje escarlate reduzido a farrapos pelo vento que sempre suspirava, sua carne secando sobre seus ossos. Elric esperava de todo o coração que Rackhir tivesse conseguido descobrir a cidade mítica e a paz que ela prometia. Então descobriu que seu desejo por sua amada Cymoril estava crescendo e em certo ponto acreditou que chorava.

Antes, havia considerado recorrer a Arioch, seu patrono, o Duque do Caos, para salvá-lo, no entanto continuou a sentir uma profunda relutância até mesmo em contemplar a possibilidade. Temia que, recorrendo mais uma vez à ajuda de Arioch, perderia muito mais do que a sua vida. Cada vez que aquele poderoso ente sobrenatural concordava em ajudar, fortalecia ainda mais um acordo implícito e misterioso. Não que o debate fosse mais do que fictício, refletiu Elric com ironia. Nesses últimos tempos, Arioch mostrou uma clara relutância em vir em seu auxílio. Possivelmente Yyrkoon o substituiu em todos os sentidos...

Este pensamento trouxe Elric de volta à dor, ao seu desejo por Cymoril. Uma vez mais tentou se levantar. A posição do sol havia mudado. Ele pensou ter visto Cymoril parado à sua frente. Então ela se tornou um aspecto de Arioch. O Duque do Caos estava brincando com ele, mesmo agora?

Elric moveu o olhar para contemplar a espada que parecia mover-se em seus envoltórios de seda soltos e sussurrar algum tipo de aviso, ou talvez uma ameaça.

Elric virou a cabeça.

— Cymoril? — seu olhar se voltou para o raio de sol, seguindo-o até olhar pela janela o intenso céu do deserto. Agora acreditava ver formas se movendo ali, sombras que eram quase formas de homens, de feras e demônios. À medida que essas formas se tornaram mais distintas, elas passaram a se parecer com seus amigos. Cymoril estava lá novamente. Elric gemeu em desespero.

— Meu amor!

Ele viu Rackhir, Dyvim Tvar e até mesmo Yyrkoon. Ele chamou todos eles.

Ao som de sua própria fala entrecortada, percebeu que estava febril, que sua energia restante estava sendo dissipada por suas fantasias, que seu corpo estava se alimentando de si mesmo e que a morte devia estar próxima.

Elric estendeu a mão para tocar a própria testa, sentindo o suor escorrer dela. Perguntou-se quanto cada gota poderia valer no mercado aberto. Achou divertido especular a respeito. Poderia suar o suficiente para comprar mais água, ou pelo menos um pouco de vinho? Ou esta produção de líquido por si só era contra as bizarras leis da água de Quarzhasaat?

Elric olhou de volta para além da luz do sol, pensando ter visto homens ali, talvez a guarda da cidade vindo inspecionar suas instalações e exigir ver sua licença para transpirar.

Agora parecia que o vento do deserto, que nunca estava muito distante, deslizava pela habitação, trazendo consigo alguma reunião elemental, talvez uma força que levaria sua alma ao seu destino final. Sentiu alívio. Sorriu. Estava feliz de várias maneiras por sua luta ter terminado. Talvez Cymoril se juntasse a ele em breve?

Breve? O que o tempo poderia significar naquele Reino intemporal? Talvez devesse esperar pela Eternidade antes que pudessem ficar juntos? Ou um mero momento passageiro? Ou nunca a veria? Tudo o que lhe aguardava seria uma ausência, um vazio? Ou sua alma entraria em algum outro corpo, talvez tão doentio quanto o atual, e seria uma vez mais confrontado com os mesmos dilemas impossíveis, os mesmos terríveis desafios morais e físicos que o atormentavam desde sua ascensão à idade adulta?

A mente de Elric afastou-se cada vez mais da lógica, como um rato que se afoga é levado para longe da costa, girando cada vez mais loucamente antes que a morte traga o esquecimento. Ele riu e chorou; delirava e por vezes dormia enquanto sua vida se dissipava com os vapores que agora emanavam de sua estranha carne branca como osso. Qualquer observador desinformado teria visto que algum animal mal nascido e doente, que não era um homem, jazia em suas agonias finais e sem dúvida felizes naquela cama áspera.

A escuridão veio e com ela uma panóplia brilhante de pessoas do passado do albino. Viu uma vez mais os magos que o educaram em todas as artes da feitiçaria; viu a mãe estranha que nunca conheceu e um pai estranho; os amigos cruéis de sua infância com os quais, pouco a pouco, não pôde mais desfrutar dos deliciosos e terríveis esportes de Melniboné; as cavernas e clareiras secretas da Ilha do Dragão, as torres estreitas e os palácios assustadoramente intrincados de seu povo inumano, cujos ancestrais eram apenas parcialmente deste mundo e que surgiram como belos monstros para conquistar e governar antes, com um cansaço profundo que ele poderia apreciar tudo melhor agora, caindo no autoexame e nas fantasias mórbidas. E gritou, pois em sua mente viu Cymoril, o corpo dela tão devastado quanto o seu, enquanto Yyrkoon, rindo com um prazer horrível, praticava nela a mais repugnante das abominações. E depois, mais uma vez, quis viver, regressar a Melniboné, salvar a mulher que amava tão profundamente que muitas vezes se recusava a deixar-se tomar consciência da intensidade da sua paixão. Mas não poderia.

Ele sabia, à medida que as visões passavam e via apenas o céu azul escuro através de sua janela, que logo estaria morto e não haveria ninguém para salvar a mulher com quem jurara se casar.

Pela manhã a febre passou e Elric sabia que faltavam apenas uma ou duas horas para o fim. Seus embaçados olhos se abriram para ver o raio de sol, suave e dourado agora, não mais brilhando como no dia anterior, porém refletido nas paredes reluzentes do palácio ao lado do qual seu casebre havia sido construído.

De repente, sentindo algo frio em seus lábios rachados, virou sua cabeça e tentou pegar a espada, pois temia que aço estivesse sendo posicionado em seu contra, talvez para cortar sua garganta.

— Stormbringer...

Sua voz era tênue e sua mão estava fraca demais para sair do seu lado, muito menos para segurar sua lâmina murmurante. Tossiu e percebeu que um líquido pingava de sua boca. Não era a coisa imunda que comprara com a esmeralda, mas algo fresco e limpo. Bebeu, tentando focar os olhos. Imediatamente diante dele estava um frasco ornamental de prata, uma mão dourada e macia, um braço vestido com um primoroso brocado delicado, um rosto bem-humorado que não reconheceu. Tornou a tossir. O líquido era mais do que água comum. O garoto teria encontrado algum boticário simpático? A poção era como uma de suas próprias destilações de sustentação. Seus pulmões se encheram de ar e, agradecido, olhou com curiosidade cautelosa para o homem que o havia ressuscitado, ainda que por um breve instante. Sorrindo, seu salvador temporário movia-se com elegância estudada em suas vestes pesadas e fora de época.

— Bom dia para você, Senhor Ladrão. Espero não o estar insultando. Presumo que é cidadão de Nadsokor, onde todos os tipos de roubo são praticados com orgulho.

Elric, consciente da delicadeza da sua situação, achou por bem não contradizê-lo. O príncipe albino assentiu lentamente. Seus ossos ainda doíam.

O homem alto e barbeado colocou uma rolha em seu frasco.

— O garoto Anigh me disse que você tem uma espada para vender.

— Talvez. — certo agora de que a sua recuperação era apenas temporária, Elric continuou a exercer cautela. — Embora acredito que este é o tipo de compra que a maioria se arrependeria de ter feito...

— Entretanto sua espada não representa seu ofício principal, hein? Você perdeu seu báculo curvado, sem dúvida. Vendido por água? — perguntou com uma expressão de quem sabe o que fala.

Elric escolheu agradar o homem, se permitindo ter esperança de vida outra vez. O líquido o reanimou o suficiente para recuperar o juízo, junto com uma porção de sua força habitual.

— Sim. — respondeu, avaliando seu visitante. — Talvez.

— Então, como? Anuncia sua própria incompetência? É esse o jeito da Companhia de Ladrões de Nadsokor? Tens uma arte deveras mais sutil do que sugere vosso disfarce, hein?

Este último foi proferido na mesma língua que Anigh usara no dia anterior.

Agora Elric percebia que esta pessoa rica tinha formado uma opinião sobre o seu estatuto e poderes que, embora em desacordo com qualquer realidade, poderia fornecer-lhe um meio de escapar à sua situação atual. Elric ficou mais alerta.

— Quer dizer que gostaria de contratar meus serviços, é isso? Minha habilidade especial? Isso meu e possivelmente minha espada?

O homem fingiu despreocupação.

— Se assim quiser. — mas estava claro que suprimiu alguma urgência. — Disseram-me para informá-lo que a Lua de Sangue deverá em breve queimar sobre a Tenda de Bronze.

— Entendo. — Elric fingiu estar impressionado com o que para ele era pura bobagem. — Nesse caso devemos agir rapidamente, suponho.

— É o que meu mestre acredita. As palavras não significam nada para mim, contudo têm significado para você. Disseram-me para lhe oferecer um segundo gole se parecesse responder de maneira positiva a esse conhecimento. Aqui.

E, com um sorriso mais amplo, estendeu o frasco prateado, que Elric aceitou, bebendo com moderação e sentindo ainda mais forças retornarem, suas dores aos poucos se dissipando.

— Seu mestre contrataria um ladrão? O que deseja que seja roubado e que os ladrões de Quarzhasaat não possam roubar para ele?

— Aha, senhor, vejo que está afetado por uma mentalidade literal na qual não posso acreditar agora. — tornou a pegar o frasco. — Eu sou Raafi as-Keeme e sirvo um grande homem deste império. Creio que tenha um encargo para você. Ouvimos muito sobre as habilidades Nadsokorianas e há algum tempo esperamos que um de seu povo vagasse por aqui. Planejou roubar de nós? Ninguém o conseguiu, nunca. Creio que é melhor... Para nós.

— Conselho sábio, suponho. — Elric se levantou da cama e colocou os pés sobre o piso. A força do líquido já estava diminuindo. — Talvez possa descrever a natureza da tarefa que tem para mim, senhor? — perguntou ao mesmo tempo em que estendia a mão para o frasco, no entanto este foi levado para o interior da manga de Raafi as-Keeme.

— Claro que sim, senhor. — disse o recém-chegado. — Quando tivermos discutido um pouco sobre seu passado. O garoto diz que você rouba mais do que joias. Almas, pelo que ouvi.

Elric sentiu-se alarmado e olhou com desconfiança para o homem cuja expressão permanecia insípida.

— É uma maneira de falar...

— Bem. Meu mestre deseja fazer uso de seus serviços. Se tiver sucesso, terá um barril deste elixir para levá-lo de volta aos Reinos Jovens ou a qualquer outro lugar que desejar ir.

— Está me oferecendo minha vida, senhor. — disse Elric lentamente. — E estou disposto a pagar apenas até certo ponto por isso.

— Ah, senhor, vejo que tem uma pitada do instinto de troca de comerciante. Tenho certeza de que um bom negócio pode ser feito. Quer vir comigo agora a um determinado palácio?

Sorrindo, Elric pegou Stormbringer com as duas mãos e se jogou de volta na cama, com os ombros apoiados na parede e na fonte de luz do sol. Colocando a espada no colo, acenou com a mão zombando da hospitalidade senhorial.

— Não preferiria ficar e provar o que tenho a oferecer, Sir Raafi as-Keeme?

O homem ricamente vestido balançou a cabeça deliberadamente.

— Temo que não. Sem dúvida já se acostumou com esse fedor e com o odor do seu próprio corpo, mas posso garantir que não é agradável para quem não está familiarizado.

Elric sorriu e aceitou o que tal comentário implicava. Ele se levantou, prendendo a bainha no cinto e enfiando a espada rúnica murmurante no couro preto.

— Então vá em frente, senhor. Devo admitir que estou curioso para descobrir que riscos consideráveis correrei que fariam com que um de seus ladrões recusasse o tipo de recompensa que um senhor de Quarzhasaat pode oferecer. E em sua mente já havia chegado a um acordo: não permitiria que sua vida escapasse tão facilmente de sua mão uma segunda vez. Decidiu que ao menos devia tal a Cymoril.

***

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