Capítulo 02.1: Foi Mais um Dia para Belgrieve
Foi mais um dia para Belgrieve, outro dia que foi encontrado vagando pela entrada da vila. Ele bateu com a perna direita no chão.
“Ela não pode demorar agora...” murmurou para si mesmo.
De acordo com a carta que chegara na semana anterior, Angeline já deveria ter voltado, porém não tinha ouvido mais nenhuma palavra dela. Angeline disse que voltaria no final do mês, e já era o último dia. Restavam apenas algumas horas antes que fosse um novo mês.
Nada disso parecia real para Belgrieve. Pelo menos quando a carta chegou, contudo conforme o fim do mês se aproximava, ele ficava cada vez mais inquieto. Se viu perdendo muito tempo enquanto pensava no que dizê-la, com que comida tratar e como passariam os dias juntos.
Pelos bons serviços de Kerry, ele organizou uma grande celebração para aquele dia esperado, mas Angeline nunca apareceu. Sem que soubesse, foi na época em que ela partiu para Garuda para caçar um wyvern. Enquanto a decepção de Belgrieve estava além das palavras, os moradores estavam bastante contentes em saborear a refeição extravagante que teria sido desperdiçada.
Daquele dia em diante, sua figura podia ser encontrada esperando na entrada da vila sempre que não estava trabalhando. Sua visão ali era muito triste de se ver, tanto que os moradores não tiveram coragem de incomodá-lo.
“Angeline está bem?” murmurou Belgrieve para si mesmo.
“Terá ficado presa com alguma coisa...? Certamente não está morta... De jeito nenhum, sem chance...” enquanto sua imaginação tomava rumos piores, acabou agachando-se e cobriu o rosto.
“Oh... Ange...”
Em meio as suas tristezas, Belgrieve ouviu o barulho de uma carruagem vagarosa. Seu rosto se ergueu e ao mesmo tempo chamou a atenção do mascate. Estreitou seus olhos para averiguar se Angeline estava junto, mas não viu ninguém que se parecesse com a jovem.
“Acho que não.” disse depois de uma batida.
Os ombros de Belgrieve caíram e, por um momento, parecia que a dor fantasma em sua perna direita estava surgindo de novo.
Assim que o mascate alcançou a entrada, gritou alegremente para Belgrieve.
“Um bom dia para você, senhor. Estou certo ao presumir que esta é a vila Turnera?”
“Sim... Está certo.”
“Graças aos céus. Oh, sim, se puder por gentileza, poderia também me dizer onde posso encontrar o Sr. Belgrieve? Vim com uma carta para ele.”
Belgrieve ergueu o rosto, surpreso. “Belgrieve? Esse sou eu.”
“Oh, que sorte!”
O mascate desceu, tirou um envelope da bolsa e entregou-o.
“Isso deve ser para você, então.”
Sem dúvida a carta fora endereçada a Belgrieve, e o mesmo ficou encantado ao ver o nome do remetente... Era uma carta de Angeline.
Enquanto o mascate partia para a praça da vila, Belgrieve imediatamente quebrou o selo da carta. Seus olhos percorreram a caligrafia sinuosa e tortuosa. Foi uma mensagem curta.
“Hmm... Entendo, um pedido repentino...” Belgrieve foi tomado de alívio, Angeline não estava doente nem morta. De acordo com a carta, apenas recebeu um pedido repentino para lutar contra um wyvern na cidade de Garuda e perdeu a chance de voltar para casa. Em um futuro próximo, ela pretendia reservar outras férias e voltar com certeza na próxima vez.
Angeline sempre tinha tantas coisas para escrever sobre que, quando o impulso vinha, não sabia o que escrever. No final das contas, suas cartas costumavam ser curtas e simples.
“Ela está bem. Que alívio...” agora que a carga havia sido tirada de seus ombros, Belgrieve voltou para casa com um andar mais leve. Aos poucos, o sol de verão foi ficando mais forte, até que andar embaixo dele bastou para fazê-lo suar. Havia montes de grama colhida formando montanhas à beira da estrada, exalando um aroma doce de verão.
Na frente de sua casa, dez crianças de várias idades balançavam espadas de madeira. Eles aplaudiram quando Belgrieve se aproximou.
“Ah, é o tio Bell.”
“Vamos treinar hoje?”
“Sim, recebi uma carta e estou melhor agora. Desculpe por preocupá-los.”
Desde que Angeline partiu, Belgrieve ensinaria esgrima, fitoterapia¹ e montanhismo para qualquer criança que pedisse. Naquela idade, alguns deles ansiavam por uma vida de aventura, contudo a maioria só queria aprender esgrima simples e como navegar nas montanhas.
No entanto Belgrieve estava tão absorto na espera de Ange que adiou o treinamento nos últimos dias. As crianças tiveram que brandir as espadas por conta própria.
Belgrieve os colocou em uma linha ordenada, fazendo-os praticar balanços para que pudesse corrigir qualquer movimento desnecessário e guiá-los para se moverem da maneira correta, um passo de cada vez. Até o menino que acabara de fazer seis anos estava começando a parecer um espadachim. As crianças aprenderam rápido e, embora melhorassem em ritmos variáveis, estavam continuamente absorvendo seus ensinamentos. Quando crescessem, esses meninos e meninas seriam capazes de colher as bênçãos das montanhas e não precisariam temer feras ou monstros mais do que o necessário prudente.
Belgrieve acenou com a cabeça satisfeito.
“Você ficou muito melhor enquanto eu não estava olhando.”
“Mesmo?”
“Ei, tio Bell. Quando podemos ir para a montanha de novo?”
“Vejamos... Vou ter que falar com os pais de todos, então vai demorar um pouco.”
Algumas queixas surgiram das crianças. Suas aventuras nas montanhas foram repletas de experiências maravilhosas e estimulantes.
Belgrieve deu um sorriso irônico.
“Entendo que queiram ir, mas a montanha é um lugar perigoso. Lembram do que eu disse? Não vamos lá para nos divertir.”
As crianças ficaram em um silêncio um tanto irritado. Todos estavam ansiosos para brincar. No entanto, houve momentos em que monstros surgiram repentinamente nas montanhas e eram muito mais perigosos do que qualquer outro animal local. Era muito perigoso aventurar-se sem a resolução adequada.
Olhando para as crianças quietas, Belgrieve coçou a barba e riu.
“Contanto que entendam, vou tentar arranjar isso assim que puder.”
“Sério?”
“Quando? Hoje?”
“Não será hoje ou amanhã... Porém só vou levar as crianças que me ouvem sem se distrair.”
As crianças ficaram em um silêncio um tanto irritado. Todos estavam ansiosos para brincar. No entanto, houve momentos em que monstros surgiram repentinamente nas montanhas e eram muito mais perigosos do que qualquer outro animal local. Era muito perigoso aventurar-se sem a resolução adequada.
Olhando para as crianças quietas, Belgrieve coçou a barba e riu.
“Contanto que entendam, vou tentar arranjar isso assim que puder.”
“Sério?”
“Quando? Hoje?”
“Não será hoje ou amanhã... Porém só vou levar as crianças que me ouvem sem se distrair.”
De repente, as crianças começaram a se comportar da melhor maneira.
Notas:
1. Fitoterapia é uma área da saúde que utiliza plantas medicinais, ou seus derivados, para fins terapêuticos, seja prevenção, tratamento ou alívio de sintomas de diversas condições.
***
Para aqueles que puderem e quiserem apoiar a tradução do blog, temos agora uma conta do PIX.
Chave PIX: mylittleworldofsecrets@outlook.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário