terça-feira, 28 de setembro de 2021

Monogatari Series — Volume 01 — Capítulo 03

Capítulo 03: Hitagi Crab 003


Saí da sala de aula, fechei a porta com uma das mãos e dei um único passo, quando, atrás de mim...



“Sobre o que você estava falando com Hanekawa-san?”



Uma voz perguntou.



E eu me virei.



Quando me virei, ainda não fui capaz de determinar a identidade da pessoa atrás de mim — era uma voz desconhecida. Embora já tivesse a ouvido antes... É isso mesmo, durante a aula era aquela voz débil que sempre respondia “Não sei” .



“Não se mova.”



Apenas por essas três palavras percebi que era Senjougahara.



No instante em que a encarei, também percebi que ela havia inserido um estilete em minha boca, como se tivesse esperado por isto, como se tivesse cortado o espaço e o tempo.



O lado afiado da lâmina.



Tocando o interior da minha bochecha esquerda.



“!”



“Ah, deixe-me me corrigir. ‘Você pode se mover se quiser, mas é perigoso’ seria mais preciso nesta situação.”



Embora não tivesse me dado permissão para me mover, ainda não era violência, contudo estava à beira disso — a lâmina estava tocando o interior da minha bochecha.



Fiquei parado, como um idiota, a boca escancarada, tremendo, porém paralisado no lugar.



Estou com medo, pensei.



Não do estilete.



Mas de Senjougahara que, enquanto me ameaçava com um estilete, olhou para mim friamente, imóvel. Ela tinha—



Eu já a tinha visto com uma expressão tão insegura?



Estou confiante agora.



Pelos olhos de Senjougahara, estou confiante de que, embora ela não tenha me cortado, o lado da lâmina que tocou o interior da minha bochecha esquerda não era a parte de trás da lâmina.



“Sua curiosidade é como a de uma barata — vasculhando os segredos das pessoas com persistência. É insuportavelmente irritante. Você ousa me irritar, seu inseto insignificante.”



“E-Ei...”



“O que foi? Sua bochecha direita está se sentindo solitária? Poderia ter me dito isso antes.”



Senjougahara levantou sua mão esquerda.



Esse movimento ágil, como se fosse me dar um tapa. Eu me preparei, mas não veio. Não, não era isso.



Ela estava segurando um grampeador na mão esquerda.



Antes que pudesse averiguar a identidade do objeto, ela já o havia colocado na minha boca. Claro, não colocou o grampeador inteiro na minha boca, porém segurou-o de uma forma que sugeria que iria grampear minha bochecha direita — como se fosse prender algo, ela o colocou na minha boca.



E, vagamente, pressionou.



Como se fosse grampear algo.



“… Ah”



A extremidade maior e mais pesada do grampeador, ou seja, as pontas dos grampos, o lado totalmente carregado foi inserido na minha boca e, claro, resultou na minha incapacidade de falar. Com apenas o estilete não consegui me mover, contudo conseguia falar — porém agora nem ouso tentar falar. Não tive que pensar sobre isso.



Primeiro ela me fez abrir a boca com o estilete fino e depois o grampeador — o nível de premeditação em seu plano era assustador.



Droga, a última vez que tive algo preso na boca foi quando estava em tratamento para uma infecção dentária. Para que nunca mais tivesse que repetir aquela experiência, escovava os dentes todos os dias, mascava chiclete para remover os parasitas — porém agora, estava diante de uma situação igualmente grave... E desta vez não tenho um chiclete que possa de alguma forma se livrar de um grampeador. Ou um estilete.



Que maneira de capturar alguém.



Em um instante, eu estava completamente preso.



Nos corredores de um colégio particular, eu estava em uma situação tão absurda que era inimaginável que, do outro lado da parede Hanekawa estava decidindo a atividade de aula para o Festival Cultural.



Hanekawa...



O que você quer dizer com “o sobrenome dela parece bastante perigoso”?



Ela é extremamente perigosa.



É inesperado que Hanekawa a tenha julgado mal.



“Depois de perguntar a Hanekawa-san sobre minha vida no ensino fundamental, você pretende perguntar à minha professora Hoshina-sensei? Ou pretende pular minha professora e ir direto para o médico da escola Harukami-sensei?”



“...”



Eu não conseguia falar.



Não sabia o que Senjougahara pensava do eu que não conseguia falar, porém ela suspirou profundamente.



“Que erro descuidado. Mesmo que estivesse prestando atenção porque estava ‘subindo as escadas’, isso aconteceu. É um daqueles peidos pequenos que mal da pra segurar.”



“...”



Posso ser um cara legal por não comentar sobre a conversa dela sobre peidos, motivo pelo qual a maioria das garotas ficaria envergonhadas.



“Nunca pensei que haveria uma casca de banana nas escadas.”



“...”



Minha vida está nas mãos de uma garota que escorregou em uma casca de banana. Mais importante ainda, por que havia uma casca de banana nas escadas de uma escola?



“Você percebe, não é?” perguntou Senjougahara, com aquele olhar inseguro em seus olhos.



Ela deve ser filha de alguma família rica.



“Está certo. Eu não tenho peso.”



Sem peso.



“Bem, embora tenha dito isso, é impossível para eu não ter peso. Pela minha altura e estrutura corporal, meu peso esperado deve estar na casa dos quarenta.”



Ela provavelmente tem cinquenta quilos.



Minha bochecha esquerda foi esticada com força para fora e a pressão aumentou na minha bochecha direita.



“...!”



“Não vou perdoar nenhuma imaginação estranha sua. Você deve ter me imaginado nua, não é?”



Ela estava inteiramente errada, porém o resultado foi tão afiado.



“Devo estar na faixa dos quarenta quilos.” afirmou. Ela se manteve firme.



“Mas meu peso neste momento é de cinco quilos.”



Cinco quilos.



Não era muito diferente de um bebê recém-nascido.



A imagem de um haltere de cinco quilos veio à mente e não estava nem perto de zero. Contudo para cinco quilogramas serem dispersos no volume de um ser humano, a densidade — para ela, deve parecer como se não tivesse peso.



Seria fácil pegá-la quando caiu.



“Bem, embora a balança diga que tenho cinco quilos, não sinto isso. Não me sinto diferente de quando estava na faixa dos quarenta quilos.”



Isso—



Isso significa que a gravidade não funciona nela? Não de peso, mas de volume — já que os humanos são compostos principalmente de água, gravidade específica, assumindo que a densidade é um todo — simplificando, Senjougahara é apenas um décimo dessa densidade.



Se a densidade dos ossos fosse um décimo do peso real, ela logo sofreria de osteoporose. Seus órgãos e cérebros não seriam capazes de funcionar corretamente.



É por isso que é completamente impossível.



Não se trata de números.



Se ela fosse tão leve assim, estaria morta.



“Eu sei o que está pensando.”



“...”



“Para continuar olhando para os meus seios, você é nojento.”



“...!”



Juro que não estava olhando!



Parece que Senjougahara é uma garota bastante autoconsciente. Não é inesperado, dada sua aparência e beleza — só queria que Senjougahara tivesse pelo menos um milésimo das virtudes de Hanekawa.



“É por isso que odeio pessoas superficiais.”



Não parece possível esclarecer o mal-entendido entre nós — contudo mais importante, eu era da opinião de que Senjougahara não estava realmente doente, mas que era apenas uma fachada. Com um peso de cinquenta quilos, ela não está doente nem indisposta. Se você disser que ela é forte, pode ser uma alienígena de um planeta com gravidade dez vezes maior que a da Terra e deve ser muito boa nos esportes¹. Em especial porque estava no atletismo. Embora ela não pareça adequada para lutar...



“Aconteceu depois que me formei no ensino médio e antes de entrar no ensino médio.” disse Senjougahara. “Naquele período estranho, quando não era nem uma aluna do fundamental, nem do ensino médio, mesmo que não fosse nem mesmo as férias de primavera, fiquei assim.”



“...”



“Eu conheci — um caranguejo.”



Ca-Caranguejo?



Ela disse caranguejo? Caranguejo como — o caranguejo que você come no inverno?



Com uma carapaça e dez pernas — um artrópode?



“Ele roubou meu peso.”



“...”



“Bem, você realmente não tem que entender. Será problemático para mim se continuar a fazer perguntas, então estou lhe dizendo agora. Araragi-kun. Araragi-kun, ei, Araragi Koyomi-kun.”



Senjougahara chamou meu nome, repetidas vezes.



“Não tenho peso — não tenho massa. Nada que esteja remotamente relacionado ao peso. Não é nada problemático para mim. É como em ‘O Mundo Estranho de Yousuke’. Você gosta de Takahashi Shousuke?”



“...”



“A única pessoa nesta escola que sabe disso é Harukami-sensei, o médico da escola. Até este momento, apenas Harukami-sensei. Nem o diretor Yoshiki-sensei, nem o professor sênior Shima-sensei, nem o calmo e equilibrado Irinaka-sensei. Apenas Harukami-sensei — e você, Araragi-kun.”



“...”



“Então, agora, o que devo fazer para que você fique quieto sobre o meu segredo? Pelo meu bem, o que devo fazer? Além de ‘rasgar sua boca’ para que você não possa falar. O que devo fazer para que jure ‘manter a boca fechada’?”



Estilete.



Grampeador.



Ela está bem? Que abordagem vigorosa para seu colega de classe. É certo que alguém como ela exista? Quando penso no fato de que estive sentado na mesma sala, ao lado de um ser humano tão assustador por mais de dois anos, arrepios correram pela minha espinha.



“Segundo os médicos do hospital, a razão é desconhecida — ou melhor, não deveria haver razão. Depois de fazer o que queriam com meu corpo, que resposta insultuosa. Deve ter sido assim desde o início, era a única coisa que eles podiam dizer.” disse Senjougahara de forma autodepreciativa.



“Você não acha isso um absurdo? Mesmo que eu fosse uma garota perfeitamente normal e totalmente fofa até o ensino fundamental.”



“...”



Vamos ignorar o fato de que ela se autoproclamou fofa.



Ela realmente tinha indo para o hospital.



Atraso, saída mais cedo, ausências.



E — o médico da escola.



Imagino o que ele pensou a respeito.



Como eu, assim como eu, só que não no curto espaço das duas semanas de férias de primavera, mas sempre.



Do que ela desistiu?



O que ela abandonou?



Já passou muito tempo.



“Você vai ter pena de mim? Que amável de você.”



Como se tivesse visto meus pensamentos, ela falou de forma insultuosa. Como se tudo estivesse imundo.



“Entretanto não quero sua piedade.”



“...”



“O que quero é seu silêncio e sua indiferença. Acha que é capaz disso? Quer proteger suas bochechas imaculadas, não é?”



Senjougahara sorriu.



“Araragi-kun, se você pode me prometer silêncio e indiferença, acene com a cabeça duas vezes. Tratarei qualquer outra ação como um movimento ofensivo e atacarei de acordo.”



Que discurso unilateral.



Sem escolha, balancei a cabeça duas vezes.



“Entendo.”



Senjougahara parecia aliviada pela minha escolha de ação. Mesmo que não tivesse escolha, mesmo que ela tivesse sido a única barganhando, mesmo que seu pedido fosse algo que não pudesse negar — ela parecia aliviada pelo fato de eu ter aceitado.



“Obrigado.” quando disse isso, ela tirou seu estilete da minha boca, não com cuidado, mas dolorosamente, lentamente. Ela guardou o estilete.



Em seguida foi o grampeador —



“… Urgh!?”



Estalo.



Inacreditável.



Senjougahara fechou o grampeador com força.



E antes que eu pudesse responder à dor, ela removeu o grampeador.



Eu desabei no chão.



Segurando o lado da minha boca com dor.



“O... Ouch!”



“Você não gritou. Que admirável.” disse Senjougahara, olhando para baixo com um rosto indiferente.



“Vou deixá-lo ir embora com isso. Se odeia sua própria incompetência, pode cumprir sua parte do acordo sem um pingo de sinceridade.”



“... V-Você...”



Estalo.



Quando estava prestes a dizer algo, Senjougahara pressionou o grampeador, como se fosse grampear algo junto.



O grampo caiu diante dos meus olhos.



Naturalmente, estremeci.



Um reflexo condicionado.



Com apenas uma tentativa — ela criou um reflexo condicionado.



“Tudo bem então, Araragi-kun, de amanhã em diante, por favor, certifique-se de me ignorar. Estou contando com você.”



Depois de dizer aquilo, sem esperar minha resposta, ela desceu as escadas. Antes que eu pudesse me levantar, ela virou a esquina e desapareceu de vista.



“Ah, que mulher diabólica.”



Nossos cérebros são sem dúvida construídos de maneiras diferentes.



Mesmo que tudo aquilo tivesse acontecido, apesar daquilo, em alguma parte do meu cérebro, pensei que ela não o faria. O fato de ter escolhido o grampeador em vez do estilete deveria me dar esperança.



Acariciei minha bochecha, não para aliviar a dor, mas para verificar seu estado.



“...”



Tudo certo.



Ela não tinha atravessado.



E então, inseri meu dedo em minha boca. Meu dedo esquerdo, porque era minha bochecha direita. Senti ele dentro.



A dor não desapareceu, nem era tão fraca a ponto de não conseguir encontrar o grampo — contudo havia apenas um. Como esperado, foi apenas uma ameaça e ainda pode ser considerada uma tentativa pacífica... Embora, na verdade, eu esperava por isso.



Ah bem.



O fato de não ter perfurado através da minha bochecha significava que o grampo não tinha dobrado... Ainda estava em sua forma original, com as pontas afiadas apontadas para fora. Isso significava que Senjougahara não havia usado toda sua força.



Com o polegar e o indicador, puxei-o de uma vez.



A dor aguda estava misturada com o gosto de ferro do sangue.



O sangue estava jorrando, ao que parece.



“Ai...”



Está tudo bem.



Se for só isso, vou ficar bem.



Enquanto lambia os dois buracos na parte interna da minha bochecha, dobrei as pontas do grampo e coloquei no bolso da minha jaqueta. Peguei o grampo que Senjougahara deixou cair e repeti a ação. Será perigoso se alguém que não estiver usando sapatos pisar nele. Não pude deixar de tratar esses grampos como objetos perigosos, como balas Magnum.



“Hã? Por que você ainda está aqui, Araragi-kun?” disse Hanekawa ao sair da sala de aula.



Parecia que ela havia terminado com os papéis.



Isso levou muito tempo.



Ou devo dizer o tempo certo.



“Você não deveria se apressar para ir ao lugar de Oshino-san?” perguntou Hanekawa.



Era como se ela não tivesse percebido nada.



Ela estava do outro lado da parede. Era uma parede muito fina. Apesar disso, sem deixar Hanekawa notar nada, ela conseguiu representar tal ameaça. Senjougahara Hitagi é verdadeiramente alguém a ser temido.



“Hanekawa... Você gosta de bananas?”



“Hã? Bem, eu não odeio. Elas são nutritivas e, se tivesse que decidir, acho que gosto delas.”



“Não importa o quanto goste delas, não as coma na escola!”



“O-O quê?”



“Bem, está tudo bem se comê-las na escola, porém se deixar a casca na escada, nunca vou te perdoar!”



“Do que diabos está falando, Araragi-kun?” disse Hanekawa, parecendo exasperada.



Isso era de se esperar.



“Mais importante, Araragi-kun, e o Oshino-san —”



“Estou indo para lá agora.” eu disse.



Como disse isso, deixei Hanekawa e saí correndo.



“Ah, ei, Araragi-kun! Você não deve correr nos corredores! Vou contar para o professor!”



Ouvi Hanekawa gritar atrás de mim, contudo a ignorei.



Eu corri.



Em qualquer caso, eu corri.



Virando a esquina, a escada.



Este é o quarto andar.



Ela não pode estar muito longe.



Pule, pise, pule, desci as escadas voando, aterrissando tão suavemente como se estivesse dançando.



O choque do impacto em meus pés.



O impacto da gravidade.



Mesmo este tipo de impacto —



Senjougahara não conseguia sentir isso.



Sem peso.



Sem massa.



Seus passos duvidosos.



Um caranguejo.



Ela havia falado sobre um caranguejo.



“Por aqui — não, por aqui.”



Ela não tentaria se esconder. Ela não pensaria que eu iria persegui-la, então deveria estar indo direto para o portão da escola. Ela não tem atividades de clube, então deve ser uma daquelas que vai direto para casa depois da escola. Mesmo se tivesse algo, não começaria agora. Assim que cheguei a essa conclusão, desci a escada, passei o terceiro e o segundo andares sem hesitar. Pulando para baixo.



E do segundo andar para o primeiro.



Senjougahara estava lá.



Pelo barulho que estava fazendo, ela já devia saber que estava chegando e, embora eu estivesse me aproximando dela por trás, ela já estava se virando para me encarar.



Com aqueles olhos frios.



“Surpreendente.” disse ela.



“Não, eu realmente deveria estar boquiaberta. Você é o primeiro a se recuperar tão rápido depois disso, Araragi-kun.”



“O primeiro...”



Aquilo significava que houve outros.



Embora ela fizesse muita confusão sobre isso.



Todavia era verdade, uma vez que pensei nisso, que seu segredo de ‘não ter peso’ seria revelado ao contato. Falando realisticamente, era impossível.



Pensando a respeito, Senjougahara disse “A partir deste momento”.



Ela pode realmente ser o diabo.



“Em qualquer caso, não pensei que você seria capaz de se recuperar da dor em sua bochecha. Normalmente, você não seria capaz de se mover depois daquilo.”



A voz da experiência.



Muito assustador.



“Tudo bem, entendo. Entendo agora, Araragi-kun. Sua atitude de ‘olho por olho’ não me agrada. Espero que esteja preparado para isso.” disse Senjougahara, enquanto estendia as mãos ao lado do corpo.



“Vamos lutar.”



Começando com estiletes, canetas e grampeadores, todo tipo de artigo de papelaria apareceu naquelas mãos. Lápis HB afiados, compasso, esferográficas multicoloridas, lapiseiras, supercola, elásticos, clipes de papel, gachuck (ou seja, tubarão de papel), canetas, alfinetes de segurança, canetas-tinteiro, corretivo líquido, tesouras, fitas de celofane, kits de costura, réguas triangulares isósceles, réguas de trinta centímetros, transferidores, cola, ferramentas de entalhe, ferramentas de desenho, pesos de papel, potes de tinta.



...



Tive a sensação de que seria perseguido no futuro por nenhum outro motivo a não ser por ter participado da mesma classe que essa pessoa.



Pessoalmente, achei que o adesivo instantâneo era o mais perigoso.



“... Você está enganada. Não estou aqui para lutar.”



“Não está?” ela parecia desapontada.



Entretanto ela não relaxou os braços.



O armamento variado brilhava.



“Então, que negócio você tem comigo?”



“É apenas uma possibilidade, porém” eu disse. “talvez eu seja capaz de ajudá-la.”



“Me ajudar?” poderia dizer pelo seu tom que ela estava rindo de mim.



Não, pode estar furiosa.



“Não brinque. Tenho certeza de que já disse que detesto quem tem piedade de mim. Do que você acha que é capaz? Será suficiente se calar a boca e ficar longe.”



“…”



“Vou tratar sua gentileza como um ato de hostilidade.” disse ela, dando um passo em minha direção.



Sua falta de hesitação era um fato que eu conhecia muito bem, desde a escaramuça anterior. Uma sobra a qual não queria saber.



É por isso.



Por isso que, sem dizer nada, afastei os lábios com um dedo e mostrei minha bochecha.



Com meu dedo direito, mostrei a ela minha bochecha direita.



Expondo o interior da minha bochecha.



“Eh?”



Como esperado, Senjougahara ficou chocada. Com ruído, as armas em suas mãos caíram no chão.



“Você — como isso é —” ela não conseguiu completar a pergunta.



Está certo.



Não havia nem cheiro de sangue.



A ferida que Senjougahara fez com seu grampeador já havia cicatrizado sem deixar vestígios.



Notas:
1. Referência aos saiyajins da série Dragon Ball.

Nenhum comentário:

Postar um comentário