Capítulo 46: Meu encontro com Kuro começou
Ontem, Kuro de repente me convidou para sair com ela e, antes que percebesse, vou passear pelas ruas da capital com ela.
Kuro, que parece ter algumas informações estranhas sobre namoro, estava fazendo birra, dizendo que ‘se não nos encontrarmos em um lugar marcado, não adianta!’, então aqui estou eu, em frente à fonte onde conheci Kuro pela primeira vez.
O sol estava brilhante e, conferindo a hora no meu relógio de bolso, falta cerca de uma hora para o meio-dia... Parece que faltam cerca de 10 minutos para o horário que planejamos nos encontrar.
Em primeiro lugar, é muito estranho encontrar alguém que sempre aparece quando eu menos espero, então é meio revigorante esperar por Kuro desse jeito.
Kuro parece querer fazer o padrão ‘Desculpe, você esperou?’ e ‘Não, acabei de chegar’, mas ela realmente precisava ser detalhista sobre esse encontro como ontem? Como resultado disso, cheguei primeiro e esperei aqui.
Depois de esperar um pouco, observando as pessoas passando, e embora também fosse um padrão, ouvi uma voz familiar vindo atrás de mim.
“Kaito-kun. Desculpe, você esperou?”
“Não, acabei de chegar — aqui?”
“Unnn?”
Enquanto falávamos, eu me virei, devolvendo as palavras que Kuro queria ouvir, contudo meus pensamentos congelaram naquele instante.
Kuro, que acabava de aparecer, não estava usando o casaco longo tão desleixado que poderia ser confundido com um manto de sempre.
Túnica rendada de manga curta que dá a impressão de ser branca e elegante, e shorts marrons que parecem complementar suas lindas coxas brancas como porcelana. O longo casaco preto que normalmente tinha mudou seu formato para uma jaqueta sem mangas, e a bainha que chega abaixo do joelho combina bem com sua túnica branca, e embora estivesse vestida com roupas leves, sua aparência ainda parece um tanto elegante.
O que devo fazer, ela é absurdamente fofa. É tão fofa que os lolicons¹ dariam sinal de positivo, e aqueles que não o são estariam mais inclinados a considerar se tornar um...
“Kaito-kun?”
“Ah, não... Fiquei um pouco surpreso ao vê-la vestida de forma tão diferente.”
“Ah... Entendo. O que acha? Combina comigo?”
“Ah, sim. Fica muito bem em você.”
“Ehehe, obrigado!”
Acho que aquele sorriso tímido de agora é um crime. Ah, isso não é bom. Estou começando a ficar muito nervoso.
Pode ser algo que me envergonhe como um homem de 21 anos, contudo posso contar nos dedos de uma mão o número de vezes que saí com uma mulher. Além do mais, essas poucas experiências também incluem aquelas vezes em que saí com Lunamaria-san e Sieg-san, o que deveria mostrar que minhas experiências no meu mundo anterior são equivalentes à zero.
É a primeira vez na minha vida que estou em um encontro com alguém, e não importa o quanto eu reconheça isso como apenas sair passar o tempo com Kuro, seria estranho para mim se não estivesse nervoso no momento.
Além de que, Kuro é uma linda garota que me olha com bons olhos. Não importa o quão familiarizado esteja com ela, não posso deixar de sentir um rubor subir às minhas bochechas quando me dá aquele sorriso encantador.
“Fa-Falando nisso, você é bastante famosa, Kuro, então está tudo bem em andar pela cidade assim?”
Por enquanto, tentarei fugir para outro tópico. Não é porque não consiga pensar em maneiras de elogiar suas roupas e não consigo falar nada, ou por algum motivo esfarrapado como esse.
Kuro é o Rei do Submundo, um dos pináculos do Reino Demoníaco. Seu rosto é reconhecido do Festival do Herói anterior, e ela mesma é uma existência muito famosa... Se fôssemos dizer como quando eu estava de volta ao meu mundo anterior, é como ter um primeiro-ministro ou o próprio Imperador aparecendo na cidade, o que causaria um grande alvoroço... Embora ninguém nos arredores esteja causando qualquer tumulto. Imagino o porquê.
“Fufufu, eu não cometeria tal erro! Me vesti com Magia de Ocultação de Informação e Inibição de Reconhecimento, para que eles soubessem se eu falasse com a pessoa diretamente, no entanto não saberiam que estou aqui a menos que eu quisesse!”
“Erhem.” ou assim Kuro me disse, estufando seu peito modesto... O olhar presunçoso que tinha no rosto é irritantemente fofo.
“Hmmm, ainda há muitas coisas que não entendo sobre magia, entretanto significa que as pessoas próximas não reconheceriam Kuro como o Rei do Submundo?”
“Unnn. Ou melhor, é mais como se eles não sentissem nada fora do lugar quando me veem... Bom, é mais como se me reconhecessem como uma garota da cidade que normalmente veriam andando por aqui.”
“Não sei se devo dizer que entendo ou não...”
“Ahaha, bem, vamos deixar esses detalhes de lado e seguir em frente!”
Como Kuro explicou, Magia de Inibição de Reconhecimento é, para simplificar, algo não natural... Mesmo se olhar para a situação incomum onde o Rei do Submundo está andando pela cidade, você pensaria que é natural — ou talvez, uma magia que seria capaz de fazer com que as pessoas reconheçam isso como uma cena não diferente de sua vida cotidiana? Combinado com a Magia de Ocultação de Informação, que ao que parece faz com que se ela não falar direto com a outra pessoa, ela não tome consciência que Kuro é o Rei do Submundo.
Bem, seria difícil entender teoricamente se pensar em detalhes, então seria melhor apenas reconhecer como magia sendo capaz de fazer algo incrível.
“Por sinal, para onde vamos hoje?”
Aliás, o acompanhante deste encontro (?) é Kuro.
Em outras situações, teria sido eu, o homem, quem deveria acompanhá-la, porém só estou neste mundo há menos de duas semanas e só estive na cidade algumas vezes, então é inviável que eu exerça esse papel.
É por esse motivo que Kuro, que visita com bastante frequência o Reino Symphonia, é quem me mostrará a cidade.
“Há uma variedade de lojas por aqui e podemos dar uma volta por lá, contudo já é quase hora do almoço. Há um lugar onde barracas de comida ficam a uma curta caminhada daqui, então vamos passar lá primeiro.”
“Oh, as barracas de comida deste mundo, hein... Parece divertido.”
“Unn, unnn. O Reino Symphonia tem uma cultura alimentar avançada, então há muita comida boa por aqui!”
Vendo o sorriso feliz no rosto de Kuro, um sorriso apareceu inadvertidamente em meu rosto enquanto balançava a cabeça.
Não sei se minha personalidade poderia ser descrita como sendo uma boa combinação com a personalidade inocente e alegre de Kuro, todavia gosto de estar junto com ela, pois traz um sorriso de forma natural em meu rosto.
Estou cansado depois de tudo o que aconteceu ontem e hoje aproveitarei a oportunidade deste curto período de descanso que Kuro preparou para mim.
“Agora então, vamoooos!”
“Eh? Espere, Kuro?”
“Unnn? Qual é o problema?”
Depois de declarar isso cheia de alegria, Kuro pegou minha mão com uma ação que parecia óbvia para ela.
“N-Não, minha mão...”
“Você não deveria dar as mãos em encontros?”
“I-Isso realmente pode ser verdade, mas...”
“Então, vai ficar tudo bem! Venha, vamos!”
“S-Sim...”
Depois de me responder como se fosse óbvio, Kuro puxou minha mão e caminhou em frente.
Espere um segundo, Kuro-san. Sua guarda está um pouco frouxa! Ou melhor, suas mãos são minúsculas e macias... Ah, estou começando a ficar nervoso de novo, embora estivesse começando a me acalmar... Acho que este também é um daqueles dias em que estarei lutando mentalmente o dia todo...
Querida mãe, pai — este pode ser um desenvolvimento exagerado de certa forma, contudo desta forma — meu encontro com Kuro começou.
Notas do Tradutor:
1. Lolicon é uma abreviatura de complexo de lolita. A palavra é usada no Japão para pedofilia ou efebofilia. Fora do Japão, geralmente é usada quando se refere a animes ou mangás que retratam meninas menores de idade (de 6 a 14 anos) em situações sexuais ou de nudez.
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