Capítulo 41: Shiro-san ainda era a mesma
Embora as coisas tenham ficado agitadas no início, as conversas com a Deusa do Tempo foram novamente iniciadas.
À nossa frente está uma luxuosa mesa de cristal, e assim que nos sentamos por ordem da Deusa do Tempo, o chá foi servido à nossa frente.
“Por favor, tome um pouco de chá, Kaito-sama, Lilia-sama.”
“Muito obrigado.”
“Eh? Arehh? Mu-Muito obrigado.”
Ela trabalha tão rápido como sempre. Deixando-me de lado, já que já a vi trabalhar assim antes, mas vendo Lilia-san ficando desnorteada, como eu esperava, é algo um tanto divertido. Aposto que Acht e os outros devem ter pensado o mesmo quando me viram reagindo dessa forma quando fizemos o churrasco.
“Oi, sua vadia... O que diabos é isso...”
Enquanto pensava sobre isso, a Deusa do Tempo levantou a voz como se quisesse reprimir sua raiva, e quando olhei em sua direção... Vi que na frente da Deusa do Tempo havia uma caneca? Não, era um recipiente que tinha um tamanho que é melhor chamar de jarro e estava cheio de um líquido branco.
Parece leite por fora, porém colocar leite naquele recipiente grande é sem dúvida ultrajante. Na verdade, agora era apenas assédio.
“O que foi? Mesmo que eu tenha me dado ao trabalho de conseguir algo para você beber... Bem, estou realmente duvidando se isso terá algum efeito naquele seu penhasco.”
“Vou te esmagar, sua vadia.”
“Se acha que pode fazer, por que não tenta...”
Vocês duas vão começar a brigar de novo? Vocês se odeiam tanto assim?
“...”
“...”
“Errr, vocês duas... As negociações não vão avançar, então, por favor, deixem assim.”
“Isso é incrível, Kaito-san. Como pode se interpor entre elas dentro de uma atmosfera como essa...?”
Eu disse a elas para se conterem, pois não queria que começassem a bater de frente outra vez, e parecia que as duas pareceram entender quando desviaram os olhares uma da outra e se sentaram.
Por outro lado, Lilia-san está olhando para mim como se tivesse se comovido por algum motivo. Estou preocupado que isso leve a uma direção estranha novamente, contudo de qualquer forma, as negociações devem avançar agora...
“Você está certo, foi meu erro. Pois bem, mais uma vez agradeço por aceitar meu convite em tão pouco tempo e pelos problemas que lhe causei. Lilia Albert, Miyama Kaito.”
“N-Não. Para mim, é uma grande honra ter esta oportunidade de falar com a Deusa do Tempo.”
“Não precisa ser tão rígida. Fui eu quem os chamou, então vocês são, de certa forma, meus convidados. Sintam-se à vontade.”
“S-Sim!”
Apesar de sua arrogância, a voz da Deusa do Tempo não tem nitidez e soa um tanto gentil. Entretanto, isso é apenas quando ela está conversando com outras pessoas além de Ein-san...
Em contraste com ela, Lilia-san já está tão rígida a ponto de ficar bem claro de se ver, já que suas costas estão esticadas e seus ombros tremem um pouco. É semelhante a quando conheceu Kuro.
“Bem, embora eu tenha dito isso, já resolvi a maioria das perguntas que queria fazer a vocês.”
““Eh?””
“A razão pela qual os chamei antes foi, Miyama... Senti uma pressão incomum de você.”
“Uma pressão...?”
“Umu. Uma pressão que mostra indícios de superar a minha. Quanto à identidade, descobri quando ‘aquilo’ chegou. Entendo, são fragmentos do poder mágico do Rei do Submundo, hein... Se for esse o caso, posso entender por que senti essa pressão.”
A razão pela qual a Deusa do Tempo estava interessada em mim é que ela sentiu o poder mágico de Kuro em mim quando nos encontramos antes.
Mas, o que quis dizer quando mencionou aquele fragmento do poder mágico de Kuro? O que me veio à mente foi aquele colar com o cristal mágico que Kuro me deu antes... Porém eu deixei temporariamente aquele colar com Lilia-san, e não me foi devolvido até que Kuro visitou formalmente a mansão de Lilia-san. Pelo menos não acho que o tinha em minha posse naquele momento.
“Contudo, esse sujeito de fato não muda, hein... Posso ver que ainda está vagando pelo mundo.”
“Bem, é assim que Kuromu-sama é.”
“Fuuu, ela não mudou.”
Parece que elas se lembraram de Kuro, que realmente se encaixa nas palavras ‘espírito livre’, sem falar que Lilia-san e eu, Ein-san e a Deusa do Tempo rimos levemente, e o ar no local ficou um pouco mais calmo.
A conversa continua, enquanto a Deusa do Tempo perguntava a Lilia-san sobre diversas coisas a respeito da convocação dos heróis dessa vez, enquanto discutiam sobre como ocorreu essa irregularidade.
“Como pensei, a razão para isso é porque uma grande quantidade de magia residual se acumulou no círculo mágico que tem sido usado por mil anos, e é por esse motivo que ficou fora de controle... Bom, não vejo nenhum problema. Faremos os ajustes necessários conforme previsto antes e a repatriação não deverá ser um problema.”
“Então é por isso, hein... Nesse caso, é um alívio.”
Acabei me perdendo na conversa das duas bem no meio, no entanto parece que a conversa entre Lilia-san e a Deusa do Tempo foi resolvida, e ambas pareciam ter uma expressão de alívio em seus rostos.
Enquanto Lilia-san e a Deusa do Tempo continuavam a conversa, talvez sobre os pequenos detalhes relativos aos preparativos para o futuro ou algo parecido, já que só pude ouvir uma conversa entre elas cheia de termos técnicos voando um após o outro, Ein-san por vezes as interrompia.
E antes que percebesse, fiquei completamente de fora da conversa, ou melhor, não sabia mais do que estavam falando, me deixando para trás no assunto.
A atmosfera ao redor é aquela, você sabe, aquele estado em que os alunos ficavam entusiasmados enquanto faziam seu trabalho em grupo, enquanto um deles só conseguia parecer solitário, pois só conseguia olhar de longe. O que estou sentindo não é tão solitário assim. Entretanto, mesmo que tenha tentado participar da conversa, não posso dizer que é possível para mim apenas com as escassas coisas que sei. Eu nem sei o que é essa performance mágica do círculo mágico e todo esse jargão que estão falando agora.
Estou te implorando, alguém pode me dizer do que estão falando?
(O círculo mágico de invocação estava absorvendo poder mágico do ar ao longo do tempo, porém como podemos precisar enviar várias pessoas para casa desta vez, precisariam reabastecer o poder mágico que precisariam usar de outros meios, e estavam preocupadas com isso.)
Ah, entendo... Geh, espere, espere... O que foi isso agora? Por que alguma voz está respondendo a essa pergunta que venho remoendo em minha mente?
Não me diga... Estou tão sozinho que despertei algum tipo de novo poder?
Não, mas aquela voz que acabei de ouvir parece muito familiar.
(As pessoas em outros mundos despertam suas habilidades através da solidão?)
Se for esse o caso, todos os solitários do mundo teriam adquirido poderes sobrenaturais.
De qualquer forma, como pensei, essa voz com certeza parece familiar. Quero dizer, esse jeito único de falar sem qualquer entonação... Será que é você, Shiro-san?
(Isso mesmo.)
Unn, é tal como pensei, hein. Deixando isso de lado, o que há com você falando diretamente na minha mente como se fosse óbvio? Ou melhor, você pode fazer algo assim?
(Eu posso.)
Sério, vejo que pode fazer qualquer coisa se quiser, hein... Bem, de qualquer forma, não posso dizer ‘já faz um tempo’, então acho que deveria ser ‘olá’, Shiro-san. Obrigado pelo chá caríssimo que me deu antes.
(Fico feliz em vê-lo bem também, Kaito-san. Lembrei-me da palavra ‘solitário’ que me ensinou antes, quando vi suas costas tristes.)
Por que teve que adicionar desnecessariamente seus pensamentos? Quero dizer, por que está falando comigo nesse momento?
(Não, é apenas algo que deveria ser o assunto delas, sobre o qual estão falando desde o início e, por alguma razão, antes que você percebesse, não foi capaz de acompanhar o que estavam dizendo, e como vi que estava apenas tomando seu chá enquanto dava respostas que às vezes ‘entende’, parece que você tem tempo de sobra, então pensei em lhe contar uma história.)
Essa Deusa absurda está abrindo um buraco no meu coração, apesar de termos acabado de nos encontrar de novo? Eu não quero ouvir esse tipo de informação objetiva...
B-Bem, de qualquer forma, se Shiro-san puder me explicar... Então, acho que posso acompanhar essa conversa incompreensível um pouco...
(Parece que você está planejando participar de um festival. Se estamos falando de um festival nessa época, acho que seria o festival dos elfos, hein.)
Unnn. Eu sabia... Já sabia que Shiro-san era uma pessoa que age como bem entende diferente de Kuro, e eu ficaria doente se continuasse falando sobre coisas que sabia do passado.
Senti como se já tivesse me desviado da suposta conversa na velocidade da luz e já desisti de segui-la, então continuei conversando com Shiro-san, né? Vamos continuar.
Querida mãe, pai — certamente estou tendo problemas para acompanhar a conversa, mas apesar disso — Shiro-san ainda era a mesma.
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