domingo, 20 de agosto de 2023

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 08 — Capítulo 98

Capítulo 98: Apenas uma única sala ainda estava iluminada














Apenas uma única sala ainda estava iluminada no palácio extravagante. Um lustre de vidro intrincado e pedras preciosas caras projetava sua luz irregular sobre os móveis da sala, que eram elegantes em sua simplicidade. Um homem extraordinariamente bonito com cabelo loiro dourado bem cuidado estava sentado lá. Ele não era outro senão o Príncipe Benjamin, herdeiro da Rodésia, a grande potência que dominava a parte noroeste do continente. O príncipe olhou para uma bola de cristal tão grande que seriam necessárias duas mãos para carregá-la. A bola emitia um leve brilho de seu lugar na mesa, e ele podia ver uma figura fraca dentro dela.

“Hmm. Então, onde você está agora?”

A figura respondeu.

Benjamin riu com gosto, cruzando uma perna sobre a outra.

“Todo o caminho até lá? Apesar de suas queixas, você é sem dúvida um homem de ação. Então, achou alguma coisa interessante...? Oh, é assim?”

O príncipe plantou um cotovelo contra as pernas cruzadas e apoiou a cabeça na palma da mão, e se inclinou.

“Parece que as coisas estão começando a se mover... Hehehe, está ficando interessante. Mas volte aqui quando puder. Está ficando muito ocupado para mim — oh, não seja assim, meu Deus.”

Uma rajada de vento fez tremer o vidro fino da vidraça. Outra figura emergiu das sombras. Não havia como confundi-lo — era François, terceiro filho do Arquiduque Estogal. Porém, estava completamente inexpressivo e sua pele tinha uma palidez medonha.

“Está na hora, Alteza.”

“Hmm? Oh... Então, até a próxima.”

O brilho desapareceu do cristal e Benjamin se levantou.

“Aquele era Sir Schwartz?”

“Pode apostar que foi. É um homem sempre rápido para agir; é isso que eu gosto nele. Hehe! Talvez se lembre dela? A Valquíria de Cabelos Negros, quero dizer. Todo tipo de coisa está começando a acontecer com ela no centro.”

A testa de François se contraiu.

“Oh, não fique tão lívido. Garanto que terá sua chance de se vingar em algum dia.” Benjamin disse, sorrindo.

“Que gracioso da sua parte...”

Um sorriso estranho se espalhou pelo rosto antes inexpressivo de François. Enquanto curvava a cabeça cortesmente, Benjamin passou por ele e saiu da sala. François se virou em seguida para segui-lo.


Um vento empoeirado soprou através do Umbigo da Terra. Embora houvesse nuvens finas cobrindo o céu, elas eram muito insubstanciais para encobrir o sol. Um desagradável ar quente parecia subir do chão.

Com o casaco removido, Percival revelou seu físico assustadoramente treinado. Seus músculos eram muito bem definidos, mesmo através da camisa, contudo não eram apenas protuberantes. Percival havia reduzido em um combate real, dando-lhe a impressão de aço bem temperado.

Percival cerrou o punho, respirou fundo e olhou para Belgrieve.

“Pronto?”

“Sim.” de pé em frente a ele, Belgrieve assumiu uma posição também. Ambos estavam de mãos vazias, seus olhos afiados não deixando escapar o menor movimento. Belgrieve estava tão tenso que era como se pudesse sentir o sangue fluindo por seu corpo a cada respiração.

Sua perna esquerda se moveu devagar e, no momento seguinte, Percival estava investindo em sua direção. Com o mesmo movimento do passo, Percival estendeu a palma da mão. Parecia que Belgrieve havia levado um golpe direto no ombro esquerdo.

No entanto Belgrieve levantou a perna esquerda, permitindo que a perna de pau direita atuasse como um ponto de pivô. Seu corpo se contorceu como uma porta se abrindo. O punho de Percival apenas empurrou Belgrieve para fora do caminho antes de ser jogado no ar vazio.

Assim que o pé esquerdo de Belgrieve tocou o chão, preparou suas pernas e ergueu o punho para atacar por cima. Todavia, no momento em que Percival percebeu que seu golpe havia sido parado, mudou de posição no mesmo instante, agarrando o braço de Belgrieve antes que pudesse socar.

“Entendo... Isso é algo que você nunca poderia ter feito com um tornozelo de verdade. Nada mal.”

“Haha... Entretanto é inútil se me agarrar.”

Percival sorriu antes de puxar o braço de Belgrieve em sua direção. Quando a postura de Belgrieve desmoronou, Percival deu um leve empurrão no quadril, que o fez cair para trás.

“E também não está tão estável quanto deveria. Trabalhe nisso.”

“Meu Deus... Seja o que for, acho que nunca vou vencê-lo.”

“Claro que não. Mas vou me livrar de sua deficiência de uma vez por todas vencendo cada uma de suas fraquezas. É assim que vou assumir a responsabilidade.” disse Percival com uma risada.

Belgrieve sentou-se, com um sorriso torto no rosto enquanto coçava a cabeça.

“Seja gentil comigo... Você nunca soube se conter.”

“O que está falando? Não vai conseguir aprender nada com meias medidas. Suspeito que foi ainda mais duro treinar com o Paladino.” disse Percival enquanto vestia o casaco.

Belgrieve deu de ombros.

“Eu não treinei muito com Graham... Ele me ensinou como meditar e circular mana. Isso me fez trabalhar algumas das ineficiências dos meus movimentos.”

“Oh, entendo. Mais motivos para trabalhar em sua técnica — não podemos apenas encobrir seus defeitos; precisamos transformá-los em pontos fortes. Se assim posso dizer, você segue tendo muito a lapidar.”

“Não espero me comparar a um aventureiro Rank S...”

“Hah! Vai decepcionar a pequena Ange assim, Sr. Ogro Vermelho.”

“Ugh...” Belgrieve coçou a barba com irritação.

Percival deu uma gargalhada alegre, jogando a capa sobre os ombros.

“Vamos indo.”

Belgrieve assentiu e se levantou.

Embora parecesse que Percival havia recuperado um pouco de sua alegria há muito perdida, podia ser imprudente e inesperadamente grosseiro às vezes, mesmo parecendo um tanto desconexo. Depois de uma queda tão longa, talvez fosse estranho se recuperar de forma tão simples. O próprio Percival estava dolorosamente ciente disso, então tentou ser jovial ao máximo enquanto buscava algum equilíbrio dentro de si mesmo. Pelo menos foi assim que pareceu a Belgrieve; era possível que Percival fosse apenas desajeitado.

O surto de monstros em massa da grande onda ainda continuava. Não houve um dia sem combate. Mas, parecia que o pico já havia ficado para trás, e a frequência de monstros de Rank S, como o Bahamut e o Fauno Caído, estava em declínio. Agora, mais aventureiros desceriam às profundezas do buraco em busca de melhores materiais.

Porém, mesmo com mais aventureiros desafiando as profundezas, a construção de pedra ainda era viva. Os que haviam chegado no início ainda não haviam desistido e agora se juntaram a outros que haviam perdido a alta temporada devido ao mau momento. Além do mais, mais comerciantes começaram a aparecer para comprar seus materiais. Parecia que o número de residentes estava aumentando cada vez mais. Costumava haver algum espaço entre as áreas de estar divididas, contudo agora um acampamento estava pressionado contra o outro, e não era raro dormir a apenas um pano fino de distância de um completo estranho.

Afastando uma divisória para entrar no acampamento, Belgrieve encontrou Ishmael em um olhar atento para o que parecia ser um pequeno fragmento de pedra. Ele estava olhando para ela através de um tubo de aumento tão pequeno que caberia na palma da mão do mago.

Notando os dois, Ishmael olhou para cima.

“Bem vindo de volta.”

“O que é isso?” Percival perguntou, semicerrando os olhos enquanto se sentava.

“Pedra de Dragão. Como esperado do Umbigo da Terra, a qualidade é excelente. Quer ver?”

Percival deu de ombros e não fez nenhum movimento para fazê-lo, no entanto Belgrieve pegou a pedra e olhou através do tubo de aumento. Dentro do material transparente e cristalino, podia ver vários pequenos grânulos que brilhavam como mica.

“Isso é diferente de um cristal mágico?”

“Sim. Chamei de ‘pedra’, todavia não é uma pedra natural. Só poderá encontrá-lo em tocas de dragão. Os fluidos corporais de um dragão cristalizam quando reagem com mana.”

“Hmm, interessante... Para que serve?”

“Pode ser transformada em uma lente. Uma vez devidamente refinada, a luz que passa ganha propriedades mágicas. Havia um experimento que eu queria conduzir usando-a.”

Belgrieve não entendeu os detalhes, entretanto parecia que a pedra do dragão seria usada para fazer uma espécie de ferramenta. Magos são incríveis, pensou enquanto devolvia a pedra a Ishmael antes de preparar um bule de chá floral no fogo. Ele aguçou seus ouvidos para os sons da batalha distante — outro monstro deve ter surgido das profundezas.

Angeline e os outros tinham saído. Eles ainda tinham o pedido do mestre da guilda de Istafar para cumprir, então estavam reunindo materiais. Percival não se sentiu muito inclinado a ajudar com o trabalho, e Belgrieve veio apenas para encontrar seu antigo camarada e estava menos interessado em lutar. Assim, ambos ficaram para trás.

“Acha que eles estão bem...?” Belgrieve murmurou enquanto mexia na lenha no fogo.

“Não se preocupe. Ela é forte.” respondeu Percival, tomando um gole de chá.

Belgrieve riu.

“Vindo de você, é um alívio saber.”

“Não é como se todos os aventureiros do Rank S fossem iguais. Alguns são mais fortes do que outros. E Ange é, sem dúvida, forte. Não precisa se preocupar. Ela também tem o Kasim.”

“Entendo... Ainda assim, esse é um assunto complicado. Sempre vi todos os aventureiros de alto escalão como estando em outro plano de existência. Acho que faz sentido que haja níveis entre eles também.”

“A classificação mais alta na guilda costumava ser A, sabe.” disse Ishmael. “Mas, gradualmente, uma diferença de força começou a surgir entre aqueles do mesmo nível. AA foi adicionado, depois AAA e, por último, S. Você poderia chamar isso de falta de visão, porém talvez os aventureiros estejam evoluindo... É possível que uma classificação nova seja adicionada um dia desses.”

“Não sabia disso... Não que tenha algo a ver comigo.”

“Isso vindo do cara que lutou com um monstro de Rank S! Tem certeza de que não está ficando senil, Bell?” Percival brincou com um sorriso no rosto.

Belgrieve coçou a cabeça sem jeito.

“Foi graças à espada de Graham... Apenas força emprestada. Não fala sobre minhas próprias habilidades.”

“Acho que algumas coisas nunca mudam... Hey, Bell, não vou te dizer para estufar o peito, contudo deveria pelo menos se julgar com justiça. Pra alguém tão observador com todo o resto, te falta visão quando se trata de si mesmo. Não é típico seu. Cough, hack...”

“Hmm...” Belgrieve fechou os olhos e refletiu sobre as palavras de Percival. Talvez fosse verdade — mesmo sem a espada de Graham, sua habilidade era suficiente para lutar contra aventureiros de alto escalão. Todavia, com certeza não estava ganhando essas lutas. Ele teve uma longa sequência de derrotas contra os aventureiros de Orphen, e mesmo contra Sasha, sem dúvida perderia também. Ele só ficou mais forte em comparação com seu eu passado.

“Em primeiro lugar... Não é como se eu quisesse ser reintegrado como um aventureiro.” Belgrieve murmurou, levando o copo aos lábios. Depois de resolver as coisas com seu passado, retornaria à sua vida tranquila de cuidar de seus campos em Turnera. Então, sua habilidade com a lâmina seria irrelevante.

Percival guardou seu sachê e encostou-se a uma parede próxima.

“Aventureiros, né...” suspirou. “Minha nossa. Fiquei obcecado em chegar ao topo, mas não é nada especial agora que penso a respeito.”

“Hey, vamos... Então o que vai fazer depois que encontrarmos Satie? Aposentar-se e tornar-se agricultor ou algo assim?”

“Haha! Não é má ideia, porém...” Percival endireitou-se, cruzando os braços sobre os joelhos. Com olhos penetrantes, olhou para o fogo ardente. “O demônio negro. Essa é a única coisa que devo cortar com minhas próprias mãos. Caso contrário, nunca encontrarei descanso.”

“Não precisa ficar tão obcecado com esse assunto, Percy. Não quero vê-lo fervendo em vingança.”

“Desculpe, Bell, contudo tenho que bater o pé. É o que preciso para seguir em frente... Bom, depois que encontrarmos Satie, quero dizer.” com isso, Percival bocejou e esticou bruscamente as pernas.

Belgrieve pousou a xícara e cruzou os braços.

“Satie desapareceu logo no início, certo...?”

“Sim. Minha atitude não ajudou a mantê-la por perto.” Percival coçou a cabeça com força. “Ela desapareceu logo depois que nos tornamos Rank A... O nível de dificuldade de nossos pedidos aumentou bastante, então estávamos lidando com um trabalho difícil após o outro sem fazer uma pausa adequada. Kasim concordou, mas às vezes eu discutia com Satie. O cansaço estava me pegando, e disse algumas coisas horríveis para ela. Não sei se Satie vai me perdoar se pedir desculpas, porém... Ainda tenho que dizer isso.”

“Tenho certeza que Satie vai entender. Ela é forte.”

“Espero que sim.”

“Deve ser difícil encontrar uma pessoa neste mundo inteiro.” Ishmael entrou na conversa, pegando a chaleira para si.

“É... Contudo Satie está em algum lugar, entre a mesma terra e o mesmo céu.” disse Belgrieve, tomando outro gole.


O machado de Duncan desceu e atingiu a cabeça desgrenhada de um monstro, no entanto a essa altura já estava praticamente imóvel pela bagunça esfarrapada que seus quatro membros se tornaram. Como esperado de um membro do grupo de Angeline, Anessa os destruiu com precisão, um por um, com suas flechas, cada uma com uma sequência de feitiço esculpida. Embora pudessem ser usadas como qualquer outra flecha, também poderia fazê-las detonar com o impacto, despejando um pouco de mana nelas antes de disparar.

De pé ao lado do monstro imóvel, Duncan prendeu a respiração.

“Que incômodo.” ele murmurou.

“Muito bem, Duncan... Sobrou algum?” Angeline examinou a área com a espada na mão. Ainda havia batalhas acontecendo ao seu redor, entretanto as coisas se acalmaram um pouco.

Ultimamente, em vez de um único monstro poderoso dominando o campo de batalha, era mais comum que grandes hordas rastejassem para fora do abismo. Uma vez que mais aventureiros chegaram, seus números correspondiam de forma bem aproximada ao dos monstros. Todavia, as batalhas agora podiam se tornar tão caóticas que era difícil entender o que estava acontecendo.

Marguerite agilmente caminhou até eles.

“Tudo limpo do meu lado. Havia muitos, mas não eram nada de especial.” gabou-se a elfa.

“Uh... Esta pele é uma das coisas que precisamos, certo?” Miriam perguntou, trotando atrás de Marguerite.

Anessa, que estava ao lado de Angeline, tirou um bilhete do bolso da camisa.

“Hmm... Sim, o couro cabeludo de um pimentel. Porém nós estamos com o monstro certo?”

“Está certo, certinho. Não se preocupem.” garantiu Kasim, juntando-se aos demais em outra escaramuça. Acompanhando-o estavam Yakumo e Lucille.

“Os monstros estão perdendo força.” disse Yakumo. “A grande onda pode acabar em breve.”

“Não foi tão ruim assim...” observou Angeline. Ela embainhou a espada e esticou os membros.

Yakumo descansou sua lança sobre o ombro, sorrindo sem jeito.

“Sendo sincera, a dificuldade foi insana este ano... Contudo pode não ter parecido assim com tantos aventureiros de alto escalão por perto. É fácil cuidar das sobras.”

“Como diziam as pessoas do passado, ‘Uma vez, houve uma luta entre narcejas e moluscos. Quando a narceja tentou bicar, o molusco apertou o bico e nenhum dos dois cedeu um centímetro sequer. E no final, apenas o pescador de passagem prosperou.’” recitou Lucille.

“Isso foi muito longo, idiota. Nem sei o que está tentando dizer.” Yakumo cutucou Lucile com a ponta de sua lança.

“Hehe...” Angeline riu. “O que vocês duas planejam fazer quando a onda acabar?”

“Hmm, o que fazer? Não temos planos... E vocês?”

“Depende do pai, eu acho.”

“Vamos procurar Satie. O que mais?” Kasim perguntou.

Marguerite cruzou as mãos atrás da cabeça.

“Contudo você não tem a menor ideia de onde ela está. Maureen também não sabia. Como vai procurar sem nenhuma pista?”

“Quero dizer, encontramos o Sr. Percy sem nenhuma pista, então a Sra. Satie pode simplesmente cair em nosso colo.” Miriam sugeriu. “Nunca se sabe.”

“No entanto isso só foi possível porque Yakumo e Lucille conheciam o cara... Sim, quero reunir o Sr. Bell com Satie, entretanto... Bem, talvez os altos funcionários aqui tenham alguma informação?” Anessa se perguntou, gemendo.

“De qualquer forma, devemos primeiro atender ao pedido do mestre da guilda de Istafar.” Duncan os lembrou, acariciando sua barba.

“Sim... Desculpe, você foi arrastado para nosso assunto, Sr. Duncan.”

“Hahaha! O que está dizendo, Ange? Estou lucrando o suficiente apenas por testemunhar em primeira mão seu excepcional trabalho com a lâmina.”

“Hmm... Obrigado.” Angeline corou levemente, coçando a cabeça.

A onda de monstros havia terminado. Alguns aventureiros começaram a vasculhar os montes de cadáveres ao redor, enquanto outros se sentaram e descansaram seus corpos cansados, com as armas ainda em mãos.

Anessa puxou uma faca.

“Não precisamos de mais de um, certo? Então acha que este serve?”

“Sim. Um desses... E aquele frasco de sangue do dragão menor...”

Angeline olhou para a nota, examinando cada item. Eles já haviam reunido a maioria dos itens, mas ainda restava uma coisa — a casca de um grande besouro encouraçado. Este era um monstro insetoide várias vezes maior que um humano; a criatura cresceria cada vez que perdesse sua carapaça. As cascas robustas e resistentes a arranhões deixadas para trás podem ser processadas em armaduras e acessórios de alta qualidade. Elas também poderiam ser usadas para fazer ferramentas para experimentos mágicos. Dado que estavam atrás de uma casca descartada, era inútil esperar que o monstro rastejasse para fora do poço. Seria preciso procurá-lo por conta própria.

Angeline dobrou o bilhete e o guardou.

“Talvez precisemos explorar...”

“Quer dizer, mergulhar lá? Claro, vamos!” Marguerite disse com emoção palpável.

Miriam se apoiou em seu cajado.

“Claro, porém vamos descansar por hoje. É arriscado fazer isso depois de lutar contra tantos monstros poderosos.”

“Hã? Ainda tenho alguma energia sobrando em mim.”

“Não pode, princesa.” Yakumo segurou Marguerite com um sorriso irônico. “Uma batalha excita o espírito de alguém. Contudo seu corpo pode não se sentir da mesma maneira. Se pressionar sem saber pode levar a um erro em um momento crucial.”

“Hmm... Sério...?” Marguerite revirou os ombros e mexeu os dedos dos pés para confirmar a condição de seu corpo. Com certeza, a área da parte de trás de seus calcanhares até a parte de trás de suas panturrilhas parecia estranhamente pesada. No fim, Marguerite ficou satisfeita e assentiu.

Angeline cutucou-a provocativamente.

“O pai e vovô teriam brigado com você se estivessem por perto...”

“Ca-Cala a boca.” Marguerite retorquiu, virando-se. Seus companheiros compartilharam uma risada.

“Só resta a casca, certo?” Kasim perguntou enquanto ajustava o chapéu. “Podemos descer amanhã.”

“Sim... Já terminou, Anne?”

“Espere, me de um segundo... Tudo bem.” Anessa inspecionou a pele habilmente despojada na frente e atrás antes de enrolá-la e enfiá-la debaixo do braço. “O que fazemos com a carne?”

“Este não tem um gosto bom.” disse Lucille.

Yakumo assentiu.

“Deixe estar; os outros encontrarão alguma utilidade para ela. Não vale a pena nosso tempo para abatê-lo nós mesmos. E ainda temos bastante carne de Bahamuth.”

“Então acho que vamos deixar aqui. Vamos voltar já e tomar uma bebida. Estou morrendo de fome.”

“Vamos nos apressar então. Se outra onda vier enquanto estamos perdendo tempo, eu odiaria ter que fechar os olhos para isso.” Duncan disse com uma grande gargalhada antes de começar a caminhar de volta para seus alojamentos. Angeline deu uma breve olhada ao redor antes de acompanhá-lo.

Ainda havia vários aventureiros por perto, aparentando ponderar se mergulhariam no abismo depois de descansar ou esperariam a próxima onda começar. O grupo de Angeline não iria se juntar a eles de qualquer maneira. O grupo passou pelo campo de batalha e voltou para os alojamentos.

Eles logo alcançaram a divisória de tecido de seu acampamento, atrás da qual podiam ouvir uma conversa acontecendo. Entrando, encontraram Belgrieve e Touya sentados em frente ao fogo um do outro. Percival estava junto à parede, enquanto Ishmael inspecionava um fragmento de pedra.

“Isso é interessante... Então o Paladino realmente era da realeza élfica?”

“Não que parecesse orgulhoso disso. Ele não fala muito, mas é um cara legal.”

“Mesmo assim, estou com ciúmes. Gostaria de conhecê-lo algum dia... Só ouvi histórias de Maureen.”

“Haha! Sinta-se à vontade para passar por lá a qualquer momento. Bem-vindo de volta, Ange. Estou feliz que você esteja bem.”

“Oh, Sra. Angeline, que bom vê-la. Não se importe comigo.”

“Hmm... Onde está Maureen?”

“Oh, ela está vagando por aí em algum lugar. Está sempre fazendo falando sobre como está com fome.”

“Ela sempre parece com fome.” Marguerite reconheceu, rindo.

Angeline podia sentir sua expressão relaxar. Ela circulou atrás de Belgrieve e colocou a mão em seu ombro.

“Estávamos conversando sobre encontrar algo para comer.”

“Certo, já está na hora... Percy, você está dormindo?”

“Não, estou acordado. Comida, hein?” Percival abriu os olhos com um bocejo, esticando os braços acima de si. “Então, encontraram todos os materiais que procuravam?”

“Nah, faltou um.” disse Kasim. “Algo que teremos que descer para pegar, então estamos guardando para amanhã.”

“O que é?”

“A casca de um grande besouro encouraçado.”

“Ah, esse. Muito bem, vou ajudá-lo amanhã.”

Percival vinha balançando sua espada no Umbigo da Terra há muito tempo, então conhecia muito bem as profundezas do abismo. Ele alegou ter uma boa ideia de onde eles poderiam encontrar aquela casca.

“Vai ser muito bom.” disse Belgrieve, parecendo aliviado. “Sei que posso contar contigo, Percy. Por favor, mantenha-a segura.”

“O que está falando? Você também vem.”

“Hã?”

“Claro que vai vir. Proteger minhas costas é seu trabalho. Certo, Kasim?”

“Percy tem razão. Não pode parar agora, Bell.” Kasim sorriu.

Angeline puxou o casaco de Belgrieve, com um sorriso radiante no rosto. Ela parecia tão feliz que mal conseguia se conter.

“Pai!” “Ugh... Como posso dizer não a isso?” Belgrieve concedeu com um sorriso resignado.

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