terça-feira, 1 de agosto de 2023

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 07 — Capítulo 91

Capítulo 91: Um muro alto e robusto

Um muro alto e robusto envolvia toda a cidade — o mesmo muro que outrora protegia uma antiga capital. No entanto, partes desgastadas foram substituídas e outras reconstruídas por completo. A cor dos tijolos nas seções reformadas os distinguia claramente dos antigos.

Angeline notou enquanto passava pelo portão, mas a parede era de fato bastante grossa. Não é de admirar que o Senhor da Guerra que tomou Istafar fosse considerado o mais forte da história, refletiu Angeline enquanto relembrava a antiga história.

Depois de cruzar a ravina, por fim chegaram a Istafar. Embora uma subespécie de dragão tenha se estabelecido perto da saída da ravina, uma mera ramificação não era páreo para o grupo de Angeline, e eles conseguiram passar sem sofrer nenhum dano significativo.

Além das montanhas havia uma extensão que era mais terreno baldio do que planície. O sol batia ainda mais forte lá, e a grama mais escassa significava que um calor mais forte emanava do solo. Um vento seco uivava contínuo, arrastando nuvens de poeira em sua passagem que deixavam uma sensação de irritação na garganta de Angeline. Sem dúvida este era o mesmo vento que ela sentiu no norte — e ainda assim, era completamente diferente de como sentiu lá. Talvez por causa disso, até mesmo um passeio de carroça a estava esgotando. Porém isso provou ser irrelevante — seu coração ainda dançava em sua primeira visita à cidade conhecida como Istafar.

A cidade fervilhava de atividade. Pessoas de todas as esferas da vida iam e vinham, conversando com sotaques que Angeline nunca tinha ouvido antes e, graças ao clima, mais pessoas pareciam ter a pele mais escura. A música dos artistas de rua lembrava a do povo errante em casa, contudo algo parecia... Diferente, de uma forma que ela não conseguia identificar.

Marguerite olhou ao redor cheia de animação.

“Incrível! É completamente diferente de Orphen! Hey, hey! Ah! Ele tem um pano enrolado na cabeça! O que é aquilo?! Ahahaha! Essas roupas são ridículas!”

“Hey, vamos, não deixe seu lado de caipira correr solto. Vai nos envergonhar.” disse Kasim brincando, cutucando a cabeça de Marguerite.

Angeline deu uma risadinha. De sua parte estava bastante animada, no entanto ter Marguerite por perto para ser a desordeira permitia que mantivesse a cabeça no lugar. No entanto, uma paisagem urbana tão desconhecida era com certeza revigorante.

Seus arredores estavam empoeirados. Mesmo quando o céu estava claro, estava estranhamente nebuloso e tudo ao longe parecia borrado. Ainda assim, esse cenário nebuloso foi povoado por edifícios com telhados em forma de castanhas ou cogumelos antes de abrirem suas tampas. Foram decorados de maneiras magníficas com azulejos de todas as cores. Eles são redondos para que os ladrões não possam subir em cima? Angeline se perguntou enquanto olhava ao redor.

Logo, a carroça parou — eles aparentemente chegaram à guilda.

“Agora então.” disse Belgrieve, levantando-se. “Vamos terminar os negócios de Sierra primeiro.”

“Sim...”

O homem parecia um pouco aliviado, embora a longa viagem o tivesse deixado com uma aparência cansada. Belgrieve não demonstrou nenhuma fraqueza ao longo do caminho, mas viveu em um lugar por muito tempo — é provável que tenha se esforçado muito para acompanhar todos os outros. Do jeito que foram, já estava cuidando de seus suprimentos, roteando e procurando por inimigos, gerenciando quase toda a viagem. Acho que é diferente de nós. Estamos apenas colocando tudo de nós na batalha. Certamente, ele deve estar mentalmente exausto. Angeline puxou a manga de Belgrieve.

“Hmm? O que foi, Ange?”

“Vá com calma hoje, pai... Você se saiu bem.”

“Haha, obrigado.” Belgrieve sorriu e deu um tapinha na cabeça de sua filha.

A construção da guilda também era diferente. Ao contrário de Orphen — que foi construído de forma bastante simples, considerando todas as coisas — este prédio foi ornamentado na moda e deu uma sensação um tanto misteriosa. Porém, ainda se revelou um ponto de encontro de rufiões quando entraram. Aventureiros são os mesmos onde quer que você vá, observou Angeline. Ela se sentiu aliviada e cansada com esse fato. Mais do que tudo, contudo, se sentia em casa.

Marguerite usava um capuz, parecendo incomodada. Istafar era um ponto-chave para o comércio com o leste, então forasteiros eram uma visão comum aqui. Ela não recebeu nenhum olhar particularmente estranho, em todo caso.

Não adiantava levar todo mundo, então Angeline fez os outros esperarem no saguão enquanto levava a entrega e a carta de Sierra para a recepção. Até o balcão de alto escalão estava lotado.

Parado ao seu lado, Kasim torceu a barba e olhou em volta.

“Hmm, há muitos deles... Não pensei que haveria tantos trabalhos lucrativos por aqui.”

“Não é porque é uma cidade grande...? Ou talvez o Umbigo da Terra tenha algo a ver com isso...”

“Bem, que assim seja. Se existem muitos aventureiros de alto escalão ou não, não tem nada a ver conosco.”

Os dois chamaram a atenção de uma funcionária que passava, que olhou Angeline de cima a baixo.

“O que foi? Se for sobre trabalho, você deve usar os canais apropriados...”

“Temos uma entrega... De Mansa.”

A funcionária leu a carta que Angeline lhe entregou. Ela olhou para a placa de aventureiro de Rank S de Angeline, depois de volta para seu rosto, e engoliu em seco.

“V-Você seguiu as montanhas de Mansa... Deveria haver uma subespécie de dragão no desfiladeiro...”

Kasim inclinou a cabeça.

“Aquela subespécie estúpida? Nós o derrotamos. Não deveríamos?”

“Derrotaram? Ah, não, isso deveria ser possível para um Rank S... Não é uma coisa ruim, mas — espere, é ruim! Hey! Remova esse pedido para matar o dragão!” seu gritou foi em direção à mesa, fazendo com que os aventureiros que esperavam lá olhassem em sua direção.

A recepcionista olhou para trás, confusa.

“Remover? Não era um trabalho de alta prioridade...?”

“Não, parece que eles já o mataram. Ainda não confirmamos, então temos que mudar o trabalho de caça para busca... O pagamento muda um pouco, então o retire até processarmos isso.”

“Mas um grupo Rank AAA acabou de sair para realizá-lo.”

“Agh! Ah, o que eu faço agora...?”

Angeline coçou a bochecha.

“Eu meio que... Sinto muito.”

“Não, não, não se preocupe... Ahem. Uh, para começar, que tal vocês se encontrarem com o nosso mestre da guilda?”

“Ok.”

A funcionária levou Angeline e Kasim para a sala do mestre da guilda no terceiro andar do grande prédio de vários andares de Istafar.

Depois que a porta de madeira se abriu para ambos, a primeira coisa que chamou a atenção de Angeline foram os dispositivos de formato estranho na parede. As prateleiras estavam cheias de documentos, embora Angeline acreditasse que não fosse diferente de qualquer outro escritório do mestre da guilda. Ao contrário de Orphen, porém, o excesso não se amontoou na mesa e no chão. O lugar estava devidamente limpo e parecia muito mais espaçoso — com certeza não dava o ar de um mestre de guilda encurralado por seu trabalho. Istafar decidiu fazer coisas como a guilda central?

Um jovem de cabelo azul claro estava parado perto da janela, olhando para fora com um olhar distraído no rosto.

“Que bom tempo... Está calor...”

“Mestre da Guilda!”

“Hã? O que é? Oh, vice-mestra... O que aconteceu?”

O mestre da guilda se virou para eles com um sorriso bastante fraco. Ele era muito jovem — ainda na casa dos vinte, talvez. No entanto ainda assim, conseguiu gerenciar uma guilda tão grande. Angeline ficou um pouco impressionada. Ela também só agora percebeu que haviam sido conduzidos até lá pelo vice-mestra da guilda.

A funcionária posicionou-se ligeiramente de lado.

“Estes são os aventureiros de Rank S, Angeline e Kasim. Ambos vieram com uma entrega da Guilda de Mansa.”

“Eu sou Angeline.” disse Angeline, abaixando a cabeça. “Sierra nos disse para dar isso a você...”

“Muito obrigado pelo trabalho... Sou o mestre da guilda de Istafar, Oliver.”

Oliver cumprimentou-os com um sorriso caloroso. Ele era alto, mas magro e usava um manto largo. Sua aparência sugeria que era um mago. A tez do homem era tão pálida que parecia doente.

A vice-mestra se adiantou para resolver a questão do dragão. Por sua vez, Oliver os direcionou para um conjunto de cadeiras e sentou-se em frente dos dois. Ele leu a carta, examinou a caixa e assentiu. Angeline não sabia se era vidro ou cristal, porém continha algum material transparente refinado em forma esférica. A peça ganhou matizes prismáticos que mudavam de acordo com o ângulo da luz.

“Esta é de fato a bola de cristal que a emprestei. Obrigado. Não esperava recuperá-la tão cedo.”

“Esse é o modelo 208, certo?” Kasim disse, acariciando sua barba. “O Toto Clam? Você emprestou a ela para montar uma barreira? É raro ver guildas apoiando uma a outra dessa forma.”

Oliver estreitou os olhos.

“Você viu através de um relance... Como esperado do Destruidor de Éter.”

“Hã? Sr. Oliver o conhece?” Angeline perguntou.

Oliver sorriu.

“Também sou uma espécie de mago. Não vou esquecer um ex-arquimago. Seu inovador sistema de sequência de feitiços paralelos me ajudou bastante.”

“Que honra, hehehe.” Kasim riu, estendendo a mão para a xícara de chá que havia sido colocada à sua frente.

Oliver cruzou as mãos na frente da boca e olhou para seus dois visitantes Rank S.

“Já faz dois anos. Houve um surto de monstros que surgiu de um demônio em torno de Orphen no Ducado de Estogal. Certo, Madame Angeline?”

“Sim.” Angeline assentiu. Não havia como esquecer aquilo — aquele incidente a impediu de ir para casa várias vezes.

Oliver riu.

“Você deve ter passado por dificuldades. Contudo seus esforços finalmente valeram a pena, ao que parece. Como esperado da Valquíria de Cabelos Negros.”

“Na verdade não... É porque todos trabalharam juntos.”

“Não posso fingir que não é da minha conta. Estabelecemos uma coordenação eficaz entre as guildas precisamente para lidar com os problemas que surgem. Claro, aquelas guildas que sentem a respiração da Central no pescoço ainda se fazem de bobas... No entanto Mansa tem cooperado desde que Sierra se tornou mestra da guilda. Emprestei a ela esta bola de cristal como uma contramedida anti-demônio.”

“Haha, entendo. Então pode aprender uma boa lição com Orphen.”

“De fato. Pode não ser de seu agrado que coloque assim, no entanto Orphen serviu como um bom ponto de dados — um ímpeto para melhorar. Embora seja difícil ficar completamente independente da guilda central como Orphen fez...”

Angeline tomou um gole de seu chá. Oliver era muito analítico, ou melhor... Muito mágico. Todavia, isso era muito melhor do que se ele apenas ficasse sentado coçando saco.

“Também examinei os documentos de Sierra. Deixe-me pagar-lhe o resto da taxa agora. Nossa guilda se encarregará da carroça, e ela será devolvida a Mansa quando houver outro pedido. Tudo bem para vocês?”

“Sim, obrigado — er, muito obrigado.”

A expressão de Oliver relaxou quando o alívio tomou conta dele. Sua mão foi levada até o peito e limpou a garganta, parecia estar com um pouco de dor.

“Minhas desculpas... Meu corpo nunca foi muito forte.”

“Não, não se force...”

“Obrigado... Agora então.” depois de um gole de chá quente, Oliver os encarou.

“Ouvi dizer que estão indo para o Umbigo da Terra...”

Angeline assentiu, inclinando-se para frente.

“Sabe algo a respeito? Ouvimos dizer que fica nas montanhas Nyndia, entretanto não sabemos a localização específica...”

“Hmm... Bem, não deve ser um problema para vocês dois... Mas ainda é perigoso. Mesmo os Ranks S não têm segurança garantida no Umbigo da Terra.”

“Nós estamos cientes do risco...”

Oliver pensou sobre as coisas por um momento com os olhos fechados. Finalmente, ergue a cabeça. Ele pegou um dos dispositivos peculiares de sua parede e o entregou a Angeline.

“Entendido. Vou emprestá-los isto.”

“O que é?”

Um objeto em forma de pirâmide, pequeno o suficiente para caber na palma da mão de Angeline, era feito de cristal imbuído de magia que estava preso a uma fina corrente de prata que ia do cotovelo até a ponta dos dedos. A pirâmide emanava uma fraca luz roxa.

Oliver levantou a corrente, deixando o cristal balançar, e permitiu que sua mana fluísse para dentro. De repente, a pirâmide — que antes estava voltada para baixo — ficou de pé, com a ponta apontada rigidamente em uma única direção. Sua direção permaneceu imutável mesmo quando a corrente balançou e chacoalhou.

“Este cristal foi pego no Umbigo da Terra.”

Uma vez que Oliver dissipou a mana, a pirâmide pendurou frouxamente mais uma vez. Ele o entregou a Angeline, que o ergueu e o inspecionou de perto.

“Aponta para o Umbigo da Terra...?”

“Correto. Os minérios nas Montanhas Nyndias tornam as bússolas inúteis. A região é muito perigosa para enviar agrimensores e não temos nenhum mapa adequado. Todavia, enquanto tiver esse cristal, saberá a direção.”

“E se não conseguirmos chegar lá sozinhos... Não estamos qualificados para entrar...”

“Haha, isso faz parte. Ao chegar lá, irá se deparar com monstros muito mais fortes do que os das montanhas. Foi um bom aquecimento, você não acha?”

“Hehehe, que interessante. Mas o cristal não é de graça, é?”

Oliver estreitou os olhos.

“Se possível, há alguns materiais que eu gostaria que vocês trouxessem para mim... Claro, os comprarei pelo preço total se os trouxerem de volta.”

“Por que não? Tornar isso um pedido mantém as coisas agradáveis e simples.”

Não seria divertido ficar em dívida com a guilda. Organizar seu apoio como um trabalho evitaria qualquer problema no futuro. De qualquer forma, eles haviam feito essa jornada para encontrar Percival, porém Angeline tinha o desejo de enfrentar monstros fortes.

Isso será uma boa desculpa, Angeline pensou com um sorriso malicioso. Ela pegou sua xícara — contudo embora não conseguisse se lembrar quando a havia terminado, já estava vazia há algum tempo.


“Quente... Muito quente... E seco, e dolorido... Minha garganta...” Marguerite agitou seu manto com capuz, evidentemente tentando fazer alguma brisa para si.

Anessa entregou-a um copo de suco.

“Depois de você estar tão animada...”

“Quero dizer, nunca ficou tão quente de onde vim... Droga, agora que me acalmei, parece que o calor piorou ainda mais.”

Marguerite acabou com o suco em um gole antes de cair em sua cadeira de exaustão.

Sua animação e alegria estavam no ápice quando chegaram a Istafar, no entanto depois que se acomodou e experimentou o clima, foi tomada pelo calor e pela secura.

“Bell... Posso tirar o capuz?”

“Só se prometer que não vai brigar mesmo se alguém pegar no seu pé.”

“Urgh...” Marguerite olhou para ele com reprovação antes de desistir.

Se ela sabe que não consegue se controlar, acho que cresceu um pouco, pensou Belgrieve com um sorriso. De sua parte estava com pena dela, mas os elfos eram ainda mais raros no sul. Olhares estranhos eram uma coisa, porém queria evitar qualquer caos desnecessário, o que seria praticamente inevitável se Marguerite fosse abordada por alguém do tipo errado. Se acabassem fazendo confusão, não tinham conhecidos e ninguém que os auxiliasse nessas terras estrangeiras, deixando-os em clara desvantagem; tudo estaria acabado no momento em que fossem rotulados como criminosos.

Estou sendo covarde? Belgrieve se perguntou, coçando a bochecha desconfortavelmente. Contudo odiaria mais do que qualquer coisa se sua própria negligência fizesse com que as meninas estivessem em perigo. Em certo sentido, os humanos eram muito mais assustadores de se lidar do que os monstros.

Como Marguerite, Miriam parecia indisposta. Ela também estava fraca com o calor. Sua boca estava entreaberta, seus olhos piscando devagar enquanto olhava para o teto.

“Está tudo bem, Merry? Quer algo para beber?”

“Acua... Acua...”

Belgrieve entregou-lhe um cantil. Miriam saboreou enquanto o engolia, no entanto logo estava de volta à sua cadeira, gemendo mais uma vez.

“Uma guilda desse tamanho deveria ter um pouco de magia refrescante...”

“Certo... Mas então eles podem atrair mais pessoas que não têm nenhum negócio por perto.” disse Anessa.

Miriam fez beicinho e amuada baixou o chapéu sobre o rosto.

A temperatura antes de entrarem no desfiladeiro era diferente de quando saíram do outro lado. Eles ficaram surpresos, é claro, contudo acharam que levaria algum tempo para se acostumar. Belgrieve tinha muitos anos de experiência afastando o frio do norte, no entanto não tinha a menor ideia de como lidar com o calor.

Ele havia tirado a capa, tirado o amado colete de pele e arregaçado as mangas da túnica até os cotovelos. E ainda assim, sentia calor. Alguns aventureiros ao seu redor usavam armaduras pesadas com capacetes integrais, uma visão que lutou para acreditar que era real.

Quando seguia pensando em pegar outra bebida na loja, Angeline voltou. Seu negócio havia sido concluído com sucesso.

“Bom trabalho. Podemos sair agora, eu presumo. Vamos encontrar uma pousada?”

“Sim, bem, o mestre da guilda nos recomendou uma pousada.”

“Oh, isso é uma grande ajuda.”

“Phew... Com certeza está quente. E essa multidão não está ajudando.”

“Sim, vamos logo. Merry e Maggie estão no limite.” disse Belgrieve, pegando sua capa e colete.

De repente, membros da equipe da guilda estavam correndo. Eles fecharam as janelas da porta, entretanto abriram as janelas nas laterais do prédio. O que é isso? Belgrieve se perguntou. Então, no instante seguinte, uma brisa soprou por um conjunto de janelas e saiu pelo outro. Não era o calor opressivo que esperavam, mas sim uma brisa fresca e refrescante que acariciava sua pele suada e o fazia se sentir um novo homem.

“Oh... Isso é incrível. Mas como...?”

“É o vento da montanha. O ar frio e elevado está descendo da cordilheira daquele lado. Acontece em Turnera de vez em quando, certo?” uma voz próxima explicou.

“Ah, entendi. Das montanhas, hein... Hein?”

A voz familiar fez com que Belgrieve se virasse no local para ver um homem com rosto barbudo e machado de guerra parado ali com um sorriso.

“Duncan!” Belgrieve exclamou, abrindo um sorriso encantado.

“Hahaha! Bell! E pensar que nos encontraríamos aqui!”

O guerreiro viajante, Duncan, soltou uma gargalhada enquanto pegava Belgrieve pela mão. Marguerite, que tinha caído frouxamente, animou-se em surpresa.

“O que? Duncan?! Ah! É você mesmo!”

“Já faz muito tempo, Maggie! Porém vê-la tão deprimida... Não é do seu feitio!”

“Oh, cale-se! O que te traz até aqui? Você parece bem!” Marguerite, cheia de alegria, estava de pé e cutucando-o no ombro.

Angeline, Kasim, Anessa e Miriam os observavam sem expressão.

“Uh o quê...? Você o conhece, pai? Ele não é... O Sr. Percy, é?”

“Oh, certo. Deixe-me apresentá-lo. Este é Duncan — acho que já falei a seu respeito antes, contudo ele veio para Turnera na mesma época que Graham e Maggie e moraram conosco por um tempo. Duncan, esta é minha filha Angeline e suas companheiras Anessa e Miriam. E este é meu amigo Kasim.”

“Oh, você é a lendária Valquíria de Cabelos Negros! Meu nome é Duncan. É uma honra conhecê-la. E Sir Bell! Vejo que por fim conseguiu se reuniu com seu velho amigo! Que ocasião maravilhosa!”

“Obrigado.” Belgrieve respondeu timidamente.

“Ainda assim, o que poderia tê-lo trazido a essas terras do sul?”

“Bem, para ser honesto...”

“Senhor Duncan!” alguém cambaleou por trás de Duncan. Ele era um homem que parecia ter pouco mais de trinta anos, com cabelos castanhos encaracolados desgrenhados. Em seu rosto pendia um óculos grosso que lembrava o fundo de garrafas de vidro, um manto com capuz e uma camisa clara e calças por baixo. Em outras palavras, estava vestido como um mago.

Depois de recuperar o fôlego, o homem enxugou a testa.

“Não vá sozinho...”

“Que rude da minha parte.” disse Duncan, coçando a cabeça.

O homem de óculos grossos observava o grupo com curiosidade.

“Você os conhece?”

“Sim, este homem é Sir Belgrieve, ele cuidou de mim enquanto eu estava nos subúrbios do norte. Belgrieve, este é Sir Ishmael, um mago consideravelmente habilidoso que trabalha comigo há algum tempo.”

“Oh, entendo... Eu sou Belgrieve.”

“Encantado. Sou Ishmael.”

Duncan riu.

“Além disso, Bell, não é essa a espada de Sir Graham em suas costas?”

“Achei que você notaria. Peguei emprestada para esta jornada e já salvou meu pescoço algumas vezes.”

“Você a dominou então? Vejo que nunca deixa de me surpreender.”

“Não, dificilmente me chamaria de mestre.”

Kasim cruzou as mãos atrás da cabeça com um sorriso fino.

“Está ficando um pouco animado.” disse ele. “De qualquer forma, devemos mudar de local? Está quente e estou morrendo de fome.”


“Hmm, parece uma boa ideia... Temos muito o que conversar, Duncan. Que tal compartilharmos uma refeição?”

“Exatamente o que eu queria. Está tudo bem para você, Ishmael?”

“Tanto faz.” Ishmael deu uma resposta ambígua e acenou com a cabeça. Ele estava em guarda, talvez não compreendendo toda a situação.

Mais uma vez, um vento frio passou pelas janelas abertas.

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