segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Slayers — Volume 01 — Capítulo 01

Capítulo 01: Cuidado! Intimidação de bandidos e um lugar para passar a noite
















Eu estava sendo seguida.

E daí, você pergunta? Ah, não seja assim. Sei que é uma história muito comum. Na verdade, é praticamente uma ocorrência diária para mim...

Olha, estou apenas tentando tecer uma narrativa aqui. O cenário adequado e suspense e todo o ambiente. Então, tenha paciência comigo, ok?

De qualquer forma, achei que meus perseguidores deviam estar se aproximando agora. Eles eram bandidos, aliás. Quanto ao motivo de estarem vindo atrás de mim... Bem, vamos apenas dizer que não tenho tido muitos trabalhos honestos nos últimos tempos, e minha bolsa estava parecendo tão negligenciada que fui forçada a invadir um esconderijo de bandidos e me aproveitar de algum tesouro.

Sim, já sei. Não parece nada bom. Não tomei muito, no entanto! Sério! No grande esquema das coisas, era como a mais minúscula partícula de sujeira sob a unha de um duende! No entanto, por algum motivo, esses idiotas simplesmente não conseguiam deixar isso passar. É por isso que estão me seguindo e seguindo e seguindo desde então! Quão mesquinho conseguem ser?

Bem, acho que se você é do tipo generoso, no geral não escolheria ‘bandido’ como sua principal carreira...

De qualquer forma, ainda não estava no nível de urgência de ‘bandidos entrando e saindo da minha visão periférica’ ainda. É que... Minhas perninhas delicadas não podem me levar muito rápido, sabe? Não posso fugir de um bando de homens grandes e fedorentos. Sei que vão me alcançar mais cedo ou mais tarde... Oh, o que será da nossa bela heroína Lina?

Quem é Lina, é a sua pergunta? Sério? Eu! Eu sou Lina!

Ahem. De qualquer maneira...

Retirei a cortina do meu monólogo interno errante quando parei no lugar. Árvores densas e inflexíveis aglomeravam-se em ambos os lados do caminho deserto, que, de outra forma, cortava em linha reta a floresta à frente. O sol brilhante do meio-dia estava caindo através da copa espessa acima. Era praticamente o mesmo cenário que eu estava olhando há um tempo. Exceto...

Estava quieto. Muito quieto. Todos os pássaros pararam de cantar e os outros animais ficaram em silêncio. E posso dizer por quê. Havia um claro ar de hostilidade emanando da vegetação rasteira.

Estou cercada.

Os bandidos devem ter usado seu conhecimento da área para me cercar. Pensei em chamá-los, porém nada em específico veio à mente. Então, em vez disso, fiquei parada e esperei. Foi uma forma tão eficaz quanto dizer: “Ei, sei que estão aí.”.

Mencionei antes que estava em um caminho reto pela floresta, contudo esse trecho em particular era bem largo — com espaço suficiente para uma briga adequada! Veja, se tivesse escolhido um lugar mais estreito para parar, seria como estar pedindo para ser apunhalada pelos arbustos.

De todo jeito, não tive que esperar muito antes que um homem saísse da floresta e pegasse a estrada à minha frente. O homem estava sem dúvida tentando bloquear meu caminho.

“Imaginei encontrar com você correndo por aqui, garotinha”, ele disse, recorrendo ao velho clichê que nem mesmo zumbis e esqueletos seriam pegos usando hoje em dia.

Careca? Confere. Sem camisa? Confere. Tapa-olho? Confere. Todo o seu olhar gritava “Eu sou um chefe bandido!” de uma forma gritante. Ah, e mencionei a cimitarra na mão dele? Resumindo, a estética completa. Sim, esse era sem dúvida o tipo de cara que aparece na primeira metade da história apenas para ser derrubado com força por um bravo grupo de heróis.

Minha parte favorita era sua pele, que era tão oleosa que parecia que tinha se esfregado com banha (hnnngh).

“Você tem nos dado trabalho até agora...”

Oh, pelo amor de...!

Quer dizer, ok, já imaginava que o vocabulário desse cara tinha talvez cem palavras no máximo, mas ainda assim! Pelo menos tente criar uma frase que não tenha sido usada um milhão de zilhões de vezes antes!

“... No entanto agora é hora de pagarmos de volta pelo trabalho.”

Está brincando comigo, velho!

“Pelo menos, é o que eu ia dizer...” ele murmurou, o sorriso em seu rosto se tornando assustador.

Opa. E agora?

“Vou ser honesto aqui: não quero brigar. Por um lado, está claro que você é do tipo que morde. Foi bastante corajoso, sabe? Er, quero dizer isso como um elogio. Enfim, o que você fez na nossa base foi uma obra de arte. Espalhando todos nós com um grande feitiço vindo do nada, colocando fogo em tudo em seu caminho... Nosso chefe morreu naquele incêndio, sabe? E enquanto estávamos todos correndo como galinhas com nossas cabeças cortadas, ainda conseguiu ir lá e roubar o melhor saque do armazém. Nem mesmo nós faríamos algo tão frio, mocinha.”

Ok, sim... Pode ou não ter sido assim que as coisas de fato aconteceram. Mas e daí? Sem direitos para os bandidos — esse é o meu lema!

“Acho que você tem o que é preciso, então vou lhe fazer uma oferta. Veja, vim aqui para vingar meu falecido chefe. O que significa que existe uma de duas maneiras: ou te perseguimos até matá-la ou até que acabemos todos nós mortos. Podemos concordar que é um mau negócio para ambas as partes, certo? Então... Que tal se juntar a nós?”

Fiquei ofendida com a mera sugestão. Foi absolutamente absurdo. Afinal, sou uma cidadã respeitadora da lei!

... Não, sério! Eu sou!

“Devolva nosso tesouro e concorde em se juntar à nossa gangue, e deixaremos o que foi passado no passado sobre o chefe. O trabalho não é tão difícil, se é o que está se perguntando. Basta fazer o que digo e todos ficarão felizes. Vou até te tratar bem. Vamos dar algumas risadas juntos. Certo? Não é um mau negócio, hein?” ele ofereceu, aquele sorriso nojento rastejando em seus lábios de novo.

Hoo garoto... Bem, isso pelo menos explicava algumas coisas.

Estava começando a soar como se esse cara fosse o segundo em comando do grupo, que estava de olho na posição de chefe há anos. Então, quando cheguei e acabei com o cara, estava meio que entregando a ele o que por fim tanto queria.

Isso significava que não tinha vindo atrás de mim por vingança, mas sim para recuperar seu tesouro. E uma vez que me encontrou, decidiu que me queria — meu poder e meu corpo.

Pena que não sou o tipo de idiota que se junta a bandidos. Além do mais, não sei por que pensou que eu ficaria ainda um pouquinho que fosse tentada pela oferta de me envolver com um bandido de meia-idade por excelência. Que garota quer passar o resto de seus dias perguntando: “Como foi roubar aldeões inocentes hoje, querido?”.

Além de tudo, estou me guardando para o Príncipe Encantado! Ok, não de tudo, mas essa é a ideia!

“Melhor responder rápido, garota. Não podemos ficar aqui o dia todo. Tenho que encontrar um novo esconderijo logo.”

Uau, esse cara apenas não consegue calar a boca. Acho que estava se sentindo pressionado pela minha falta de resposta. Minha voz é agradavelmente alegre e feminina, sabe, então tenho certeza de que algumas palavras minhas teriam ajudado a deixá-lo à vontade... Porém por que deveria fazer algum favor a esse cara? Só fiquei lá em silêncio enquanto o mesmo continuava falando, falando e falando. Estava claro que estava ficando mais agitado a cada minuto.

“Então, o que acha? Diga responda já!” ele latiu.

“Não,” respondi, contrariando sua longa caminhada com uma única palavra. Disse isso bruscamente também, com a voz mais profunda que pude, sem que soasse artificial.

“O que...” ele murmurou, sua boca aberta e a cor visivelmente drenando de seu rosto.

“Você...!” por fim conseguiu se espremer alguma palavra. “Sua vadia estúpida! Venho até aqui de boa vontade, e é assim que me trata? Bem, sei como lidar com lixos como você! Vou te cortar em pedaços! Vamos, rapazes!”

Atendendo sua chamada, os outros bandidos escondidos na floresta vieram correndo para me cercar. Havia cerca de uma dúzia deles no total.

“Não são muitos de vocês, não é?” disse, e eu quis dizer isso.

No entanto, cara, você deveria ter visto o rosto dele! Foi hilário. Acho que apenas não conseguia acreditar que eu não estava impressionada com o tamanho de sua gangue.

“F-Feh! Há mais de nós, só para que saiba! Sim! Muito mais! Tenho homens na floresta com seus arcos apontados em sua direção enquanto falamos! Uma palavra minha, e vão rasgá-la como um trapo velho, contudo se mudar de ideia se ajoelhar e implorar meu perdão, talvez possa poupá-la. Então vamos lá, vá em frente!”

Falando em blefe óbvio! Aprender a sentir as pessoas se escondendo em uma floresta é algo básico para uma feiticeira e espadachim. Então eu saberia em um piscar de olhos se alguém realmente estivesse lá, já que sou uma espadachim ás e uma feiticeira virtuosa...

Ai Lina, quanta modéstia!

Enfim, quase quando decidi terminar o que comecei com esses caras...

“Espere aí!” uma voz gritou.

Todos nós nos viramos para ver quem era e vimos um homem — um verdadeiro tipo de ‘mercenário viajante’ – parado ali com o sol do meio-dia brilhando em sua espada longa desembainhada. Estava meio que esperando uma música tema começar a tocar, talvez uma com uma seção de sopro.

Seu corpo era alto e esguio, e usava um peitoral preto reluzente que parecia feito de escamas de serpente de ferro. Me parecia que seu arquetípico era um ‘lutador leve’. O tipo de cara que tira proveito da velocidade e técnica em vez da força bruta. Seu cabelo era loiro platinado, e tenho que admitir, ele era bem agradável aos olhos.


“Vire o rabo e corra para casa, seus ladrões mesquinhos... A menos que queiram provar minha lâmina,” disse descaradamente o guerreiro.

O rosto do líder bandido frustrado passou de pálido a roxo.

“Cai fora! Isso não é da sua conta! Quem é você, afinal?”

“Não tenho nome para escória como você!”

Oh meu Deus, isso foi constrangedor, mas é o que realmente disse, então tenho que retransmitir. Guh, sinto que acabei de engolir um inseto...

Enfim, esse tipo de coisa se ve tempo todo. Sempre que alguém está em apuros, caras como esse apenas saem da toca! Engraçado que geralmente são guerreiros bonitos e decentes.

“Seu pirralho! Vou cuidar de você primeiro, então! Peguem-no, rapazes!”

“Certo!”

E, como já esperávamos, uma grande e velha cena de ação aventureira estourou. Considerei ajudar o Sr. Herói, porém então pensei, quer saber? Vou deixá-lo ter seu momento. Decidi ir com tudo no papel de donzela em perigo dessa vez, correndo sem rumo e gritando igual louca.

Homem, essa era a vida! Fiquei gritando tanto e me debatendo que a luta acabou antes que percebesse. Desnecessário dizer que o Sr. Herói saiu por cima.

“Está tudo bem?” ele perguntou enquanto virava seus olhos para mim... E ficou atordoado em silêncio.

É algo bastante normal. Quer dizer, não quero me gabar nem nada, mas sou um pequeno pedaço de mau caminho. Tenho aqueles olhos grandes e redondos. Esse rostinho fofo. O tipo de silhueta elegante, esguia e pequena que apenas estimula os instintos protetores de um homem.

Ele soltou um grande suspiro. (Um de admiração, sem dúvida.) Contudo então sussurrou algo que ouvi claro como o dia...

“Oh... É apenas uma criança.”

Ack! Ok, isso realmente doeu, no entanto não parou por aí.

“Com todo o alvoroço por ela, achei que seria pelo menos atraente... Arrisquei meu pescoço esperando causar uma boa impressão... Só que é apenas uma criança de olhos de corça e peito achatado.”

Oof!

Ok, então talvez eu seja um pouco baixa para a minha idade. Ok, talvez meu peito seja um pouco... Modesto. E tudo bem, talvez pareça um pouco jovem para minha idade. Contudo você não precisa torcer a faca¹, maldição! Quer dizer, claro, é provável que tenha pensado que eu não conseguia ouvi-lo resmungando para si mesmo, porém, infelizmente, para todos, tenho ouvidos muito atentos. Disseram-me que eles são tão afiados quanto os de um elfo, na verdade.

Entretanto, é verdade que arriscou o pescoço para me salvar (mesmo que eu o tenha deixado fazer isso), então achei que deveria pelo menos agradecê-lo.

“M-Muito obrigado. Sério,” murmurei com um sorriso forçado.

“Só fiz o que qualquer homem faria,” disse ele com uma risada fraca. “Espero que não tenha sido ferida, mocinha.”

Mocinha, hein?

“Mas sabe, não é seguro para uma garotinha ficar aqui sozinha. Tem acompanhante? Seu pai não está junto?”

Grrr...

“Acontece que estou viajando sozinha.”

Arrrgh...

É provável que não conseguisse ver com minha franja cobrindo minha testa, porém tinha certeza que as veias estavam saltando das minhas têmporas.

“Isso não vai funcionar... Mas não se preocupe. Seu novo irmão mais velho a levará para casa com segurança.”

Por que você...! Você...! Você...!

“Então, onde você mora, mocinha?”

Oooooh...

“Er, bem... Não tenho nenhum destino em particular em mente. Estava pensando em ir para a cidade Atlas, entretanto...”

“Oh. Ah sim, claro. Que mocinha corajosa você é.”

“... Desculpe?”

“Não precisa se preocupar. A vida pode ser complicada. Consigo entender.”

“Hum...”

“Não, não fale. Entendo completamente.”

Uh... Hã.

Estive olhando para o chão o tempo todo, falando da maneira mais contida que pude em uma tentativa de conter minha irritação fervente. Porém o Sr. Herói interpretou mal minha reticência educada como astúcia. Parecia pensar que eu era uma pobre menina que foi forçada a sair de casa em circunstâncias nada afortunadas.

Tentei com muita calma corrigi-lo nesse ponto.

“Er, não, sério... Veja, estou apenas viajando pelo mundo, vendo os pontos turísticos...”

“Por favor, não há necessidade de desculpas”, disse ele, como se repreendesse uma criança. “Não vou pressioná-la mais.”

Ok, sim, está além das esperanças.

“Oh, já sei! Eu mesmo irei acompanhá-la até a cidade Atlas.”

Ei, espere um minuto!

“N-Não, não precisa fazer isso...”

Me dá um tempo! A cidade Atlas fica a cerca de dez dias daqui. Duzentas e quarenta horas com esse idiota irritante? Vou pegar uma úlcera no estômago! Não, meu estômago estava já estava prestes a derreter!

“Não seja assim, mocinha. Posso dizer que precisa de um amigo agora.”

Não é sua decisão, cara!

“Er, não... Você realmente não tem que fazer isso...”

Esse vai-e-volta continuou e continuou, até que no fim...

Algumas horas depois, caminhávamos pela estrada principal lado a lado. Sim, ok, terminei por desistir. Minha cabeça ainda estava latejando de todo o encontro.

“Oh, é verdade. Não me apresentei, não é? Eu sou Gourry, um mercenário viajante. Embora acho que essa parte é bem óbvia. Agora, e quanto a você, mocinha?”

Estava irritada o suficiente para considerar por um breve instante dar a ele um nome falso, contudo meu melhor julgamento me disse que não havia motivo para me preocupar.

“Eu sou Lina. Apenas uma típica viajante.”

Fui honesta sobre meu nome, embora devesse ter ficado flagrantemente óbvio, olhando para mim, que era tudo menos uma típica viajante. Gourry, no entanto, não se mostrou inclinado a me questionar. Creio que percebeu que tinha um motivo para mentir.

Entendeu por que cedi no final? Gourry era sem dúvida um cara decente. Um cara bom de verdade. Se tivesse dado a menor vibração assustadora do tipo ‘Oh, sim, vamos viajar juntos, garotinha... Heheheh’, teria chutado sua bunda sem pensar duas vezes. Mas Gourry parecia, de uma forma genuína, estar preocupado comigo, e por isso que não podia só mandá-lo embora...

Só que ainda assim...

“Mesmo assim...” Gourry murmurou para si, pelo que aparenta ainda com a impressão de que eu não poderia ouvi-lo quando faz isso. “Ser babá de uma criança a caminho da cidade Atlas? Não é de fato o trabalho mais glamoroso do mundo...”

Mas, mesmo assim, ele sem dúvida me irrita.



Quando por fim consegui um momento para mim mesma, soltei o grande e profundo suspiro que estive segurando o dia todo.

Paramos para pernoitar em uma cidade hospedeira ao longo da estrada principal. Depois do jantar, fomos para os nossos quartos. Gourry pegou o dele ao lado do meu.

Meu próprio quarto era muito pequeno, com o chão e as paredes todos feitos de madeira. A mobília consistia em uma cama e uma mesa que continha uma única lâmpada, que era a única fonte de luz no quarto. Não era nenhum luxo, porém pelo menos o lugar parecia bem conservado.

Meu nariz sentiu uma forte dose do cheiro característico de óleo animal queimado quando entrei no quarto e tranquei a porta. Desamarrei minha capa na mesma hora, ao qual encolhi os ombros sem cerimônia. Fiu, esse peso foi tirado dos meus ombros!

Com minha capa no chão, comecei em seguida a remexer nela. Ainda estava abarrotada de espólios de guerra da minha vitória sobre os bandidos — em outras palavras, todo o saque que roubei. Toda aquela aventura se transformou em uma bagunça que não tive a chance de organizar tudo desde a primeira vez que a joguei nos sacos. Tentei ser perspicaz sobre o que peguei — passar por cima de qualquer coisa muito pequena ou muito complicada — porém ainda tinha conseguido uma boa puxada.

Eu me sentei na minha capa estendida e comecei a tirar coisas de minhas várias bolsas de couro. Então levantei minhas mãos, as palmas voltadas uma para a outra, na frente do meu peito. Comecei a entoar um feitiço baixinho e, conforme lentamente separava minhas mãos, uma bola de luz apareceu entre elas.

Movi a bola de luz em direção ao teto, e a sala de repente se encheu de um brilho radiante. Este era um pequeno feitiço que conhecia chamado "Iluminação". Precisava de mais do que apenas a lamparina a óleo no quarto se quisesse dar uma boa olhada em todo o meu novo tesouro. Vamos ver...

Duzentas ou trezentas gemas de tamanhos consideráveis. Algumas delas estavam arranhadas, contudo posso resolver esses detalhes mais tarde.

Um ídolo de oricalco²... Ooh, isso deve render um bom preço.

Em seguida, havia uma faca bem grande. Era tecnicamente uma arma mágica, porém o encantamento parecia bem desagradável.

“É provável que o arraste pra uma matança se o usar muito... Bom, ainda pode ter um preço decente em uma loja de magia em algum lugar. Próximo...”

Cerca de uma dúzia de moedas do Principado de Letidius, que caíra há quinhentos anos. Uau! Aquilo arrancou um assobio de mim.

“Sorte minha! Posso vendê-las para qualquer colecionador, sem problemas.”

Isso era tudo o que tive da minha puxada. Não são as coisas mais valiosas do mundo, mas quase a mesma coisa para um grupo aleatório de bandidos insignificantes.

Claro, ‘valioso’ é relativo, veja bem. Mesmo se me recusasse a vender tudo isso, ainda sairia com dinheiro suficiente para proporcionar a uma pessoa normal uma aposentadoria confortável.

O que? Não, não sou gananciosa. Magia é apenas um negócio caro, certo?

“Agora, para essas gracinhas...”

Era hora de começar a trabalhar nas gemas preciosas.

Primeiro, organizei-as por tipo e, em seguida, classifiquei cada tipo em duas pilhas: arranhadas e sem danos. Poderia vender as sem danos como estão, mas as arranhadas não renderiam muito em sua condição atual.

Elas precisavam de um pouco de TLC. Não se preocupe. Tenho um plano.

Tirei mais alguns itens das minhas bolsas. O primeiro era um tipo de bola de cristal com o tamanho do punho de uma criança, que com bastante cuidado coloquei no chão. Ela rolou um pouco antes de diminuir a velocidade até parar com o marcador dentro dele apontando para a janela.

“Entendi. Esse caminho é o norte, então...”

Em seguida, desenrolei um pedaço de papel com um círculo mágico desenhado no centro sobre o chão. O papel era quadricular, apenas largo o suficiente para que pudesse enrolá-lo sem forçar, e tinha a cor e o brilho da pele de uma donzela elfa.

(Se parece que estou sendo vaga sobre minhas ferramentas, materiais e encantamentos, você está certo. Os detalhes foram redigidos. São todos segredos comerciais. Desculpe.)

Depois disso, pintei um pequeno pedaço de madeira com tinta especial e usei para estampar um círculo mágico menor em um pedaço menor de papel. Em seguida, coloquei um rubi puro no centro do círculo mágico no chão e coloquei o pequeno papel que acabei de carimbar nele. E ainda por cima, eu silenciosamente cantei um feitiço de fogo. O pequeno papel explodiu em chamas, incinerado em cinzas em um flash.

“Ok, esse é o primeiro passo,” suspirei enquanto olhava para o meu trabalho.

O pequeno círculo mágico agora estava visível dentro do rubi colocado no chão; o feitiço que tinha acabado de lançar o havia selado lá.

Em seguida, peguei um dos rubis arranhados na minha mão esquerda e segurei-o sobre a gema que continha o círculo mágico. Então recitei um feitiço do vento, que esfarelou a gema em minha mão como argila velha. O pó de rubi recém-criado choveu sobre a gema abaixo dela.

Repeti o mesmo processo várias vezes até que joguei fora todos os rubis arranhados da mesma forma, deixando uma enorme pilha de pó de rubi no círculo mágico no chão.

“Agora, então...”

Salpiquei um pouco de fluido claro de uma pequena garrafa sobre a pilha e segurei minha palma esquerda sobre ela, entoando um padrão particular de feitiços de terra e água. Minha palma estendida começou a brilhar, e a montanha de pó de rubi soltou um flash de luz.

No momento em que, aos poucos, puxei minha mão, o que antes era uma montanha agora era um mero caroço.

Sucesso. Agora só precisava esperar.

A superfície do rubi, áspera como cerâmica não vidrada, lentamente se tornou mais lustrosa, quase como se estivesse derretendo... Até que, ao fim, se solidificou em um grande rubi do tamanho de um punho de adulto, o círculo mágico ainda selado dentro.


“Ok, um a menos!”

Depois disso, repeti todo o processo com as outras variedades de gemas que coloquei em minhas mãos.

Atualizá-las em artefatos mágicos garantiu que fossem vendidas por um bom preço. Elas faziam simples talismãs de proteção quando montados em pingentes e podiam, da mesma forma, aumentar as capacidades de armas e armaduras. O pingente, a bandana e a espada curta que eu usava estavam devidamente equipados com outras iguais.

Elegantes, chamativos e práticos, elas estão na moda na burguesia! Compre um amuleto com joias hoje!

Opa! Deslizei acidentalmente para o modo de marketing ali! Isso é o que ganho por crescer em uma família de comerciantes...

Aguente firme, Lina! Faltam nove dias para a cidade Atlas!



No dia seguinte, Gourry e eu partimos de novo pela estrada principal. O tempo estava perfeito. Deve haver um rio em algum lugar próximo também, porque podia ouvir o barulho fraco da água. As folhas farfalharam nas árvores, respondendo com timidez ao suave sussurro do vento. A luz do sol derramada pelos galhos manchava a estrada seca abaixo. Foi uma tarde idílica.

Soltei um pequeno suspiro...

“Estou com fome.”

Ei, guarde o seu julgamento para você mesmo! Uma garota não pode fazer nada quando fica com fome! Tínhamos saído na primeira hora da manhã, e a próxima cidade era um dia inteiro de distância! Foi por volta do meio-dia que avistamos uma caravana na beira da estrada desfrutando de algumas rações para trilhas... O que nos indicou o fato de que não haveria nenhuma taverna ou restaurante ao longo do caminho.

“Você prometeu não dizer isso, mocinha...” Gourry disse, parecendo cansado.

Ele nem se incomodou em virar na minha direção quando falou. Eu estava mais aborrecida por ainda estar me chamando de ‘mocinha’, no entanto...

“Às vezes, um homem só tem que aguentar,” continuou ele.

“Eu não sou um homem,” brinquei de volta.

Gourry parou por um segundo e finalmente olhou na minha direção.

“O mesmo vale para as mulheres,” Gourry disse. “Em tempos difíceis, é preciso aguentar.”

“Viajar em alguma jornada sem objetivo se qualifica como ‘tempos difíceis’?”

Gourry parou e nós dois nos encaramos por um longo tempo. Nosso silêncio foi interrompido apenas pelo som da água balbuciante nas proximidades.

No final, decidimos ir pescar para almoçar.



O rio não ficava muito longe do caminho e corria paralelo à estrada principal. (Tecnicamente, acho que devo dizer que a estrada corria paralela ao rio...) Parecia amplo e profundo o suficiente para nadar, a água era límpida e limpa e a margem era toda de solo arenoso. Era o lugar perfeito para se sentar e fazer uma pausa para o almoço.

“Aqui, peixinho, peixinho!” Cantei quando comecei a trabalhar.

Primeiro, escolhi um galho de árvore caído de tamanho apropriado. Então arranquei um pequeno anzol de minha bolsa e alguns lindos cabelos castanhos de minha própria cabecinha. Trancei o último em uma longa corda, na qual amarrei o gancho antes de amarrar tudo no galho. Voilà — uma vara de pescar improvisada!

“Tudo feito!”

“Habilidades de sobrevivência impressionantes,” comentou Gourry, fascinado enquanto observava.

“Segure isso,” eu disse, entregando-lhe a vara enquanto íamos para a água.

Virei uma grande e velha pedra de rio e peguei alguns insetos (não sei de que tipo na verdade) que estavam agarrados à sua parte inferior. Coloquei um deles no anzol e lancei nossa linha.

O rio continuou balbuciando enquanto passava.

Ok... Puxe para trás, firme o aperto e... Lance!

O rio continuou balbuciando... [Sequência resumida para seu benefício.]

Não demorou muito para que juntássemos uma pequena pilha de peixes. Gourry acendeu o fogo, então salgamos e assamos as belezinhas ali mesmo.

Hmm, isso é gostoso!

Para ser honesta, gosto mais dessas coisas direto da fonte do que do peixe que compramos na maioria dos restaurantes. Se for pequeno o suficiente, gosto de engoli-los, com a cabeça e tudo.

“Não posso acreditar que você está os comendo assim,” Gourry gemeu, sua boca aberta em descrença.

Apesar de todas as suas pregações de masculinidade, lá estava ele... Delicadamente pegando a carne branca de seu peixe como uma garotinha.

“Que desperdício”, lamentei. “Você não tem que comer a cabeça, mas pelo menos coma as entranhas.”

“Não quero comer as entranhas...”

“Esquisito. Essa é a melhor parte!” Declarei, pegando meu segundo peixe e mordendo de forma voraz sua barriga.

“Porém, sabe, peixes tem... Seu sistema digestivo, certo?” Gourry disse, franzindo o nariz em desgosto.

“Pode apostar que sim!”

“Então, o inseto que pegou de isca está em algum lugar por aí...”

Blurgh!

Cuspi reflexivamente o que estava na minha boca.

Seu... Seu traidor...

“S-Sim, acho que pode estar...”

“Não, está aí.”

“Ok, mas ainda...”

Não tem que dizer isso no momento em que estou comendo! Argh, droga...


E assim, entre toda a conversa e meu monólogo interno ofendida, acabamos com todos os peixes que pescamos. E sim, Gourry comeu mais do que eu, apenas no caso de você estar se perguntando.

“Hmm, ainda estou com um pouco de fome...” ele admitiu.

“Ok, então vamos pegar mais alguns.”

Levantei-me, afastando do fogo e estendi a mão para a vara de pescar que deixei encostada...

No entanto minha mão parou no meio do caminho. Podia sentir uma presença próxima.

“Goblins,” Gourry murmurou, não parecendo sequer perturbado. Sua voz estava tão baixa que mal o ouvi. “Tive um vislumbre deles mais cedo. Cerca de vinte e quatro ao todo.”

Ah, claro! Peguei minha vara de pescar. Se este fosse o território de goblins, explicaria a falta de restaurantes e paradas para descanso na área.

Goblins são talvez uma das espécies mais populosas ao redor, então todo mundo já os viu: criaturas humanoides que ficam perto da altura do peito. Eles são criaturas noturnas e bastante inteligentes, porém são meio agressivos em termos de personalidade... Embora possam ser um pouco covardes também. A maioria deles sai à noite para roubar gado de cidades e vilarejos distantes o suficiente das grandes cidades para serem vulneráveis.

Além disso... São muito divertidos de mexer.

Peguei o anzol com a mão esquerda e recitei baixinho um pequeno feitiço de ‘mordida certa em cada lance’ (nome próprio pendente). Este era um original da Lina, veja bem. Se vazasse, significaria a extinção de peixes em todos os lugares. É por isso que o mantive guardado, por assim dizer, e não o usei com tanta frequência.

Agora, quando terminei de cantar o feitiço...

“Skreh!”

Com algum tipo estranho de grito de guerra, os goblins saíram da vegetação rasteira. Estavam armados (de certo modo) com pequenas espadas enferrujadas e lanças improvisadas feitas de pedaços de ferro amarrados a varas. Goblins ladrões de estrada.

“Silêncio! Quieto!” respondi imediatamente em Goblin.

Todos os goblins pararam em seu caminho.

Agora é minha chance!

Usei a distração momentânea que criei (não que fosse algo difícil) e lancei minha linha na água.

O rio balbuciava enquanto passava... Contudo, além disso, havia silêncio.

Todos os goblins pareciam estar se perguntando o que estava fazendo enquanto me observavam lá. Goblins são curiosos por natureza, sabe, então sabia que não atacariam até que descobrissem o que estava fazendo.

E não demorou muito para que eu conseguisse uma mordida.

“Sim!” gritei, ainda em Goblin, enquanto puxava a vara da água. “Sim! O grande prêmio!”

Então, puxei a vara enquanto o peixe estava no ar no momento certo, soltando-o e deixando-o cair bem na frente dos goblins. Fácil de descrever, com certeza, mas muito mais difícil de fazer. Fique impressionado, ok?

“Pegue isso!” gritei em Goblin.

“Skreek!”

“Skrak, skraa!”

“Skreeskra!”

Sim, bons meninos...

No momento em que os goblins pegaram os peixes que se debatiam na costa, fisguei mais dois. Desnecessário dizer que continuaram mordendo. No momento em que joguei dez peixes na costa, os goblins formaram um anel ao meu redor.

Agora eu os peguei.

“Aqui,” disse enquanto passava a vara para o goblin mais próximo.

“Skree?”

“Pega muitos peixes,” disse a ele em sua própria língua. “Quer tentar?”

“Skree...?”

O goblin aceitou a vara, a cabeça inclinada para o lado com curiosidade e lançou a linha na água. Ele pegou um peixe logo em seguida.

“Skreeskree!”

Enquanto seus companheiros se aglomeravam ao seu redor de entusiasmo, Gourry e eu saímos.

“Foi um truque interessante,” Gourry me disse mais tarde naquela noite.

Finalmente havíamos chegado à próxima cidade e, no momento, estávamos jantando na taverna do primeiro andar da pousada, que cheirava a bebida e charutos baratos.

Em um piscar de olhos, rasguei a coxa de frango com a mão esquerda. Não estava nada mal.

Hom, nom, nom... Mm!

Em um piscar de olhos, bebi o copo de suco de lesys³ na minha mão direita.

Oh, espere, é disso que Gourry estava falando!

“Quer dizer esta tarde?”

Splat!

Gourry prontamente plantou o rosto na mesa.

Olha, eu não estava tentando bancar a idiota nem nada. Apenas não tinha pensado muito em todo o truque da pesca. Não, estou sendo sincera. Quero dizer!

“Foi um feitiço super simples. Qualquer feiticeiro poderia fazer algo do tipo.”

“Ohh?” Gourry respondeu, impressionado. “Isso significa que você é uma feiticeira?”

Blarghsplat!

Agora foi minha vez de plantar o rosto na mesa.

“Espera aí, amigo!” praguejei com Gourry. “O que pensou que eu fosse? A roupa não entregou?”

Só para você saber, minha roupa esse tempo todo consistiu em calças e botas de cano alto; uma túnica larga mantida no lugar com um cinto de couro grosso; luvas de couro finas; uma bandana na testa; e bordões feitos de grandes cascos de tartaruga polidos finos e lisos, dos quais minha capa pendia até um pouco acima do chão. Tudo era de um preto estiloso, acentuado aqui e ali com glifos mágicos bordados em fios de prata. Minha roupa era um pouco como uma armadura mágica, um talismã de proteção por si só.

Além disso, tinha meus acessórios — pulseiras de prata e um colar, bem como uma espada curta fixada com uma das minhas próprias joias mágicas feitas à mão — que brilhava com uma luz deslumbrante. Se alguém pudesse olhar para tudo isso e presumir que eu era uma garçonete ou uma peixeira ou outra coisa, eles tinham que ser estúpidos, pura e simplesmente.

“Agora que falou, suponho que seja uma vestimenta de feiticeiros... Cara, e eu aqui tinha certeza de que você era uma garçonete ou algo assim...”

Urghblarghsplat!

Enfiei a cara na mesa mais uma vez, desta vez direto na minha tigela. Foi só então que percebi que não tinha terminado minha sopa.

“Uau. Só estava brincando... O seu timing cômico é ótimo, sabe?”

“Não é exatamente intencional,” respondi, limpando a poção do meu rosto com um lenço.

“Então, quão poderosa você é? Pode usar a bola de fogo? Com base na sua roupa, suponho que seja uma usuária de magia negra.”

Existiam, a grosso modo, três tipos de magia: magia negra, magia branca e magia xamânica, a última das quais compreendia feitiços elementais e espirituais. Magia negra era sem dúvida minha especialidade, mas não fique pensando errado; havia dois tipos principais de magia negra também. Um era maldições. O outro eram feitiços de ataque que não caíam no âmbito da magia xamânica — e esse era o meu forte.

O feitiço ‘Bola de fogo’ que Gourry mencionou era um feitiço de fogo elemental, o que significava que caiu sob a magia xamanística. A maioria das pessoas presumia que todos os feitiços ofensivos eram magia negra, porém esse era um equívoco comum.

“Você acha que um feiticeiro revelaria seus segredos tão fácil?”

“Bem, você parece ser do tipo que gosta de falar sobre si mesma...”

Desculpe!

“Bem, não importa. Vou vê-la em ação em breve.”

Estava prestes a perguntar o que o fez pensar isso, porém antes que tivesse a chance, alguém invadiu a taverna.

“É ela!”

Olhei para ver quem estava gritando e... Ah, merda. Ele estava inequivocamente apontando para mim. Quero dizer, estava realmente apontando para a nossa mesa, mas porque disse ‘ela’, meio que presumi que se referia a mim e não a Gourry. (Não acho que alguém poderia confundi-lo com uma garota, que pena.)

Um momento depois, a sala estava cheia de trolls. A princípio pensei que seu líder fosse uma múmia, só que olhando mais de perto, a pessoa era apenas um feiticeiro envolto em bandagens da cabeça aos pés.

“Caramba, acho que pegou a garota errada!” na mesma hora cerrei meus punhos sob meu queixo e entrei em um modo bonitinho. Coloquei um nome falso para garantir. “Meu nome é Sofia e sou alguém...”

“Cale-se! Não me importa qual é o seu nome! Foi você quem invadiu aquele acampamento de bandidos outro dia, não foi?”

Wuh-oh.

“Ei, ei agora...” Gourry me olhou com ar de censura.

“Olha, vou explicar mais tarde. Por enquanto, vamos apenas cuidar desses caras,” falei, virando-me para avaliar os trolls.

Os trolls são consideravelmente maiores do que os humanos, com força e resistência à altura, no entanto também são bastante ágeis para seu tamanho. O maior ativo do troll, entretanto, são seus incríveis poderes regenerativos.

Qualquer ferimento não letal que eles sofram cicatrizará bem diante de seus olhos.

Traduzindo: Mate-os com um golpe então.

Dito isso, se eu fosse muito imprudente com a magia, poderia explodir a pousada e ferir um monte de gente inocente no processo.

“Ok, você me pegou,” declarei, chutando minha cadeira para trás enquanto me levantava. “Vamos resolver isso lá fora.”

“De jeito nenhum,” o homem múmia refutou em seguida.

“Oh vamos lá...”

Preciso pensar rápido e apresentar uma nova ideia logo.

“Se devolver tudo o que roubou, posso aceitar que fiquemos quites,” ofereceu o homem múmia.

“Oh, por favor. Acha que vou deixá-lo ir embora com minhas coisas? Pare de fingir de besta, feiticeiro ladrão.”

“Você também é um feiticeiro ladrão,” interrompeu Gourry.

“Cale-se. Só roubo de bandidos,” discuti inutilmente enquanto me preparava para a batalha.

“Peguem-na!”

Ao sinal do homem múmia, os trolls pularam em mim. Eu me movi assim que eles fizeram sua ação.

As principais armas de um troll são suas garras afiadas e extrema força. Não era agradável pensar nisso, contudo enquanto minha roupa me fornecia proteção básica, sabia que um arranhão daquelas garras de troll nojentas faria minhas entranhas derramarem pelo chão. Um soco também arrancaria minha cabeça.

Claro, não tinha intenção de deixar isso acontecer.

O primeiro troll veio até mim com um golpe grande e largo. Eu me esquivei, então plantei minha mão direita nas costas do troll, usando-a como um ponto de apoio para girar e passar para o próximo. Quando este estendeu a mão para me agarrar, deslizei por baixo dele, agarrando uma de suas pernas enquanto escorregava entre elas. É óbvio que não foi o suficiente para derrubar o troll, porém o fiz perder o equilíbrio por um segundo. Aproveitei a oportunidade para me endireitar e seguir para o próximo.

De repente, pude sentir uma presença hostil atrás de mim. Nem um segundo depois, um conjunto de garras agarrou minha capa. Infelizmente para o troll, minha capa era tudo o que conseguiu — eu a desamarrei das minhas bandeirolas uma fração de segundo antes.

Ótima reação, Lina!

O impulso do golpe do troll o enredou na minha capa e o fez cair de uma forma desajeitada no chão. Eu gentilmente cutuquei na cabeça com meu dedo. Para o próximo alvo!

Depois de um pouco mais disso e daquilo, me vi de volta ao lado de Gourry.

“Ei, bem-vinda de volta.”

“Caramba, valeu!”

Este grande idiota tinha ficado sentado lá olhando o tempo todo, sem se preocupar em levantar um único dedo para ajudar uma adorável senhorita que estava lutando. (Quero dizer eu, seus idiotas!) A falta de senso...

Quase não fiz nenhum dano aos trolls em minha pequena excursão. Na verdade, não havia eliminado nenhum deles.

“Pequena atrevida escorregadia...” o homem múmia murmurou irritado.

Acho que acabei o irritando.

“Gourry! Você pode ferir os trolls?” perguntei bruscamente. “Feri-los? Hum... Você sabe que eles se regeneram, certo?”

“Claro que sei! Apenas faça! Rápido!”

“Qualquer ferimento serve?”

“Sim!” gritei.

Os trolls estavam se aproximando a cada segundo.

“Ok, entendi.”

Assim que concordou em ajudar, Gourry puxou a mão direita do bolso. Nele, pude ver algumas nozes que deve ter arrancado das árvores no caminho para cá — você sabe, o tipo pequeno e duro que os esquilos adoram roer, mas a próxima coisa que vi foi um movimento rápido da mão de Gourry e as nozes sumiram.

“Urk!”

“Uau!”

Os trolls de repente estavam gemendo e segurando várias partes de seus corpos — seus braços, seus flancos, suas testas. Foi um tiro certeiro bastante impressionante. Gourry impulsionou as nozes com tanta força que elas perfuraram as peles grossas dos trolls e se cravaram bem fundo em sua carne. Falando sobre um poder incrível; contra um oponente humano, alguns golpes como aquele podem ser letais.

“Truque interessante, criança. No entanto se acha que isso é o suficiente para derrotar um troll—” o homem múmia começou a se gabar, mas foi interrompido no meio da frase.

“Grrragh!”

Os trolls estavam gritando agora. Os ferimentos do tamanho de bolotas que Gourry infligiu estavam ficando cada vez maiores enquanto falávamos.

“O que... O que diabos? O que está acontecendo?” o homem múmia gritou em desespero confuso.

Gourry, também, só pôde assistir de queixo caído enquanto as feridas continuavam a se expandir em todas as direções. Alguns dos trolls foram divididos em dois na cintura, enquanto outros foram divididos na vertical. Depois de tudo dito e feito, mais da metade dos trolls foram reduzidos a nada mais do que massas de carne morta.

Isso foi obra minha, é claro, contudo não foi lá algo bonito de se ver. Que bom que já tinha comido, sabe? Nojento!

De qualquer maneira, isso deixou quatro trolls e o homem múmia estupefatos. A maioria deles parecia menos do que entusiasmada com a perspectiva de voltar correndo para a luta. O pânico e a confusão sobre o que acabei de fazer os abalaram muito.

O medo do desconhecido é uma coisa poderosa — Contudo nada é tão assustador quando você conhece o truque por trás.

Veja, quando toquei em cada um dos trolls antes, lancei um pequeno feitiço sobre eles — uma espécie de inversão do feitiço de magia branca ‘Recuperação’. A recuperação maximiza os poderes regenerativos físicos e espirituais de uma pessoa, o que estimula a cicatrização de suas feridas. O que fiz foi o oposto: reverter à capacidade de cura do corpo. E o mais rápido possível.

Claro, as habilidades regenerativas naturalmente potentes dos trolls tornaram o processo ainda mais intenso. Invertidas e amplificadas, essas habilidades fariam com que até mesmo o menor ferimento rasgasse seu corpo inteiro.

A propósito, esse feitiço era outro original meu. Parecia meio... Sabe... Maligno, então nunca tinha usado em combate antes. E embora tivesse de fato feito o truque de assustar meus inimigos até seus ossos, jurei não usá-lo de novo. Outra lição de Feitiçaria 101: Nunca use feitiços que irão assombrá-lo em seus sonhos.

Tendo isso dito, imaginei que meu pequeno truque sujo os faria correr com o rabo entre as pernas, mas um dos trolls parecia determinado a tentar a sorte. Desafiando todo o bom senso, ele avançou direto para mim.

Saquei minha espada curta e entrei em ação enquanto entoava um feitiço abafado sob minha respiração. Posso ser pequena, no entanto tinha a agilidade do meu lado. Minha lâmina colidiu com suas garras duas vezes, depois três vezes, deixando o troll vulnerável por uma fração de segundo.

“Agora!”

Enterrei minha espada profundamente na lateral do troll. O troll, no entanto, deu um sorriso de escárnio que apenas dizia: “Te peguei!”

Fiz justamente o que esperava. Ele sabia que não poderia me superar, então, de boa vontade, me deu uma oportunidade para esfaqueá-lo. E com minha espada cravada em sua pele, eu era um alvo fácil. Uma jogada como essa teria sido suicídio para a maioria, contudo com a regeneração de um troll, era uma estratégia válida.

Pena que realmente não funcionaria comigo. Deixei o troll desfrutar de seu pequeno momento de triunfo... E então acabei com as coisas.

“Venha, raio!”

Canalizei um feitiço Monovolt através da minha espada e no troll, que nunca teve uma chance. Seu corpo enorme entrou em convulsão, e o pobre coitado estava morto antes mesmo que pudesse gritar.

“Foi um plano inteligente, porém diria que fiz um melhor que você.”

O cadáver do troll caiu no chão com um baque, e decidi que era hora de garantir que os bandidos soubessem quem estava no controle aqui... Caso ainda não estivesse claro.

“OK. É hora de levar a sério.”

Bati palmas na frente do meu peito e aos poucos comecei a separá-las, entoando o tempo todo. Uma esfera de luz brilhante apareceu entre minhas palmas, sua cintilação iridescente crescendo conforme movia minhas mãos cada vez mais longe.

“Ack! Uma bola de fogo!” o homem múmia gritou em pânico desesperado, com os olhos arregalados. “Retirada! Retirada!”

E com isso, ele fugiu com os trolls restantes a reboque. Soltei um suspiro de alívio, ainda segurando a bola de luz brilhante em minhas mãos.

“Ei, ainda não acabou! E aquela bola de fogo?” Gourry gritou enquanto se afastava rapidamente.

Acho que até mesmo um desajeitado como Gourry sabia o quão perigosa uma Bola de Fogo era. Veja, a Bola de Fogo é um feitiço ofensivo muito popular. O lançador invoca uma bola de luz que, quando lançada, explode com o impacto e espalha o fogo por toda parte. Muito útil para eliminar grandes grupos de uma vez. O dano real que causa varia muito com base na habilidade do usuário, mas um acerto direto pode assar um meio humano raro, fácil.

“Hmm...”

Examinei a bola em minhas mãos antes de lançá-la abruptamente para o ar.


A taverna inteira soltou um grito coletivo antes de tudo ficar em silêncio.

Aos poucos, Gourry ergueu os olhos timidamente.

“Aquilo não era uma Bola de Fogo,” expliquei com um sorriso malicioso, apontando para a bola brilhante agora chovendo luz do teto. “Foi apenas um feitiço de iluminação.”



“E o que você vai fazer sobre tudo isso?”

O estalajadeiro ficou furioso, embora eu não pudesse culpá-lo. Mesas e cadeiras estavam em estilhaços, cadáveres de trolls espalhados pelo chão e toda a junta cheirava a sangue.

A iluminação que conjurei como uma simulação de bola de fogo tinha sido minha ruína. Os restos mortais do troll, antes ofuscados pela luz fraca da lamparina, agora estavam iluminados para que todos vissem em toda sua glória lamacenta, polpuda e nojenta...

E tenho que te dizer, foi um baita respingo. ‘Grotesco’ nem mesmo começa a descrevê-lo. Se você já trabalhou em um açougue ou viu um animal atropelado por uma carruagem, tente conjurar essa imagem em sua mente para mim. Imaginou? Sim, isso era cem vezes pior.

Definitivamente estragou toda a atmosfera ‘venha aqui para se divertir e ter uma boa refeição’ que a taberna tinha a seu favor. Incapaz de aceitar a nova decoração, cerca de metade dos clientes da pousada já tinha feito às malas e ido embora. Então, com toda razão, eu poderia entender por que o estalajadeiro estava louco. Qualquer pessoa capaz de sorrir e suportar algo assim perdera sua verdadeira vocação; eles deveriam largar seus empregos o quanto antes e se tornar homens santos ou eremitas.

Ainda assim, eu não ia aceitar isso sem fazer nada. Reuni meus melhores olhos de cachorrinho. Depois da feitiçaria, se fazer de bonitinha é meu maior talento.

“Sei que te causei muitos problemas. Mas...” Lá, estrategicamente olhei nos olhos do estalajadeiro e tirei minhas luvas, então suavizei e aumentei minha voz meia oitava. “Eles teriam nos matado se não tivesse feito nada...”

Aha, está funcionando! Pude ver sua raiva murchar até nada mais do que uma carranca descontente.

“Então...” puxei três pequenas pedras preciosas da minha bolsa, mantendo minha mão firmemente fechada em torno delas para que o estalajadeiro não pudesse ver o que estava segurando. “Se houver alguma maneira que possa compensá-lo...”

Em seguida, peguei sua mão direita com a esquerda, pressionando as pedras preciosas em sua palma. Ainda não o deixei ver o que elas eram, mas o estalajadeiro poderia dar um bom palpite com base em como elas pressionavam em sua mão.

Ponto-chave aqui: nunca desvie o olhar! Uma garota bonita olhando em seus olhos com suas mãozinhas quentes ao redor das suas (foi por essa razão que tirei minhas luvas)... Com certeza você pode imaginar como todo esse conjunto era arrebatador para ele.

“Sei que isso não é o suficiente, no entanto... É o melhor que posso fazer,” continuei, timidamente afastando minhas mãos das dele.

O estalajadeiro olhou para baixo primeiro, porém ao ver o que esperava ver em sua mão, apertou as pedras com força.

“Bem... Colocando dessa forma, não posso ser muito duro com você. Vou contratar alguém para limpar essa bagunça, então pode voltar para o seu quarto.”

Ponto!

Curvei-me com modéstia — várias vezes — e depois voltei para o meu quarto com Gourry, que tinha saído sem uma única palavra indelicada. O estalajadeiro ao que parece assumiu que eu era a responsável por tudo isso... E, para ser justo, não estava errado.

Tive a minha cota de brigas de bar. Já tive minha orelha puxada algumas outras vezes, mas no geral conseguia suavizar as coisas como acabei de fazer.

Parece que, no minuto em que entrega algumas pedras preciosas a alguém, eles pensam que você é uma galinha dos ovos de ouro. E quem desperdiça sua chance de ter ovos de ouro?

Dito isso, se for convidada a sair, o faço sem estardalhaço. Não é como se ter um acesso de raiva fosse resolver qualquer coisa nesse tipo de situação.

“Tenho que reconhecer. Você tem bolas mesmo,” Gourry comentou enquanto eu me jogava na minha cama.

Muito perspicaz da sua parte ver através do meu ato.

“O que quer dizer?” perguntei inocentemente.

... Espere um minuto...

“Ei, Gourry! O que está fazendo no meu quarto?”

“Você disse que explicaria mais tarde, não disse?”

“Disse?”

“Disse.”

Ah, ótimo. Também queria fazer perguntar algumas de qualquer maneira.

“Ok, vou explicar, porém preciso que me responda algo primeiro.”

“Claro. O que é, mocinha?”

“Na verdade, sobre toda essa coisa de ‘mocinha’ — não, deixa pra lá. Apenas sente-se já.”

Gourry se sentou na cadeira da mesa, de frente para mim.

“Ok, estou sentado.”

“Tudo bem, aqui vai...” encarei Gourry longa e duramente. “Você poderia cuidar de uma garota como eu?”

Cara, você deveria ter o visto congelar! Foi muito engraçado... No entanto não poderia só deixá-lo assim.

“Estou brincando! Estou brincando!” o tranquilizei.

“Poupe-me das piadas ruins,” Gourry disse com um longo suspiro. “Quase tenho um ataque cardíaco...”

“O que isso deveria significar?”

“Oh, nada... Agora, qual é a sua verdadeira pergunta? E só para que saiba, nunca revelo minhas medidas.”

Aparentemente, era sua vez de contar piadas estúpidas.

“Não seja idiota. Ok, aqui está minha verdadeira pergunta: como sabia que aqueles caras estavam atrás de mim?”

“Eu não sabia,” respondeu Gourry.

“Então e o que disse pouco antes de eles invadirem a pousada? ‘Vou vê-la em ação em breve.’.”

“Oh, isso,” comentou levianamente. “Podia sentir uma aura de ameaça ao redor da pousada. O que significava que alguém de fora estava atrás de alguém ali dentro. Se fossem ladrões, teriam vindo no meio da noite.”

“Então o que te fez pensar que estavam atrás de mim em específico? Não me diga que está trabalhando com eles...”

“Deixe-me terminar. Só percebi que não importa quem fosse ou o que estivessem procurando, você acabaria se envolvendo de qualquer maneira. Você parece ter um toque manhoso e, mais importante, parece alguém que adora enfiar o nariz onde não devia.”

Er, não sei como responder essa afirmação. Ele estava certo. Na verdade, vou deixar para você decidir se sou realmente assim ou não, mas é 100 por cento verdade que adoro enfiar o nariz onde não devia. Minha irmã mais velha costumava repetir a mesma coisa pra mim o tempo todo.

“Então, satisfeita?”

“Suponho que sim...”

“Agora, tem mais alguma outra pergunta para mim?”

“Não...”

“Então é sua vez de explicar. O que fez com eles e por que estão te perseguindo?”

Soltei um suspiro.

“Tudo bem, vou te contar.”

Em seguida, dei um resumo de como acabei aqui.

Tudo começou quando ouvi que algumas aldeias locais estavam sofrendo sob o reinado de terror dos bandidos, então fui dar um fim neles. Então, enquanto estava recolhendo o saque que tinham roubado, tirei um pouco para mim. Sabe, como uma comissão. Ao que parece, os bandidos não gostaram muito desse detalhe e estão me perseguindo desde então.

Do que estou falando, você pergunta? Achei que você os tivesse atacado porque estava entediado e sem dinheiro?’ Controle-se! Essa parte é só entre nós!

Ok, tudo bem, estava mentindo para Gourry, mas o que é uma história sem um pouco de licença artística, hein?

De qualquer forma, assim que terminei de contar minha história a Gourry, ele acenou com a cabeça pensativamente.

“Hmm. Além da parte de ‘ajudar os aldeões’, tudo parece bastante plausível.”

Erk! Gourry realmente era esperto...

“De todo jeito, isso também confirmou algo para mim,” eu disse, mudando rápido de assunto.

“O que?” Gourry perguntou curioso.

Não que eu realmente tenha despertado seu interesse; acho que ele estava apenas me dando um pouco de indulgência.

“Tenho certeza de que nunca viram meu rosto quando ataquei sua base. No entanto, de alguma forma, conseguiram me rastrear todo esse tempo. Achei estranho, porém veja só, junto ao seu grupo havia um feiticeiro.”

“O cara enrolado em bandagens?”

“Sim. Aposto que seus ferimentos surgiram durante a minha incursão, então estava fora de ação até agora.”

“E agora está usando magia para rastreá-la?”

“Exato.”

“Huh... Magia pode mesmo fazer qualquer coisa.”

“Não qualquer coisa, sério. Existem coisas que pode e não pode fazer. É mais provável que o homem múmia tenha colocado um feitiço de marcação em um dos itens que roubei — ou talvez todos eles — e é isso que está usando para me rastrear. Afinal, nem mesmo os melhores feiticeiros podem rastrear alguém sem nenhuma pista.”

“Oh sério?” Gourry perguntou, embora ainda parecesse confuso.

“Sim, é assim. Agora, mais alguma pergunta?”

“Não, professora.”

“Bom. Então por hoje—”

Eu ia dizer ‘a aula de acabou’, contudo antes que pudesse fazer a piada, houve uma batida na porta. Nós dois entramos em ação, assumindo posições de cada lado dela. Gourry estendeu a mão e colocou-a na maçaneta.

“Quem está aí?” perguntei.

“Vim fazer um acordo. Você tem algo em sua posse que quero comprar. Pode escolher o preço”, disse o visitante do outro lado da porta.

“Não acredito em você.”

“Não estou surpreso. Também não acreditaria em mim. Teria que ser louca para deixar alguém entrar em seu quarto, dadas às circunstâncias.”

Uau! Sério?

“Uh, obrigado? Vou seguir esse conselho e não deixá-lo entrar, então.”

“Espere um minuto! Sei que isso parece suspeito, porém no momento, não quero te fazer mal.”

Que maneira de ser óbvio aí, amigo...

“E sua boa vontade irá expirar no momento em que entrar, certo?”

“Sei que é inútil dizer para não se preocupar, mas você tem aquele guarda-costas impressionante aí, não é?”

Gourry e eu nos entreolhamos.

“Só para você saber... Se tentar algo suspeito, vou mostrar pessoalmente o maior feitiço de ataque que tenho,” avisei o visitante.

“Espere, vai deixa-lo entrar?” Gourry entrou em pânico.

“Não se preocupe. Tenho meu guarda-costas impressionante aqui, não tenho?” eu disse com uma piscadela.

Então me afastei da porta e fui para o fundo da sala.

“Ok, estamos abrindo a porta agora. Entre em silêncio e não faça movimentos bruscos. Faça isso, Gourry.”

Após um momento de hesitação, ele obedeceu e lentamente abriu a porta.

O visitante entrou...



Notas:
1. Uma expressão usada comumente para quando alguém diz algo irritante e com grandes chances de magoar a outra.
2. Oricalco é um tipo de metal que teria sido usado em Atlântida, citado em "Crítias", de Platão. De acordo com Crítias, o oricalco era considerado muito valioso, depois apenas do ouro. Teria sido achado e explorado em muitos lugares da Atlântida em tempos remotos.
3. É um adoçante naturalmente doce e que pode ser usado para substituir o açúcar.

***

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2 comentários:

  1. Muito obrigado por trazer essa tradução! Eu tenho uma paixão enorme por Slayers mas sempre foi difícil achar mídia relacionada à franquia, agora poderei dormir em paz por poder degustar de uma leitura tão divertida como essa! Irei comentar em todos os capítulos!

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    1. Eita, então somos 2, faz anos que acompanhava a Slayers na espera de talvez ver alguma coisa saindo aqui em terras tupiniquins, e com a retomada do autor com os volumes 16 e 17 acabei animando pra pegar a série. Enfim, fico feliz que tenha gostado e aproveite a leitura!

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