segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

The Haar — Capítulo 30

Capítulo 30


O oceano era ainda mais maravilhoso do que ousara imaginar.

Era um mundo diferente, uma sobrecarga sensorial que só aumentava em magnitude à medida que desciam. Embora a princípio parecesse que o peso avassalador da água os esmagaria, a sensação se dissipou em pouco tempo à medida que se aclimatava.

Ela pensou nas estranhas criaturas que Billy havia descrito ao longo dos anos, feras coloridas e estranhas que agora testemunhava com os próprios olhos, e ficou feliz por enfim poder compartilhar essas visões extraordinárias com ele. Sentia-se tola por ter perdido todos esses anos.

Antes tarde do que nunca, pensaram ela e Billy.

Um abismo enorme se abriu diante deles e, enquanto mergulhavam no abismo, Muriel sentiu uma pontada de arrependimento pelo que deixaria para trás.

Seu lar, sua família. Witchaven.

Sua vida inteira.

Perguntou-se se a Organização Grant continuaria a causar estragos após a perda de seu glorioso líder, e então percebeu que não importava mais. Nunca mais voltaria. Lá em cima, era obsoleta, uma lembrança trágica. Não havia lugar para ela naquele mundo, não mais.

Porém não se importava.

Porque enfim estava junto de Billy outra vez, e ficariam juntos para sempre, mesmo depois que tivesse esquecido tudo sobre sua antiga vida e quem um dia foi, os nomes Muriel e Billy McAuley pouco a pouco desvanecendo no esquecimento com o passar do tempo.

A ideia a assustou um pouco, contudo o medo passaria.

Adeus, pensou, enquanto Muriel Margaret McAuley, com oitenta e quatro anos de idade, deixava o passado para trás e sucumbia calmamente à escuridão do oceano.



Posfácio


Passei muito tempo com meus avós quando criança, passando muitos fins de semana na casa deles, onde meu irmão e eu podíamos ficar acordados até tarde e comprar um pacote de batatas fritas para o chá e talvez comer um doce da “lata de guloseimas” da cozinha antes do jantar.

Minha família só teve um aparelho de vídeo quando eu era adolescente, mas minha avó tinha um que alugou em uma loja de eletrônicos para gravar episódios de Poirot e Columbo. Ela morava em cima do Ritz Video (mais tarde comprado pela Blockbuster) e alugava qualquer filme de terror para mim, por mais macabro que fosse, desde que não parecesse muito sexy. (Só para constar, o único filme que se recusou a alugar foi o thriller dinamarquês Nattevagten, que acho que mencionava necrofilia na sinopse).

Ela também trabalhou em um brechó por um tempo e me trouxe de volta meus primeiros romances de Stephen King, A Dança da Morte e Zona Morta, pelos quais sou eternamente grato.

Anos mais tarde, após a morte do meu avô, voltei a morar com minha avó por um tempo, e era como se nada tivesse mudado. Eu comprava batatas fritas para o chá, assistíamos a episódios de Pointless, e então minha vó ia para a cama e eu ficava acordado até tarde assistindo a filmes de terror.

Muriel Margaret McAuley não é diretamente baseada na minha querida avó Connie, todavia usei alguns elementos da sua vida para a história de Muriel. Minha avó adorava relembrar os velhos tempos e, na época em que morei junto, ela escreveu suas memórias. Minha avó era criança durante a Segunda Guerra Mundial, e foi um vislumbre fascinante da vida naquela época, não apenas dos horrores sombrios da guerra, como também das aventuras divertidas e da juventude.

Sei que ficaria imensamente orgulhosa de saber que pessoas do mundo todo leram suas palavras. Só lamento que ela tenha que aparecer ao lado de uma história em que o pênis de um menino é dissolvido por um monstro marinho.

***

Link para o índice de capítulos: The Haar

Para aqueles que puderem e quiserem apoiar a tradução do blog, temos agora uma conta do PIX.

Chave PIXmylittleworldofsecrets@outlook.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário