Capítulo 25
A mais de 800 quilômetros de distância, Jack McAuley estava sentado, olhando para seu iPhone, enquanto o drama insano em miniatura se desenrolava em tempo real na tela.
— Ela vai ficar bem. — disse Ben, colocando a mão no ombro do namorado. Jack queria que o toque o confortasse, mas a tensão tomou conta de seus músculos. O que sua avó estava fazendo? Teria enlouquecido?
Não, não acreditava nisso. Sua avó não tinha mais probabilidade de matar um homem do que ele. Ela era a alma mais gentil e bondosa que havia, e a ideia de uma idosa atirando em dois seguranças armados e fazendo o bilionário mais famoso do mundo como refém era, na melhor das hipóteses, risível.
Porém e se estivesse dizendo a verdade? Patrick Grant teria sido o responsável pela morte do Sr. Eastman? Quando Jack leu sobre a notícia online, quis ligar para a avó, contudo não sabia o que dizer. A morte o aterrorizava, e odiava como sua avó podia falar sobre de forma tão tranquila.
— Quando chegar a sua hora, será a sua hora. — sua avó dizia.
Ou quando lhe deu cinquenta libras de aniversário e lhe disse.
— Você não pode levar isso com você quando morrer. Prefiro viver para ver meus entes queridos gastarem meu dinheiro.
Isso o assustava. No entanto, conhecendo sua resiliência e sua ausência de medo, a ideia de que lutaria até a morte para defender seu lar parecia cada vez mais plausível.
O que de fato o assustou foi a maneira como falara sobre “Billy”. Seu avô estava morto, e já fazia muito tempo. Era estranho. Havia tanta convicção, como se realmente acreditasse no que dizia. Da última vez que se falaram, não notara nenhuma deterioração em suas faculdades mentais, entretanto admitiu que era difícil dizer por telefone.
— Eu deveria ter visitado! — disse ele. — Deveria ter estado lá por ela.
— Você não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. — disse Ben. — Não é culpa sua.
Lágrimas arderam nos olhos de Jack, e Ben lhe entregou outro lenço de papel. Havia uma caixa deles em seu colo, sobras de quando eles, de alguma forma, se trancaram do lado de fora de casa na chuva enquanto passeavam com sua amada pug, Bianca Del Rio. Bianca estava bem graças ao seu casaco de pele brilhante, mas Jack e Ben pegaram resfriados horríveis e passaram os dias seguintes na cama, assoando o nariz até ficarem vermelhos e doloridos.
Bianca pulou no sofá, aconchegando-se entre os dois. Ela sempre sabia quando um deles estava doente ou chateado. Jack acariciou seu pelo e se lembrou de algo que sua avó havia lhe dito ao telefone.
Ele se virou para Ben e disse.
— Eu te amo.
Ben sorriu.
— Por que isso?
— Sem motivo. Só queria que soubesse que te amo.
Ben apertou o braço dele de leve.
— Também te amo.
— Eu sei. E de agora em diante, vou te dizer isso todos os dias.
— Mesmo quando eu não me arrumar?
— Mesmo assim.
Ben sorriu.
— Você vai esquecer.
Jack sorriu em meio às lágrimas. Não esqueceria. Nunca. Tinha feito uma promessa à avó e, se não podia estar lá para ela, o mínimo que podia fazer era cumpri-la.
— Merda! — disse Ben.
Assustado, Jack voltou-lhe o olhar.
— O quê?
Porém os olhos de Ben estavam grudados na tela do celular.
— Ali. — sussurrou.
Jack seguiu seu olhar, o coração disparado, os dedos dos pés cerrando com tanta força que seus pés ficaram dormentes.
Na telinha, a câmera da BBC News deu um zoom na casa.
A porta estava se abrindo.
Alguém estava saindo.
***
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