sábado, 23 de dezembro de 2023

Boukensha ni Naritai to Miyako ni Deteitta Musume ga S Rank ni Natteta — Volume 10 — Capítulo 135

Capítulo 135: A lâmina suavemente desenhada brilhou

A lâmina suavemente desenhada de Sasha brilhou de maneira deslumbrante ao captar a luz do sol. A parte superior de seu corpo se inclinou um pouco para frente enquanto ela segurava a espada, sua postura imaculada imbuída de um senso de dignidade. Parado a sua frente, Belgrieve soltou um suspiro profundo e deixou a tensão drenar de seu corpo enquanto olhava para a garota.

O vento agitava seus cabelos, fazendo cócegas em seu rosto e pescoço. Ele mal percebeu o som dos pés de Sasha antes de vê-la vindo direto em sua direção.

Belgrieve ergueu a espada e defendeu seu primeiro golpe. Mas Sasha fez questão de não se comprometer demais e rapidamente e sem esforço colocou alguma distância entre os dois, observando com cuidado para ver como seu oponente iria persegui-la.

Porém Belgrieve também não estava tão interessado em avançar. Sua postura passiva foi mantida, movendo a ponta da lâmina para frente e para trás aos poucos para tentar estimular uma reação. Depois de uma longa disputa de olhares, foi Sasha quem iniciou mais uma vez, contudo desta vez não em linha reta — correu em um caminho arqueado e atacou Belgrieve pelo lado direito. Depois que de ter seu ataque bloqueado, ela voou sobre ele com um grande salto e ergueu a espada bem alto ao pousar em suas costas.

Belgrieve, impulsionando-se com força contra o chão com o pé esquerdo, girou sobre a perna de pau como se fosse um pião. Com esse movimento ágil, estava de frente para Sasha uma vez mais. Sasha tentou atacá-lo em sua posição elevada, no entanto o giro giratório de Belgrieve levou a um golpe horizontal de sua espada, forçando-a a recuar. Mais uma vez, os dois estavam se encarando fora do alcance das lâminas um do outro.

“Essa senhorita tem alguns movimentos legais.” murmurou Percival que estava assistindo a luta deles de perto.

Kasim riu enquanto se sentava ao seu lado.

“Ela parece ser Rank AAA. Embora seja muito fiel aos fundamentos, a forma como consegue improvisar de vez em quando mostra que está acostumada à batalha. Isso pode ser um pouco difícil para Bell.”

“Entretanto Bell não desmoronará tão fácil quando estiver na defensiva... Será que conseguirá resistir por tempo suficiente ou terá sua guarda quebrada? Essa é a questão.”

“Hmm, você tem uma opinião muito elevada sobre ele, pelo que posso ver.”

“Bell pode ser o mais fraco de nós quatro, mas contanto que se concentre na defesa, é capaz de paralisar oponentes além do seu nível por um bom período de tempo. Além do mais, não é superficial o suficiente para se deixar levar e partir para o ataque. É por essa razão que posso confiá-lo minhas costas, caramba.”

“Entendo o que quer dizer.” Duncan disse e concordou. “Também acho que será difícil derrubar as defesas de Sir Bell.”

Com isso dito, suas avaliações sobre Belgrieve não tinham muito que dizer quando se tratava de como se sairia em um duelo mano-a-mano contra um oponente humano. Não significava que Belgrieve não tivesse uma defesa inexpugnável, porém também se poderia dizer que o seu ataque era bastante deficiente. Tal condição não era um problema quando todos lutavam em grupo; Belgrieve só precisava manter seu inimigo ocupado até que um aventureiro mais habilidoso pudesse vir em seu auxílio. Contudo essa estratégia não estava em jogo numa situação como esta. Em suma, a estratégia de Belgrieve era como manter um cerco. Só poderia exibir todo o seu poder com a ajuda de forças externas.

Seus movimentos irregulares, possibilitados pelo uso da perna de pau, permitiram que pegasse os oponentes desprevenidos quando os enfrentava pela primeira vez. Na verdade, Sasha já havia sido derrotado por essa condição antes. No entanto, Sasha ficou ainda mais forte desde a última luta, e desta vez estava armada com o conhecimento prévio do estilo de luta de Belgrieve. Assim, não avançava de forma imprudente e sempre se retirava antes que Belgrieve pudesse responder. Sasha, subjugando suas próprias inclinações naturais, absteve-se de atacá-lo de maneira descuidada — prova da influência de Belgrieve sobre sua esgrima.

Durante cada confronto, os dois combatentes mantiveram-se sob controle, até o momento em que a lâmina de Belgrieve balançou no ar vazio. Os rostos de Percival e Graham estremeceram ao ver aquilo.

“Aqui!”

Sasha, não permitindo a oportunidade escapar, virou a espada e bateu no ombro de Belgrieve. Ele sentiu o impacto até a ponta dos dedos, o que o forçou a largar a espada.

Sasha permaneceu cautelosa, tomando distância para se preparar para o que poderia fazer. Todavia Belgrieve caiu de joelhos, dando tapinhas em seus ombros. Seu olhar se voltou para Sasha e um sorriso surgiu.

“É a minha perda. Trabalho esplêndido, Sasha.”

Por um tempo, Sasha permaneceu em guarda, imóvel como uma estátua. Por fim, a ponta da lâmina começou a tremer enquanto a alegria se espalhava por todo o seu corpo.

“Eu consegui!” ela gritou, saltando no ar. “Finalmente... Finalmente consegui acertar o Mestre! Vivaaaa!”

As gêmeas, vendo sua curiosa exibição, começaram a pular ao lado da garota. Belgrieve deitou-se no chão onde estava e Satie entregou-lhe uma toalha de mão.

“Aqui. Bom trabalho.”

“Sim, obrigado... Meu Deus, isso foi uma esgrima esplêndida.”

Enquanto enxugava o suor, Sasha correu e agarrou sua mão com firmeza.

“Mestre, obrigado por se rebaixar ao meu nível! É graças a sua ajuda que dei mais um passo em frente!”

“Não foi nada tão grandioso assim — você me superou há muito tempo, Sasha.”

“O que está dizendo?! Graças ao Mestre percebi minha própria imaturidade e redobrei minha devoção ao estudo da lâmina! Como poderia não estar grata?” Sasha disse, balançando a mão a cada palavra.

Belgrieve sorriu sem jeito, recusando-se a dizer mais alguma coisa. Era improvável que poderia argumentar que quaisquer circunstâncias atenuantes levaram à sua derrota. Mit foi até Belgrieve e puxou sua manga.

“Pai... Você perdeu?”

“Sim. Há muitas pessoas mais fortes do que eu, sabe?”

“Hmm...” Mit parecia um pouco insatisfeito, entretanto não disse mais nada.

Kasim deu um grande bocejou antes de se levantar.

“Agora, é o bastante pra um prelúdio. Descansamos e comemos, então já é hora de chegarmos ao evento principal.” a barreira foi montada de novo pouco depois do meio-dia, quando decidiram fazer uma pausa para o almoço. Foi quando Sasha sugeriu treinar com Belgrieve para ajudar na digestão.

Os jovens da vila que haviam terminado o trabalho matinal começaram a se reunir para ver o que aconteceria. Alguns até vieram com suas armas por algum motivo.

Percival olhou para a multidão e proclamou em voz alta.

“Vocês, o que estão prestes a ver é, de certa forma, o ápice de um aventureiro. Alguns de aqui podem nunca mais ver isso em suas vidas, porém não importa. De qualquer forma, coloque na sua cabeça que algum dia terão que lutar contra um monstro como esse.”

Então Percival caminhou com Graham até a zona cercada pelas estacas. Os jovens se entreolharam e começaram a conversar ruidosamente.

“Tem certeza?” um dos jovens perguntou.

“Está dando muita importância a isso.” disse outro.

Barnes veio para Belgrieve junto com Rita.

“Senhor Bell...”

“Oh, Barnes. Por que trouxe esse seu arco?”

“Bom... Apenas no caso de algo acontecer.”

Belgrieve riu.

“É bom ser cauteloso. Contudo não terá que usá-lo desta vez.”

“Imaginei.”

“Você vai me proteger, certo?” Rita brincou. A resposta de Barnes foi murmurada enquanto coçava a cabeça sem jeito.

“Estou feliz que vocês dois estejam se dando bem.” disse Satie, incentivando alegremente o casal. “Barnes, você fica para trás. Se alguma coisa acontecer, precisará estar ao lado de Rita para mantê-la segura.”

“S-Sim, senhora.”

Barnes parecia um pouco nervoso, no entanto Rita sorria enquanto segurava o seu braço.

Por sua vez, Sasha e Duncan também mantinham as armas em punho, preparados para o resultado de um em um milhão. Seus olhos estavam fixos na barreira.

Assim como antes, Charlotte despejou sua mana no constructo por ordem de Kasim. Seu cabelo estava jogado como um redemoinho e seus lábios estavam firmemente franzidos em concentração. O feitiço ficou mais forte e o fardo colocado sobre a garota era ainda maior do que antes.

Depois de algum tempo, uma notável membrana de luz brilhante encapsulou a área, formando algo como uma espessa cúpula de vidro.

Percival testou com cuidado a barreira com a ponta da espada e sorriu satisfeito.

“Bem feito. Deveria ter optado por esta desde o início.” disse ele antes de se virar para Graham.

“Sim, será suficiente.” concordou Graham.

“Tudo bem, muito bem, Char. É perigoso aqui, então que tal correr para o lado de Bell?”

“Ok!” Charlotte, inundada de alívio, pareceu relaxar enquanto corria para ficar com Belgrieve e os outros. Enquanto isso, Kasim pulou na barreira e acenou com a mão.

“Tudo bem, vamos acabar com isso, vovô.”

Graham concordou e então tirou o orbe das dobras de sua jaqueta. Agora emanava luz carmesim e parecia haver nuvens escuras girando dentro da esfera. Graham segurou-o na palma da mão estendida enquanto Kasim, de pé à sua frente, acenou com as duas mãos sobre o orbe e começou a cantar. Um vórtice de mana se formou com o orbe no centro. As nuvens negras de repente começaram a sair do orbe como fumaça. Este correu ao redor da barreira, preso no vórtice de energias.

“Urgh!” de repente, Belgrieve foi atingido por uma dor fantasma na perna perdida. Sua mão agarrou a coxa direita, fazendo uma careta. Não foi tão intenso quanto às dores anteriores, todavia também não foi uma cócega suave.

Ansiosa, Satie colocou a mão em seu ombro.

“Está tudo bem, Bell?”

“Sim, estou bem... Poderia cuidar das crianças?”

“Claro... Mas não se esforce.”

Mit agarrou o pingente pendurado em seu peito. Seus olhos fixos estavam fixos na barreira, seu rosto mais sério do que nunca. As gêmeas, que estavam brincando até agora, agarraram as mãos uma da outra quando um terror repentino tomou conta delas. Satie puxou-as para o seu lado.

Algo sobre isso parece... Familiar, pensou Belgrieve, estreitando os olhos enquanto olhava para as nuvens negras. Lembro-me de ter enfrentado algo assim na propriedade de Bordeaux há algum tempo. Olhando por cima, viu que Charlotte estava olhando para a barreira com os olhos arregalados.

A fumaça que saía do orbe não parecia perder nada de seu impulso inicial enquanto continuava a girar. Após algum tempo, começou a se acumular em um único nexo e a tomar forma. Várias sombras escuras e infantis cercaram a massa de energia sinistra e, de repente, o ar se encheu de risadas estridentes. Não havia alegria alguma — tinha um tom de desprezo zombeteiro.

Os jovens que vieram assistir ficaram perplexos, alguns deles empalidecendo. Embora não tivesse a temível majestade de um dragão, todos ficaram impressionados com a estranheza das formas sombrias.

De repente, o interior da barreira foi iluminado com o que parecia ser um relâmpago. Graham baixou a espada sagrada, descarregando uma onda de choque de mana da lâmina. A energia foi suficiente para desintegrar todas as figuras sombrias, porém elas apenas voltaram a ser fumaça e se retorceram no ar mais uma vez, formando outra figura em outro lugar dentro da barreira. A risada misteriosa ficou ainda mais alta agora — contudo não demorou muito para que essas figuras fossem cortadas em duas com um único golpe da lâmina de Percival, primeiro dividindo uma ao meio, depois outra no balanço para trás. Com outro golpe horizontal, derrubou mais três no tempo que levou para expirar. A onda de ataques foi acompanhada por um bombardeio mágico de Kasim.

As sombras foram cortadas repetidas vezes. A cada vez, se dissolveriam em fumaça e voltariam a atacar o trio mais uma vez. Parecia não haver fim para o ataque.

“S-Sr. Bell... Esses três vão ficar bem...?” Barnes perguntou com um tom de nervosismo.

Belgrieve, que seguia segurando a coxa direita para conter a dor latejante, sorriu de forma tranquilizadora.

“Esses três vão ficar bem. Não poderemos ajudar com isso de forma alguma.”

Suas palavras eram sem dúvidas verdadeiras. Percival corria ao redor da barreira com a destreza impensável de um homem de meia-idade, enquanto Graham pulverizava seus inimigos com movimentos pequenos e eficientes. Kasim lançava feitiços incessantemente por todo lado, não permitindo a aproximação de um único inimigo. Os aldeões não podiam esperar imitar tais feitos, nem Belgrieve, nem Duncan, nem mesmo Sasha. Como Percival havia dito, talvez este fosse o auge de um aventureiro. Belgrieve achou um pouco engraçado poder imaginar Angeline lutando ao lado dos três.

Embora a batalha parecesse interminável, quanto mais sombras os três derrotavam, mais a fumaça negra parecia diminuir de volume.

“É como se a própria fumaça fosse o suprimento de mana.” observou Satie.

Duncan concordou.

“Assim parece. Ao que parece, alguma mana é gasta sempre que se manifesta de forma tangível. É um processo lento, no entanto sem dúvida está perdendo força.”

“Realmente, isso é incrível... É assim que é quando um Rank S luta a sério.” a voz de Sasha era uma mistura de espanto e admiração.

À medida que a fumaça diminuía, a dor fantasma de Belgrieve também pareceu diminuir. Belgrieve estreitou os olhos enquanto considerava. Seus olhos se ergueram da perna protética para o campo de batalha.

“Isto é um demônio, então?” murmurou.

Por fim, a fumaça foi dissipada. Um último golpe da espada de Graham apagou tudo o que restava. A risada sombria foi silenciada e a sensação de frio e arrepio na espinha desapareceu. Depois de testemunhar a cena com a respiração suspensa, os jovens da vila clamaram mais uma vez. A dor fantasma de Belgrieve desapareceu.

A barreira se dissolveu com um som alto e estrondoso de vento deslocado. Dentro da linha limite onde a barreira estava apenas há um momento, o chão estava uma bagunça. Era como se uma tempestade tivesse passado, mas apenas naquele círculo de terra. Foi claramente uma batalha feroz, entretanto de onde os espectadores estavam, parecia que nenhum dos combatentes sofreu ferimentos significativos.

“Acabou.” disse Satie, pegando as gêmeas. Hal e Mal ficaram aterrorizadas, porém pareceram relaxar enquanto o clima entre o resto dos espectadores se tornava comemorativo. As duas piscaram como uma coruja, ainda segurando as roupas de Satie enquanto começavam a sussurrar animadas uma para a outra.

“Isso foi incrível.”

“Vovô e Percy são incríveis.”

Barnes exalou profundamente.

“Maldição... Acho que não posso mais me chamar de aventureiro.”

Belgrieve riu.

“Eles são especiais — não encontra pessoas assim todos os dias... Bem, na maioria dos casos.”

“Não me assuste desse jeito, Sr. Bell...”

Duncan riu e relaxou o peso contra o machado.

“Minha nossa... No final, não havia lugar para nós naquela arena. Bom, teria sido ruim se a situação de fato exigisse nossa ajuda.”

Sasha cruzou os braços, aparentando estar em conflito.

“Contudo eu ainda senti que queria me juntar um pouco à luta... Hmm...”

Enquanto todos comemoravam a vitória dos aventureiros, Mit estava sozinho, continuando a olhar para frente com os lábios franzidos. Ele agarrou o pingente pendurado em seu pescoço com tanta força que sua mão começou a ficar branca. Por mais jovem que fosse, o fato de que aquelas bizarras criaturas sombrias haviam nascido de sua própria mana não passou despercebido.

Belgrieve gentilmente colocou a mão em sua cabeça e deu um tapinha nele.

“Está tudo bem.”

“Sim...” Mit olhou para Belgrieve e devolveu um suave sorriso. Então, saiu correndo para parabenizar Graham.

“Bom trabalho, vovô!” ele o parabenizou.


A equipe Angeline completou seu primeiro trabalho com Marguerite a bordo — no entanto depois de viajarem juntas e lutarem lado a lado por tanto tempo, não era como se tivessem que passar muito tempo trabalhando no trabalho em equipe. Mesmo assim, esta ainda era a primeira vez que estavam sozinhas sem Belgrieve ou Kasim, então fez com que parecesse um pouco novo.

Sem Belgrieve por perto para conter sua impulsividade, Angeline e Marguerite (que eram quase iguais e igualmente obstinadas) acabaram competindo uma contra a outra com mais frequência, mesmo que sem querer. As duas também brigavam com muito mais frequência, até por coisas sem importância, e eram mais rápidas em zombar uma do outra.

Anessa, a mediadora habitual do grupo, lembrou-se de quão incrível Belgrieve era enquanto fazia o possível para contê-las.

De qualquer forma, o primeiro trabalho delas estava concluído e partiram para o próximo. Todavia não era como se o quadro estivesse sempre cheio de pedidos para subjugar monstros variantes ou ameaças de Classe Calamidade. Na verdade e tinha sido uma situação irregular quando aquele demônio causou tanta comoção. Assim, o plano desta vez era entrar em uma masmorra para ver quais materiais conseguiriam coletar. Além do dinheiro que a guilda lhes pagaria por completarem este pedido de exploração, também poderiam ganhar algum extra vendendo os vários itens encontrados na masmorra. Agora que a Orphen se tornou uma guilda independente e fez parceria com uma empresa comercial, tinham uma rede de distribuição de materiais muito mais forte. Qualquer coisa trazida quase sempre seria vendida, independente do que fosse.

As garotas foram até a guilda e pegaram emprestados alguns documentos da masmorra em questão. Espalharam os documentos sobre uma mesa e, enquanto traçavam estratégias, uma sombra grande e familiar cruzou o saguão.

“Ugh.” Miriam gemeu.

“Ah, vovó Maria!” Angeline chamou.

Maria olhou para Angeline com seu típico olhar reservado.

“Oh, você está de volta... Cough!”

“Já faz algum tempo. Você tem estado bem?”

“Eu pareço bem para você? Que idiota. Cough, hack-hack! Tsk...”

“Parece difícil. Te serve muito bem!” Miriam provocou, apontando e rindo.

“Oh, cale a boca. Deveria apreciar um pouco mais a sua mestra!”

“Hmph! A culpa é sua por vir descaradamente para um lugar como este quando está se sentindo mal, estúpida!” Miriam disse, mostrando a língua.

“Essa maldita gata alguma vez cala a boca...?” Maria murmurou, com a testa franzida de irritação. “Não tem como eu ter vindo aqui porque quis! Já estou de mau humor!” Maria estendeu a mão e arrancou o chapéu da cabeça de Miriam.

Miriam sibilou ameaçadoramente enquanto tentava pular em sua antiga professora.

“Sua bruxa monstra violenta!”

“Gata estúpida, mordendo a mão que te alimenta!”

Anessa suspirou cansada enquanto as duas lutavam.

“É assim sempre que elas se veem... Ah, sério, deem um tempo — todo mundo está vendo! Senhora Maria, se não se acalmar logo, sua tosse vai...”

Marguerite recostou-se na cadeira, sorrindo.

“Parece que se dão bem.”

Angeline deu uma risadinha.

“Eu sei, certo?”

Eventualmente, as duas magas foram separadas uma da outra e ficaram ali ofegantes. Maria segurou uma manga contra a boca enquanto teve um forte ataque de tosse.

“Hack! Cough, cough! Hack... Maldição, que irritante...”

“Grr... Por que a bruxa tem que ser tão desnecessariamente forte...?” Miriam penteou com pressa o cabelo desgrenhado para trás antes de puxar o chapéu com firmeza sobre a cabeça. Anessa esfregou as costas de Maria.

“Por que veio aqui, vovó? Tem um pedido para a guilda?” Angeline perguntou enquanto reunia os documentos da masmorra e colava suas bordas contra a mesa para endireitar tudo.

“Se for um trabalho difícil, nós aceitamos.” ofereceu Marguerite.

Porém Maria zombou e respondeu.

“Infelizmente, fui eu quem recebeu o pedido. Vim com remédio para as costas do idiota.”

“Quer dizer o General Musculoso?”

Elas ouviram de Dortos sobre Cheborg estar acamado depois de machucar a parte inferior das costas e até foram vê-lo naquele mesmo dia. Apenas se mexer um pouco fez com que a montanha de um homem gemesse em seu leito de doente e, embora não tivesse nenhum ferimento visível, sentiu uma dor insuportável na parte inferior das costas, mesmo apenas por falar com sua voz estrondosa de sempre.

“Ahahaha! Essas fincadas!” ele disse, rindo de si mesmo.

“Ele parecia estar de bom humor... É tão ruim assim?”

“Como vou saber? Aconteça o que acontecer, não é problema meu.”

“Você diz isso, contudo trouxe o remédio.” disse Marguerite.

“Cale-se. Tsk... Vocês, jovens, não têm boas maneiras... Cough.”

Angeline virou-se para os membros do seu grupo.

“Hey, que tal vê-lo mais uma vez? É provável que esteja entediado.”

“Sim, claro, por que não?”

“Sim, vamos, vamos.”

Marguerite se levantou e foi para a enfermaria da guilda, com Anessa e Miriam seguindo atrás sorrindo ironicamente. Angeline caminhou ao lado de Maria, que suspirava cansada.

“A pesquisa sobre demônios chegou a algum lugar...?” ela sussurrou.

“Hmm...? Sim, está avançando um passo de cada vez. Porém não tenho material suficiente para trabalhar.”

“Eu sou um demônio.”

“Como é?” Maria olhou-a com desconfiança.

Angeline riu com orgulho.

“Só estou dizendo porque confio em você, vovó.”

“Que bobagem está falando, garota?”

"É verdade. Minha mãe é uma elfa, sabe.”

“Hack... Por que você é humana, então?”

“Não sei, contudo é verdade.”

“Mais bobagem...”

“A mãe e o pai podem explicar melhor do que eu... Deveria vir para Turnera quando puder.”

“Então esse é o seu objetivo, pirralha... Já te disse que não tenho intenção de me tornar sua mãe.”

Angeline estufou as bochechas.

“Ninguém falou nada sobre isso... Eu já tenho uma mãe. A mãe é adorável, sabe. Ela tem olhos esmeralda e tem quase a minha altura. Quando a abraço, ela me acaricia e me chama de boa menina. Outro dia, segurei a mão do pai de um lado e a mão da mãe do outro e fomos todos dar um passeio...”

“Do que está falando, idiota... Cough, hack!”

A essa altura da conversa, toda já estavam na enfermaria. Cheborg estava na cama mais distante, sentado com as costas apoiadas na parede. Em vez de seu habitual uniforme surrado, usava roupas largas, e a falta do chapéu habitual deixava sua careca brilhante à mostra. No entanto o que mais surpreendeu Angeline foi o fato de usar óculos. Ele parecia estar lendo uma espécie de carta.

Marguerite, à frente da procissão, aproximou-se, fazendo com que o homem levantasse os olhos da carta e tirasse os óculos.

“Hey, o que é isso? Vocês estão aqui de novo! Ahahaha! Ooh, que legal!”

“Segue doendo, né? Tem que se controlar, General.”

“Sim, é patético, sei bem. Mas o tempo é um forte inimigo e parece que estou na corda bamba!”

Angeline colocou a cabeça atrás de Marguerite.

“O que estava lendo, General? Uma carta?”

“Hã? Como é? Falou alguma coisa, Ange?” ele perguntou em voz alta.

“O que está lendo?” Angeline gritou.

Cheborg riu e agitou a carta no ar.

“Oh, isto aqui? Meu bisneto mandou uma carta, viu! Ele diz: 'Fique bom logo, vovô'! É tão comovente que estou chorando!” mas não havia sequer um indício de lágrimas em seus olhos. Anessa e Miriam se viraram e riram.

“Você parece bem.”

“Machucou mesmo suas costas?”

“Sim, é terrível! Realmente não sei o que causou isso, mas dói!”

Foi então que Maria, irritada, empurrou as meninas para o lado e sentou-se ao lado da cama de Cheborg.

“Acalme-se um pouco. Seus gritos fizeram meus ouvidos zumbirem.”

“Hã? O que? Falou alguma coisa, Maria?”

“Fique em silêncio, droga! Se apenas chutasse o balde desta vez... Aqui, tome um remédio.”

“Oh, desculpe pelo problema, Maria — os elixires da guilda não fazem o mesmo por mim!” Cheborg disse enquanto abria o frasco que Maria lhe entregou.

Maria o parou com pressa antes que pudesse beber.

“Não é uma bebida, seu idiota! Esfregue nas suas costas! Hack, hack!”

“Oh, sério? Deveria ter dito antes! Poderia esfregar para mim?”

“Cough... Não pergunte algo assim a uma donzela pura. Faça você mesmo.”

“Eu farei isso, General...” Angeline pegou uma compressa úmida dos suprimentos da enfermaria e deixou o remédio penetrar nela. Então, depois de deitar Cheborg de bruços, pressionou-o contra a parte inferior das costas. Ele soltou um gemido quando a compressa fez contato.

“Bom e suave! Este parece que vai fazer maravilhas!”

“Não vai apenas parecer — vai fazer. Agora pare de fazer barulho e durma.”

“Obrigado, Maria! Espero que sua doença falsa também desapareça logo!”

“Quantas vezes eu tenho que te contar? Está querendo morrer? Cough, hack hack!”

Maria teve outro ataque de tosse e Anessa começou a esfregar suas costas imediatamente. Miriam gargalhava com Marguerite, enquanto Angeline fechava o frasco do remédio e o deixava ao lado da cama.

“Que tipo de idiota está fazendo tanto barulho em uma enfermaria?” alguém gritou com uma voz cansada. Todos se viraram para ver que Dortos havia entrado. “Meu Deus, aqui está parecendo uma festa. Isto não é um bar!”

“Haha! É sempre um bom momento quando Maria aparece!”

“Isso não tem nada a ver comigo!”

“Não, essa bruxa é muito mais barulhenta do que ela quer admitir.” disse Miriam.

“Maldita pirralha...”

“Então isso vale pros dois lados...” Dortos balançou a cabeça desapontado.

“Está aqui para visitá-lo também, velho Prateado?” Angeline perguntou, rindo.

“Não apenas visitando, é hora do almoço.” Dortos colocou a cesta que trouxera sobre a cama — uma lancheira, ao que tudo indicava. Cheborg não estava particularmente ferido, exceto nas costas, então não estava fazendo nenhum tipo de dieta especial.

Acho que já é hora do almoço, hein... Angeline colocou a mão na barriga, percebendo que estava com um pouco de fome.

“Devíamos ir almoçar também.”

“Sim, estou morrendo de fome.” Miriam interrompeu.

Angeline virou-se para Cheborg.

“Nós estamos indo embora, então. Tome cuidado, General Musculoso... Eu voltarei depois.”

“Volte quando quiser! Estou entediado demais!” Elas se separaram de Cheborg, que de fato não parecia nada doente, e deixaram a guilda para trás. O calor do sol da primavera caindo sobre seus ombros fez com que se sentissem desconfortavelmente conscientes da poeira sendo levantada pela estrada sob seus pés.

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