Capítulo 19
Graham Barry deu uma mordida em seu sanduíche e o cuspiu no chão.
— Puta merda! —exclamou, olhando para os restos meio mastigados entre os pés. — Ela sabe que eu odeio essa merda.
Chuck Carlson caiu na gargalhada.
— Hora de trocar a patroa por uma modelo mais nova, né?
Chuck estava sentado com a garrafa térmica de café entre as pernas, tentando absorver um pouco do calor. Estava congelando ali fora, o vento frio uivava pela baía. Havia poucas árvores para se abrigar, já que a maioria tinha sido cortada e levada para onde as árvores mortas eram levadas.
Graham balançou a cabeça.
— Deveria ter feito isso anos atrás, amigo. Tarde demais!
Denny Pendrew esfregou as mãos para aquecê-las.
— Lembram daquela mulher que trabalha para o Grant, aquela que veio aqui? — perguntou, levando a mão ao queixo. — Não me importaria de tentar a sorte.
— Você não teria a mínima chance, seu Brummie babaca. — disse Chuck. — Os americanos adoram o sotaque escocês. Ela ficaria em cima de mim e do Graham.
— Então só vou foder ela primeiro! — riu Graham.
— É, então só vou ter que esperar trinta segundos!
Isso provocou um coro de risadas dos outros dois. Não dava muito trabalho, especialmente nos longos e estéreis turnos noturnos. Não havia muito trabalho para os homens fazerem. A Organização Grant os empregava apenas para manter as máquinas funcionando e fazer o máximo de barulho possível.
Graham, o mais profundo pensador dos três, temia que, quando a velha miserável da casa à beira-mar se mudasse, eles perdessem o emprego. Porém não mencionou a possibilidade na frente dos outros, com medo de que o provocassem. Certa vez, cometeu o erro de usar óculos no canteiro de obras e, meses depois, alguns trabalhadores ainda o chamavam de Einstein por causa desse erro. Que droga, tudo o que precisava fazer era ligar as máquinas e dirigir um veículo para cima e para baixo em uma estrada de lama algumas vezes. Não precisava enxergar direito para realizar aquela tarefa simples. Que se dane, nem precisava estar sóbrio.
Abriu a garrafa térmica e tomou um gole de café. Era irlandês, exatamente como gostava, e sentiu o calor percorrendo sua barriga vazia. A lua estava cheia e brilhante, e a olhou por um longo tempo. Denny e Chuck estavam discutindo os detalhes da anatomia feminina, ou seja, se o ponto G era real ou, nas palavras de Denny, se era alguma besteira inventada por feministas de pernas peludas. Denny odiava feministas.
— É tudo besteira! — Denny dizia. — Nenhuma mulher jamais teve um orgasmo enquanto eu estava transando com ela. É invenção. Estão tentando transformar todas as garotas em lésbicas.
Chuck se virou para Graham.
— O que acha, Einstein?
— Hã?
— É real?
Contudo Graham não respondeu. Estava olhando para além dos homens, para os campos iluminados pela lua, onde via movimento. Deu uma tragada no cigarro.
— Aqui, tem alguém vindo, rapazes.
— Que saco. — disse Chuck.
— Não, ele tem razão. — disse Denny, seguindo o olhar de Graham. — Tô vendo alguém. Acho que é uma porra de uma garota.
Aquilo chamou a atenção de Chuck, que se virou para olhar.
Uma figura branca e fantasmagórica caminhava pelas dunas. Uma mulher, com os longos cabelos esvoaçando atrás dela.
Graham semicerrou os olhos.
— Ela é...
— Ela é... — disse Denny. — Fodidamente gostosa!
A mulher caminhava decididamente, os seios nus balançando a cada passo.
— Você está bem, querida? — gritou Denny.
A mulher não respondeu, apenas continuou caminhando em direção aos três, aparentemente sem vergonha de sua nudez. Graham sentiu uma excitação na virilha e sabia que os outros também. Enfiou a mão na calça jeans e ajustou o pênis enquanto a mulher se aproximava. Merda, não era uma mulher. Era uma garota, mal saída da adolescência.
— Olha só os peitos. — disse Denny. Parecia impressionado, e Graham não podia culpá-lo. A garota era linda, com olhos tão cinzentos que brilhavam. Seus longos cabelos castanhos caíam em cascata sobre os ombros até o topo dos seios, suas pernas bem torneadas se estendendo até a área escura entre as coxas, algo que Denny sempre disse que desprezava.
Mulheres devem raspar suas bocetas, ele dizia à menor provocação. Se eu quiser transar com uma fera peluda, vou visitar a mãe do Graham no zoológico.
Mas isso não parecia incomodá-lo agora.
— Um pouco frio para estar vestida, hein? — ele se adiantou, antes de olhar para Graham e Chuck com um sorriso atrevido estampado no rosto, virando-se para a garota. — Precisa que eu te aqueça?
A jovem parou e olhou para os homens. Sua pele brilhava ao luar.
— Você está bem? — perguntou Graham. — Onde estão suas roupas?
— Quem precisa de roupas? — perguntou Chuck, dando um passo ousado em direção à garota. Graham esperava que ela recuasse, se encolhesse alarmada, porém recebeu Chuck de braços abertos e um sorriso.
A bravata de Chuck diminuiu. Hesitou, como se estivesse preocupado em cair em uma armadilha. A garota, contudo, não parou. Envolveu Chuck em seus braços, esfregando-se contra seu torso.
— Que porra é essa? — sussurrou Graham.
— Ei, espere um minuto. — Denny interveio. — E eu? Eu a vi primeiro.
A garota se afastou de Chuck e estendeu a mão para Denny.
— Todos são bem-vindos! — ela disse. Sua voz era engraçada, mais grave do que Graham esperaria, sua fala um tanto afetada. Considerou se poderia estar drogada. Se Denny estava pensando a mesma coisa, não demonstrava. Já estava puxando a calça jeans para baixo sobre a bunda peluda, tropeçando quando esta prendeu em suas botas de trabalho. Chutando o que restava de suas roupas, Denny empurrou Chuck para o lado, enterrando o rosto entre os seios da garota com uma intensidade babada.
Chuck, não querendo desafiar o macho alfa, foi para trás da garota, beijando e lambendo sua nuca, pressionando-se contra sua pele nua, sua própria calça jeans e cueca suja amontoadas em volta dos joelhos.
Graham queria participar. Deu um passo hesitante para a frente, contudo algo no rosto da garota o impediu. O olhar da jovem se dirigiu a ele, no entanto seu rosto estava desprovido de emoção, um manequim de loja de departamentos gesticulando, inexpressiva.
— Venha... — chamou a voz. — Participe do devaneio.
Era uma coisa estranha de se dizer. Observou Chuck cuspir na palma da mão e esfregar o líquido no pau, e então o corpo da garota estremeceu quando a penetrou rudemente por trás. Isso não pareceu afetá-la. Que diabos, ela mal percebeu.
— Venha ou vá se foder, Einstein. — disse Denny enquanto colocava as mãos nos ombros da garota, forçando-a a se ajoelhar à sua frente.
Graham mexeu no zíper do paletó.
A garota tomou o pau de Denny na boca enquanto este juntava as mãos atrás da cabeça, os olhos se fechando em êxtase requintado. Graham fez uma pausa, olhando com fascínio arregalado para os sulcos profundos e ondulantes deixados pelos dedos de Denny nos ombros da garota.
— Jesus! — exclamou, arrepiando-se.
Chuck se ajoelhou atrás da garota.
— Porra, ela já fez isso antes! — ele riu, enquanto se chocava contra o corpo dela, suas nádegas balançando a cada estalo molhado. Na verdade, pensou Graham, balançar não era a palavra certa. A pele ondulou pelo torso até as axilas, como se o pau de Chuck fosse uma pedrinha jogada em um lago de carne. — Vamos lá, Einstein! — rugiu Chuck. — Anda logo! É como jogar uma salsicha em um beco!
A garota acenou para Graham seguir em frente. Ele balançou a cabeça.
— Puta merda, a vagabunda está me fazendo garganta profunda! — disse Denny. Graham observou enquanto o maxilar da garota parecia se deslocar para acomodá-lo, seu pescoço inchando. A pele ao redor de sua jugular se esticou, tornando-se translúcida, a cabeça gorda e roxa do pau de Denny visível através da carne tensa.
Explodiu.
— Woah! — foi tudo o que Denny disse, ciente de que algo estava errado, mas não que seu pênis havia rasgado a pele fina do pescoço da garota. Então começou a gritar.
A princípio, Graham pensou que fosse a garota. Nunca tinha ouvido Denny gritar antes. Nunca tinha ouvido ninguém gritar tão alto e tão estridentemente quanto Denny naquele momento.
A boca da garota estava escancarada, a cabeça inclinada, os dentes presos em ambos os lados da cintura de Denny. Fumaça subia de seus quadris enquanto a garota expelia uma espécie de pasta espessa de suas mandíbulas abertas. A parte superior do tronco de Denny se inclinou para trás, sua barriga se abrindo e derramando o conteúdo pungente de seu estômago sobre a cabeça da garota. Suas pernas permaneceram rígidas enquanto sua metade superior se separava delas e batia pesadamente no chão.
Chuck por fim percebeu a comoção.
— Denny! — ele rugiu. — Denny! — continuou gritando enquanto tentava se soltar do meio das nádegas da garota.
— Que porra é essa? — esbravejou, colocando as duas mãos nas nádegas dela e tentando se soltar. — Estou preso, porra!
Sua pele se abriu e engoliu as mãos dele inteiras, até os cotovelos. O impulso forçou Chuck para a frente, com o rosto batendo na parte inferior das costas dela. Quando tentou levantar a cabeça, não conseguiu. Estava grudado, a pele se esticando e se contorcendo como se estivesse viva. Enrolou-se na cabeça de Chuck como as bandagens de uma múmia, puxando-o para perto. Sangue, gosma e uma gosma branca e espessa borbulhavam e espumavam enquanto seus corpos se fundiam como um só, enquanto à frente, seu rosto antes bonito irrompia em bocas vermelhas e floridas que se franziam e sorviam o torso de Denny. Cada boca inchada exibia fileiras de dentes afiados, até onde a garganta deveria estar, enquanto lambiam o sangue e mastigavam o tecido.
Graham ficou paralisado, encarando com horror abjeto a abominação que devorava seus colegas de trabalho. Os tocos das pernas de Denny tombaram na terra, e o som macabro o trouxe de volta a uma estranha aparência de irrealidade. Ele se afastou, tentando desviar os olhos do rosto rígido e gritante de Chuck, ainda de alguma forma discernível através da pele da garota.
Graham deu mais um passo, e então um globo ocular gigante e desumano apareceu no ombro da garota. Através dele, notou pedaços de Chuck flutuando, bolhas subindo enquanto a pele se desintegrava, descascando em finas tiras medonhas.
Protuberâncias semelhantes a trepadeiras brotaram da garota, enrolando-se nos braços e pernas de Graham. Elas se apertaram, cortando carne e músculos como arame farpado até rasparem seus ossos. Graham caiu de joelhos, desmaiando enquanto jatos grossos de sangue quente jorravam erraticamente de seus membros, enquanto Avalon festejava sob uma lua cheia e gorda que observava os acontecimentos com toda a indiferença insensível da natureza.
***
Link para o índice de capítulos: The Haar
Para aqueles que puderem e quiserem apoiar a tradução do blog, temos agora uma conta do PIX.
Chave PIX: mylittleworldofsecrets@outlook.com

Nenhum comentário:
Postar um comentário