Capítulo 171: Vou contar meus sentimentos a Kuro
Voltei para a loja da Alice através da Magia de Teletransporte.
Meu corpo está cercado por uma Magia Defensiva feita com o poder mágico de todos os Seis Reis, exceto Kuro, mas sendo bem honesto não consigo ver nenhuma mudança ao meu redor.
“Teria sido bom se a Ein-san também tivesse ajudado, porém...”
“Você disse que a Ein-san recusou, não disse?”
“Sim, ela recusou de forma resoluta... Dizendo que não estava interessada em aceitar meu chamado.”
“Entendo...”
Para a Ein-san, que jurou lealdade máxima à Kuro e a coloca em primeiro lugar em tudo, o que estou fazendo é um ato de invasão do coração de sua mestra... Não parece algo que aprovaria.
Não pretendo encobrir isso e dizer que o que estou fazendo é pelo bem dela... Não importa se Alice me pediu antes ou não, pois estou confessando que estou apaixonada por Kuro porque é dessa forma que me sinto.
Acho que seria desrespeitoso com a Kuro se não fosse.
Enquanto pensava, ouvi a porta da loja de artigos diversos se abrir, uma porta que raramente é visitada por clientes.
“Com licença.”
“O quê?”
“Ein-san?”
A pessoa que entrou na loja era Ein-san, que acabara de ser o tópico de nossa conversa.
Ela caminhou direto até nós e parou na frente de Alice e eu, que estávamos atônitos, virando seus olhos roxo-claros para mim com uma expressão fria no rosto.
“Kaito-sama, vou perguntar por mim mesma. Você vai ter dúvidas agora?”
“Por favor, espere, Ein-san. O que vai fazer com esse tipo de informação?”
Ao ouvi-la perguntar com uma voz fria, como se não houvesse emoção alguma, involuntariamente dou um passo para trás, enquanto Alice se apressou em entrar na minha frente e encara Ein-san.
O ar entre os dois lados da conversa tensa pareceu ranger... Alice até tinha uma faca na mão antes que eu percebesse, como se fosse cortá-la dependendo da sua resposta.
“Shalltear. Por enquanto, vou esclarecer os mal-entendidos em sua mente. O que você me disse antes, não é como se eu achasse impossível para Kaito-sama... Acho que ele tem cerca de 50% de chance de sucesso.”
“Então, por que não nos ajuda?”
“É simples. É porque não é uma certeza absoluta.”
“!?”
Enquanto se encaravam, as duas trocaram palavras bruscas.
Quando Alice pergunta por que ela não coopera, Ein-san responde, indiferente, que é porque nossas chances não são de 100%.
“Se os resultados das ações de Kaito-sama derem frutos, Kuromu-sama será salva... Contudo isso não importa. Agora, se Kuromu-sama tiver a mínima possibilidade de se machucar... Achou mesmo que eu ignoraria isso?”
“O que está planejando fazer com Kaito-san?”
“Não vou machucá-lo. Tudo o que farei é persuadi-lo. Só para que possa reconsiderar... ‘Terei que persuadi-lo, não importa quantas horas, dias, anos’ levem... Se for com minhas habilidades, eu consigo.”
“O quê? Está falando sério?”
Talvez, não... Tenho certeza de que Ein-san pode manipular o tempo. É por esse motivo que o que está dizendo não é um blefe.
Enquanto a atmosfera ao redor de Alice fica mais tensa, Ein-san permanece calma e me encara.
“Kaito-sama, por favor, leve em consideração o que acabei de dizer... E reconsidere mais uma vez. Você vai ter dúvidas agora?”
“Eu não terei.”
“É mesmo... Não, acho que o certo seria dizer que deveria ter esperado por essa resposta... Não tem jeito.”
“?”
Não importa o que me diga... Não vou mudar minha decisão.
Não tenho nenhuma razão nobre ou pensamentos legais... É só porque amo Kuro... Só porque não posso desistir dela... Só por causa disso.
Ouvindo minhas palavras, Ein-san assentiu silenciosamente e então apontou a mão para mim.
Em resposta ao seu movimento, Alice voltou a se colocar entre nós, no entanto... No momento seguinte, uma esfera de poder mágico apareceu na frente de sua mão, a mesma esfera que recebi de Alice e dos outros.
“Hein?”
Enquanto Alice parecia assustada, a esfera de poder mágico deixou a mão de Ein-san e fluiu para o meu corpo.
“Ein-san?”
“Se fosse a eu de antes, teria feito o que acabei de dizer... Parece que minha mente também foi envenenada por você, hein... Me fazendo querer apostar em algo que não devo. Então, pela primeira vez na minha vida, e apenas desta vez... Vou quebrar minhas regras autoimpostas.”
Com um sorriso tão pequeno que ninguém saberia dizer se não prestasse atenção, Ein-san rapidamente se vira.
Olhando para ela, que está prestes a sair, como se seu assunto tivesse terminado, Alice solta um grande suspiro e murmura.
“Isso nos ajuda. Para ser sincera, se tivesse de lutar contra Ein-san com a maior parte do meu poder mágico drenado, seria difícil proteger Kaito-san.”
“Pare de dizer coisas aleatórias. Talvez seja só eu quem pense assim, mas... Depois de Shallow Vernal-sama e Kuromu-sama, acredito que você seja o terceiro ser mais poderoso do mundo... Se eu tivesse sido inflexível com meus valores, sei que teria sacado algum tipo de ‘trunfo’ que tem aí, não é?”
“Não sei, por que está me perguntando? Não acha que está me superestimando?”
Ouvindo as palavras indiferentes de Ein-san, Alice balançou a cabeça sem seriedade.
Sem discutir com sua atitude provocadora, Ein-san caminha até a porta, onde para uma vez e fala sem olhar para trás.
“Kaito-sama, se machucar Kuromu-sama, não importa qual seja o resultado... Não vou te perdoar.”
“Sim.”
“Porém, se salvar Kuromu-sama... Essa dívida... Nunca a esquecerei pelo resto da minha vida. E definitivamente a pagarei.”
“Hã?”
“Desejo-lhe boa sorte...”
Dizendo essas poucas palavras de apoio, Ein-san saiu da loja de artigos diversos.
Já fazia um tempinho que ela tinha ido embora e pensei em ir também, quando Alice falou comigo com uma voz calma.
“Kaito-san, você se lembra... Quando perguntei se havia poder em nossos corações?”
“Hã? É, acho que foi quando nos encontramos no portão, certo?”
As palavras que Alice me disse na forma do Rei Fantasmal quando nos encontramos pela terceira vez no portão depois que voltei do Reino Demoníaco.
Naquela época, não pensei muito a respeito, contudo Alice parece querer me dizer algo.
“Há poder no coração. Se o seu coração for forte, poderá realizar quantos milagres quiser.”
“Alice?”
“Estas são as palavras de uma idiota que era fraca e não forte o suficiente... Derrotando os escalões superiores usando espírito de luta e força de vontade, e junto com os laços que ela formou e alguns truques, antes que percebesse, foi chamada de ‘heroína’. Por favor, leve essas palavras a sério.”¹
“Entendi.”
Não sei sobre o que diabos era a analogia dela. Todavia, não sei se é algo que aconteceu estranhamente na vida real ou não, porque parece que é algo que Alice vivenciou em pessoa.
Por sinal, também a ouvi mencionar a frase ‘o mundo em que eu estava’... Pelo visto Alice ainda tem alguns segredos a esconder.
“Por favor, faça o seu melhor. Estarei torcendo por você. Do fundo do meu coração...”
“Obrigado.”
Mesmo assim, este não é o momento certo para questionar... Pois agora devo apenas pensar em Kuro.
Acho que essa também seria a melhor maneira de agradecer a Alice por seu apoio sincero...
“Kaito-kun? No que está pensando?”
“Hã? Ah, não, só pensando um pouco em algumas coisas.”
No meio da minha conversa com Kuro, que visitava meu quarto à noite como se fosse um evento rotineiro, eu aparentemente estive pensando no que tinha acontecido durante o dia.
Pode ser exagero me dizer para não estar ciente disso, e pode ser algo inevitável... Entretanto não perguntei nada a Kuro.
“Ahh! Acho que entendi! Estava pensando no nosso encontro amanhã!”
“U-Unnn... Algo assim, acho?”
“Estou tão ansiosa por amanhã! Vou me arrumar para o meu encontro com o Kaito-kun!”
“Sim.”
Suponho que Kuro notaria que os outros membros dos Seis Reis e o poder mágico da Ein-san estavam formando uma barreira ao redor do meu corpo... Não, com certeza deve estar ciente.
Mas, ela nunca mencionou... Ou talvez não ouse mencionar.
Quando a observei com essa ideia em mente, senti que seu comportamento estava um pouco diferente do normal.
Sua tensão está um pouco alta, porém está como se fosse a de sempre... Contudo sinto que há algo fora do lugar.
Ela não quer tocar no assunto, agindo alegremente, só que ainda aparenta estar impaciente por dentro.
“Ei, Kuro?”
“Unnn? O que foi?”
Olhei nos seus olhos enquanto a chamava baixinho pelo nome, enquanto ela inclinava a cabeça em minha direção.
Aqueles lindos olhos dourados que pareciam me prender, eu os senti tremer como se estivesse um tanto insegura.
Unnn... É isso.
Amanhã é meu encontro com Kuro, e também estou ansioso para ele... Estou tão ansioso que estou me sentindo nervoso e inquieto.
O encontro de amanhã deve ser divertido. Se quiser rir com a Kuro e caminhar com ela neste mundo maravilhoso... Então, a decisão deve ser tomada agora?
Procrastinar é algo simples... Não, é fácil de fazer. No entanto, no final das contas, procrastinar ainda seria a mesma coisa que fugir.
Não quero ir a um encontro com a Kuro enquanto estiver com esse sentimento, esse sentimento de impaciência.
Então... Prepare-se! Reúna sua coragem!
Minhas mãos tremem levemente de nervosismo. Minha garganta implora desesperada por água, e o reflexo de Kuro em meus olhos está muito mais bonito do que o normal.
Nunca me confessei na minha vida... Sendo assim, como posso estar tão nervoso? Sinto-me enrijecer, como se estivesse sendo pressionado por todos os lados.
Na frente de Kuro, que ainda inclina a cabeça, tiro a fruta dourada que Alice me deu da caixa mágica com minhas mãos trêmulas... E em um lento movimento a apresentei a Kuro.
“Por favor, pegue isso.”
“Por quê... Por quê...”
Quando viu a fruta que estendi, os olhos de Kuro tremeram bastante.
Com muita confusão e uma mistura de medo, seus olhos se arregalaram... E me encararam, atordoada.
Querida mãe, pai — já ouvi muitas vezes que não precisamos de um motivo para amar alguém, mas realmente acho que é verdade. Sem dúvida existem alguns gatilhos para tais sentimentos, como ser ajudado ou salvo, porém creio que minha razão não está relacionada a nada do tipo, apenas me apaixonei naturalmente por Kuro. Enfim, hoje, neste momento e lugar — vou contar meus sentimentos a Kuro.
Notas do Autor:
<Após capturar a bandeira de Kuromueina, a bandeira de captura de Ein agora está desbloqueada.>
Serious-senpai: “Ehhh? Espera, não foi muito rápido? Pensei que você ia dar a fruta depois do encontro? Está queimando a largada! Você está saindo do curso!!!”
Próximo Capítulo: ‘A Morte de Serious-senpai’.
Serious-senpai: “Hein? Já? Eu só tive dois capítulos de tela, sabe...”
Já estou rendido quando te deixo ter três capítulos seguidos até te dar a morte. Agora, morra!
Serious-senpai: “Bfuwaahhh...”
Notas do Tradutor:
1. O termo herói usado aqui é ‘Eiyuu’, diferente do herói usado para Neun e o Festival do Herói, que é Yuusha.
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