sábado, 6 de setembro de 2025

The Dragonbone Chair — Volume 01 — Capítulo 15

TOMO DOIS: SIMON PEREGRINO

Capítulo 15: Um Encontro na Pousada


A primeira coisa que Simon ouviu foi um zumbido, um zumbido surdo e insistente que pressionava contra seu ouvido enquanto lutava para acordar. Entreabrindo um olho, viu-se diante de uma monstruosidade... Uma massa escura e indistinta de pernas se contorcendo e olhos brilhantes. Sentou-se com um grito assustado e um grande agitar de braços; a abelha que explorava seu nariz ingenuamente saltou num zumbido de asas translúcidas em busca de um poleiro menos excitável.

Ele levantou a mão para proteger os olhos, assustado com a vibrante clareza do mundo ao seu redor. A luz do dia era ofuscante. O sol da primavera, como se estivesse em procissão imperial, havia espalhado ouro por todos os lados sobre as colinas gramadas; para onde quer que olhasse, as encostas suaves estavam repletas de dentes-de-leão e calêndulas de caule longo. Abelhas corriam entre elas, beliscando de flor em flor como pequenos curandeiros descobrindo, para sua surpresa, que todos os seus pacientes estavam se recuperando ao mesmo tempo.

Simon voltou a afundar na grama, cruzando as mãos atrás da cabeça. Dormira bastante, o sol forte estava quase a pino. Fazia os pelos de seus antebraços brilharem como cobre derretido; as pontas de seus sapatos esfarrapados pareciam tão distantes que quase conseguia imaginá-las como os picos de longínquas montanhas.

Uma súbita e fria lembrança perfurou sua sonolência. Como havia chegado ali? O quê...?

Uma presença sombria em seu ombro o fez rapidamente se ajoelhar; ele se virou para ver a massa arborizada de Thisterborg pairando atrás, a menos de meia légua de distância. Cada detalhe era tão claro, um padrão de bordas precisas; se não fosse a pulsação perturbadora da memória, poderia ter parecido confortável e fresco, uma colina plácida erguendo-se por entre as árvores circundantes, orlada de sombra e folhas verdes brilhantes. Ao longo de seu cume estavam as Pedras da Cólera, tênues pontos cinzentos contra o céu azul.


O vívido dia de primavera estava agora corrompido por uma névoa de sonho... O que acontecera na noite anterior? Fugira do castelo, é claro... Aqueles momentos, os últimos com Morgenes, estavam gravados em seu coração... Mas e depois? O que eram essas memórias de pesadelo? Túneis sem fim? Elias? Uma fogueira e demônios de cabelos brancos?

“Sonhos, idiota, pesadelos. Terror, cansaço e mais terror. Corri pelo cemitério à noite, no fim caí, dormi e sonhei.”

Porém e os túneis, e... O caixão preto? Sua cabeça ainda doía, contudo também havia uma estranha sensação de dormência, como se gelo tivesse sido colocado sobre um ferimento. O sonho parecera tão real. Agora era distante, escorregadio e sem sentido... Uma pontada sombria de medo e dor que se dissiparia como fumaça se permitisse... Ou, pelo menos, esperava que se dissipasse. Reprimiu as memórias, enterrando-as o mais fundo possível e fechando a mente sobre elas como a tampa de uma caixa.

“Não é como se eu não tivesse coisas suficientes com que me preocupar...”

O sol brilhante do Dia de Belthainn havia suavizado algumas das dores em seus músculos, no entanto seguia dolorido... E com muita fome. Levantou-se com dificuldade e limpou a grama grudada em suas roupas esfarrapadas e sujas de lama. Lançou outro olhar furtivo para Thisterborg. Será que as cinzas de uma grande fogueira ardiam entre as pedras ali? Ou será que os eventos devastadores do dia anterior o haviam levado à loucura por um tempo? A colina permanecia impassível; quaisquer segredos que pudessem se esconder sob o manto das árvores ou se aninhar na coroa de pedras, Simon não queria saber. Já havia muitos buracos que precisavam ser preenchidos.

Virando as costas para Thisterborg, olhou para o escuro abismo da floresta, do outro lado das colinas. Olhando para a vasta extensão de terra aberta, sentiu uma profunda tristeza brotar dentro de si, e pena de si mesmo. Estava tão sozinho! Tiraram tudo dele e o deixaram sem casa nem amigos.

Simon bateu as mãos com raiva e sentiu as palmas arderem. Mais tarde! Mais tarde choraria; agora tinha que ser um homem. Todavia era tudo tão terrivelmente injusto!

Inspirou fundo e expirou, olhou mais uma vez para a floresta distante.

Em algum lugar perto daquela fina linha de sombra, ele sabia, corria a Velha Estrada da Floresta. Ela se estendia por quilômetros ao longo do perímetro sul de Aldheorte, às vezes à distância, às vezes se aproximando das velhas árvores como uma criança provocante. Em outros lugares, de fato passava sob os beirais da floresta, serpenteando por caramanchões escuros e clareiras silenciosas e iluminadas pelo sol. Algumas pequenas vilas e uma ou outra pousada na estrada aninhadas na sombra da floresta.

“Talvez eu consiga encontrar algum trabalho para fazer, pelo menos para ganhar uma refeição. Estou com a fome de um urso... Um urso recém-acordado, aliás. Faminto! Não como desde... Desde...”

Simon mordeu o lábio com força. Não havia mais nada a fazer a não ser começar a andar.



***



O toque do sol era como uma bênção. Ao aquecer seu corpo dolorido, parecia também cortar um pouco o manto pegajoso e perturbador de seus pensamentos. De certa forma, se sentia recém-nascido, como o potro que Shem o trouxera para ver na primavera passada, todo pernas trêmulas e curiosidade. Porém a nova estranheza do mundo não era totalmente inocente; algo estranho e secreto espreitava por trás da tapeçaria brilhante estendida à sua frente; as cores eram quase brilhantes demais, os aromas e sons de uma doçura excessiva.

Logo se deu conta, incomodado, do manuscrito de Morgenes enfiado na cintura, embora depois de tentar carregar o maço de pergaminho nas palmas das mãos suadas por algumas centenas de passos, desistiu e o guardou de volta no cinto. O velho lhe pedira para guardar o pergaminho, e assim o faria. Ele empurrou a barra da camisa para trás para aliviar o atrito.

Quando se cansou de procurar por lugares para atravessar os pequenos riachos que serpenteavam pelos prados, tirou os sapatos. O cheiro das pastagens e o ar úmido de maya, por mais indícios pouco confiáveis que fossem, ainda assim ajudaram a impedir que seus pensamentos se desviassem para os lugares escuros e dolorosos; a sensação da lama entre os dedos dos pés também ajudou.

Em pouco tempo, chegou à Estrada da Velha Floresta. Em vez de continuar pela estrada propriamente dita, que era larga, lamacenta e marcada pelos sulcos das rodas de carroça, cheios de chuva, Simon virou para o oeste e acompanhou sua passagem sobre o alto banco de grama. Abaixo dele, lírios brancos e cravos azuis erguiam-se envergonhados e desprotegidos entre as marcas das rodas, como se surpreendidos em meio a uma lenta peregrinação de uma margem à outra. Poças refletiam o azul do céu vespertino, e a lama humilde parecia cravejada de vidro brilhante.

A uma distância de um furlong¹, do outro lado da estrada, as árvores de Aldheorte formavam uma formação interminável, como um exército adormecido em pé. Uma escuridão tão completa que poderia ser um portal para a terra se abria entre alguns troncos. Em outros lugares, havia coisas que deviam ser cabanas de lenhador, visivelmente angulares em contraste com as linhas graciosas da floresta.

Caminhando, olhando para a interminável varanda da floresta, Simon tropeçou em um arbusto de amoras e arranhou dolorosamente os dois pés. Assim que percebeu no que havia tropeçado, parou de praguejar. A maioria das amoras estava verde, contudo o suficiente havia amadurecido para que suas bochechas e queixo estivessem manchados com o suco das amoras quando continuou alguns minutos depois, mastigando com satisfação. As amoras ainda não estavam completamente doces, no entanto ainda assim pareciam o primeiro argumento sério que encontrara em muito tempo para a ordem benevolente da Criação. Quando terminou, limpou as mãos na camisa em ruínas.

À medida que a estrada, com Simon como companhia, começava a subir uma longa trilha de terreno elevado, evidências definitivas de habitação humana enfim apareceram. Aqui e ali, ao sul, as pontas ásperas de cercas de madeira rachada se erguiam da grama alta; além desses guardas de fronteira desgastados pelo tempo, figuras indistintas se moviam no ritmo lento do plantio, depositando as ervilhas da primavera. Em algum lugar próximo, outros se deslocavam deliberadamente pelas fileiras, manejando foices, fazendo o possível para salvar os frutos de um ano ruim. Os mais jovens estavam nos telhados das casas, virando a palha, batendo-a o mais firme que podiam com varas compridas e arrancando o musgo que crescera durante as chuvas de avrel. Sentiu uma forte vontade de atravessar os campos em direção àquelas fazendas calmas e organizadas. Alguém poderia lhe dar trabalho, o acolheria... O alimentaria.

“Como posso ser tão estúpido?” pensou. “Por que não volto para o castelo e fico gritando no pátio comum?”

Os camponeses eram conhecidos por sua desconfiança para com estranhos... Ainda mais hoje em dia, com rumores de banditismo e coisas piores chegando do norte. A Guarda Erkyna estaria em sua busca, tinha certeza. Essas fazendas isoladas com certeza se lembrariam de um jovem ruivo que passara por ali há pouco. Além do mais, não tinha pressa em falar com estranhos... Não tão perto de Hayholt. Talvez fosse melhor ficar em uma das estalagens que margeavam a floresta misteriosa, se alguém o aceitasse.

“Tenho um pouco de experiência em trabalhar na cozinha, não é? Posso conseguir algum trabalho... Ou ao menos acho que posso.”

No topo de uma elevação, viu a estrada à sua frente cortada por uma faixa escura, uma dobra de trilhos de carroça que emergia da floresta e serpenteava para o sul através dos campos: uma estrada de lenhador, talvez, uma rota do local de colheita do lenhador para as terras agrícolas a oeste de Erchester. Algo escuro se erguia, angular e ereto, no ponto de encontro das duas estradas. Uma breve pontada de medo o percorreu antes de perceber que era um objeto alto demais para ser alguém esperando por ele. Imaginou que fosse um espantalho, ou um santuário à beira da estrada para Elysia, a Mãe de Deus. Encruzilhadas eram lugares notoriamente estranhos, e era recorrente que as pessoas comuns montassem uma relíquia sagrada para afastar espíritos viajantes.

Ao se aproximar do cruzamento, concluiu que se tratava de um espantalho, o objeto parecia estar pendurado em uma árvore ou poste e balançava suavemente, soprado pela brisa. Porém, ao se aproximar, viu que não era um espantalho. Logo, não conseguiu mais se convencer de que era outra coisa senão o que era: o corpo de um homem balançando em uma forca rústica.

Chegou à encruzilhada. O vento diminuiu; a fina poeira da estrada pairava ao seu redor, formando uma nuvem marrom. Parou para olhar, impotente. A areia da estrada assentou e então voltou a girar em espiral.

Os pés do enforcado, descalços e inchados, balançavam na altura do ombro de Simon. Sua cabeça pendia para o lado, como um cachorrinho pego pela gola; os pássaros haviam estado em seus olhos e rosto. Uma ripa quebrada de madeira com as palavras ‘LADRÃO NAS T’ rabiscadas batia de leve em seu peito; na estrada abaixo, havia outro pedaço. Neste estava rabiscado: ‘ERRAS DO REI’.

Simon deu um passo para trás; uma brisa inocente torceu o corpo flácido, de modo que o rosto se inclinou para o lado, fitando cegamente os campos. O garoto atravessou correndo a estrada, traçando o sinal da Árvore em seu peito enquanto passava pela sombra do enforcado. Em circunstâncias normais, tal visão seria assustadora, contudo fascinante, como coisas mortas eram, no entanto agora tudo o que conseguia sentir era um terror doentio.

Ele próprio havia roubado... Ou ajudado a roubar algo muito maior do que aquele pobre ladrão furtivo jamais poderia ter sonhado: havia roubado o irmão do Rei da própria masmorra do Rei. Quanto tempo levaria até que o pegassem, assim como haviam pegado aquela criatura devorada pela torre? Qual seria sua punição?

Olhou para trás uma vez. O rosto arruinado havia se virado outra vez, como se para observar sua retirada. Correu até que uma depressão na estrada bloqueasse a passagem de sua vista.



***



Era fim de tarde quando chegou à pequena vila de Flett. Na verdade, não era bem uma vila, apenas uma pousada e algumas casas amontoadas à beira da estrada a poucos passos da floresta. Não havia ninguém por perto, exceto uma mulher magra parada na porta de uma das casas rústicas e um par de crianças solenes e de olhos arregalados que espiavam por entre suas pernas. Havia, entretanto, vários cavalos. Cavalos de fazenda, a maioria... Amarrados a um tronco em frente à pousada da cidade, o Dragão e o Pescador. Enquanto Simon passava lentamente pela porta aberta, olhando com cautela ao redor, vozes masculinas altas ecoavam da escuridão cervejeira, assustando-o. Decidiu esperar e tentar a sorte mais tarde, quando talvez houvesse mais clientes parando na velha Estrada da Floresta para passar a noite, e sua aparência suja e esfarrapada seria menos notável.

Seguiu a estrada um pouco mais adiante. Seu estômago roncava, fazendo-o desejar ter guardado algumas de suas amoras. Havia apenas mais algumas casas e uma pequena igreja de um cômodo, então a estrada subia e descia sob os beirais da floresta e Flett, tal como era, terminava.

Logo depois dos limites da cidade, encontrou um pequeno riacho borbulhando sobre o solo negro e frondoso. Ajoelhou-se e bebeu. Ignorando os arbustos espinhosos e a umidade o melhor que pôde, tirou os sapatos outra vez para usá-los como travesseiro e se aninhou na base de um carvalho vivo, fora da vista da estrada e da última casa. Adormeceu em pouco tempo sob as árvores, como um hóspede grato baixo a segurança das ramas.

Simon sonhou...

Encontrou uma maçã caída no chão aos pés de uma grande árvore branca, uma maçã tão brilhante, redonda e vermelha que mal ousou mordê-la. Todavia sua fome era forte, e logo a levou à boca e cravou os dentes. O sabor era maravilhoso, todo crocante e doce, mas quando olhou para onde havia mordido, viu o corpo fino e escorregadio de um verme enrolado sob a superfície brilhante. Simon não suportou a ideia de jogar a maçã fora, era uma fruta tão linda, e estava tão faminto. Virou-a e mordeu o outro lado, porém quando seus dentes se encontraram, ele se afastou e viu mais uma vez o corpo sinuoso do verme. Mordeu várias vezes, cada vez em um lugar diferente, e a cada vez a coisa rastejante jazia sob a casca. Parecia não ter cabeça nem cauda, apenas espirais infinitas em volta do miolo, espalhando-se pela polpa fria e branca da maçã...



***



Simon acordou sob as árvores com a cabeça dolorida e um gosto amargo na boca. Foi até o riacho para beber, sentindo-se fraco e desanimado. Quando alguém já estivera tão sozinho assim? A luz oblíqua da tarde não tocava a superfície afundada do riacho; ao se ajoelhar por um instante, fitando o murmurante da água escura, sentiu que já estivera em um lugar como aquele antes. Enquanto se maravilhava, o suave sussurro do vento das árvores foi abafado por um murmúrio crescente de vozes. Por um instante, temeu estar sonhando novamente, no entanto, ao se virar, viu uma multidão, pelo menos vinte pessoas, subindo a Estrada da Velha Floresta em direção a Flett. Ainda à sombra das árvores, avançou para observá-las, secando a boca com a manga da camisa.

Os que chegavam eram camponeses, vestidos com o rústico traje caipira próprio da região, embora com um ar festivo. As mulheres tinham fitas entrelaçadas nos cabelos soltos, azuis, douradas e verdes. Saias enroladas em torno dos tornozelos nus. Algumas que corriam na frente carregavam pétalas de flores em seus aventais, que lançavam esvoaçantes ao chão. Os homens, alguns jovens e ágeis, outros capengas mancando, carregavam nos ombros uma árvore caída. Seus galhos estavam tão enfeitados com fitas quanto as mulheres, e os homens a seguravam no alto, balançando-a alegremente enquanto subiam a estrada.

Simon deu um sorriso fraco. A árvore de maya! Claro. Era o Dia de Belthainn hoje, e aquela gente trazia a árvore de maya. O garoto já havia visto a árvore subir muitas vezes na Praça da Batalha de Erchester. De repente, seu sorriso pareceu largo demais. Sentia-se tonto. Agachou-se mais entre os arbustos que o escondiam.

Agora as mulheres cantavam, suas doces vozes se misturando desigualmente enquanto a multidão dançava e rodopiava.



Venham agora para Breredon,
venham para a Colina dos Abrolhos!
Coloquem sua alegre coroa de flores!
Venham dançar junto ao meu fogo!




Os homens responderam, com as vozes ásperas e alegres.



Dançarei diante da sua fogueira, moça,
Então, à sombra da floresta,
Faremos um canteiro de flores,
e daremos fim à tristeza!




Ambos cantaram juntos o refrão.



Assim fiquemos sob este Yrmansol.
Elevando nossas vozes!
Fique sob o mastro de maya
Elevando nossas vozes!
Deus se faz homem!




As mulheres começavam outro verso, sobre malva-rosa, folhas de lírio e o Rei das Flores, enquanto o barulhento grupo se aproximava de Simon. Absorvido por um momento pelo bom humor, com a cabeça atordoada pela música exuberante, ele começou a avançar. A menos de dez passos de distância, na estrada banhada pelo sol, um dos homens mais próximos tropeçou, com uma fita enrolada nos olhos. Um companheiro o ajudou a se desembaraçar e, enquanto puxava a fita dourada, seu rosto barbudo se enrugou em um largo sorriso. Por algum motivo, o brilho de dentes sorridentes deixou Simon a um passo de deixar o esconderijo das árvores.

“O que estou fazendo?” repreendeu-se. “Ao primeiro som de vozes amigáveis saio correndo para o campo aberto? Essas pessoas são festeiras, mas um cão de caça também brinca com seu dono... E ai do estranho que aparecer sem ser anunciado.”

O homem que estivera observando gritou algo para seu companheiro, Simon não conseguiu ouvir por causa do barulho da multidão, depois se virou e ergueu uma fita, gritando para outra pessoa. A árvore seguiu aos solavancos, e quando os últimos retardatários da procissão passaram, Simon saiu para a estrada e a seguiu... Uma figura magra e envolta em trapos, poderia muito bem ser o espírito lúgubre das árvores perseguindo melancolicamente seu lar roubado.

O cortejo cambaleante subiu uma pequena colina atrás da igreja. Através dos amplos campos, o último raio de sol desaparecia rapidamente; a sombra da Árvore no topo da igreja jazia sobre a colina como uma longa faca de cabo curvo. Sem saber o que estava sendo planejado, Simon ficou bem atrás do grupo enquanto carregavam a árvore pela ligeira elevação, tropeçando e se prendendo aos espinhos recém-brotados. No topo, os homens se reuniram, suados e cheios de piadas em voz alta, e ergueram o tronco em um buraco cavado ali. Então, enquanto alguns seguravam a massa oscilante, outros escoravam a base com pedras. Por fim, recuaram. A árvore de maya cambaleou um pouco, depois tombou ligeiramente para o lado, provocando uma gargalhada apreensiva da multidão. Ela se manteve firme, apenas um pouco fora do prumo; uma grande aclamação se elevou. Simon, nas sombras das árvores, deu voz a um pequeno ruído feliz, depois teve que se esconder enquanto sua garganta se apertava. Tossiu até a escuridão tremular diante de seus olhos, fazia quase um dia inteiro que não pronunciava uma palavra.

Com os olhos lacrimejando, saiu sorrateiramente. Uma fogueira havia sido acesa no sopé da colina. Com seu ponto mais alto pintado pelo pôr do sol e as chamas balançando lá embaixo, a árvore parecia uma tocha acesa em ambas as extremidades. Atraído de forma irresistível pelo cheiro de comida, Simon aproximou-se dos feitores e fofoqueiros que estendiam toalhas e serviam o jantar perto do muro de pedra atrás da pequena igreja. Ficou surpreso e decepcionado ao ver como as provisões eram escassas... Recompensas escassas para um dia de festival e, por azar, uma chance ainda menor de escapar com qualquer uma sem ser notado.

Os homens e mulheres mais jovens começaram a dançar ao redor da base da árvore de maya, tentando formar um círculo. O círculo, com tombos bêbados morro abaixo e outros impedimentos, nunca se fechava; os espectadores gritavam ao ver os dançarinos estendendo em vão a mão para se fecharem enquanto giravam a todo momento. Um a um, os foliões se afastaram da dança, cambaleando, às vezes rolando morro abaixo para se deitarem lá embaixo, rindo sem parar. Simon ansiava por se juntar a eles.

Logo, grupos de pessoas estavam sentados ao redor da grama e ao longo do muro. A ponta mais alta da árvore era uma ponta de lança de rubi, capturando os últimos raios de sol. Um dos homens na base do morro pegou uma flauta de tíbia e começou a tocar. Um silêncio gradual se instalou enquanto tocava, rompido apenas por sussurros e um ocasional guincho de riso abafado. Por fim, a escuridão azulada e ofegante os envolveu a todos. A voz lamentosa da flauta pairava acima, como o espírito de um pássaro melancólico. Uma jovem, de cabelos negros e rosto magro, levantou-se, apoiando-se no ombro do seu jovem. Balançando suavemente, como uma bétula esguia ao sabor do vento, ela começou a cantar; Simon sentiu o grande vazio dentro de si se abrir para a canção, para a noite, para o cheiro paciente e satisfeito da grama e de outras coisas que cresciam.



Ó fiel amiga, ó Tília.



Ela cantou,



Que me abrigou quando eu era jovem,
Ó, fala-me do meu infiel
Sê meu amigo novamente.




Aquele que era o desejo do meu coração
Que prometeu tudo em troca
Me deixou sozinha e meu coração rejeitou
E fez do Amor uma mentira.




Para onde ele foi, ó Tília?
Para os braços de que doce amiga?
Que chamado o trará de volta?
Ó, Tília, espia-o por mim!




Não me perguntes isso, minha bela dama
Eu de bom grado não te responderia.
Pois só poderia responder a verdade
E os teus sentimentos pouparia.




Não me negues, ó Tília
Diz-me quem o aconchega esta noite!
Que mulher anulou o meu direito?
Quem o impede de me chamar?




Ó bela dama, então a verdade direi
Ele não virá mais a ti.
Esta noite ele caminhou pela margem do rio
E lá tropeçou e caiu.




A mulher do rio agora o segura
E ela, por sua vez, se agarra a ele.
Mas ela o devolverá molhado e frio como o rio.
Assim ele virá de lá novamente.
Todo molhado e frio como o rio...




Quando a moça de cabelos negros voltar a se sentar, o fogo crepitou, como se zombasse de uma canção tão terna e sentimental.

Simon se afastou do fogo, com os olhos cheios de lágrimas. A voz da mulher despertara nele uma fome voraz por seu lar: pelas vozes brincalhonas dos ajudantes de cozinha, pela gentileza despreocupada das camareiras, por sua cama, por seu fosso, pela longa extensão ensolarada dos aposentos de Morgenes, até mesmo... Ele se sentiu decepcionado ao perceber, pela presença severa de Raquel, o Dragão.

Os murmúrios e risos vindos de trás preenchiam a escuridão primaveril como o bater de asas suaves.

Umas vinte pessoas estavam na rua em frente à igreja. A maioria delas, em grupos de duas, três ou quatro, parecia atravessar a escuridão que se instalava em direção ao Dragão e o Pescador. A luz do fogo brilhava ali dentro, pontilhando os vadios na varanda com uma luz amarela. Conforme Simon se aproximava, ainda enxugando os olhos, os odores de carne e cerveja escura o envolveram como uma onda do mar. Caminhou devagar, vários passos atrás do último grupo, perguntando-se se deveria pedir trabalho imediatamente ou apenas esperar no calor sociável até mais tarde, quando o estalajadeiro pudesse ter um momento para conversar e verificar se era um rapaz confiável. Só de pensar em pedir a um estranho que o acolhesse, o deixava com medo, porém o que mais poderia fazer? Dormir na floresta como um animal?

Enquanto se contorcia por entre um grupo de fazendeiros bêbados discutindo os méritos da tosquia tardia, quase tropeçou em uma figura escura encolhida contra a parede sob a placa oscilante da estalagem. Um rosto redondo e rosado, com pequenos olhos escuros, virou-se para encará-lo. Simon resmungou um pedido de desculpas e já estava seguindo em frente quando se lembrou.

— Eu te conheço! — disse o garoto para a figura agachada; os olhos escuros se arregalaram como se estivessem alarmados. — Você é o frade que encontrei na Avenida Principal! Irmão... Irmão Cadrach?

Cadrach, que por um breve momento parecera que ia se afastar de quatro, estreitou os olhos para encará-lo.

— Não se lembra de mim? — disse, animado. A visão de um rosto familiar era tão inebriante quanto vinho. — Meu nome é Simon.

Alguns fazendeiros se viraram para olhar com os olhos turvos e sem curiosidade na direção deles, e sentiu uma pontada de medo ao se lembrar de que era um fugitivo.

— Meu nome é Simon! — repetiu em uma voz mais contida.

Um olhar de reconhecimento, e algo mais, passou pelo rosto rechonchudo do monge.

— Simon! Ah, claro, rapaz! O que o traz, da grande Erchester a pequena e sombria Flett?

Com a ajuda de uma bengala comprida que estava encostada na parede ao seu lado, Cadrach se levantou.

— Bem... — Simon ficou perplexo.

“Sim, o que andou fazendo, seu idiota, para puxar conversa com um quase estranho? Pense, estúpido! Morgenes tentou lhe dizer que aquilo não era brincadeira.”

— Estou fazendo um recado... Para algumas pessoas no castelo...

— E decidiu pegar o pouco dinheiro que lhe restava e parar no famoso Dragão e o Pescador. — Cadrach fez uma careta irônica. — E comer alguma coisa.

Antes que Simon pudesse corrigi-lo, ou decidir se queria, o monge continuou.

— O que você deveria fazer é jantar comigo e me deixar pagar sua conta... Não, não, rapaz, eu insisto! É apenas uma questão de justiça, considerando a gentileza que demonstrou com um estranho.

Simon não conseguiu dizer uma palavra antes que o Irmão Cadrach o segurasse pelo braço, puxando-o para dentro da taverna.

Alguns rostos se viraram quando eles entraram, embora os olhares não se demoraram. O salão era comprido e de teto baixo, ladeado ao longo de ambas as paredes por mesas e bancos tão manchados de vinho, lascados e esculpidos que pareciam unidos apenas pelo molho e sebo secos com que eram tão generosamente salpicados. No fundo, mais próximo da porta, uma fogueira crepitava em uma ampla lareira de pedra. Um camponês fuliginoso e suado estava virando um pedaço de carne no espeto; ele estremeceu quando a gordura pingando fez as chamas chiarem. Para Simon, tudo de repente parecia e cheirava ao paraíso.

Cadrach o arrastou para um lugar junto à parede dos fundos; o tampo da mesa estava tão rachado e esburacado que doía apoiar os cotovelos esfolados na superfície. O monge sentou-se à sua frente, encostando-se na parede e estendendo as pernas ao longo do banco. Em vez das sandálias que Simon esperava, o frade usava botas esfarrapadas, rachadas pelo tempo e pelo uso intenso.

— Estalajadeiro! Onde está você, digno publicano? — chamou Cadrach.

Um par de moradores locais, de sobrancelhas grossas e queixo azul, que Simon juraria serem gêmeos, olhou da mesa oposta com irritação estampada em cada ruga do rosto. Depois de uma breve espera, o dono apareceu, um homem barbudo e de peito largo, com uma cicatriz profunda no nariz e no lábio superior.

— Ah, aí está! — disse Cadrach. — Deus o abençoe, meu filho, e traga para cada um de nós uma caneca da sua melhor cerveja. Depois, faça a gentileza de nos dar um pedaço daquele pernil... Disso, e duas fatias de pão para untar. Obrigado, rapaz.

O dono franziu a testa ao ouvir as palavras de Cadrach, mas fez um rápido aceno e foi embora. Ao sair, Simon o ouviu resmungar.

— Hernystiro sodomita...

A cerveja chegou logo, depois a carne, e mais cerveja. A princípio, Simon comeu como um cachorro faminto, porém depois de saciar sua fome inicial e desesperada, e olhar ao redor para se certificar de que ninguém estava prestando atenção indevida, diminuiu o passo e começou a prestar atenção à conversa sinuosa do Irmão Cadrach.

O hernystiro era um contador de histórias maravilhoso, apesar do sotaque áspero que às vezes o tornava um pouco difícil de entender. Simon se divertiu imensamente com a história do harpista Ithineg e sua longa, longa noite, apesar de ficar um pouco chocado ao ouvir tal história contada por um homem da igreja. Ele riu tanto das aventuras de Hathrayhinn, o Vermelho, e da mulher sitha, Finaju, que borrifou cerveja na camisa já manchada.



***



Eles permaneceram ali por um longo tempo; a pousada estava meio vazia quando o barbudo estalajadeiro terminou de encher suas canecas pela quarta vez. Cadrach, com gesticulação ampla, contava a Simon sobre uma briga que presenciara certa vez nas docas de Ansis Pelippe, em Perdruin. Dois monges, explicou, haviam se acotovelado até quase a inconsciência durante uma discussão sobre se o Lorde Jesuris havia ou não libertado com magia um homem de um feitiço de porco na ilha de Grenamman. Justamente no momento mais emocionante, o irmão Cadrach agitava os braços com tanto entusiasmo na descrição que Simon temeu que fosse cair do banco, o taverneiro bateu com força uma jarra de cerveja no meio da mesa. Cadrach, pego em meio a uma exclamação, olhou para cima.

— Sim, meu bom senhor? — perguntou ele, arqueando uma sobrancelha espessa. — Como podemos ajudá-lo?

O estalajadeiro permaneceu de braços cruzados, com uma expressão de suspeita no rosto.

— Fui paciente com você até agora porque é um homem de fé, padre. — disse. — Mas preciso fechar logo.

— É só isso que o aflige? — um sorriso percorreu o rosto redondo de Cadrach. — Já vamos aí para acertar as contas, meu bom amigo. Qual era o seu nome então?

— Freawaru.

— Bem, não se preocupe, meu bom Freawaru. Deixe o rapaz e eu terminarmos estas canecas e depois o deixaremos dormir.

Freawaru assentiu, mais ou menos satisfeito, e saiu pisando duro para gritar com o jovem do espeto giratório. Cadrach esvaziou sua caneca com um longo e ruidoso gole, depois voltou seu sorriso para Simon.

— Beba, rapaz. Não devemos deixar o homem esperando. Sou da ordem Granisiana, sabe, e tenho um carinho especial pelo pobre sujeito. Entre outras coisas, o bom São Granis é o padroeiro dos estalajadeiros e bêbados, uma combinação bastante natural!

Simon riu e esvaziou sua taça, porém, ao colocá-la na mesa, uma lembrança o incomodou. Cadrach não lhe dissera, quando se conheceram em Erchester, que ele pertencia a alguma outra ordem? Algo com ‘v’? Vilderivana?

O monge vasculhava os bolsos de sua túnica com uma expressão de grande concentração, então Simon deixou a pergunta passar. Depois de um momento, Cadrach tirou uma bolsa de couro e a deixou cair sobre a mesa; ela não fez nenhum som... Nenhum tilintar. A testa brilhante de Cadrach se enrugou em uma expressão de preocupação, e segurou a bolsa perto do ouvido e a sacudiu. Ainda não havia som algum. Simon o encarou.



— Ah, rapaz, rapaz... — disse o frade, pesaroso. — Veja só isso agora? Parei para ajudar um pobre mendigo hoje... Carreguei-o até a água e lavei seus pés ensanguentados, e veja o que fez para retribuir minha gentileza. — Cadrach virou a bolsa para que Simon pudesse ver o buraco aberto no fundo. — Você se pergunta por que às vezes temo por este mundo perverso, jovem Simon? Ajudei o homem e, veja só, deve ter me roubado enquanto eu o carregava. — o monge deu um longo suspiro. — Bem, rapaz, receio que terei que recorrer à sua bondade humana e à sua caridade aedonita para me emprestar o dinheiro que estamos devendo aqui... Não se preocupe, em breve poderei lhe pagar. Tch, tch! — ele estalou, acenando com a bolsa aberta para o boquiaberto Simon. — Oh, este mundo está doente de pecado.

Simon ouviu as palavras de Cadrach apenas vagamente, um murmúrio de sons em sua cabeça embaçada pela cerveja. Não estava olhando para o buraco, e sim para a gaivota trabalhada no couro com linha azul grossa. A agradável embriaguez de um minuto antes tornara-se pesada e amarga. Depois de um momento, ergueu o olhar até encontrar os olhos do Irmão Cadrach. A cerveja e o calor do cômodo haviam ruborizado as bochechas e as orelhas de Simon, contudo agora sentia uma onda de sangue ainda mais quente subindo de seu coração acelerado.

— Essa é... Minha... Bolsa! — disse ele.

Cadrach piscou como um texugo sem dentadura.

— O quê, rapaz? — perguntou apreensivo, deslizando lentamente para longe da parede até o meio do banco. — Receio não estar ouvindo bem.

— Essa... Bolsa... É minha. — Simon sentiu toda a dor, toda a frustração de perdê-la, vindo à tona... O rosto decepcionado de Judith, a triste surpresa do Doutor Morgenes, e a dor chocada da confiança traída. Todos os pelos ruivos de sua nuca se arrepiaram como pelos de javali. — Ladrão! — gritou de repente, e investiu, no entanto Cadrach já previra. O pequeno monge havia saltado do banco e deslizado para trás por toda a extensão da pousada em direção à porta.

— Espere aí, garoto, está cometendo um engano! — gritou Cadrach, contudo, se realmente pensava assim, não parecia ter muita fé em sua capacidade de convencer Simon.

Sem parar por um instante, agarrou sua bengala e saltou porta afora. Simon o perseguia a toda velocidade, no entanto mal havia passado pelo batente da porta quando se sentiu agarrado pela cintura por um par de braços de urso. Um instante depois, foi erguido do chão, respirando fundo, as pernas balançando indefesas.

— O que pensa que está fazendo agora, hein? — grunhiu Freawaru em seu ouvido.

Virando-se na porta, jogou Simon de volta para dentro do cômodo pintado pela cor das chamas. Simon caiu no chão molhado e ficou ofegante por um momento.

— É o monge! — conseguiu balbuciar por fim. — Ele roubou minha bolsa! Não o deixe escapar!

Freawaru colocou a cabeça por um momento para fora da porta.

— Bem, se é verdade, ele já se foi há muito tempo... Porém como vou saber que não faz parte de um plano, hein? Como vou saber se vocês dois não fazem essa brincadeira de monge e catamita em todas as pousadas entre aqui e Utanyeat?

Alguns bêbados tardios riram atrás dele.

— Levante-se, garoto! — disse o estalajadeiro, agarrando o braço de Simon e o colocando de pé com um puxão brusco. — Vou ver se Deorhelm ou Godstan já ouviram falar de vocês dois.

Freawaru empurrou Simon para fora da porta e contornou a lateral do prédio, segurando seu braço com firmeza. O luar iluminava o telhado de palha pálida do estábulo e as primeiras árvores-sentinelas da floresta a poucos passos de distância.

— Não sei por que só não pediu trabalho, seu burro! — rosnou Freawaru enquanto puxava o jovem cambaleante à sua frente. — Com Heanfax recém-saído, eu teria gostado de um rapaz de bom tamanho como você. Que tolice... E fique de boca fechada.

Ao lado do estábulo havia uma pequena cabana, destacada, contudo ainda conectada ao corpo principal da pousada. Freawaru bateu com o punho na porta.

— Deorhelm! — chamou. — Está acordado? Venha ver este rapaz e me diga se já o viu antes.

Ouvia-se o som de passos lá dentro.

— Maldita seja, é você, Freawaru? — resmungou uma voz. — Temos que estar na estrada ao cantar do galo.

A porta se abriu. O quarto atrás estava iluminado por várias velas.

— Para sua sorte, estávamos jogando dados e ainda não tínhamos ido para a cama. — disse o homem que abrira a porta. — O que foi?

Os olhos de Simon se arregalaram e seu coração explodiu em um bater de horror. Este homem, e aquele que polia a espada em um dos lençóis, usavam o uniforme verde da Guarda Erkyna de Elias!

— Este jovem rufião e ladrão de... — Freawaru mal teve tempo de dizer, quando Simon se virou e deu uma cabeçada na barriga do estalajadeiro. O barbudo caiu com um suspiro assustado. Simon saltou sobre suas pernas trêmulas e rumou para o abrigo da floresta; em poucos passos havia desaparecido. Os dois soldados o observavam com surpresa muda. No chão, em frente à porta iluminada por velas, Freawaru, o taverneiro, praguejava, rolava, chutava e voltava a praguejar.



Notas:
1. O furlong é uma unidade de comprimento do sistema imperial de medidas. O nome completo da unidade é surveyor furlong, e equivale a 201,168 metros.

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